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Ensaios-->2013, um ano para recuperar a verdade sobre Pio XII -- 10/01/2013 - 17:28 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Segunda-feira, 31/12/2012 

2013, um ano para recuperar a verdade sobre Pio XII

Publicado em 30/12/2012 Gary Krupp

Tendo crescido como um garoto judeu em Nova York, sempre acreditei que Eugenio Pacelli, o Papa Pio XII, era um colaborador dos nazistas e um ardente antissemita. Disseram-nos que ele se manteve impassível e quase não agiu enquanto 6 milhões de meus irmãos de fé eram enviados para morrer nos campos de extermínio nazistas na Europa. Eu acreditei – mas era verdade ?

Em 2006, por uma série de eventos providenciais, os fatos sobre o que ocorreu durante a guerra me foram revelados. Percebi que minha compreensão sobre o Papa da Segunda Guerra Mundial era diametralmente oposta à verdade. Assim, seguindo nossa missão na Fundação Pave the Way – identificar e eliminar obstáculos não teo­­lógicos entre as religiões –, decidimos investigar esse tema controverso e divulgar nossas descobertas, fossem quais fossem.

A Fundação concentrou esforços em identificar todo o material original e dar aos pesquisadores a chance de estudar o tema. Ao longo dos últimos sete anos, publicamos mais de 76 mil páginas de documentos originais em nosso site (www.ptwf.org), incluindo reportagens, material impresso e entrevistas em vídeo sobre o assunto. A evidência é avassaladora em favor de Pio XII e prova que ele, de fato, salvou muitos milhares de vidas.

Alguém pode perguntar: por que essa “lenda negra” nunca foi corrigida em todos esses anos ? Afinal, fatos são fatos. Praticamente todo líder judeu ou organização judaica da época elogiou os esforços de Pio XII para salvar vidas de judeus. O Papa recebeu reconhecimento até sua morte, em 1958, e por                      mais cinco anos depois disso. Como se explica que, em apenas um ano, o mundo inteiro mudou sua opinião sobre Pio XII sem um fio de evidência sequer ?

A resposta está na agenda política da máquina de propaganda da União Soviética, que engendrou a mudança entre a opinião pública para atacar Pio XII, inimigo visceral do comunismo, atacar a Igreja Católica e isolar judeus de católicos justo no momento em que a declaração Nostra Ætate, do Concílio Vaticano II, buscava a reconciliação.

Você duvida? Por que não faz uma experiência por conta própria ? Examine os arquivos de jornais, procure cada artigo escrito sobre Pio XII e os judeus entre 1939 e 1958. Você não encontrará um texto negativo sequer. Aqueles que realmente viveram durante a guerra e foram testemunhas oculares dos esforços da Igreja Católica sabem a verdade. E o que tornou esses esforços ainda mais heroicos foi o fato de a Igreja agir mesmo cercada por forças hostis e infiltrada por espiões. A Igreja salvou vidas sem se beneficiar da segurança daqueles que, em comparação, estavam em Washington, Londres ou outros lugares e não fizeram nada. Como foi possível ?

O historiador judeu Jeno Levai, estudioso da guerra na Hungria, se refere a Pio XII nos seguintes termos : “é uma ironia lamentável que a pessoa que, em toda a Europa ocupada, tenha feito mais que qualquer um para conter esse crime horrível e atenuar suas consequências tenha se tornado o bode expiatório pelas falhas alheias”.

A boa notícia é que estamos vencendo a guerra pela restauração da verdade. Em 1.º de julho de 2012, o Memorial do Holocausto em Jerusalém, o Yad Vashem, reescreveu sua enviesada descrição das ações de Pacelli durante a guerra e a substituiu por um texto equilibrado. Novos livros que vêm sendo publicados, baseados em documentos trazidos à luz recentemente, trazem uma avaliação mais moderada das ações da Igreja e desse Papa tão controverso. Que 2013 seja o ano em que a verdade finalmente vença as mentiras e que a reputação desse grande defensor da humanidade seja recuperada.

Gary Krupp é fundador e presidente da Fundação Pave the Way. Tradução de Marcio Antonio Campos.

 

 

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Há 500 anos as naus de Colombo aportaram na América...

 

http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/9354A45A-3048-313C-2EC7432A5FEF790C/mes/Outubro1992

Nas celebrações e protestos contra o V Centenário, a voz da Igreja desde o Descobrimento até nossos dias

Carlos Sodré Lanna

Grande propaganda contra os missionários e os colonizadores vem sendo feita por ocasião da passagem de cinco séculos da descoberta das Américas, que se comemora no dia 12 do corrente.

Essa colossal onda publicitária, que se levanta contra tão gloriosa data, início da cristianização de nosso Continente, tende a contestar a própria missão dada por Nosso Senhor Jesus Cristo à sua Igreja “Ide, pois, e ensinai a todas as gentes” (Mt. 28, 18-19).

Defensores do neotribalismo missionário e indigenista, os principais nomes da Teologia da Libertação têm condenado a conquista e a evangelização da América e vêm preparando há tempos seus protestos contra as celebrações do V Centenário.

Soneto ao "irmão Judas"

Em julho de 1986, reuniu-se em Quito (Equador) a II Consulta Ecumênica da Pastoral Indígena Latino-Americana. Representantes de 15 países do Continente lançaram um “manifesto indígena”.

Nele expressa-se, pela primeira vez com apoio católico, uma “recusa total das celebrações triunfalistas do V Centenário”.

Para os delegados dos índios “não houve o tal descobrimento, mas uma invasão com suas implicações: genocídio pela ocupação, usurpação de territórios, desintegração das organizações sócio-políticas e culturais e sujeição ideológica e religiosa”.

Da Associação de Teólogos do Terceiro Mundo, o antigo religioso franciscano Leonardo Boff e Virgilio Elizondo lançaram um manifesto contra a evangelização da América. Dizem eles: “No dia 12 de outubro de 1492 começou para a América Latina e para o Caribe uma sexta-feira santa de dor e de sangue, que prossegue até agora sem conhecer o domingo da Ressurreição. 1492 é a data dos conquistadores e não das populações autóctones. Não é a lembrança duma bênção, mas o pesadelo de um genocídio”*.

Assim se expressa sobre o mesmo assunto, aqui no Brasil, Dom José Maria Pires, Arcebispo de João Pessoa (PB): “Pode-se celebrar o V Centenário por uma festa triunfal mas também por uma celebração penitencial pedindo perdão pela destruição das civilizações índias e a deportação de africanos em escravidão”. ("La Croix", 2-11-1990).

Por sua vez, D. Erwin Krautler, Bispo do Xingu, afirma: “Na América havia 90 milhões de indígenas e 70 milhões foram exterminados. Tenho que dizer que a Igreja tem em tudo isso culpa histórica. Ela deve fazer exame de consciência e não celebrar o descobrimento” ("El País", Barcelona, 29-4-1991).

Nesse triste elenco, não poderia faltar Dom Pedro Casaldáliga. O bispo de São Félix do Araguaia afirma, em circular aos diocesanos, no Ano Novo de 1991:

“Na Igreja urge falar a verdade sobre o V Centenário, já que desde o primeiro momento da conquista da América a mentira acompanhou a cobiça, a espada e a catequese".

Na mesma circular, Dom Casaldáliga faz esta significativa revelação de seu pensamento:

“Acho que Deus nem sequer é juiz. Ao final o problema de Deus vai ser condenar alguém. Há pouco tempo fiz um soneto a Judas. E o chamo Judas, irmão Judas, companheiro”. E a seguir pergunta: “Tu achas que Judas foi pior que eu?”

Em uma segunda circular, no Ano Novo de 1992, Dom Casaldáliga comenta novidades da campanha contra a celebração do V Centenário: “Para as vítimas, o V Centenário é a memória subversiva de 500 anos de invasão militar, política, cultural social de genocídio. É também a memória subversiva da eliminação de 90 milhões de seres humanos, indígenas e negros, durante o colonialismo, e que hoje continua no massacre disfarçado das populações operárias, camponesas indígenas e do povo pobre em geral. Nenhuma página da história humana narra um genacídio-etnocídio maior”.

A verdadeira doutrina católica sobre a evangelização da América


Em face das novidades que esses neomissionários querem nos inculcar, cumpre conhecer a verdadeira doutrina católica a respeito.

Numa continuidade impressionante, os Romanos Pontífices, desde Alexandre VI até João Paulo II, pronunciaram-se sobre o tema à margem das controvérsias históricas, de modo a não deixar dúvidas.

A Livraria Editora Vaticana acaba de publicar uma coletânea de 837 documentos papais somente do período 1493-1591, intitulada "Americae Pontificiae - Primi Saeculi Evangelizationis", aos cuidados do Pe. Josef Metzler, diretor da Escola Vaticana de Paleografia. Ela reúne as bulas de Alexandre VI até Gregório XIV, conservadas no Arquivo Secreto do Vaticano, sobre a evangelização das Américas.

Em sua célebre Bula "Inter Caetera", de 3 de maio de 1493, Alexandre VI afirmava que “a Fé católica e a Religião cristã sejam exaltadas sobretudo em nossos tempos e por onde quer que se ampliem e dilatem, e se procure a salvação das almas, e as nações bárbaras sejam submetidas e reduzidas à Fé cristã”.

Em29 de maio de 1537, o Papa Paulo III, com sua "Pastorale officium", condenava o comércio de escravos e afirmava que os indígenas deveriam ser considerados homens e não animais.

Pouco depois, o mesmo Paulo III, no documento "Exponi nobis super fecisti", concedia aos sacerdotes que trabalhavam nas Américas a faculdade de denunciar às autoridades os colonos que escravizavam os silvícolas do novo Continente.

São Pio V, em carta de 10 de agosto de 1568, elogiava o zelo pela conversão dos índios manifestado pelo Rei da Espanha, Felipe II. O Papa acompanhava com vigilante atenção a idoneidade das nomeações de vice-reis e autoridades menores responsáveis pela evangelização e proteção dos aborígines americanos contra possíveis excessos cometidos pelos colonizadores.

Confirmando a doutrina corrente na época, os Pontífices ratificaram o direito das nações ibéricas de colonizar a América e evangelizar seus habitantes. Para isso, delegavam responsabilidades e faculdades especiais aos reis de Portugal e Espanha, cuja reconhecida vocação apostólica exaltavam.

Quem percorrer os documentos papais do primeiro século de colonização, constatará o elogio feito à magna obra civilizadora. E também o minucioso cuidado da Igreja na correção dos abusos cometidos, pelo respeito aos direitos naturais dos índios e seu modo de vida no que tivesse de legítimo ou resgatável.

O Papa Gregório XIII publicou nada menos do que 155 documentos e, Sisto XV, 102, quase todos destinados a fixar normas para favorecer a conversão dos índios.

O IV Centenário do Descobrimento da América mereceu uma Encíclica do Papa Leão XIII, em 16 de julho de 1892, sob o título “Quarto abeunte saeculo”.

Pio XII, em mensagem de 8 de janeiro de 1948, chamou o processo de evangelização da América de “epopéia missionária”.

Por fim, João Paulo II, ao encerrar o Simpósio Internacional sobre História da Evangelização da América, no Vaticano, em 14 de março de 1992, reafirmou os ensinamentos de seus predecessores e recapitulou os “fundamentos de uma colonização cristã” desenvolvidos por Frei Francisco Vitoria (1480-1546), dominicano espanhol da famosa Escola de Salamanca.

O Papa lembra que o mestre dominicano explanou os direitos naturais dos índios como “seres racionais e livres, criados à imagem e semelhança de Deus, com um destino pessoal e transcendente pelo qual podiam salvar-se ou condenar-se”.

O Pontífice destaca que, “conforme a doutrina exposta por Vitoria, em virtude do direito de sociedade e de comunicação natural os homens e povos melhor dotados tinham o dever de ajudar aos mais atrasados e subdesenvolvidos”. Assim justificava Vitoria a intervenção da Espanha na América.

*    *    *

Nada mais contrário, pois, à posição dos neomissionários, do que o firme e ininterrupto ensinamento dos Papas a respeito da evangelização da América.

“A Voz das vítimas, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ, 1960

OUTRAS OBRAS CONSULTADAS:

1. Plinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena, Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1979.

2. Alberto Caturelli, El Nuevo Mundo - El Descubrimiento, La Conquista y la Evangelización de América y La Culturà Occidental, Centro Cultural Edamex, Cidade do México, 1991.

 

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500 ANOS DE RESISTÊNCIA INDÍGENA, NEGRA E POPULAR

Félix Maier

O Movimento "500 anos de resistência indígena, negra e popular" foi criado nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento da América, que visava “rediscutir” (revisionismo) a história da colonização do continente sob a ótica marxista, ao mesmo tempo em que tinha por objetivo varrer das Américas todos os traços da civilização cristã.

Dentro da prática da “legenda negra”, a ideia era diabolizar as “sangrentas” conquistas espanhola e portuguesa da América, ao mesmo tempo em que os indígenas eram apresentados como seres angelicais.

Durante a conquista espanhola, relatos, como os de Bartolomé de las Casas, destacavam o “genocídio” promovido contra os índios. “As denúncias do frade dominicano foram reproduzidas com gosto pelos maiores adversários do reino espanhol - os protestantes. Com a conquista da América e a unificação a Portugal, em 1580, a Espanha teve em mãos um dos maiores impérios da história - um império católico. (...) Protestantes holandeses, ingleses, franceses e germânicos trataram de invalidar o direito dos espanhóis sobre os territórios americanos” (NARLOCH, 2011: 83).

Sociólogos e historiadores de linha marxista, incluindo padres da “teologia da libertação”, acusam os espanhóis e os portugueses de terem imposto sua cultura e sua religião aos índios, além de escravizá-los. Era exatamente isso o que faziam os incas com seus inimigos. “Entre aqueles que haviam sido dominados por Atahualpa ou que tinham se aliado ao irmão dele, Huáscar, na disputa pela soberania do império, a morte de Atahualpa os salvou de anos de trabalhos forçados, de punições e até mesmo a morte. (...) Talvez metade das pessoas dos Andes estivesse disposta a se aliar aos espanhóis para se salvar da sangrenta vingança que as forças de Atahualpa já vinham promovendo com muitos partidários de Huáscar” (idem, pg. 89).

Muito antes da “política de liquidificador” de Stálin e Pol Pot, o exército inca promovia migrações forçadas. “Os arqueólogos estimam que as migrações atingiram entre 20% e 30% da população - por conta dessa política, um quarto de todos os povos andinos morava em terras estrangeiras” (idem, pg. 92). E os sacrifícios humanos dos astecas, no México? “Relatos espanhóis do século 16, com base em histórias contadas pelos índios, falam em 80.400 mortes em 1487, durante a inauguração do Templo Maior de Tenochtitlán” (idem, pg. 98). O Códice Telleriano-Remensis, baseado em pinturas narrativas dos astecas, diz que foram “apenas” 4.000 pessoas que tiveram o coração arrancado e jogado para rolar pirâmide abaixo (Cfr. pg. 99).

A mesma barbárie era feita pelos maias: “Um garoto de cinco anos, cujos restos mortais foram encontrados em 2005 numa base da parte sul do Templo Maior de Tenochtitlán, teve os braços colados às asas de um gavião. Baseados nas diversas marcas na parte interna das costelas, arqueólogos concluíram que o elemento cortante, provavelmente uma faca de sílex, ‘entrou na cavidade torácica a partir do abdômen’, rasgando os músculos para chegar ao coração” (idem, pg. 101). O filme Apocalypto (2006), de Mel Gibson, retrata perfeitamente esses fatos escabrosos.

A mesma anticomemoração ocorreu durante os 500 anos do Descobrimento do Brasil, em que a História nacional foi execrada e renegada, como a formação da sociedade brasileira, a arquitetura barroca, a Semana da Arte Moderna, os grandes escritores. Um relógio da Rede Globo, que fazia a contagem regressiva dos 500 anos, foi depredado em Porto Alegre, RS. Foram lembrados apenas o “genocídio indígena”, a Inquisição católica e fatos pitorescos, como o do padre tarado, que, em visita religiosa a mulheres doentes, possuía sexualmente todas as mulheres da casa, além da própria doente, para uma mais rápida “recuperação” física.

Legenda Negra

O mesmo que Lenda Negra, expressão cunhada pelo escritor espanhol Julián Juderías, em 1914. Movimento de diabolização dos conquistadores da América, centra seus ataques principalmente contra a Igreja Católica na América Latina. A Legenda Negra promove o retorno ao pelagianismo e ao paganismo religioso indígena e africano. Personagens influentes do movimento: Frei Beto, diretor da revista America Libre, órgão oficial do Foro de São Paulo (FSP), e Leonardo Boff. Este último empenha-se na implantação de “um cristianismo indo-afro-americano inculturado nos povos, nas peles, nas danças, nos sofrimentos, nas alegrias e nas línguas de nossos povos, como resposta a Deus” (na carta em que renuncia ao sacerdócio, em 29/6/1992). Ou seja, é a pregação do fim da Civilização Ocidental cristã, com a volta do ser humano a seu estado primitivo (canibalismo, magia negra, sacrifício de seres humanos etc.).

Legenda Negra contra Pio XII

Periodicamente, a mídia volta a insistir na mentira do milênio passado, de que o Papa Pio XII foi omisso e insensível frente ao massacre nazista promovido contra os judeus. Há vários livros que tentam difundir essa mentira, como O Papa de Hitler, do embusteiro John Cornwell, um best-seller de anos atrás. Livros sérios, que desmentem a calúnia contra Pio XII, como The Myth of the Hitler Pope, do rabino David Dalin, e The Defamation of Pius XII, do filósofo Ralph McInnerny, continuam inacessíveis ao público em geral e nunca foram mencionados pela mídia ideologicamente comprometida com o anticlericalismo. Também nada se diz sobre o livro A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945), de Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma. Atualmente, com o andamento do processo de beatificação de Pio XII, muitas vozes, inclusive judaicas, continuam a propalar a mentira. O Papa Bento XVI, com a força moral e intelectual de que está investido, está reagindo à altura contra as calúnias, refutando didática e enfaticamente as falsas acusações que pesam contra Pio XII. Por isso, para reconduzir a verdade para o lugar que ela merece, leia http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_8137/artigo_sobre_lenda_negra_contra_pio_xii

Nota:

NARLOCH, Leandro; TEIXEIRA, Duda. Guia politicamente incorreto da América Latina. Leya, São Paulo, 2011.

 

Leia também, de minha autoria, Prá não dizer que não pedi perdão

 

 

A Lenda Negra contra Pio XII

Tarciso Bertone

Apresentação do Cardeal Tarcisio Bertone do livro de Andrea Tornielli, Pio XII, Eugenio Pacelli – Um homem no trono de Pedro.

 

Uma "lenda negra"

A figura de Eugenio Pacelli, Papa Pio XII, se encontra já há décadas no centro de agudas polêmicas. O pontífice romano que guiou a Igreja nos terríveis anos da segunda guerra mundial e depois na guerra fria é vítima de um lenda negra que acabou por afirmar-se até o ponto de que é difícil inclusive de esboçar, ainda que os documentos e testemunhos tenham provado sua total inconsistência.

Um dos desagradáveis efeitos "secundários", por chamá-los de algum modo, dessa lenda negra, que apresenta falsamente o Papa Pacelli como indulgente com o nazismo e insensível ante a sorte das vítimas da perseguição, consiste em ter feito esquecer totalmente o extraordinário magistério desse Papa, que foi o precursor do Concílio Vaticano II. Como aconteceu com as figuras de outros dois Papas com o mesmo nome — o Beato Pio IX, do qual só se fala em relação a temas ligados a políticas do Ressurgimento italiano; e São Pio X, recordado com freqüência unicamente por sua valente batalha contra o modernismo — também se corre o risco de reduzir todo o pontificado de Pacelli à questão dos supostos "silêncios".

A atividade pastoral de Pio XII

Estou aqui, portanto, nesta tarde, para oferecer um breve testemunho de um homem de Igreja que, por sua santidade pessoal, resplandece como um luminoso testemunho do sacerdócio católico e do supremo pontificado. Certamente, já havia lido muitos ensaios interessantes sobre a figura e a obra do Papa Pio XII, das sumamente conhecidas Actes et Documents du Saint Siège, às biografias de Nazareno Padellaro, da Irmã Margherita Marchione, do Pe. Pierre Blet, entre as primeiras que me vêm à mente. Isso sem falar dos Discursos de guerra do Papa Pacelli, se o desejam, estão disponíveis em formato eletrônico, e que me resultam totalmente interessantes também hoje por doutrina, por inspiração pastoral, por finura de linguagem literária, por força humana e civil.

Em definitivo, já sabia bastante sobre o Pastor Angelicus et Defensor Civitatis. Contudo, deve-se dar graças ao senhor Andrea Tornielli, pois nesta volumosa e documentada biografia, recorrendo a muitos escritos inéditos, ele nos restitui a grandeza da figura de Pio XII, nos permite aprofundar em sua humanidade, nos faz redescobrir seu magistério. Ele nos recorda, por exemplo, sua encíclica sobre a liturgia, sobre a reforma dos ritos da Semana Santa, o grande trabalho preparatório que desembocaria na reforma litúrgica conciliar.

Pio XII abre o caminho à aplicação do método histórico-crítico à Sagrada Escritura, e na encíclica Divino afflante Spiritu estabelece as normas doutrinais para o estudo da Sagrada Escritura, sublinhando sua importância e papel para a vida cristã. Na Encíclica Humani generis leva em consideração, ainda que com cautela, a teoria da evolução. Pio XII imprime também um notável impulso à atividade missionária com as encíclicas Evangelii Praecones (1951) e Fidei donum (1957), da qual se celebra o qüinquagésimo ano, sublinhando o dever da Igreja de anunciar o Evangelho aos povos, como fará depois o Concílio Vaticano II. O Papa se nega a fazer coincidir o cristianismo com a cultura ocidental, assim como com um determinado sistema político.

Pio XII continua sendo, ainda hoje, o Papa que deu mais espaço às mulheres em suas canonizações e beatificações: 54,4% nas canonizações, e 62,5%%. De fato, em várias ocasiões, esse pontífice havia falado dos direitos femininos, afirmando, por exemplo, na rádio-mensagem ao Congresso CIF de Loreto de outubro de 1957, que a mulher está chamada a desempenhar "uma ação decisiva" também no campo político e jurídico.

Acusações injustificadas

Estes não são mais do que exemplos que mostram o que resta ainda por descobrir, e mais ainda, por redescobrir, do magistério do servo de Deus Eugenio Pacelli. Impressionaram-me, também, muitos detalhes do livro de Tornielli dos que emerge tanto a lucidez e sabedoria do futuro pontífice, nos anos que foi núncio apostólico em Munique e em Berlim, como muitos traços de sua humanidade. Graças à correspondência inédita com o irmão Francesco, podemos conhecer alguns juízos firmes sobre o nascente movimento nacionalista, assim como o grave drama interior vivido pelo pontífice durante o tempo da guerra por ocasião da atitude que era preciso adotar ante a perseguição nazista.

Pio XII falou disso em várias ocasiões em sua rádio-mensagem e, portanto, está totalmente fora de cogitação acusá-lo de "silêncios", assumindo contudo um tom prudente. Falando dos silêncios, quero citar um artigo bem documentado do professor Gian Maria Vian publicado no ano 2004, na revista Archivum historiae pontificiae, que tem como título O silêncio de Pio XII: às origens da lenda negra (Il Silenzio di Pio XII: alle origini della leggenda nera). Entre outras coisas, diz que o primeiro que questionou os "silêncios de Pio XII" foi Emmanuel Mounier, em 1939, poucas semanas depois de sua eleição como sumo pontífice e por ocasião da agressão italiana na Albânia. Sobre estas questões se desencadeará a seguir uma dura polêmica, inclusive de origem soviética e comunista que, como veremos, seria retomada por expoentes da Igreja Ortodoxa russa. Rolf Hocchuth, autor de O Vigário, a obra teatral que contribuiu a desatar a "lenda negra" contra Pio XII, em dias passados definiu o Papa Pacelli em uma entrevista como "covarde demoníaco", enquanto há historiadores que promovem o pensamento único contra Pio XII e chegam a insultar de "extremista pacelliano" quem não pensa como eles e se atreve a manifestar um ponto de vista diferente sobre estas questões. Portanto, não é possível deixar de denunciar este estrago do senso comum e da razão perpetrado com freqüência desde as páginas dos jornais.

Uma data histórica muito precisa

Parece-me útil sublinhar como o livro de Tornielli volta a trazer à luz volumes já conhecidos pelos historiadores sérios. É um dos méritos que considero fundamentais da obra da qual hoje estamos falando, levando em conta os tristíssimos tempos nos quais viveu o Papa Pacelli, cuja voz na confusão do segundo conflito mundial e da sucessiva contraposição de blocos não gozava de favor entre os poderes "de fato".

Quantas vezes "faltava eletricidade" à Rádio Vaticano para que fizesse escutar a palavra do pontífice; quantas vezes "faltava papel" para reproduzir seus pensamentos e ensinamentos incômodos; quantas vezes algum acidente provocava a "perda" dos exemplares de L’Osservatore Romano que referiam intervenções, esclarecimentos, atualizações, notas políticas... Hoje, contudo, graças aos modernos meios, essas fontes são amplamente reproduzidas e disponíveis.

Torielli as buscou e as encontrou; testemunha isso o grande volume de notas que acompanha a publicação. Quero, nesse sentido, chamar a atenção sobre uma data importante. A figura e a obra de Pio XII, elogiada e reconhecida antes, durante e imediatamente depois da segunda guerra mundial, começa a ser analisada desde outro ponto de vista em um período histórico muito preciso, que vai de agosto de 1946 a outubro de 1948.

Era compreensível o desejo do martirizado povo de Israel de ter uma terra própria, um porto seguro próprio, depois das perseguições de um anti-semitismo fanático, desencadeadas contra o povo judeu (alocução de 3 de agosto de 1946) mas eram também compreensíveis os direitos daqueles que já viviam na Palestina e que por sua vez mereciam respeito, atenção, justiça e proteção. Os jornais da época referem amplamente o nível de tensão que nessa região se estava manifestando mas, dado que não quiseram valorizar os raciocínios e propostas de Pio XII, começaram a tomar posição, uns de uma parte e outros de outra, ideologizando assim uma reflexão que se desenvolvia de maneira articulada e que prestava atenção aos critérios de justiça, eqüidade, respeito e legalidade.

Pio XII não foi só o Papa da segunda guerra mundial, mas um pastor que, de 2 de março de 1939 a 9 de outubro de 1958, teve de enfrentar um mundo de paixões violentas e irracionais. Desde então, começou a tomar corpo uma incompreensível acusação contra o Papa por não ter intervindo como devia a favor dos judeus perseguidos.

Neste sentido, parece-me importante reconhecer que de qualquer forma, quem não tem fins ideológicos e ama a verdade está bem disposto a compreender mais a fundo, com plena sinceridade, um papado longo, fecundo, e desde meu ponto de vista, heróico. É um exemplo a recente mudança de atitude, no grande santuário da memória, o Yad Vashem em Jerusalém, para reconsiderar a figura e a obra do Papa Pacelli não desde um ponto de vista polêmico, mas desde uma perspectiva objetivamente histórica. É de desejar profundamente que esta boa vontade manifestada publicamente possa ter um seguimento adequado.

O dever da caridade para com todos

Em 2 de junho de 1943, por ocasião da festa de Santo Eugênio, Pio XII expõe publicamente as razões de sua atitude. Antes de tudo, o Papa Pacelli fala novamente dos judeus: "Não esquecem os que regem os povos que quem "tem a espada" — usando a linguagem da Sagrada Escritura — não pode dispor da vida e da morte dos homens dos quais, segundo a lei de Deus, procede toda potestade".

"Nem espereis — segue dizendo Pio XII — que exponhamos aqui tudo o que tentamos fazer para mitigar seus sofrimentos, melhorar suas condições morais e jurídicas, tutelar seus imprescindíveis direitos religiosos, aliviar suas tristezas e necessidades. Toda palavra que dirigimos com este objetivo às autoridades competentes e toda menção pública deveriam ser ponderadas e medidas pelo interesse dos mesmos que sofriam, para não tornar, sem querer, mais grave e insuportável sua situação. Infelizmente, as melhorias visivelmente alcançadas não correspondem à solicitude materna da Igreja a favor destes grupos particulares, submetidos às mais acerbas desventuras... E o Vigário, apesar de pedir só compaixão e respeitar as mais elementares normas do direito e da humanidade, encontrou-se, em ocasiões, ante portas que nenhuma chave era capaz de abrir."

Encontramos aqui exposta, já a meados do ano 1943, a razão da prudência com a qual Pacelli se move no âmbito das denúncias públicas: "Pelo interesse dos mesmos que sofrem, para não tornar mais grave sua situação". Palavras cujo eco parece ser ouvido no breve discurso pronunciado por Paulo VI em 12 de setembro de 1964, nas Catacumbas de Santa Domitila. Nessa ocasião, o Papa Montini disse: "A Santa Sé se abstém de levantar com mais freqüência e veemência a voz legítima do protesto e da condenação, não porque ignore a realidade ou a desatenda, mas por um pensamento reflexo de cristã paciência e para não provocar males piores."

Paulo VI, a meados dos anos sessenta, referia-se aos países que estavam do outro lado da cortina de ferro, governados pelo comunismo totalitário. Ele, que havia sido um próximo colaborador do cardeal Pacelli e depois do Papa Pio XII, aduz, portanto, aos mesmos motivos.

Os papas não falam pensando em pré-confeccionar uma imagem favorável para a posteridade; sabem que de cada uma de suas palavras pode depender a sorte de milhões de cristãos, levam no coração a sorte dos homens e mulheres de carne e osso, e não o aplauso dos historiadores.

De fato, Robert Kempner, magistrado judeu e fiscal no processo de Nuremberg, escreveu em janeiro de 1964, depois da apresentação de O Vigário de Hocchuth: "Qualquer tomada de posição propagandista da Igreja contra o governo de Hitler não só teria sido um suicídio premeditado... mas também teria acelerado o assassinato de um número muito maior de judeus e sacerdotes".

"Não lamentação, mas ação é o preceito do agora"

Dito isso, depois de ter visto os onze volumes (em doze tomos) das Actes et Documents du Saint Siège sobre a segunda guerra mundial; depois de ter lido dezenas de dossiês com centenas de documentos sobre os pensamentos e os atos da Santa Sé durante o segundo conflito mundial; experimentadas as violentas polêmicas partidistas (inumeráveis volumes, cheios de ideologia violenta e falsa), parece-me que a obra das Actes, impressa por ordem de Paulo VI (substituto da Secretaria de Estado nos anos terríveis de 1939 a 1945), poderia ser utilmente completada pelos documentos do arquivo dos "Estados eclesiásticos", que compreendem documentos sobre a obrigação da Santa Sé e da Igreja Católica de assumir o dever da caridade para com todos.

É um setor de arquivo que não se explorou suficientemente, dado que se trata de milhares de casos pessoais. A cada um deles, o menor Estado do mundo, neutro em sentido absoluto, escutou individualmente, atendendo a cada voz que pedia ajuda ou audiência. Trata-se de uma documentação imensa, infelizmente ainda não disponível, porque não está ordenada. Oxalá fosse possível, com a ajuda de alguma fundação benemérita ad hoc, catalogar em breve estes documentos custodiados nos arquivos da Santa Sé! Era clara a diretiva dada através da rádio, da imprensa, da diplomacia, pelo Papa Pio XII em 1942. Disse a todos naquele trágico ano de 1942: "Não lamentação, mas ação é o preceito do agora". A sabedoria dessa afirmação fica testemunhada por uma enorme quantidade de documentos: notas diplomáticas, consistórios urgentes, assinalações específicas (por exemplo, o cardeal Bertram, cardeal Innitzer, cardeal, Schuster, etc.) nas quais pedia fazer o possível para salvar as pessoas, mantendo a neutralidade da Sé Apostólica.

Esta situação de neutralidade permitia ao Papa salvar não só europeus, mas também prisioneiros que não pertenciam ao Eixo. Pensemos na tristíssima situação da Polônia ou nas intervenções humanitárias no Sudeste asiático. Pio XII nunca escreveu circulares. Disse com a voz o que precisava ser feito. E bispos, sacerdotes, religiosos e leigos compreenderam muito bem a mente do Papa e o que havia de ser feito urgentemente. Como testemunho, há inumeráveis documentos de audiência do cardeal Maglione e Tardini, com os relativos comentários. Também estavam os protestos ou os "nãos" ante os pedidos humanitário da Santa Sé.

Denunciar ou atuar?

Permitam-me contar-lhes um pequeno episódio, ocorrido precisamente no Vaticano em outubro de 1943. Naquela época, além da Gendarmeria (aproximadamente 150 pessoas) e da Guarda Suíça (cerca de 110 pessoas) havia uma Guarda Palatina. Nessa data, para proteger o Vaticano (não mais de 300 pessoas) e os edifícios extra-territoriais [edifícios do Vaticano em território italiano, ndr.] havia 575 membros da Guarda Palatina. Pois bem, a Secretaria de Estado pediu à potência que ocupava a Itália a possibilidade de contratar outras 4.425 pessoas para que pudessem passar a fazer parte da Guarda palatina. O gueto judeu estava a dois passos.

Os redatores dos Actes et Documents não podiam imprimir todos os milhares de casos pessoais. O Papa, nessa época, tinha outras prioridades: não podia dar a conhecer seus desejos, mas queria atuar, dentro dos limites que lhe impunham as circunstâncias, segundo um programa claro. Às pessoas honestas, contudo, surgem perguntas legítimas: quando Pio XII encontrou Mussolini? Como cardeal secretário de Estado, em 1932, mas como Papa, nunca! Se isso nunca aconteceu, poderia significar que se os dois Estados não queriam falar com o Papa, o pontífice, o que devia fazer? Fazer declarações de denúncia ou atuar?

Pio XII preferiu a segunda opção, testemunhada por muitos israelenses de toda a Europa. Talvez seria necessário entregar cópias destas abundantes adesões judaicas de agradecimento e de estima pelo ministério humano e espiritual desse grande Papa.

O livro que hoje podemos ler acrescenta novos elementos não só à figura de um grande pontífice, mas também a toda a obra silenciosa, ainda que eficaz, da Igreja através da existência (a de Eugenio Pacelli) de um pastor que passou através das tormentas dos dois conflitos mundiais (foi núncio na Baviera desde 1917) e a trágica edificação da cortina de ferro dentro da qual morreram milhões de filhos de Deus. Herdeira da Igreja dos apóstolos, a Igreja de Pio XII continuou oferecendo não só uma palavra profética, mas sobretudo uma ação profética diária.

Nota conclusiva

Quero agradecer a Andrea Tornelli por esta obra, que ajuda a compreender melhor a luminosa ação apostólica e a figura do servo de Deus Pio XII. É um serviço útil à Igreja, um serviço útil à verdade. É justo discutir, aprofundar, debater, confrontar-se. Mas é preciso evitar o erro mais grave para um historiador, o anacronismo, julgando a realidade de então com os olhos e a mentalidade de hoje.

Assim como é profundamente injusto julgar a obra de Pio XII durante a guerra com o véu do preconceito, esquecendo não só o contexto histórico, mas também a enorme obra de caridade que o Papa promoveu, abrindo as portas dos seminários e dos institutos religiosos, acolhendo refugiados e perseguidos, ajudando todos.

Fonte: http://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/alendanegracontrapioxii.html

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