Em Resposta ao Amigo Daniel
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Ao Meu prezado Daniel
Sua carta endereçada
A este “comerciante”
Como sempre, educada
Merece toda a atenção
E muito mais reflexão
Por isso foi demorada
A resposta que encaminho
Ao querido companheiro
Retrata todo o apreço
Ao ilustre usineiro
Que tocou num ponto fraco
Chutou o pau do barraco
Quando fala em dinheiro
No geral você tá certo
A amizade vem primeiro
Mas o amigo me perdoe
Eu não ligo pra dinheiro
Nem pra sapato apertado
Tamanco já foi calçado
Lá no Rio de Janeiro
Seu cordel é valioso
A procura é incessante
Você pode até não querer
Pois não é comerciante
Mas dentro da economia
Vale muito a magia
De produto interessante
Quando eu falei em comprar
O sentido é figurado
Pois também não tenho grana
E nem gosto de fiado
O bom cordel não se esquece
E o seu bem que merece
Ser vendido, não ser dado
Não se gosta de dinheiro
Mas ele é necessário
Se o ganho é honesto
E se vem do seu salário
Não há como desprezá-lo
Tem-se que saber gastá-lo
Nisso eu sou solidário
Pra mim você é bem rico
Tem talento e qualidade
Não se pensa em contrário
Tem amigo de verdade
Escreve por puro prazer
E nunca ninguém vai ver
Cê perder a humildade
Por isso você não morre
Está na eternidade
Você é milionário
Inspiração à vontade
Semeia a paz e o amor
É poeta e cantador
Amante da liberdade
Já gastei todo o elogio
Tudo que disse é sincero
Mas continuo insistindo
O seu talento eu quero
Bote preço ajustado
Anúncio classificado
E deixe de lero-lero
Assim, velho companheiro
Vamos vender o cordel
Até porque, se de graça
Não paga nem o papel
De graça ninguém valoriza
A rima não cristaliza
É isso aí, Daniel