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Ensaios-->Dissidentes do socialismo real -- 24/04/2013 - 12:03 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Dissidentes do socialismo real

Carlos I. S. Azambuja


Resumo: Carlos Azambujaexplica porque, em parte alguma de livros, revistas e folhetos dos partidos comunistas, encontra-se qualquer referência ao indivíduo.

© MidiaSemMascara.org

“O Partido dos Trabalhadores é uma associação voluntária de cidadãs e cidadãos que se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático”.(Artigo 1º do Estatuto do Partido dos Trabalhadores)

Socialismo Democrático é uma teoria e conceito político reformista, segundo o qual a transformação do capitalismo em socialismo seria possível por meio de reformas democráticas (“Pequeno Dicionário Político”, Edições Progresso, Moscou, 1984).

Quando alguém examina livros, revistas e folhetos dos partidos comunistas, verifica um fato surpreendente. Em nenhuma parte da interminável verborréia que pretende abordar o político-social encontra-se qualquer referência ao indivíduo.

Página após página, podem ser lidos os termos “massas”, “proletariado”, “burguesia”, “mercenários do capitalismo”, “reformistas”, “revisionistas”, “renegados” e, sempre, em toda a parte, referências à “vanguarda revolucionária do proletariado”, ou seja, ao partido.

Toda a vez que qualquer membro do partido é referido, ele é esterilizado psicologicamente e tirada a sua individualidade. É convertido em “camarada”, “quadro” ou “companheiro”.

Não é por acidente que o ser humano está ausente desses escritos. O indivíduo não tem cabimento na teoria e nos programas dos partidos comunistas, pois a ideologia só se interessa pelo homem como membro de uma classe e, no que se refere ao programa partidário, as pessoas são referidas como massas.

Isso porque a doutrina científica sempre foi apresentada como um todo sistemático de conhecimentos de caráter universal, atribuindo à classe operária uma missão emancipatória. Ela – a doutrina – portanto, não pode ser obra de qualquer um. Nem do indivíduo e nem da classe operária, mas sim elaborada numa instância superior e privilegiada denominada Comitê Central do partido. E o partido, como um todo, é o encarregado de introduzí-la na classe operária e nos indivíduos como uma espécie de alma é introduzida numa matéria capaz, por si só, de uma atividade vegetativa apenas.

Daí a classe operária e os indivíduos terem sido sempre encarados como um mero instrumento nas mãos de seleto grupinho de revolucionários profissionais.

Certa vez, um matemático definiu a Álgebra como a ciência dos preguiçosos, pois sem conhecer o valor de x, opera-se como se ele fosse conhecido. No caso das organizações, grupos e partidos que ainda insistem num boca-a-boca no marxismo-leninismo, x representa as massas anônimas, o povão. A tática consiste, então, em operar com esse x, sem qualquer preocupação em conhecer sua natureza real.

Na medida em que o indivíduo siga sendo ele mesmo, diz-se que está animado por interesses e esperanças pessoais é sensível às dúvidas, é capaz de ser tocado pelo mistério da vida, torna-se imprevisível e capaz de ater-se às suas próprias opiniões.

As mesmas qualidades que fazem dele um indivíduo o desqualificam para os fins partidários. Tende demasiado a não ser facilmente convencido, a mostrar-se céptico, a aborrecer-se pelas reiteradas abstrações próprias da ideologia comunista, a duvidar do método, a manter uma opinião própria mesmo depois de ter sido convertido à “linha partidária” e a simpatizar ou antipatizar com seus semelhantes sem permissão da “nomenklatura” encastelada nos Comitês Centrais.

Em conseqüência, não é confiável. É passível de transformar-se em inimigo de classe, agente de si mesmo, ator e não mais instrumento da razão-de-partido, do espírito-do-partido, por ter decidido transformar-se num indivíduo singular e não mais em um dos, por ter-se tornado um ser bastante louco, bastante irresponsável, por querer marcar a História do movimento a que pertence com sua iniciativa pessoal. Por tudo isso, necessita ser “desenvolvido” e “integrado à massa”, ou mesmo, em último caso, “justiçado” (como já ocorreu várias vezes no Brasil), a fim de que o partido cumpra sua “missão histórica”, pois, de acordo com a “doutrina científica”, todos os aspectos do ser humano que não se prestem à sua politização, são burgueses.

Para os comunistas a dissidência é comparada a um crime e o dissidente deve ser tratado como um criminoso.

Durante os 70 anos em que, dialeticamente, o socialismo real nasceu, desenvolveu-se, cresceu e feneceu, foram vários os dissidentes e contestadores, em todas as latitudes, da “doutrina científica”.

O mais conhecido, todavia, talvez tenha sido o iugoslavo Milovan Djilas, nascido em 1911, considerado um herege pelo mundo comunista do pós-Guerra. Após estudar Literatura e Direito na Universidade de Belgrado, filiou-se ao Partido Comunista e, em 1938, aos 27 anos, foi nomeado membro do Comitê Central do Partido Comunista (Liga Comunista Iugoslava) pelo então Secretário-Geral Josip Broz Tito, transformando-se em um dos seus mais fiéis assessores. Por alguns anos foi Ministro da Informação e Propaganda e vice-presidente da República.

Desempenhou várias missões políticas junto à União Soviética e foi considerado um dos responsáveis pelo rompimento de Tito com Moscou, após rejeitar, em 1948, todas as propostas e tentativas soviéticas de transformar a Iugoslávia em mais um satélite.

A partir daí, Djilas começou a demonstrar as evidências de uma profunda mudança ideológica. Desiludido com as propostas do stalinismo e com a própria linha política adotada pela Liga Comunista de seu país, defendeu, em uma seqüência de artigos publicados no jornal porta-voz da Liga, o “Borba”, a tese de que os rumos da revolução deveriam ser revistos e de que naquele momento já se tornava necessária uma maior liberdade de opinião e um abrandamento do controle do partido sobre o Estado e sobre todo o povo. Em 1954, foi ainda mais longe, ao formular duras críticas ao modo de vida e à moralidade dos que se apoderaram do poder, não apenas na Liga, mas também na União Soviética e demais países da Europa Oriental.

Afastado de suas funções no governo e expulso da Liga, Milovan Djilas concedeu uma série de entrevistas a jornais estrangeiros, condenando o regime iugoslavo, o que o levou à prisão por três anos. Foi quando escreveu o seu mais importante livro, “A Nova Classe”, que em 1967 foi editado no exterior. Esse livro é uma reflexão sobre os objetivos do stalinismo ao lutar para destruir a classe capitalista, supostamente exploradora, antevendo o surgimento de uma nova classe dirigente: a burocracia política à qual deu o nome de nomenklatura.

Em razão desse livro, Djilas foi novamente condenado. Desta vez a sete anos de prisão, dos quais cumpriu a metade. Em 1962, voltaria ao cárcere, condenado por escrever o livro “Conversações com Stalin”. Nessa época, Djilas ainda acreditava que poderia permanecer sendo um comunista e, ao mesmo tempo, um homem livre. Finalmente, em 1970, escreveu “Além da Nova Classe”, livro no qual defendeu a tese de que a ideologia comunista se encontrava em estado de putrefação e não mais era aceita como instrumento de organização de uma sociedade, nem mesmo pelos próprios comunistas.

Vinte anos depois, a queda do Muro de Berlim e o desmantelamento do socialismo real confirmariam essa previsão.

Milovan Djilas faleceu em 20 de abril de 1995. Um ano e meio antes de sua morte, escreveu uma série de três artigos, descrevendo os grandes momentos de sua vida e sua visão sobre o futuro do socialismo. A imprensa, em maio de 1995, publicou essa série de artigos. O último deles, “O Futuro do Socialismo Democrático”, indiscutivelmente foi o mais importante.

A futura ideologia do socialismo democrático – afirma Djilas - não deverá representar obstáculo para as conquistas do capitalismo, como a eficiência e a rentabilidade das empresas. O problema central consistirá no modo de distribuir a riqueza sem prejudicar o bom andamento da economia e, simultaneamente, promover uma sociedade baseada em relações mais humanas e solidárias. Quanto mais diferenciada, melhor e mais criativa será a sociedade, pois o certo é que sempre existirão no mundo injustiças e desigualdades, reconheceu Milovan Djilas.

Ou, segundo as palavras do historiador marxista Eric Hobsbawn, “a sociedade, qualquer que seja, produz desigualdades assim como combustíveis fósseis produzem poluição”.

Somente em 1989, quando o desmoronamento do socialismo já era um fato na Europa Oriental, foi autorizada em seu país a edição de seus 14 livros.

Djilas era um crente. Um crente no comunismo. E apenas um crente pode tornar-se um herege.

 

Coluna do Claudio Humberto

24/04/2013 00:00

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