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Ensaios-->Coluna Prestes, uma Marcha de horrores -- 03/08/2012 - 09:42 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Marcha de horrores

Arquivos de Juarez Távora,
o segundo em comando,
revelam atrocidades da
soldadesca da Coluna Prestes

 

http://veja.abril.com.br/090699/p_148.html

Consuelo Dieguez

Távora com Luís Carlos Prestes (indicados pelas setas) em tempos revolucionários e nos anos 70 (à dir.): arquivo aberto

Os jovens revolucionários reunidos na lendária Coluna Prestes, que durante três anos percorreu 24 000 quilômetros pelo interior do país, em defesa de reformas sociais e políticas, eram recebidos como heróis pelas populações dos onze Estados por onde passaram. Pelo menos, é isso que os livros de História ensinam há mais de meio século. Até agora, os registros históricos indicavam que esse exército revolucionário, que entre 1924 e 1927 chegou a reunir 2 000 homens comandados pelo futuro líder comunista Luís Carlos Prestes, era saudado com fogos de artifício e bandas de música por onde passava. E recebia todo o apoio dos moradores para continuar sua marcha contra o governo do presidente Arthur Bernardes. Parte desse relato de heroísmos terá de ser revista. Os arquivos do general e ex-ministro Juarez Távora, o segundo homem na hierarquia da Coluna, abertos recentemente ao público pelo Centro de Pesquisa e Documentação, Cpdoc, da Fundação Getúlio Vargas, revelaram uma face vergonhosa de muitos dos bravos cavaleiros da Coluna. Em vários lugares por onde passaram, os soldados da Coluna espalharam terror entre a população praticando saques e violências dignos de um bando de salteadores.

Com 28.000 cartas, manuscritos, mapas e fotos, os arquivos abrangem mais de sessenta anos da vida de Távora, que morreu em 1975, aos 77 anos. "É o conjunto de documentos que retrata o cotidiano da Coluna Prestes com maior riqueza de detalhes", afirma a antropóloga Luciana Heymann, coordenadora do setor de documentação do Cpdoc. A importância dos papéis está em seu ineditismo. É a primeira vez que documentos comprovam algo que antes havia sido atestado somente pela memória oral dos habitantes das cidades percorridas pela Coluna. Os relatos das atrocidades cometidas por parte da tropa estão em diversas cartas enviadas ao comando do movimento, sobretudo por moradores, padres e autoridades dos lugares por onde marcharam. Até mesmo integrantes do exército revolucionário denunciaram por escrito os abusos – incluindo-se aí estupro de "senhoras indefesas".

Por meio dessas cartas descobre-se, por exemplo, que, em vez de aguardar em festa a Coluna, moradores de vários lugarejos fugiam apavorados com a proximidade das tropas. Uma carta enviada pelo coronel João Ayres Joca, habitante de Porto Nacional, no norte de Goiás, aos principais homens do comando – o general Miguel Costa, Prestes e Távora – revela o pânico da população com a chegada dos combatentes. "A delicada missiva com que nos honrastes veio aliviar a nossa cidade da natural apreensão com a aproximação da Coluna", diz o militar. "Não se pôde, porém, impedir o esvaziamento quase completo da cidade", acrescenta.

No dia 14 de outubro de 1925, uma correspondência remetida ao general Miguel Costa pelo padre dominicano José Maria Amorim, diretor do Convento de Santa Rosa, também de Porto Nacional, confirma a impossibilidade de evitar o êxodo dos moradores da cidade. "Apesar dos esforços, retira-se grande parte da população", relata o padre, que em seguida faz um apelo dramático ao general. "Pedimos, suplicamos em nome deste povo portuense para que a passagem das tropas de vossa excelência não venha importunar e aumentar as dificuldades com que lutam nossos sertanejos." O pedido, contudo, parece não ter surtido efeito. Numa nova carta, escrita ao general sete dias depois, o mesmo padre protesta. "A passagem da Coluna revolucionária através de nossos sertões e por nossa cidade tem sido um lamentável desastre que ficará por alguns anos irreparável. Em poucos dias, nosso povo, na maioria pobre, viu-se reduzido à quase completa miséria", denuncia.

Cartas com relatos de saques e estupros: documentos na contramão da História oficial

De alguma forma, o comando da Coluna admitia os excessos. Numa resposta ao padre, Prestes, Costa e Távora tentaram justificar os abusos. "Afiançamos-lhe que só temos retirado do patrimônio do povo aquilo que é indispensável às necessidades imprescindíveis da tropa", escreveram os chefes da Coluna. Em outra correspondência, contudo, o general Costa revelava-se vexado com a violência dos soldados comandados por ele. "(...) Envergonha não só a nossa causa como o Brasil. Além do roubo e da tentativa de incêndio, ficou provado o excesso nas libações alcoólicas", narrou o general, numa correspondência dirigida ao major Virgílio dos Santos, comandante de um dos destacamentos do movimento.

Mais dramáticos ainda são os relatos de um certo capitão Antônio Teodoro, também integrante da Coluna, ao próprio general Costa. Numa carta indignada, ele protesta contra as violências cometidas pelos soldados revolucionários, que, para ele, são motivo de "dolorosa decepção". "Na retirada de Catanduvas (no Paraná), os habitantes da Vila Benjamim já falavam contra os saques cometidos pelos soldados revolucionários. Até mesmo no Paraguai se pratica saque. No Mato Grosso, os saques e os incêndios eram freqüentes, sem motivos que os justificassem. Tropa que diz bater-se pela liberdade dum povo não pratica incêndios, saques e não viola senhoras indefesas, como até aqui se tem praticado." E faz uma crítica direta ao comando: "Os culpados foram punidos? Não! Não se encontraram responsáveis. Por quê?"

Os fatos que agora vêm à tona pelos arquivos de Távora são, de acordo com o historiador Edgard Carone, autor de A República Velha II Evolução Política e um dos maiores especialistas no assunto, os documentos mais concretos sobre as atrocidades cometidas pela Coluna. "Tínhamos alguma desconfiança de que foram praticados alguns atos violentos contra a população", afirma Carone. "Mas essas são as primeiras provas de que isso realmente aconteceu." Em sua opinião, contudo, esses episódios em nada diminuem a importância e a bravura da Coluna Prestes. "É preciso que se entenda que muitos desses homens não estavam acostumados à disciplina militar, pois foram se agregando ao grupo ao longo de sua marcha", justifica. Ainda que o valor histórico do movimento não se altere, os arquivos agora revelados mostram uma nova face da Coluna Prestes. Uma face cruel e desumana.

 

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