RETROCESSO NO EGITO
Aumenta a intolerância de setores femininos e jovens contra cristãos e judeus no país.
:: BEATRIZ W. DE RITTIGSTEIN para o jornal venezuelano ‘EL UNIVERSAL’
Tradução de FRANCISCO VIANNA
Terça feira, 25 de junho de 2013
Mesmo que o Egito nunca tenha desfrutado de um regime democrático, a presente presidência de Mohamed Mursi, proveniente das hostes da Irmandade Muçulmana, está a mostrar um grave retrocesso no que diz respeito à fragilização dos direitos humanos.
Desde que os islamitas chegaram ao poder, os militantes têm se dedicado a queimar lares e negócios de concidadãos cristãos e incendiado também igrejas coptas.
As mulheres, vítimas da arbitrariedade islâmica, são obrigadas, inclusive as cristãs, a usar, em público, o niqab, um véu negro que oculta o rosto. Os jovens, que se levantaram contra Mubarak em busca de liberdades, são acossados pelas atuais autoridades que se aproveitaram daquela rebelião.
O niqab, às vezes confundido com a burqa, embora o objetivo seja o mesmo, ou seja o de ocultar o rosto da mulher, considerado imoral e pecaminoso pelos islamitas radicais. À direita, foto exibida como piada no Ocidente, mostra a burqa, exigida pelo Talibã.
Durante os novos protestos, a polícia enfrentou com brutalidade os manifestantes e o governo de Morsi trata de desmobilizá-los mediante o uso da violência.
No Egito islamita está em moda o antijudaísmo. Os meios de comunicação estatais promovem preconceitos arcaicos surgidos na Europa medieval. Por exemplo, o jornal Misrelghdida publicou artigos pelos quais acusa os judeus de “beberem o sangue dos gentios”, na Páscoa. Um editorial do jornal El Ballad afirmou que os judeus, juntamente com Hitler, inventaram o genocídio de seis milhões de seus congêneres para favorecer o projeto sionista (de construção do Estado de Israel), "eximindo a Alemanha"; discorreu que estiveram por trás dos atentados de 11 de setembro nos EUA; e dizendo que foram judeus e cristãos que perpetraram o recente atentado em Boston, como uma advertência a Obama para que não se meta com Israel.
A intolerância de setores femininos e jovens e contra os cristãos e judeus, demonstra que o caminho errado que o país está a trilhar e que é controlado pelo radicalismo religioso, o está a converter numa teocracia semelhante à iraniana.
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http://www.eluniversal.com/opinion/130625/regresion-en-egipto
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