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Cronicas-->Ricardinho e os patrões -- 01/10/2002 - 14:03 (Maurício Cintrão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ricardinho e os patrões

Essa discussão toda em torno da transferência do jogador de futebol Ricardinho do Corinthians para o São Paulo lembra muito aquela reação de escritório quando um colega muda para a empresa concorrente para ganhar mais. Antes de mais nada, envolve inveja, pura inveja. A começar pelos colegas de clube, passando pelos dirigentes e respingando na Imprensa.

Interessa aos patrões (do futebol e das nossas empresas) dar esse tom de falta de ética à ação estritamente profissional na mudança de emprego. Veja bem, Ricardinho voltou da Copa valorizado e nada mais justo que seu contrato fosse revisto. Ele tinha o direito de buscar melhores condições de remuneração.

Essa regra não foi criada por ele, mas pelos cartolas que dominam o futebol, inclusive aqueles que controlam o Corinthians, hoje. Se o jogador profissional não faz isso, perde valor de mercado no pregão inventado pelos patrões do futebol. A grande questão é que Ricardinho fez isso no Brasil e não em um clube do exterior. Pois Rivaldo, Ronaldo e outros com ou sem "R" fizeram isso e ainda são aplaudidos (quando não defendidos) pela Imprensa e pelas torcidas.

Chamar o meio campista que está no São Paulo de traidor ou anti-ético por ter mudado de clube é agir como aquelas tias solteironas quando a sobrinha troca um marido queridinho pelo Ricardão, bem mais interessante. O desempenho do parceiro interessa só à esposa (e vice-versa). Isso mostra que o torcedor brasileiro não perdeu o ranço provinciano, mesmo nas grandes capitais.

Atentemos aos fatos. Ricardinho não trocou um clube pelo outro. Foi para outro local de trabalho que oferecia as condições de trabalho que ele desejava e merecia. A única pessoa que vai defender o futuro do Ricardinho é ele mesmo. Quem tem que desempenhar suas atividades a contento não é a torcida, mas o jogador.

Nessas horas, o povo esquece que o jogador é um trabalhador, não um torcedor do clube. O torcedor, xinga, vibra, tomas suas cervejinhas e vai ser Ricardinho no seu local de trabalho. Na imensa maioria dos casos, é um Ricardinho sub-valorizado, desrespeitado, explorado e não reconhecido pelos patrões. Pode ser um cracaço, mas, em geral, ninguém nem liga para ele.

Azar o seu, querido leitor, e meu também, pois não trabalhamos em áreas de atividade que pagam tão bem quanto os grandes clubes de futebol. Ou você recusaria trabalhar na empresa concorrente em condições melhores? Poderia até conversar com o atual patrão, negociar uma contraproposta, sentir tristeza por não poder ficar com os colegas queridos. Mas iria para o outro emprego, sim, e rapidinho. Porque só você garante o seu futuro.

Ora, pelo senso comum, o Ricardinho não pode fazer isso. Pois nós, os torcedores sem valor de passe e sem empresários, confundimos a nossa paixão com a profissão dele. E como ele pode e nós não podemos, só nos resta xingá-lo como se fosse o juiz que não apitou aquele pênalti. Pior, como se fosse a sobrinha querida que deixou o marido tão bonzinho a ver navios.

Maurício Cintrão
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