Comentário do Livro: "Outras Profanas" de autoria de Sérgio Gerónimo; Editora Oficina, l998, Apperj -Rio de Janeiro.
por: Maria do Socorro cardoso Xavier
Mergulhar na obra de Sérgio Gerónimo é encantar-se num mundo cósmico, no qual o sagrado e o profano se entrelaçam metaforicamente. Os símbolos mitológicos são expressão dos mitos inconscientes que o autor conserva através dos laços atávicos do ir e vir.
A razão, o afeto e a paixão se complementam e fascinam. Seus conflitos existenciais são metabolizações psíquicas, que em vez de deprimí-lo o redime e o faz grandioso, infinito. Lança-se ao mundo, é um aprisionar-se, libertando-se.
O livro em epígrafe é composto de poemas livres pós-modernos, concretos, haicais; - cujo conteúdo varia do conflito interior do cotidiano, das relações psíquicas urbanas, do sensual, satírico social-político, misterioso ao filosófico.
Seguro no verso, tem uma proposta propria de inquietude e liberdade. Ficção e realidade se interpenetram. O implícito e a nudez de suas emoções transparecem, jorram em abundància.
Com aguda sensibilidade, menos explícita e mais sutil, faz e desfaz; jogando com as palavras, estas bem encaixadas e poderosas, na medida que refletem uma situação, um pensamento, uma ficção.
"Outras Profanas" possui uma semiótica implícita, qual magia de anjos, demónios e arcanjos. Sérgio, em "consumível combustão" pg. 40...."procura-se um poeta".... procura-se o poema "...Você é o poeta que desfila seu poema, na avenida semiótica da construção pós-moderna.
Aí o autor é sensual sem ser lascivo; maduro sendo ainda criança; intelectual sem ser intelectualizante; lúdico, sendo sério.
Obra livre, flexível, exuberante!Alia ousadia e sensibilidade humana. A cumplicidade do dia a dia, com seu universo, desperta, recomeça e enternece ( pg. 27 ).
O mundo da criação de Sérgio Gerónimo é "um pequeno grande céu". O mistério e o sublime de muitos versos surreais encanta, torna inesgotável e mágica sua criação. Enfim uma poesia intelectual , que naõ obstante nos leva a brincar. Para sintetizar, cito Scaliger: "o poeta é um outro Deus que pode criar o que deve ser".
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