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Artigos-->NEGOCIAÇÕES DE PAZ ENTRE ISRAELENSES E PALESTINOS HISTORICO -- 11/08/2013 - 13:20 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



NEGOCIAÇÕES DE PAZ ENTRE ISRAEL E PALESTINOS  HISTÓRICO.



 



 



Edson Pereira Bueno Leal, agosto de 2013.



 



ACORDOS DE CAMP DAVID  SETEMBRO 1978 – 1979



 



Em 1979 foram firmados por Menahen Begin e Anwar Sadat, em encontro promovido pelo presidente americano Jimmy Carter , em sua casa de campo em Maryland.



 Israel em troca da não militância do maior e mais poderoso país árabe , o Egito devolveu-lhe o Sinai que havia conquistado na guerra de 1967. Sadat foi assassinado em 1981 .  Os americanos passaram a partir destes acordos a fornecer US$ 3 bilhões em ajuda anual a Israel.



Nestes acordos estava prevista a autonomia dos palestinos nos territórios ocupados e em 1984 uma solução definitiva para o problema o que não aconteceu e ao contrário a questão se agravou com Israel criando colônias nos territórios .



Em 1979 o líder do Setembro Negro e responsável pelo massacres de onze atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique em 1972 Abu Hassan Salameh ( Abu Hasan ) , foi morto com a explosão de um carro bomba em Beirute . Com a sua morte ocorreu a desarticulação do Setembro Negro e a maioria dos envolvidos no massacre foi morta .



 



CONFERÊNCIA DE MADRI  OUTUBRO DE 1991



 



Realizada em Madri na Espanha, patrocinada pelo presidente americano George H. W. Bush com a participação de Israel, Síria, Líbano, Jordânia e Palestinos.



O objetivo era criar um governo palestino em Gaza e na Cisjordânia. Foi a primeira vez que israelenses e palestinos se sentaram para negociar , o que tornou possível os acordos de Oslo.



 



ACORDOS DE OSLO  SETEMBRO DE 1993.



 



 



Negociações realizadas em Oslo na Noruega e em Washington nos EUA, patrocinadas pelo presidente americano Bill Clinton.



Em 13.09.1993, pelos acordos de Oslo  houve o reconhecimento mútuo entre a OLP e Israel , após sete meses de conversações secretas e em 13.09.93 ocorreu a  assinatura em Washington da "declaração de princípios ", um  acordo de paz entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat . "Vamos dar uma chance á paz " disse Rabin  que foi assassinado em 1995 e em 1996 Benjamin Netanyahu do partido  Likud assumiu o poder levando a retrocesso na relação com os palestinos.



"Estamos destinados a viver juntos no mesmo solo e na mesma terra . Nós que lutamos contra vocês palestinos , dizemos hoje , em voz alta e clara, chega de sangue e de lágrimas, chega " Ytizhak Rabin . " Digo ao povo de Israel , a decisão que tomamos junto com vocês exigiu grande e excepcional coragem . Vamos precisar de mais coragem e determinação para continuar construindo a coexistência e a paz entre nós . Isso é possível " Yasser Arafat , 1993 .



"Havia a questão  sobre se Yitzhak Rabin  e Yasser Arafat apertariam as mãos . Eu sabia que Arafat queria fazê-lo . Antes de chegar a Washington , Rabin disse que faria também &
39;se fosse necessário&
39; , mas eu sabia que ele não o desejava . Quando Rabin chegou á Casa Branca , levantei o assunto . Ele evitou aceitar qualquer compromisso e me falou de quantos jovens israelenses havia enterrado por causa de Arafat . Eu disse a Yitzhak que se ele estava realmente empenhado em obter a paz, teria que apertar a mão de Arafat para provar isso . &
39;O mundo inteiro vai estar assistindo , e é o aperto de mãos que eles esperam &
39; , eu disse . Rabin, suspirou e , com sua voz profunda de quem já viu de tudo, disse : &
39;Suponho que não se celebra a paz entre amigos &
39; . &
39;Então , você vai apertar a mão de Arafat ?&
39; perguntei . &
39;Tudo bem , tudo bem , Mas sem beijos&
39;, disse ele . A saudação tradicional árabe é um beijo na bochecha , e isso ele não queria" ( Bill Clinton , in Veja 30.06.2004, p. 81) .   



Com os acordos de 1993 a Autoridade Palestina recebeu o controle administrativo  das maiores áreas urbanas , cerca de 40% da Cisjordânia e 80% da Faixa de Gaza , um conjunto de cidades e aldeias cercados de postos de controle israelenses e colônias judaicas onde vivem  213 mil judeus . Ou seja os palestinos estão cercados pelos judeus e não podem viajar livremente entre suas cidades.



A Faixa de Gaza é um retângulo de 40 km de comprimento por 11 km de largura onde vivem 1,5 milhão de palestinos , uma das maiores densidades populacionais do planeta .



Por sua vez as colônias judaicas , como Hebron estão cercadas de palestinos . Em Hebron 400 colonos fanáticos , vivem junto ao Túmulo dos Patriarcas , cercados por 120.000 palestinos   . As colônias judaicas não serão desmontadas e permanecerão protegidas por Israel.   Os palestinos tem autonomia limitada e o poder de polícia .



 



NEGOCIAÇÕES EM CAMP DAVID  JULHO DE 2000.



 



Em julho de 2.000 , durante 15 dias foi realizado um encontro de cúpula  em Camp David nos EUA entre Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional palestina e Ehud Barak , para tentar chegar a um acordo com relação ao destino de Jerusalém , após a ameaça de Arafat de declarar unilateralmente a constituição do Estado Palestino. Apesar dos esforços de Bill Clinton , presidente americano o encontro fracassou.



Barak fez uma proposta ousada  de criar um Estado Palestino em 90% da Cisjordânia , aceitando a capital nos bairros árabes de Jerusalém  , mas Arafat recusou. Foi a grande proposta de paz na região que infelizmente  falhou .



Os problemas que impedem um acordo são a reivindicação dos palestinos sobre a parte oriental de Jerusalém como capital de seu futuro Estado , o reconhecimento do direito de retorno de 3,6 milhões de refugiados e os assentamentos judaicos em áreas palestinas , atualmente com soberania de Israel e proteção militar . Dificilmente os judeus irão concordar com as duas primeiras , pois ameaçam a própria sobrevivência de Israel .



Os palestinos reivindicam  uma continuidade territorial  que dê viabilidade econômica a seu futuro . Caso permaneça um grande número de assentamentos judaicos em seu território o Estado Palestino ficaria inviabilizado , à exemplo dos “bantustãs” , formados na África do Sul, pequenos enclaves negros , cercados de um grande território dominado pelos brancos .



"Arafat deve compreender que não tem autorização para renunciar aos direitos palestinos sobre Jerusalém , nem para comprometer o futuro dos refugiados" - xeque Ahmad Yassim , líder espiritual da milícia Hamas . ( Veja 26.07.2000 , p. 54-55) . 



Jerusalém é uma cidade peculiar pois é cidade santa de três religiões - judaica , cristã e muçulmana . Em Jerusalém está o santuário Haram al-Sharif , onde os árabes acreditam que o profeta Maomé  ascendeu ao céu e abriga ainda as mesquitas de Al-Aksa e de Omar , sendo entretanto apenas o terceiro mais importante santuário do Islã . Na mesma rocha está o Muro das Lamentações , o que sobrou do Templo sagrado , destruído nos anos 70 pelos romanos e o local mais sagrado do judaísmo . Lá está também o Monte das Oliveiras onde Jesus foi crucificado e a Igreja do Santo Sepulcro onde ressuscitou . 



 



PLANO SAUDITA 2002



 



Na Cúpula Árabe em Beirute foi apresentado um ambicioso plano de pacificação pela Arábia Saudita . Foi endossado por todos os líderes da região , inclusive o Iraque e a Síria e oferece a paz definitiva  e o reconhecimento formal do Estado judaico pelos 22 países da Liga Árabe . Em contrapartida , Israel deve se retirar de todos os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias , em 1967 – Jerusalém Oriental, Cisjordânia , Gaza , colinas de Gola , na Síria , e as fazendas de Cheeba no Líbano – a aceitar um Estado Palestino em Gaza e Cisjordânia , com Jerusalém como capital . O plano pede ainda o reconhecimento do direito de  retorno dos palestinos expulsos de suas terras após a criação de Israel, em 1948 , mas abre a possibilidade de um acordo sugerindo que parte dos 4 milhões de refugiados seja indenizada em vez de voltar .



O plano ao estipular a retirada  às fronteiras de 1967 coloca Israel em uma posição muito perigosa e a volta dos refugiados seria inviável para Israel . 



Em 24.06.2002 reforçando esta posição Bush afirmou que apoiava a criação de um Estado palestino provisório em 18 meses , desde que haja " uma nova e diferente liderança palestina ... Eu peço ao povo palestino que eleja novos líderes que não estejam comprometidos com o terrorismo ... Um Estado palestino nunca será criado por meio do terrorismo ...Hoje, as autoridades palestinas estão encorajando o terrorismo , não o combatendo . Pelo plano americano os palestinos devem criar instituições democráticas, fortalecer o Legislativo e o Judiciário , reformar os órgãos de segurança e trabalhar com conjunto com Israel para combater o terrorismo . Em 3 anos seria constituído um Estado permanente , sendo que Israel deveria se retirar para as posições anteriores ao início da Intifada em setembro de 2000 . ( F S P 25.06.2002 , p. A-16) .



O plano está fadado ao insucesso . Os EUA não deram um ultimato a Israel para parar de atacar os palestinos . Se eleições forem realizadas , radicais palestinos podem ser eleitos  e aí , como resultado de um processo democrático  o radicalismo será legitimado . A única oposição organizada  a Arafat é a dos movimentos islâmicos que querem um regime teocrático semelhante ao Irã e destruir o Estado de Israel, portanto trata-se de uma questão virtualmente insolúvel.   



Os americanos perderam a confiança em Arafat pela recusa , sem maiores explicações , do plano israelense americano de dividir a Palestina mais ou menos nas linhas de 1967 , feito em julho de 2000 e por Arafat ter apostada na Intifada como arma para dobrar os israelenses o que fracassou pois a Intifada resultou justamente na eleição de Ariel Sharon que não quer saber de acordo de paz .



No campo de refugiados de Jenin , 103 km ao norte de Jerusalém  houve forte resistência palestina e mais de 200 palestinos foram mortos. O campo foi arrasado  . A operação "Muro Protetor"  foi desencadeada por Israel para erradicar a infraestrutura do terror. Porém o que os israelenses fizeram em 15 dias foi erradicar a infraestrutura palestina devastando estradas , escolas , redes de eletricidade de água e comunicações e o aeroporto de Gaza . Todos os edifícios públicos da autoridade palestina foram totalmente destruídos . A administração palestina tinha conseguido prestar à população serviços básicos como saúde e educação e era altamente eficiente . Cerca de 12 cidades e dezenas de vilarejos foram ocupados e parcialmente destruídos e as consequência advirão sobre toda a população palestina.



Em 19 de setembro de 2002 novo atentado suicida em Tel Aviv matou 5 israelenses e feriu mais de 50 . Em resposta Israel decidiu isolar novamente Arafat em seu quartel general  e destruiu a maior parte dos prédios do complexo presidencial palestino , cavando uma trincheira ao redor do local . ( F S P 21.09.2002 , p. A-15) .



A estratégia terrorista de atentados suicidas revelou-se altamente eficiente . Na primeira intifada a relação entre mortos palestinos e israelenses era de 25 para um . Na segunda intifada a relação passou de três para um .



Para James Zogby , presidente do Instituto Árabe-Americano - principal organização pró-árabe dos EUA , a saída é a desobediência civil, com milhares de manifestantes marchando pacificamente em Jerusalém , pedindo a criação de um Estado , ou tentando furar , sem armas , bloqueios do exército de Israel , na mesma linha de Ghandi e Martin Luther King . ( F S P 6.2.2002, p. A-13) .



À medida em que o tempo está passando as possibilidades de acomodação são cada vez mais difíceis . Nas escolas palestinos , o ódio aos judeus é ensinado tão metodicamente que choca até mesmo as gerações mais velhas . Muitos jovens palestinos idolatram os homens bomba . Do lado israelense para os adolescentes todo árabe é terrorista . 



Porém, para algumas lideranças palestinas já se chegou á conclusão da ineficácia da estratégia de tentar dobrar Israel através de atentados terroristas . Cerca de 700.000 palestinos permanecem sob toque de recolher na Cisjordânia. As cidades estão destruídas , o desemprego e a miséria crescem  e Israel não fez nenhuma concessão. 



 



NOVO PLANO DE PAZ  2003



 



No final de abril de 2003 o presidente americano George W Bush divulgou um novo plano de paz  incluindo a criação de um Estado Palestino até 2005. Terminada a Segunda Guerra do Golfo o presidente americano resolveu agir decisivamente para diminuir o conflito e obteve apoio para isso dos líderes do Egito , da Jordânia e da Arábia Saudita . 



O plano apresentado é composto de 3 fases :



1 Fase - Imediata - A ANP deve emitir declaração inequívoca reiterando o direito de Israel existir em segurança e pedindo um cessar fofo imediato e incondicional . Fazer esforços " visíveis" para prender terroristas , desmantelar sua infra-estrutura e para de incitar a violência contra Israel . Colocar todas as forças de segurança sobre o controle do ministro do Interior e promover eleições livres , abertas e justas .



Por sua vez Israel deve também emitir uma declaração inequívoca  de seu compromisso com a criação de um Estado palestino soberano  e pedir o fim imediato da violência  contra palestinos . Suspender a construção de assentamentos judaicos e desmantelar os assentamentos construídos desde março de 2001 , parar de demolir casas de militantes palestinos e retirar-se progressivamente das zonas autônomas palestinas . Libertar presos palestinos



2 Fase -  junho a dezembro de 2003 - Israel age para garantir o máximo de "contiguidade territorial" para  os palestinos . A Constituição palestina é ratificada .  Uma conferência internacional inicia o processo de criação do Estado palestino , com fronteiras provisórias e mediadores ( EUA , EU, ONU e Rússia )  promovem o reconhecimento internacional e o ingresso na Onu do novo Estado palestino.



3 Fase - 2004 a 2005 - Uma segunda conferência internacional decide sobre o status permanente do Estado palestino , a ser declarado em 2005 , resolvendo questões como as suas fronteiras , o status de Jerusalém , a volta ou não dos refugiados palestinos, a existência ou não dos assentamentos judaicos e a paz entre Israel e outros estados árabes .  ( F S P 1.5.2003, p. A-15 ) . 



Os palestinos aceitaram o plano e o gabinete do premiê israelense Ariel Sharon aprovou em 25.05.2003, condicionalmente o novo plano , pela primeira vez na história Israel se comprometendo  com a criação de um Estado palestino . ( F S P 26.05.2002, p. A-10) . A principal pré-condição israelense é que os palestinos combatam o terrorismo antes de qualquer ação de Israel e isto significa desmantelar os grupos terroristas e prender seus líderes  .



Está é a principal dificuldade dos palestinos, pois uma ofensiva armada contra estes grupos daria início a uma guerra civil , enquanto Israel terá que enfrentar os colonos judeus que prometem resistir armados à ordem de retirada dos assentamentos ilegais .



Ariel Sharon deixou esta necessidade clara em entrevista : " Trata-se de prender os chefes que ordenam os assassinatos , interrogá-los e puni-los . A seguir é preciso proibir as organizações extremistas . Por fim, é necessário confiscar-lhes as armas  e remetê-las a um terceiro país , por exemplo os EUA , para garantir que sejam despachadas para longe do território da Autoridade Palestina  e destruídas . Além disso , quero o fim completo  dos atentados e a suspensão das incitações à violência . Mesmo que, quanto a este último ponto, seja necessário algum tempo, já que a solução passa por uma reforma das escolas e por uma sensibilização quanto á educação para a paz ." .



Quanto à capacidade da autoridade palestina de controlar a violência , Sharon assinalou " O sr. Está brincando ! A Autoridade Palestina  dispõe de 60.000 mil homens divididos entre 12 serviços de segurança diferentes . Infelizmente 60% destas forças continuam sob o controle de Arafat , quando deveriam estar sob o comando de um responsável único, o chefe de governo Mahmoud Abbas . A primeira reforma que Mahmoud  seria atacar o monopólio de Arafat sobre os serviços de segurança ... Segundo nossas estimativas , Arafat dispõe de US$ 2 bilhões , espalhados pelo mundo , mais do que o necessário para as reformas . " ( F S P 17.08.2003 , p. A-25) .



Em 4 de junho de 2003 , em encontro histórico , realizado no porto de Ácaba na Jordânia , com a presença do presidente americano George W. Bush , Ariel Sharon e Abu Mazen comprometeram-se a cumprir suas obrigações da primeira etapa do plano de paz , os palestinos combatendo o terrorismo e Israel desmantelando assentamentos construídos ilegalmente , à revelia do governo, nos territórios palestinos. ( F S P 5.6.2003, p. A-13) .



Em 09.06.2003 tropas de Israel começaram a remover pontos de colonização judaica ilegais na Cisjordânia , destruindo trailers vazios e uma torre de água . Para a comunidade internacional todas as 145 colônias judaicas estabelecidas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza  , onde vivem 220 mil pessoas , são ilegais e devem ser removidas . Para Israel , as colônias ilegais, estabelecidas sem permissão oficial ,  são apenas 60 . ( F S P 10.06.2003, p. A-13) .  



Porém em  8.6.2003 quatro soldados israelenses foram mortos na faixa de Gaza por um ataque coordenado do Hamas , Jihad Islâmica e Brigada dos Mártires de Alqsa. Em retaliação , e, 10.06 , Israel tentou matar Abdel Aziz Rantissi , um dos principais líderes do Hamas , disparando mísseis contra seu carro , mas sem sucesso. ( F S P. 11.06.2003 , p. A-12 ) .



Em 11.06.2003 um terrorista suicida do Hamas detonou explosivos presos ao seu corpo  em um ônibus no centro de Jerusalém , matando 16 pessoas e ferindo quase cem e em represália Israel lançou ataques com mísseis em Gaza, matando dez palestinos . ( F S P 12.06.2003, p. A-14) .



Em 27.06.2003 Israel e os palestinos chegaram a um acordo para permitir a retirada do Exército israelense do norte da faixa de Gaza e de Belém na Cisjordânia , e os grupos terroristas palestinos Hamas e Jihad Islâmica anunciaram a decisão de interromper por três meses seus ataques contra israelenses . ( F S P 28.06.2003 , p. A-14) .



 



PLANO DE PAZ ALTERNATIVO  2003



 



Em 1 de dezembro de 2003, com o apoio de Jimmy Carter e Bill Clinton foi lançado na Suiça o Acordo de Genebra , um plano de paz alternativo  de caráter simbólico , elaborado por moderados palestinos e esquerdistas israelenses .



O plano prevê : 1. Criação de um Estado Palestino, reconhecido por Israel ; 2 . reconhecimento de Israel pelos palestinos e desarmamento dos radicais ; 3. Jerusalém seria a capital dos dois estados . Os bairros árabes ficariam com a  Palestina e os judeus com Israel  ; 4. Israel retornaria às fronteiras antes da guerra de 1967 . Alguns assentamentos  seriam desmanchados , mas 75% dos colonos continuariam dentro de território palestino , sob proteção de Israel ; 5. Para manter os assentamentos, Israel daria em troca áreas do deserto de Negev ; 6. Os palestinos renunciariam à reivindicação de retorno dos 3,6 milhões de refugiados ; 7. Israel cederia a soberania sobre o Monte do templo  ou a Esplanada das Mesquitas , mas manteria o Muro das Lamentações.



Cerca de 58 líderes mundiais , a maior parte ex-presidentes e ex-premiês assinaram comunicado apoiando o plano de paz.   OP plano foi negociado em sigilo durante dois anos na Suiça e teve como principais articuladores representantes de setores moderados dos dois lados . Yossi Beilim , ministro da Justiça no último governo trabalhista de Israel e Yasser Abed Rabbo , ex-porta-voz da Autoridade Palestina . O governo da Jordânia deu apoio técnico ao trabalho. 



 



O PLANO DE SHARON  2004



 



Em fevereiro de 2004 , Ariel Sharon , afirmando que não há interlocutor palestino confiável , lançou um plano unilateral para separar israelenses e palestinos , no qual  pretende remover a  totalidade dos assentamentos judaicos na faixa de Gaza . Há 21 assentamentos na região, com 8.000 judeus em meio a 1,4 milhão de palestinos.  Os israelenses  controlam 33% do território, Sharon propõe a remoção dos 21 assentamentos e recuar o Exército para posições na beira da faixa  .  Na Cisjordânia há mais de 120 assentamentos com mais de 230 mil colonos judeus e Israel propõe manter pelo menos cinco blocos de assentamentos ( Ariel - 18.000 ; Givat Zeev 10.000 ; Maale Adumum - 30 mil ; Gush Etzion - 30 mil e Encrave Hebron e Kiryat Arba com 4500 colonos . Nestes blocos vivem 92 mil israelenses e os demais ficariam sujeitas a negociações futuras .  ( F S P 15.04.2004 , p. A-11) .



Inteligentemente Sharon decidiu por sua própria iniciativa fazer concessões onde tem pouco a perder e desta forma jogar o problema para a ANP e os demais movimentos terroristas islâmicos.  Gaza não tem a mesma importância religiosa , política e estratégica que tem a Cisjordânia , esmo assim para os colonos, os partidos religiosos e mesmo membros do Likud , a iniciativa de Sharon foi considerada uma traição imperdoável.



Outra possibilidade em estudo é a transferência de áreas árabes-israelenses aos palestinos , em troca da permanência de assentamentos na Cisjordânia. . Existem cerca de 1,3 milhão de árabes israelenses , a maior parte vivendo na região da Galiléia  ao norte , cerca de 20% da população do país. Esta população tem direitos e voto e podem trabalhar normalmente , mas reclamam de discriminação .



Em setembro de 2004 , o gabinete de segurança de Israel aprovou um orçamento de  US$ 550 milhões , para compensar os cerca de 8.000 judeus que devem ser removidos da Faixa de Gaza  e de partes da Cisjordânia . Cada família deve receber um valor entre US$ 200 mil e US$ 500.000 , dependendo do tamanho de suas casas e do tempo em que está vivendo nos assentamentos .( F S P 15.09.2004, p. A-12) .



O Plano de Sharon , além da retirada de Gaza , a retirada de parte da Cisjordânia e a anexação de parte da mesma , a encampação de Jerusalém , redesenhando definitivamente as fronteiras de Israel e deixando os palestinos por conta própria nos territórios restantes de seu país independente .



Sharon chegou à conclusão , após anos de conflitos de que não era conveniente manter uma grande população palestino sob controle direto , com elevados gastos financeiros e militares , além do desgaste político . A única solução , face à impossibilidade de chegar a um acordo com os palestinos, foi para ele , idealizar seu próprio plano, definir as novas fronteiras de Israel  e dar um Estado aos palestinos .



 



APOIO AMERICANO AO PLANO SHARON



 



Ariel Sharon em visita aos EUA obteve um inesperado apoio a seu plano de retirada unilateral da Faixa de Gaza . Bush concorda com a retirada unilateral e com o não retorno dos 4 milhões de refugiados palestinos a Israel 



Segundo Sharon " O que eu podia fazer ? Destruir a Autoridade Nacional Palestina ? Não. Israel não pode arcar com as responsabilidades pelas vidas de 3,5 milhões de palestinos . Assinar um acordo de paz ? Não . O terrorismo recomeçaria . Deixar as coisas como estavam ? Não. Acompanhei tudo em Israel , desde a Guerra da Independência [1948-1949] , e é minha responsabilidade lidar com a questão agora . Discuti comigo mesmo e desenvolvi uma nova iniciativa ... Tive de tomar a perigosa decisão de transferir alguns de nossos colonos . Em Israel a direita não gosta de me ver agindo assim . E a esquerda não teria como fazê-lo . Mas não é  possível esperar para sempre . " 



Com o apoio americano , Israel transfere o problema de negociar para os palestinos , cujo destino foi arrebatado por terroristas fanáticos , cujo objetivo jurado é destruir Israel . Sharon deverá remover unilateralmente 7.000 israelenses até o final de 2005  e o movimento dos colonos judaicos está furioso . ( F S P 17.04.2004 , p. A-13) . 



O plano de Sharon acabou posteriormente sendo apoiado também pela União Europeia , Rússia e ONU , pela maioria dos israelenses , pela oposição trabalhista e por parte da população palestina , mas foi rejeitado pelo Likud em referendo realizado internamente em maio de 2004 . ( F S P 3.5.2004, p. A-8) .



Em 6.6.2004 , o gabinete israelense aprovou o plano , porém adiou por pelo menos 9 meses  qualquer votação sobre o desmantelamento de 21 assentamentos judaicos na faixa de Gaza e 4 na Cisjordânia que estavam previstos para ocorrer até o final de 2005 . (F S P 7.6.2004, p. A-10) . 



Em 26.10.2004 , o Knesset ( Parlamento de Israel ) aprovou , em decisão histórica o plano de Sharon de remover os 21 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e outras quatro colônias isoladas da Cisjordânia . Com 67 votos a favor e 45 contra e sete abstenções pela primeira vez , desde a criação do Estado de Israel em 1948 , o Parlamento aceita se desfazer de uma região reivindicada como parte do território.



Cerca de 8.000 colonos deverão sair de Gaza e algumas centenas da Cisjordânia . ( F S P , 27.10.2004 , p. A-12) .



Porém , os colonos não sairão com as mãos abanando . Segundo programa de compensação aprovado pelo gabinete do premiê israelense , cada uma das famílias receberá em média US$ 330.000 . Se o colono se retirar antecipadamente , poderá receber um terço a mais do que o valor previsto . O gabinete também aprovou penas , incluindo prisão , para os colonos que resistirem violentamente a ordens de retirada , inclusive crianças e adolescentes entre 12 e 18 anos.



Segundo o general Yoram Yair , será complicado remover estes colonos . “Teremos que remover os nossos próprios cidadãos , os colonos, de suas casas e vilas que eles construíram nos últimos 38 anos . É algo difícil . Precisamos entender que os assentamentos não são uma coisa que surgiu há algumas semanas ou meses . Já estamos na terceira geração nascida nesses lugares , que construíram suas vidas , seus futuros e fizeram florescer essas áreas desertas . “ Para ele não há risco de guerra civil , ma a saída será problemática . ( F S P 4.6.2005 , Especial p. A-4)



 



CESSAR FOGO  2005



 



Em cúpula histórica , realizada no balneário de Sharm el-Sheik , no  Egito , o premiê de Israel , Ariel Sharon e o presidente da ANP Mahmoud Abbas , anunciaram  em 8.2.2005 ,  um cessar fogo . Os palestinos irão cessar toda a violência contra Israel . Israel fará a mesma coisa , além de suspender os assassinatos seletivos de líderes terroristas . Nas áreas sob controle  palestino os israelenses vão agir junto com os palestinos se quiserem prender algum terrorista .



O panorama político mudou completamente , abrindo uma possibilidade concreta de alcançar a paz . Ariel Sharon um conservador nacionalista , que antes não concordava em ceder um milímetro para os palestinos tornou-se defensor de retiradas . A morte de Arafat abriu caminho para Abbas um pragmático que se declara abertamente contra os ataques a Israel .



Israel vai soltar 500 palestinos imediatamente e 400 mais tarde .Há 7.000 palestinos presos em Israel .  Comissões conjuntas irão definir o critério de libertação dos prisioneiros e para a retirada gradual de Israel das cidades palestinas da Cisjordânia . Israel vai transferir o controle da segurança de cinco cidades palestinas para a ANP . Egito e Jordânia vão recolocar embaixadores em Israel , que haviam sido retirados em 2000 .



Porém Abbas não negociou com os radicais as decisões que tomou e eles não foram desarmados . Portanto não há garantias de que o Hamas  , o Jihad Islâmico irão cessar seus ataques  , que caso continuem poderão inviabilizar o cessar fogo .



Do lado de Israel por sua vez , o país  está à beira de uma guerra civil , com a enorme resistência dos grupos extremistas judaicos que se opõem à retirada dos assentamentos da Faixa de Gaza , que antigos aliados de Sharon , passaram a considera-lo um traidor.



“Eu passei toda a minha vida defendendo os judeus . Agora, tenho que me defender dos judeus “ . Ariel Sharon .



Em 17 de março os grupos terroristas concordaram em suspender seus ataques contra Israel até o fim de 2005 , em troca da interrupção de todas as formas de agressão por parte de Israel e da libertação dos prisioneiros políticos . Desde o acordo , apenas o Jihad Islâmico tinha praticado um atentado contra uma boate de Tel Aviv.



Em 20 de fevereiro de 2005 o gabinete do premiê Ariel Sharon aprovou o plano de retirada de todos os assentamentos judaicos da faixa de Gaze e de quatro isolados na Cisjordânia. Cerca de 8.000 colonos judeus da faixa de Gaza serão removidos , parte será transferida para Israel e parte para colônias judaicas na  Cisjordânia . Em 21 de fevereiro , cumprindo o prometido no acordo , foram soltos  500 prisioneiros palestinos . 



Em 16 de março de 2005  Israel devolveu à Autoridade Palestina ao controle de Jericó , com 25 mil habitantes , a primeira das cinco a serem desocupadas ( Tulkarem, Ramallah , Qalqilya e Belém ) .



 



CONVITE AO HAMAS



 



No início de julho de 2005 , o presidente palestino Mahmoud Abbas , convidou o  grupo terrorista Hamas para integrar seu gabinete e ajudar a ANP na supervisão da reocupação “pacífica e sem incidentes “ da faixa de Gaza . Israel imediatamente deu declarações considerando inaceitável esta oferta ao Hamas . Posteriormente o Hamas recusou a participação . ( F S P 2.7.2005 , p. A-16)  .



 



A RETIRADA DA FAIXA DE GAZA  2005



 



A retirada da Faixa de Gaza é estratégica para Israel . Ao sair de um território que representa apenas 2% da palestina histórica , Israel se desvincula de 20% dos palestinos .  Deixa de ter altíssimos gastos com segurança para garantir a vida de apenas 9.000 colonos , em 21 colônias entre 1,3 milhão de palestinos , em um território sem importância histórica ou estratégica para Israel . 



Embora os colonos não tenham aceitado a saída por considerarem a terra uma promessa divina , para 60% da população de Israel a saída é correta . Já na Cisjordânia a situação é diferente pois 250.000 judeu vivem entre 2,3 milhões de palestinos .



Para os palestinos a saída dos judeus permitirá o livre trânsito pelas cidades da região e o fim do risco de confronto com os soldados judeus   A Autoridade Palestina terá o desafio de melhorar o padrão de vida desta população, onde dois terços estão abaixo da linha de pobreza e metade não tem emprego , situação que irá piorar pela perda dos empregos junto aos israelenses  .  Os palestinos serão donos de seu destino em um território diminuto e pobre .



A retirada ocorreu em agosto de 2005  e o governo israelense preparou forte aparato militar .esperando grande resistência por parte de grupos ortodoxos, o que acabou não ocorrendo . Em alguns assentamentos os soldados foram hostilizados . “ Faça meia volta e tire seus homens daqui . Aqui vocês não vão entrar . Vocês não são o exército do povo . Vocês são o exército da ditadura . Vocês não representam Israel , representam o mandato de Tito , que destruiu o templo de Jerusalém , e agora querem destruir as comunidades judaicas . Foi com estas palavras que o comandante militar israelense Hagai Iechezkel foi recebido no portão dos assentamentos de Gadid e Gan or, na  Faixa de Gaza . ( F S P , 16.08.2005 , p. A-13) .



Houve reações mais violentos  como um confronto de mais de dez horas em uma sinagoga da colônia de Kfar Darom , mas os manifestantes foram retirados á força com pelo menos 58 feridos . ( F S P 19.08.2005 , p. A-15) .



Em 22 de agosto o governo israelense anunciou ter concluído com  sucesso a retirada de Gaza , colocando fim a 38 anos de ocupação . Cerca de 8.500 colonos foram  removidos , as casas dos 20 assentamentos serão destruídas e em outubro a região será entregue para o controle dos palestinos . 



O processo foi  mais tranquilo que o que se esperava e acabou duas semanas antes do previsto inicialmente . 



Em 23 de agosto Israel completou a retirada das quatro colônias dos 120 existentes na Cisjordânia . No total a operação durou 9 dias e não houve feridos graves ao contrário das previsões de um processo longo e violento .



Na maioria dos assentamentos , líderes dos colonos e rabinos fizeram acordos de não agressão com as forças de desocupação . Ao todo foram retirados 15 mil judeus, entre eles 6.000 manifestantes que foram para os assentamentos protestar . A força de desocupação tinha 15 mil soldados e a operação teve um custo de US$ 2 bilhões . ( F S P 24.08.2005 , p. A-17  ) .



Israel já havia devolvido a península do Sinai para o Egito em 1982 , mas as saída de terras conquistadas em campo de batalha de forma unilateral sem assinar um acordo de paz  isto nunca havia ocorrido . Esta foi a principal crítica em relação á retirada . Que Israel estava cedendo uma posição importante sem negociar nada em troca e que Gaza se tornaria um foco pior ainda de radicalismo , o que acabou se confirmando .



 



PLANO UNILATERAL  DE OLMERT 2006



 



O premiê interino Ehud Olmert anunciou um plano unilateral de fixação de fronteiras , na linha do proposto por Ariel Sharon . Até 2010 , Israel deve abandonar a maioria de seus assentamentos na Cisjordânia e recuar até a linha em que está sendo construída a barreira de separação com possíveis ajustes .



Segundo ele “ Não restará um único judeu para protegermos além da cerca . No fim do processo nós teremos a total separação da vasta maioria da população palestina . “ Segundo Khaled Meshal, principal líder do Hamas , a retirada unilateral tem como base “ os interesses de segurança de Israel e não as exigências da paz e significa uma declaração de guerra contra o povo palestino “ . “ F S P 11.03.2006 , p.A-21 .



Olmert candidato  ao cargo de premiê conservou dois símbolos de seus status de interino . Deixou a cadeira de premiê vazia nas reuniões do gabinete e recusou-se a entrar no gabinete de primeiro ministro antes das eleições .



A operação que lançou para capturar os homens procurados em Jericó que seriam liberados pelos palestinos foi bem recebida pela população . A exemplo de Sharon ele acredita que medidas unilaterais por parte de Israel são mais eficazes que o diálogo com os palestinos e que Israel deve retirar-se da Cisjordânia para poder conservar a maioria judaica em seu próprio território .



ESTADO PALESTINO



 



A Secretária de Estado americana , Condoleezza Rice em Ramallah fez um apelo para que a Autoridade Palestina e Israel preparem um documento “ concreto” para a conferência de novembro de 2007 nos EUA  que abra caminho para a criação de um Estado palestino . No mesmo dia o primeiro ministro israelense disse abertamente que alguns bairros de Jerusalém poderiam passar para o controle palestino , porém os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja integralmente devolvida aos palestinos com seus lugares sagrados .( F S P , 16.10.2007 , p. A-13) .



 



CÚPULA DE ANNAPOLIS  NOVEMBRO DE 2007



 



Patrocinada pelo governo americano , Ehud Olmert de Israel e Mahmoud Abbas da Autoridade Nacional Palestina encontraram-se em novembro de 2007 na cidade de Academia Naval em  Annapolis, estado de Maryland nos EUA ,. Foi o primeiro encontro significativo , desde o fracasso da cúpula de Camp David em 2000 .



Da cúpula participaram representantes de 49 países , inclusive o Brasil e  22 países da Liga Árabe e em especial a adesão mais importante foi a da Síria , o que contribuiu para isolar o Irã no contexto do Oriente Médio .



O  resultado mais concreto do encontro foi a decisão pela retomada das conversações de paz interrompidas há sete anos e um  acordo para início em 12 de dezembro de conversações para a criação de um Estado palestino, mantendo a partir daí reuniões quinzenais . . 



Decidiu-se dar prosseguimento às metas estabelecidas no Mapa do Caminho e esforçar-se para chegar a um acordo antes do fim de 2008 .  O Mapa do Caminho é um acordo patrocinado pelo quarteto EUA, Rússia , União Européia e ONU , em 2003, que visava encerrar o conflito israelo-palestino até 2005 . Estabelece etapas a serem cumpridas pelos dois lados até a criação de um Estado Palestino : “Fim do terror e da violência , normalização da vida palestina e construção das instituições palestinas . Encerramento incondicional dos ataques palestinos a Israel e retirada dos assentamentos israelenses erguidos desde março de 2001 .. Uma transição pela implementação de um estado Palestino com fronteiras provisórias e atribuições soberanas  e um acordo de status permanente e fim do conflito com a criação do Estado Palestino . ( F S P, 28.11.2007 , p. A-12) .



Porém apenas uma semana depois do encerramento da cúpula, a administração israelense anunciou a abertura de licitação para a construção de 307 novas unidades residenciais no assentamento de Har Homa  criado no final dos anos 1990 . Para o governo israelense , Har Homa , faz parte da “Grande Jerusalém “ e deveria ser acrescentado a que os israelenses chamam de sua “capital unificada e indivisível” . Para os palestinos , Har Homa fica no território conquistado por Israel na Guerra dos Seis Dias ( 1967) e deve fazer parte de Jerusalém Oriental, onde os palestinos querem ter a sua capital . Cerca de 180 mil colonos israelenses vivem em Jerusalém Oriental e 267,5 mil na Cisjordânia . Israel está construindo uma barreira de segurança de 760 km , que abrange 10% da Cisjordânia ) e a margem ocidental do rio Jordão e concorda em remover apenas os colonos estabelecidos a oeste desta barreira , entre 70 a 80 mil colonos . ( F S P , 7.12.2007 , p. A-22) .



Israel acatou o retorno dos refugiados e a retirada de 94% do território da Cisjordânia, mas as negociações foram abandonadas com a ofensiva de Gaza , em 2008.



 



CONFERÊNCIA EM PARIS  2007



 



Conferência em Paris, realizada por 68 países em dezembro de 2007, terminou com o compromisso de doações de US$ 7,4 bilhões aos palestinos , escalonada em três anos , com o objetivo de dar viabilidade econômica aos palestinos . O resultado foi maior do que esperavam os próprios palestinos que era US$ 5,6 bilhões .  O chamado Quarteto ( EUA,União Européia, Rússia e ONU) , divulgou comunicado manifestando sua “preocupação” pela extensão da colonização israelense em Jerusalém Oriental  onde Israel acaba de autoriza a construção de 300 novos domicílios em terras árabes . O porta voz do Hamas , Fawzi Barhoum qualificou a conferência de “conspiração perigosa”.  O premiê israelense Ehud Olmert , reiterou que assumiria apenas compromissos que não colocassem em risco o seu país e a ministro do Exterior , Tzipi Livni a respeito dos pontos de bloqueio que dificultam a circulação de bens e pessoas na Cisjordânia , afirmou que Israel está diminuindo o bloqueio econômico de Gaza e que os pontos de controle obedecem a critério de segurança necessários . ( F S P , 18.12.2007 , p. A-14) . 



NEGOCIAÇÕES COM OS PALESTINOS



 



No Encontro de 43 governantes da União do Mediterrâneo , idealizada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy , o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert afirmou que israelenses e palestinos nunca estiveram tão perto de chegar à paz . Por sua vez Mahmoud Abbas, presidente de Autoridade Nacional Palestina afirmou que as negociações são “sérias” e que a paz é o objetivo das duas delegações . ( F S P , 14.07.2008 , p. A-13) . Israel precisa estabilizar suas relações com os palestinos e com a Síria pois sua maior ameaça é o Irã .  amaHa



Em 25 de agosto de 2008 Israel libertou 198 prisioneiros palestinos como “gesto de boa vontade” para reforçar as negociações de paz . É a primeira vez que Israel liberta sem contrapartida palestinos com “sangue nas mãos” , pois entre os libertados estão dois que cumpriam pena de prisão perpétua há 30 anos por atentados que causaram morte de israelenses . Nenhum prisioneiro do Hamas foi libertado , apenas da ANP . ( F S P , 26.08.2008, p. A-16) .



Para o rei Abdullah 2º da Jordânia , “ as conversas tem ocorrido nos últimos meses , mas sem muito efeito . Isso acontece porque há uma grande falta de conexão entre o que Israel diz que quer e o que Israel faz na prática . Israel disse que busca um Estado palestino. Isso é retórica . A realidade é um pouco diferente : construção de assentamentos e asfixia financeira da economia palestina .. Também precisamos de  mais unidade palestina . Um fronte dividido [ entre o Fatah de Abbas e o Hamas , que governa a faixa de Gaza] é uma desculpa para a inatividade por parte de Israel e para que a comunidade internacional diga que não há ninguém com quem negociar .E precisamos que a comunidade internacional se envolva . Não haverá progresso sem ela . ( F S P , 23.10.2008 , p. A-21) .



 



FIM DE PLANO PARA ESTADO PALESTINO



 



O novo chanceler , o ultranacionalista Avigdor Liberman , líder do Israel Beitenu, terceiro maior partido no Parlamento , em seu primeiro discurso disse que o novo governo israelense rejeita as atuais negociações de paz com os palestinos , norteadas pela solução de dois Estados para dois povos . “Aqueles que pensam conseguir respeito e paz por meio de concessões estão errados . É o contrário : [ concessões] só causarão mais guerra” . Segundo ele , Israel não tem obrigação de seguir a Declaração de Anápolis : “[O texto] não foi ratificado no Parlamento israelense e, portanto, não tem validade”. Para ele, o único acordo respeitado pelo novo governo é o Mapa do Caminho , assinado entre Israel e a Autoridade Palestina em 2003, patrocinado pelo governo de George W. Bush e que não falava em objetivos finais para as negociações e enfatizava a exigência para que a ANP reprimisse os militantes radicais . ( F s P , 2.4.2009, p. A-15)  



Libeman , em entrevista publicada no “Haaretz “ , ainda afirmou “ Não há resolução sobre as negociações com a Síria e já dissemos que não aceitamos uma retirada de Gola “ . (  F S P ,03.04.2009, p. A-11) . “Quem quer a paz precisa se preparar para a guerra . Erra quem pensa que fazendo concessões ganhará respeito e paz . Ao contrário : elas levam a mais guerras “ . ( Veja, 8.4.2009 , p.61) .



 



EUA ENDOSSAM PLANO DA LIGA ÁRABE



 



O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, após encontro com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, em Ramallah , declarou “ Os EUA estão comprometidos com a criação de um Estado Palestino soberano e independente, onde as aspirações do povo palestino de controlar seu destino se tornem reais . Queremos que a iniciativa Árabe de Paz seja parte desse esforço “ . Isso significa o apoio americano ao plano de paz surgido na Cúpula Árabe de 2002, que tem o endosso das 22 nações da Liga Árabe e oferece a Israel a paz definitiva  com todos os países da região , em troca da retirada dos territórios ocupados em 1967 , e da criação de um Estado Palestino , com capital em Jerusalém Oriental . ( F S P , 18.04.2009, p. A-15) .



Para o diplomata , Stéphane Hessel, com 92 anos , “Hoje , todos os que pensam esse problema com seriedade dizem que só há uma solução : dois Estados . É preciso que exista um Estado Palestino que disponha de soberania e independência , isto é, ter contato com o resto do mundo , não viver com fronteiras fechadas , poder haver comunicação entre Gaza e Cisjordânia , dispor de uma capital que só pode ser Jerusalém Oriental e encontra uma solução para o retorno dos  numerosos refugiados “. Para ele não querem o Estado Palestino “ em primeiro lugar os israelenses . Eles não têm nenhuma confiança , dizem: ‘Os palestinos são nossos inimigos , querem nos jogar no mar e dar a eles um Estado é extremamente perigoso para nós, por que aceitaríamos o que a ONU e o mundo querem nos impor? ‘” .(F S P , 17.05.2009, p. A-26) .



 



ENCONTRO OBAMA – NETANYAHU  2009



 



Em encontro na Casa Branca em 18 de maio de 2009 , o presidente Barak Obama declarou “ Eu disse antes e vou repetir que é do interesse não só dos palestinos , mas dos israelenses e dos EUA alcançar uma solução de dois Estados . O progresso nessa frente está estacionado , e eu sugeri ao primeiro-ministro que ele tem uma oportunidade histórica de conseguir um movimento sério quanto a essa questão .



Por sua vez Netanyahu afirmou “ Não queremos governar os palestinos . Queremos viver em paz com eles . Se nós retomarmos as negociações então eu acho que os palestinos vão ter de reconhecer Israel como um Estado judaico .



 No mesmo dia , o governo israelense anunciou a abertura de uma licitação para a construção de casas em um terreno militar na Cisjordânia , na área conhecida como Maskiot que deve abrigar inicialmente 20 famílias judaicas .  ( F S P , 19.05.2009, p. A-10) .



Ao retornar de Washington o premiê Netanyahu afirmou “ Eu disse { a Obama} que estava aberto a iniciar imediatamente diálogos sobre paz com os palestinos e com os sírios , é claro, sem precondições . Mas deixei claro que qualquer acordo de paz deve atender às necessidades de segurança de Israel “ . ( F S P , 21.05.2009, p. A-13) .



Em 24 de maio Netanyahu declarou “ O pedido de uma parada total para construir ( na Cisjordânia}  não é algo que possa ser justificado e que alguém aqui nesta mesa aceite” . Também expressou reservas quanto à existência de um Estado Palestino “ Claramente devemos manter algumas reservas sobre um Estado Palestino . Essas coisas foram claramente expostas ao presidente [Obama] em Washington” . ( F s P , 25.05.2009, p. A-11) .



 



ENCONTRO OBAMA ABBAS  2009



 



Em 28 de maio de 2009 em entrevista conjunta após encontro com o presidente da ANP , Mahmoud Abbas, em Washington , Obama voltou a dedender o congelamento da expansão dos assentamentos judaicos . O Plano de paz prevê “ o fim dos assentamentos e a garantia de que haja um Estado palestino viável” . Hillary Clinton no dia anterior usou a retórica mais dura entre os dois aliados em mais de duas décadas . O presidente foi “muito claro” , sobre o congelamento geral e irrestrito :” Não alguns assentamentos , não postos avançados , sem exceção para crescimento natural “ .



Netanyahu prometeu a remoção de 26 dos 121 assentamentos , localizados na Cisjordânia e em Jerusalém , mas afirmou que há que se respeitar a expansão natural dos já existentes . O porta-voz do governo israelense , Mark Regev afirmou- “Israel vai respeitar seu compromisso de não construir novos assentamentos e destruir postos avançados . Quanto aos já existentes , seu destino vai ser determinado nas negociações finais entre Israel e os Palestinos . Nesse ínterim , deve-se permitir que a vida normal siga nessas comunidades” .



Em 1 de junho Netanyahu disse ao Parlamento israelense “ Congelar a vida { nos assentamentos } não seria razoável” , defendendo que as colônias existentes devem se expandir para acomodar famílias em crescimento . ( F S P 2.6.2009, p. A-13) .



No encontro com Abbas Obama disse que os palestinos também deveriam fazer sua parte , garantindo segurança na Cisjordânia e diminuindo  o sentimento anti-israelense reinante em mesquitas e escolas . Abbas concordou com os dois pedidos , mas não tem comando sobre Gaza . ( F S P , 29.05.2009, p. A-10)



Abbas em 29 de maio afirmou “ Os americanos são os líderes do mundo e podem usar seu peso contra quem eles quiserem(...) Eles deveriam dizer aos israelenses :’Agora tratem de cumprir com suas obrigações ... Esperarei até o Hamas aceitar suas obrigações internacionais . Esperarei até Israel congelar os assentamentos ... Enquanto isso na Cisjordânia temos uma realidade boa , as pessoas vivem normalmente “ . ( F SP , 30.05.2009, p. A-16) .



 



ESTADO PALESTINO DESMILITARIZADO



 



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu , em discurso de quase uma hora na Universidade Bar Ilan , perto de Tel Aviv disse que concorda com um Estado Palestino desde que ele seja desmilitarizado e sem controle de fronteiras e do espaço aéreo . Os palestinos devem reconhecer de forma inequívoca Israel como nação judaica e não poderão formar acordos militares com o Irã  e o grupo xiita libanês Hizbollah . “Não temos intenções de construir novos assentamentos ou de expropriar terras para novas colônias . Mas há uma necessidade de permitir que os assentados tenham uma vida normal .”



Para o premiê , o problema dos refugiados palestinos deve ser resolvido “ fora das fronteiras israelenses “ , pela comunidade internacional .” Acho que com boa vontade e investimento internacional esse problema humanitário pode ser resolvido” . Ao falar de Jerusalém, ele foi contundente “ A cidade vai seguir sendo a capital indivisível do Estado Judeu com liberdade religiosa para todas as crenças .”



“ [ A ANP] terá de impor a lei em Gaza e superar o Hamas . Israel não vai sentar em uma mesa de negociações com terroristas que querem a sua destruição “ .



O negociador chefe da ANP , Saeb Erekat , disse que Netanyahu terá de esperar “mil anos” para encontrar um palestino que concorde com as condições expostas no discurso . Para ele, o processo de paz que já vinha caminhando” a passos de tartaruga “ , foi derrubado com o discurso do premiê israelense . Já o deputado Danny Danon, do partido governista de direita Likud, liderado por Netanyahu disse que vai agir com todas as forças no partido para prevenir a criação de um Estado Palestino . “Cidadãos israelenses demais foram mortos por conta de nossas concessões unilaterais “ . ( F S P , 15.06.2009, p. A-12) .



 



NOVO CONVITE PARA NEGOCIAÇÃO   2009



 



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu em 12 de julho fez novo convite aos palestinos “ Não há nenhuma razão para o líder da Autoridade Nacional palestina, Mahmoud Abbas , e eu não nos encontrarmos em algum lugar deste país para avançarmos no processo político “ .



Abbas recusou a oferta , exigindo antes total paralisação do avanço dos assentamentos judeus na Cisjordânia .



Para Javier Solana , chefe da diplomacia da UE . “ Se as partes não são capazes de cumprir [ o calendário] , uma solução apoiada pela comunidade internacional deveria ser colocada na mesa “ . Israel reagiu dizendo que o estabelecimento de um cronograma para o estabelecimento de um Estado Palestino é uma medida “perigosa” ( F S P , 13.07.2009, p. A-13) .



 



PRESSÃO AMERICANA PELA RETOMADA DAS NEGOCIAÇÕES



 



Em encontro trilateral em Nova York, um dia antes da reunião da Assembleia Geral da ONU , entre o presidente dos EUA , Barak Obama , o premiê israelense , Binyamin Netanyahu e o presidente da ANP, Mahmoud Abbas , Obama afirmou “ Posto de maneira simples, já é passada a hora de começar as negociações . Apesar dos obstáculos , apesar de toda a história , apesar de toda a desconfiança , é hora de seguir em frente “ Ele qualificou a retomada das negociações como “absolutamente crítica “ . Disse ainda que todos têm “trabalhado incansavelmente “ para resolver a questão, mas ainda assim não foram feitos progressos suficientes . “Nós devemos nos arriscar pela paz . Negociações permanentes devem começar – e começar logo”. ( F S P , 23.09.2009, p., A-14) .



Em seu discurso na abertura da  64ª Assembléia Geral da ONU rompendo uma tradição histórica , Barak Obama criticou Israel , o principal aliado dos EUA no Oriente Médio . “Continuamos a pedir aos palestinos que parem as provocações a Israel e continuaremos enfatizando que não aceitamos a legitimidade dos assentamentos israelenses prolongados . Dois Estados vivendo lado a lado em paz e segurança – um Estado judaico de Israel , com segurança real para todos os israelenses ; e um Estado palestino viável e independente , com território contíguo que encerre a ocupação iniciada em 1967”. ( F S P , 24.09.2009, p. A-18) .



O primeiro-ministro israelense , Binyamin Netanyahu,  em discurso à Assembleia Geral da ONU, em 24.09.2009 disse que estava disposto a fazer a paz com os palestinos , desde que um futuro Estado Palestino seja “efetivamente desmilitarizado”, condição  não aceita pelos palestinos por inviabilizar a existência de um Estado soberano .



Em resposta, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas disse que os palestinos não vão voltar às negociações neste momento , por “discordâncias fundamentais” com Israel . ( F s P , 25.09.2009, p.A-15) .



 



MUDANÇA DE POSIÇÃO DOS EUA SOBRE OS ASSENTAMENTOS



 



Num aparente recuo dos EUA , a secretária de Estado americana , Hillary Clinton , rejeitou em 31 de outubro a exigência palestina de congelamento das colônias judaicas na Cisjordânia , como precondição para a retomada do diálogo . “Nunca houve precondição . [As colônias ] sempre fizeram parte das negociações “ disse em discurso ao lado do premiê israelense Binyamin Netanyahu .



Obama é visto com desconfiança por boa parte dos israelenses , que o enxergam como demasiado conciliador com os árabes e com o Irã e Hillary desfruta de grande prestígio no Estado judaico pelo passado de apoio a Israel .



Horas depois , Hillary se encontrou com Mahmoud Abbas , nos Emirados Árabes Unidos e segundo fontes palestinos pediu a Abbas que aceitasse proposta de Netanyahu de limitar a construção em 3.000 novas residências judaicas na Cisjordânia , o que foi negado por Abbas . ( F s P , 1.11.2009, p. A-16) .



Para Robert Aumann , Prêmio Nobel de Economia em 2005 , atender todas as demandas do adversário em um conflito pode promover a guerra e não a paz . Para ele, “muitos dos problemas que estamos enfrentando hoje se devem á retirada israelense da Faixa de Gaza , em 2005 . Não poderia haver nada pior para a paz . Os árabes pensaram que estávamos capitulando , pois foi essa mesma a mensagem que passamos a eles ao fazer a retirada unilateral . Os árabes interpretaram nosso gesto como fraqueza , tornaram-se intransigentes , e isso afastou ainda mais a possibilidade de uma negociação com melhores resultados . ( Veja, 4.11.2009 , p. 21) .



Em 01 de novembro palestinos acusaram o governo americano de enterrar o processo de paz no Oriente Médio ao recuar da exigência de que Israel congele imediatamente a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia .



Um porta-voz de Abbas afirmou “ As [conversas] estão paralisadas , e o resultado do respaldo americano à intransigência israelense é que não há perspectiva de negociações”. ( F S P , 2.11.2009, p. A-10) . 



Em 2 de novembro de 2009, em reunião com os chanceleres árabes em Marrakech ( Marrocos), , Hillary negou que a posição do governo americano sobre o tema tenha mudado  e insistiu que a Casa Branca “não aceita a legitimidade da continuidade dos assentamentos israelenses “. Ela também qualificou como insuficiente a proposta de Netanyahu de limitar em 3.000 o número de novas casas na Cisjordânia . Mesmo assim, ela defendeu que a oferta seja implementada como sinal de “significativa restrição nos assentamentos”. ( F S P , 3.11.2009, p. A-15) .



 



CONGELAMENTO TEMPORÁRIO DAS COLÔNIAS – NOV 2009.



 



O premiê de Israel , Binyamin Netanyahu , anunciou em 25 de novembro o congelamento da construção de novas residências na Cisjordânia por dez meses , no que qualificou como um gesto de boa vontade para que os palestinos voltem às negociações .



A liderança palestina rejeitou o plano, antes mesmo de sua aprovação pelo gabinete israelense , reiterando que só retomará o diálogo se a construção de assentamentos for totalmente suspensa nas áreas ocupadas por Israel , inclusive em Jerusalém oriental .



Porém o congelamento se aplica somente a novos projetos residenciais . As construções em andamento, assim como a de prédios públicos , como sinagogas e escolas, vai continuar . Depois de dez meses de moratória , a construção nos assentamentos será retomada . ( F s P , 26.11.2009, p. A-25) .



Porém, o movimento dos colonos da Cisjordânia revoltado com a decisão e temeroso de que o congelamento possa se perpetuar por pressão externa, pretende não só acelerar a construção de 3.000 unidades habitacionais já aprovadas , mas dar início a novos projetos . No jornal “Yediot Aharonot”, o Conselho da Judéia e Samaria ( nomes bíblicos da Cisjordânia), afirmou “O congelamento é um passo imoral, anti-judeu e antissionista , que acelera a criação de um Estado Palestino  e representa risco existencial ao Estado de Israel “.



Cerca de 300.000 colonos judeus vivem em mais de cem assentamentos na Cisjordânia . ( F s P , 27.11.2009, p. A-17) .



Em 9 de dezembro de 2009 cerca de 10.000 colonos israelenses e simpatizantes protestaram no centro de Jerusalém contra o congelamento . Os colonos carregavam cartazes com os dizeres” Continuaremos a construir” e “Parem as bombas do Irã, não nossas casas” . ( F S P , 10.12.2009, p. A-13) .



 



NEGOCIAÇÕES DE PAZ – MARÇO DE 2010.



 



A Autoridade Nacional Palestina anunciou em 7 de março  que aceitará participar de negociações de paz indiretas com Israel mediadas pelos americanos . Paralisadas desde a invasão da faixa de Gaza por Israel no final de 2008 o modelo foi proposto pelos americanos e  o negociador palestino Saeb Erekat afirmou que a ANP abandonará a iniciativa caso não se alcance acordo sobre as fronteiras entre a Cisjordânia e Israel em quatro meses . ( F S P , 8.3.2010, p. A-12) .



Em 8 de março o vice-presidente dos EUA , Joe Biden , desembarcou em Israel para mediar as negociações .



Porém, no mesmo dia, o governo de Israel aprovou a construção de 112 apartamentos no assentamento de Betar Illit  , que fica a 10 km de Jerusalém, poucos metros além da fronteira de Israel com a Cisjordânia , que os palestinos reivindicam para o seu futuro Estado.



O ministro do Meio Ambiente de Israel , Gilad Erden , disse “ O governo decidiu congelar a construção, mas essa decisão previa exceções em caso de problemas de segurança em infraestruturas iniciadas antes do congelamento . Esse é o caso de Betar Illit.. A decisão certamente vai dificultar a medicação americana . ( F s P , 9.3.2010, p. A-14) .



Em 9 de março o governo israelense anunciou que vai construir mais 1.600 casas em Jerusalém , em um bairro da população judia ortodoxa, parte de um projeto iniciado há três anos .



Para o americano Joe Biden o anúncio israelense “ é exatamente o tipo de passo que abala a confiança “ necessária para que o processo de paz tenha avanços . “Precisamos de uma atmosfera para apoiar as negociações , não complicá-las “.



Em 10 de março ele elevou o tom de suas críticas a Israel “ Todos já deveriam saber que não existe alternativa viável à solução dos dois Estados ... Conforme avançamos, os EUA irão cobrar dos dois lados responsabilidade sobre anúncios ou ações que inflamem as tensões ou prejudiquem o resultado das negociações , como é o caso deste”. ( F s P , 11.03.2010, p.A-16) .



Nabil Abu-Rudeina, porta voz da ANP , disse que o anúncio  é “uma decisão perigosa que irá torpedear as negociações e levar os esforços americanos ao completo fracasso”. ( F s P , 10.03.2010, p. A-14) .



Hillary Clinton , teve uma conversa telefônica de 43 minutos com o premiê israelense Biyamin Netanyahu , e se disse “insultada” pela ação . Netanyahu em declaração posterior concordou que o “timing” foi infeliz , mas não deu sinais de que a construção será cancelada . “Tivemos um incidente pelo qual sinto[mas] que ocorreu de forma inocente . Foi prejudicial e não deveria ter acontecido .”O comentarista Thomas Friedman , no “New York Times” escreveu que Biden deveria ter voltado imediatamente aos EUA e ter deixado o seguinte recado ao governo israelense “ Você pensa que pode envergonhar seu único aliado verdadeiro no mundo , para satisfazer alguma pressão doméstica e não enfrentar consequências ? Você perdeu totalmente o contato com a realidade”. ( F S P , 15.03.2010, p. A-12) .



 



ALIADOS PRESSIONAM PREMIÊ



 



Em entrevista a uma rádio local, Isaac  Herzog, ministro do Bem-Estar e dos Serviços Sociais afirmou sobre o Partido Trabalhista “ Se não houver uma mudança clara de política que leve a um real processo de paz [...] , será necessário decidir se há alguma utilidade em continuar no governo”. ( F s P , 29.03.2010, p. A-16) .



O premiê Binyamin Netanuahu esteve em 23 de março em Washington , mas em duas reuniões  com o presidente Obama não conseguiu nem uma foto oficial ou um comunicado conjunto . O silêncio que cercou as conversas foi o sinal mais eloqüente  do desencontro entre os tradicionais aliados . ( F S P , 25.03.2010, p. A-14) . Horas antes da viagem ele havia declarado  que não vai interromper as construções em Jerusalém Oriental . “A posição de Israel está muito clara ... e ficará clara na viagem á capital americana ... Nossa política sobre Jerusalém é a mesma seguida por todos os governos israelenses há 42 anos . Para nós, construir em Jerusalém é o mesmo que fazê-lo em Tel Aviv”. ( F s p , 22.03.2010, p. A-16) .



Para Nir Barkat , prefeito de Jerusalém “ Se o mundo tem uma opinião , não quer dizer que temos de aceitar . Jerusalém, jamais foi tão aberta e livre” . ( Veja, 21.04.2010, p. 60) .



 



CONGELAMENTO DOS ASSENTAMENTOS



 



Embora confirme a afirmar que não cederá à pressão internacional contra  a ocupação de Jerusalém Oriental, Israel na prática congelou a construção nessa parte da cidade . Segundo fontes municipais de Jerusalém, a aprovação de novos projetos foi suspensa por decisão do premiê israelense Binyamin Netanyahu que mantém o discurso em defesa da “indivisibilidade” de Jerusalém, mas na prática prefere evitar ações que possam irritar os americanos . ( F S P , 27.04.2010, p. A-14) .



 



DIÁLOGO INDIRETO – MAIO DE 2010.



 



Depois de meses de paralisação no processo de paz, israelenses e palestinos deram início a conversas indiretas por intermédio do enviado dos EUA ao Oriente Médio , George Mitchell . “O principal negociador palestino , Saab Erekat afirmou “ Posso declarar oficialmente hoje( 9 de maio) que as conversas de aproximação começaram”.



O plano é que as conversas durem quatro meses e conduzam a negociações diretas para o estabelecimento de um Estado palestino . Mitchell alternará contatos com Israel em Jerusalém e os palestinos em Ramallah.( F S P , 10.05.2010, p. A-14) .



 



ESTADO PALESTINO DESMILITARIZADO 2010



 



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu , disse em Nova York, em 7 de julho ter chegado o momento para a retomada do diálogo com os palestinos , sem “pré-condições  na próxima semana ou em duas semanas “ , visando um acordo que alcance a “paz verdadeira” e um Estado palestino desmilitarizado , que reconheça Israel .( F S P , 9.7.2010, p. A-10) .



 



 



CAMPANHA PELAS NEGOCIAÇÕES



 



Políticos palestinos decidiram aderir a uma campanha milionária na mídia , em que se dirigem diretamente aos israelenses perguntando “Nós somos parceiros , e vocês?  Financiada pelo governo americano e orquestrada pela Iniciativa de Genebra, grupo formado por israelenses e palestinos que defendem um acordo de paz , a campanha ocupa outdoors e veículos de imprensa em Israel . Jibril Rajoub, que já foi chefe de segurança palestina  e hoje preside o comitê olímpico e a federação de futebol palestinos fala em hebraico “Temos uma oportunidade histórica de chegar a um acordo de paz. A liderança palestina está comprometida com a solução de dois Estados e há consenso no mundo árabe em reconhecer Israel com o fim da ocupação “. ( F S P , 31.08.2010, p. A-15) .



 



WASHINGTON - CÚPULA TERMINA COM PROMESSAS VAGAS  2010



 



Os EUA levaram mais de um ano em esforços diplomáticos  para reunir em uma mesma mesa , em Washington , por uma hora e meia o premiê de Israel Binyamin Netanyahu , e o presidente da Autoridade Nacional  Palestina  Mahmoud Abbas e o resultado foi apenas promessas de “empenho”  e uma agenda de novos encontros para o dia 14 e 15 de setembro, provavelmente no Egito . ( F S P , 3.9.2010, p. A-13) .



O grupo islâmico Hamas anunciou em 3 de setembro em Gaza,  a criação de uma comando conjunto com 12 outros grupos radicais para intensificar os ataques contra Israel , a fim de sabotar a retomada do processo de paz. ( F S P , 4.9.2010, p. A-14) .



Mahmoud Abbas afirmou em Paris que as negociações de paz entre israelenses e palestinos serão uma “perda de tempo” Afirmou também que não considera em nenhuma hipótese o retorno à luta armada .( F S P , 27.09,2010, p. A-12) .



Em 27 de setembro Israel retomou as obras em assentamentos israelenses na Cisjordânia após o fim de uma moratória de dez meses .Em Ariel , escavadeiras iniciaram a nivelação de um terreno onde serão erguidas 50 casas . ( F S P , 28.09.2010 , p. A-12) .



 



POSSIBILIDADE DE UM ESTADO PALESTINO



 



Salam Fayyad, desde 2007 é o primeiro-ministro da Autoridade `Palestina . Formado em economia pela Universidade do Texas, EUA, já trabalhou no Banco Mundial e no FMI. Político independente, não pertence ao partido laico Fatah, nem ao radical Hamas. Nunca pegou em armas contra Israel.



Para ele “ Não faz sentido permitir a expansão de assentamentos israelenses nos territórios onde o futuro estado palestino deveria ser erguido. Essas construções são ilegais segundo  a lei  internacional. A arbitrariedade militar também tem de acabar.Recentemente alguns palestinos tentaram iniciar obras de um assentamento em nosso próprio território, com a devida autorização do poder público, mas foram impedidos pelo Exército israelense...Continuamos vivendo sob ocupação de maneira ainda mais opressiva.Não houve avanços políticos e , para piorar , nossas dificuldades econômicas aumentaram. Não estamos recebendo assistência externa suficiente para atender às necessidades do orçamento da Autoridade Palestina. Além disso, Israel decidiu nos retaliar e suspendeu a transferência de impostos para os nossos cofres. Tínhamos um acordo para que as taxas sobre mercadorias e serviços em terras palestinas, recolhidas pelo fisco israelense, retornassem para a AP. Esse dinheiro, representava dois terços da nossa renda e era fundamental para pagar o salário dos funcionários públicos , mas acabou. Tudo isso cria uma atmosfera de frustração muito grande...



Reduzimos os gastos públicos ao máximo. Ao mesmo tempo, aumentamos a base de recolhimento de impostos. Ainda que sob ocupação , nossa renda aumentou substancialmente, o que faz com que nossas necessidades financeiras sejam muito menores do que há três ou quatro anos. Mesmo assim, precisamos desesperadamente da assistência internacional para pagar nossas contas”.



Sobre a Primavera Árabe “ o importante é que os benefícios da democracia cheguem aos países da Primavera Árabe, o que inclui a oportunidade de escolher suas lideranças de maneira justa. Não é possível saber o rumo que esses movimentos vão tomar, mas acho que o foco deve estar em dar poder ao povo”.



Ele espera o fim da separação do Hamas e do Fatah.” Não é divertido governar sem um Parlamento ( os deputados palestinos não se reúnem desde o golpe do Hamas na Faixa de Gaza). Precisamos de uma democracia que funcione...Recentemente , houve uma reunião entre o presidente da AP, Mahmoud Abbas , e o líder do Hamas, Khaled Meshal, no Cairo. Os dois concordaram em retomar as conversas. Deve se encontrar novamente para discutir as questões que precisam ser resolvidas entre as duas facções. Os territórios palestinos ocupados são o nosso lar. Para cuidar deles e do bem estar de seus cidadãos, queremos uma administração única. Até que esse lar fique livre da ocupação, a Autoridade Palestina deve ser a representante de todos os palestinos”. ( Revista Veja, 6.2.2013, p. 17-19) .



 



UM SÓ ESTADO?



 



Por outro lado, há cerca de três meses, um grupo de intelectuais árabes e judeus se reuniu em Viena para discutir uma ideia que vem ganhando terreno nos últimos anos : o fim iminente da solução de dois Estados.



Os participantes propuseram o estabelecimento de um só Estado, para judeus e árabes, com direitos iguais para todos.



O cientista político palestino Bashir Bashir  professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, que organizou o encontro afirmou :” A ideia de que a solução de dois Estados é a única alternativa, está em crise. Precisamos ser corajosos e pensar de forma criativa. Ele reconhece que a partilha da Palestina histórica, continua sendo a solução mais popular entre israelenses e palestinos e a preferida da comunidade internacional, mas afirma que “ há uma adesão crescente de vozes influentes , dispostas a romper o paradigma”, e a considerar outras fórmulas como um Estado binacional.



A solução de um só Estado ressurgiu no meio acadêmico a partir de um artigo do historiador britânico judeu Tony Judt, publicado em 2001 na “New York Review of Books”. Numa era de sociedades multiculturais , ele argumentou “ a ideia de um Estado judeu, em que judeus e a religião judaica tem privilégios exclusivos , e não judeus são excluídos, tem raízes num outro tempo. Israel, resumindo, é um anacronismo”.



Vinte anos após o histórico aperto de mão entre Yasser Arafat e Yitzhak Rabin , que deveria ter pavimentado a solução dos dois Estados, o processo de paz está totalmente paralisado.



Apesar da intensa condenação internacional, o governo israelense mantém a expansão de colônias na Cisjordânia ocupada, onde 350 mil colonos judeus vivem em meio a 2,5 milhões de palestinos.



Há um ambiente de desalento criado pelo impasse entre palestinos e israelenses. Muitos círculos palestinos consideram a luta contra a ocupação israelense uma causa perdida, que deve ser substituída pelo princípio da democracia cívica: “uma pessoa, um voto”, nos moldes da campanha que derrubou o apartheid na África do Sul.



Ghassan Khatib, ex-porta-voz da Autoridade Palestina , afirma “A ocupação de Israel nos empurra para a realidade de um Estado. Não será solução – só uma nova fase da crise, porque esse Estado será regido por um sistema de apartheid”.



Desde o primeiro dos Acordos de Oslo, assinados por Rabin e Araft, em 1993, os governos israelenses adotaram o princípio dos dois Estados, sobretudo para escapar da armadilha demográfica.



Como a taxa de natalidade dos árabes é mais alta, a tendência é que em 2020 haja mais palestinos que judeus entre o Mediterrâneo e o rio Jordão, os limites da Palestina histórica, que incluem Israel e territórios ocupados. Israel com Cisjordânia e Gaza, teria o percentual de judeus diminuído de 55% em 2000 para 48% em 2020 e 44% em 2030. Sem Cisjordânia e Gaza, o percentual de 81% em 2000 cairia apenas para 78% em 2020 e 76% em 2030.



O demógrafo Sergio Della-Pergolla, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor da projeção, alerta que isso poria em xeque o caráter democrático de Israel pois a minoria judia controlaria uma maioria árabe sem direitos iguais.



Para ele, a única forma de evitar isso é insistir na solução de dois Estados. Dadas a hostilidade histórica e as diferenças culturais entre os lados, a proposta de um Estado binacional é irreal, diz. “Essa proposta é uma forma elegante de defender a eliminação de Israel”.



 Bashir Bashir pensa exatamente o oposto. Após 45 anos de ocupação, israelenses e palestinos estão se tornando inseparáveis. Ele conta que o encontro em Viena não definiu o formato de um futuro Estado binacional , só princípios de convivência. “O formato pe questão de engenharia institucional . Há muitas opções. Se a segregação é moralmente inaceitável, a alternativa é pensar sob a ótica binacional, que insista em direitos individuais e coletivos para todos”. ( F S P , 3.2.2013, p. A-17) .



Em seu livro mais recente , One State, Two States”, o historiador israelense , relembra os esforços de ativistas sionistas antes da criação de Israel em favor de um Estado binacional.



Na transição entre o império otomano e o mandato britânico, relata Morris, as principais correntes sionistas vislumbravam o futuro Estado judeu se estendendo por toda a Palestina histórica.



“Tanto o movimento nacional judeu-sionista criado em 1880, como o movimento nacional árabe-palestino nascidos nos anos 1920, inicialmente queriam soberania para seus povos em todo o território. Essa era a principal meta de ambos os movimentos”.



Na década de 1920, alguns intelectuais sionistas de esquerda embarcaram numa campanha infrutífera em favor do binacionalismo como melhor forma de conciliar as aspirações de árabes e judeus na Palestina. O principal grupo dessa corrente era o Brit Shalom ( pacto de paz, em hebraico), que propunha um Estado “ com base na igualdade de direitos políticos para as duas nações”, apesar de, na época, haver 800 mil árabes para apenas 160 mil judeus na Palestina.



Martin Buber, filósofo que imigrou da Alemanha para a Palestina em 1938 , defendia a criação do Estado binacional , pois temia , numa reflexão que se revelou profética, que a criação de um Estado judeu levasse a uma guerra de várias gerações e a um país militarizado .”Não quero ser cidadão de um Estado assim”.



Morris culpa os palestinos pelo impasse atual “ No final das contas, ambos os lados do movimento palestino, fundamentalistas e seculares, estão interessados no domínio muçulmano sobre toda a Palestina, sem Estado judeu e sem partilha”. ( F S P , 3.2.2013, p. A-17) .



 



VISITA DE BARAK OBAMA MARÇO DE 2012.



 



O presidente americano Barak Obama visitou Israel em março de 2013.  Foi sua primeira visita ao país como presidente. Porém ,Obama não deu sinais de que está no país para pressionar Israel e autoridades palestinas para a retomada  das negociações de paz. Ao contrário, mencionando os palestinos como “vizinhos”, reiterou a aliança entre Israel e os EUA, afirmando caminhar no “lar histórico do povo judeu”.



O político israelense Yossi Beilin, um dos arquitetos dos acordos de Oslo de 1993, disse não esperar muito da visita de Obama. “Obama não fez nada [ sobre o processo de paz] em quatro anos . Prejudicou as negociações, ao estabelecer como pré-condição o fim da construção dos assentamentos...Sabemos que Mahmoud Abbas está interessado em trazer Gaza e o Hamas, para as mesas de negociação . Também sabemos que Netanyahu não está interessado em fazer concessões. Qualquer tentativa de pressionar ambos os lados para uma solução definitiva será rejeitada, em especial por Israel . Se houver uma solução temporária , então acho que será possível fazer algo... Os europeus foram dormir, e os americanos estão cansados de nós, israelenses e palestinos.”. ( F S P , 21.03.2013, p. A-14) .



Aluf Benn, diretor do jornal “Haaretz”, escreve :”O governo Netanyahu tem um objetivo claro: expandir os assentamentos e alcançar 1 milhão de judeus vivendo em Judeia e Samaria [ como os judeus se referem à Cisjordânia] . Esse número mágico arrasa com a divisão do território e evita para sempre que se estabeleça um Estado palestino”.



Clóvis Rossi assinala” Em Israel , na Cisjordânia e na faixa de Gaza, vivem 6 milhões de árabes e 5,8 milhões de judeus. Se não houver um Estado palestino para abrigar essa metade, ou Israel  joga os palestinos no mar ( como boa parte dos israelenses suspeita que os árabes querem fazer com os judeus)  ou terá que segregá-los para manter a característica de Estado  judeu”.



Com a expansão de assentamentos judeus na Cisjordânia, a possibilidade de formação de um Estado Palestino é cada vez mais remota. Ao inviabilizar o Estado Palestino Israel pode se transformar em uma África do Sul do século 21, com um regime de apartheid o que o tornaria um Estado pária no cenário internacional . ( F S P , 21.03.2013, p. A-18) .



Obama fez em 21 de março discurso a estudantes de universidades israelenses em Jerusalém e afirmou “Não é justo que uma criança palestina não possa crescer em um Estado seu e viva com a presença de um Exército estrangeiro que controla o movimento de seu país, todos os dias”. Ele afirmou também que “os assentamentos [israelenses] são contraprodutivos à causa da paz” e que “ nem a ocupação , nem a expulsão são a resposta”.



Obama intercalou as críticas à situação dos territórios palestinos , com afagos aos israelenses, como quem procurava sanar a má impressão deixada por seu famoso “discurso do Cairo” feito em 2009, enquanto estendia a mão aos países islâmicos , sem visitar Israel durante todo o seu primeiro mandato.A mensagem sobre a necessidade de um acordo de paz foi intercalada pelo louvor ao projeto sionista, e com a garantia de que os EUA “ vão fazer o que for preciso” , para impedir que o Irã tenha arsenal nuclear “Aqueles que aderem à ideologia de rejeitar o direito de existir , podem também rejeitar a terra sob eles e o céu acima”. ( F S P , 22.03.3013, p. A-14) .



 



RETOMADA DO DIÁLOGO JULHO 2013



 



O secretário de Estado americano, John Kerry, anunciou em 19 de julho de 2013 que foram estabelecidas as bases para a retomada das negociações diretas entre palestinos e israelenses, após quase três anos de paralisação do processo de paz.



Apesar de não haver um acordo formal e do clima de ceticismo, é esperado que os negociadores israelense Tzipi Livini, ministra da Justiça e palestino, Saeb Erekat, visitem Washington no final de julho para discutir os detalhes.



O secretário Kerry , que substituiu Hillary Clinton, tomou para si a tarefa de reiniciar as negociações e esteve seis vezes na região , desde a visita de Obama em março de 2013.  ( F S P , 20.07.2013, p. A-18) .



O ministro de Assuntos Estratégicos e de Inteligência de Israel, Yuval Steinitz, declarou em 20 de julho que “ prisioneiros importantes que estiveram na cadeia por dezenas de anos “ deverão ser libertados.  A soltura de prisioneiros é um importante aceno para a retomada das negociações.



Estima-se que haja mais de 4.700 palestinos detidos em Israel , dos quais ao menos 169 em regime de detenção administrativa , que podem ser mantidos presos sem acusação formal por tempo indeterminado.



O premiê israelense , Binyamin Netanyahu, apontou, em nota os “dois principais objetivos” da retomada do diálogo: evitar a criação de um Estado binacional ( para judeus e árabes) e o “estabelecimento de um Estado terrorista patrocinado pelo Irã, na fronteira de Israel”. ( F S P , 21.07.2013, p. A-17) . 



O governo de Israel aprovou em 28 de junho de 2013, a libertação de 104 prisioneiros palestinos, num gesto de boa vontade, na véspera do reinício das negociações de paz nos EUA que deve começar no dia 29 de junho em Washington.



Os palestinos estavam detidos desde antes da implementação dos Acordos de Osto, em 1993 . A medida foi votada pelo gabinete do premiê Binyamin Netanyahu e vendeu por 13 votos positivos, sete negativos e duas abstenções.



A lista dos 104 a serem libertados inclui nomes de forte apelo público , como Muhammad Tus, responsável pelo assassinato de cinco israelenses. A libertação dos prisioneiros será realizada em quatro etapas , com conclusão em nove meses, data prevista para a conclusão da tentativa de negociação de paz.( F S P , 29.07.2013,p. A-12) .Os prisioneiros em conjunto foram responsabilizados na Justiça pela morte de 55 civis israelenses, 15 soldados, uma turista francesa e dezenas de palestinos acusados de colaborar com o governo israelense.. A medida é amplamente impopular em Israel. ( F S P , 30.07.2013, p. A-14)



As negociações serão um processo difícil. Os palestinos querem que Israel retroceda á uma área semelhante àquela anterior à Guerra dos Seis Dias em 1967, com o que dificilmente os  israelenses irão concordar.  Israel quer que os palestinos reconheçam o caráter judaico de Israel, o que dificultaria o retorno de refugiados palestinos ao território israelense no futuro. ( F S P , 30.07.2013, p. A-14)



John Kerry em entrevista coletiva realizada em 30 de julho,  juntamente com Tzipi Livni , ministra da Justiça de Israel , e Saeb Erekat , negociador-chefe da Autoridade Nacional Palestina, comunicou o início formal das negociações de paz entre israelenses e palestinos e as partes concordaram em manter por nove meses o diálogo, para obter um acordo final sobre o conflito. Nesse período, ficou acordado que o conteúdo das discussões será reservado.  ( F S P , 31.07.2013, p. A-15) .



O negociador chefe palestino, Saeb Erekar afirmou em Washington:” As pessoas tem o direito de estar céticas, porque 20 anos de negociação trouxeram mais colonos , mais assentamentos e mais extremistas. No entanto, diria a elas que não há nada de errado em negociar”. Para ele a paz é necessária ”Porque não quero que meus filhos passem pelo que estou passando. Tenho cinco netos que amo e quero dar a eles um país livre onde possam viver. Simplesmente porque queremos ser como qualquer outro povo no mundo , livre e digno em nosso país”. ( F S P , 2.8.2013, p. A-14) .



Quatro temas serão os principais em discussão:



1. Retirada de soldados israelenses da fronteira entre Cisjordânia e a Jordânia.



2. Troca de territórios com mudança mínima no mapa. Israel poderia ficar com os assentamentos construídos ilegalmente no território palestino e em troca cederia áreas às margens da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.



3. Israel ceder Jerusalém Oriental para se tornar capital palestina, o que dificilmente Israel vai concordar;



4. O retorno dos árabes que viviam no território que hoje é o território de Israel, também pouco provável que aconteça.



O secretário de Estado americano John Kerry já fez seis visitas à região em cinco meses. Tzipi e Erekat já trabalharam em negociações em 2008, mas que fracassaram por um conflito entre Israel e o Hamas. ( Revista Veja, 7.8.2013, p. 84-85) .



 

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