O ESPELHO D’ALMA
Uma mulher eu olho, sem ela perceber eu a acompanho.
Fixo em seu olhar, quero ver o que posso nele encontrar.
Vejo uma certa inocência, quase como a de uma criança.
Vejo uma grande tristeza, será que à esperança?
Vejo uma enorme alegria, essa contagia.
Vejo uma certa malícia, que a vida lhe ensinou.
Vejo um pouco de sedução, que com o passar dos anos ganhou.
Interesso-me mais em conhecer essa mulher.
A observo, quero-a escutar, quem sabe sua voz a mim fale mais.
Então sua voz eu escuto, minha atenção redobro a cada palavra sua.
Tem uma voz de tom suave, fala com sabedoria, como se muito tivesse vivido.
Percebo ainda mais, que ela na verdade é tímida e isso esconde, a todo custo, poucos sabem disso.
Ela fala com firmeza, mas em sua voz às vezes tremula, encontrei sua insegurança e muitos de seus medos.
Então noto o seu andar. Que muda de um dia para o outro.
Um dia seu caminhar é tranqüilo, caminha devagar, com leveza e bem seguro.
Em outro é agitado, preocupado e descompassado.
Um dia com jeito de criança a brincar, em outro de uma mulher que quer se encontrar.
Quantas mulheres há dentro dessa mulher, que agora a olho, tentando sua alma conhecer?
Observando-a, sem ela nada perceber, muito dela pude conhecer e também entender.
Então dou um passo atrás, mais um e mais um...
A mulher se afastar, cada vez mais difícil eu posso enxergá-la, até que não consigo mais vê-la.
Nesse momento, para meu total espanto percebo...
Que a mulher que se afasta é alguém que conheço.
Ela é a minha própria imagem, refletida no espelho.
Cleide Yamamoto.
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