Nietzsche é o tipo de pensador que ou você o ama ou você o odeia, embora a maioria das pessoas tendem a odiá-lo, pois seu pensamento muitas vezes é de difícil compreensão devido a fragmentação de suas ideias e ao estilo aforístico. Aliás, alguns nem o consideram um dos grandes pensadores de todos outra tempos, apesar da sua significativa contribuição, principalmente no campo da moral. Talvez porque sua obra não compõe um sistema, como a maioria das grandes obras filosóficas. No entanto, Nietzsche em textos curtos soube como ninguém trazer a tona tudo aquilo que o homem teima em esconder, como no aforismo abaixo, extraído de “Aurora”, cujo título é: A dúvida como pecado.
“O cristianismo fez o máximo para fechar o círculo e proclamou a dúvida como pecado. O indivíduo deve ser lançado na fé sem a razão, por um milagre, e nela banhar-se como o mais claro e inequívoco elemento: a menor olhada para um terra firme, o simples pensamento de talvez não estar ali somente para banhar-se, a mais leve agitação de nossa natureza anfíbia – é pecado! Note-se que, desse modo, a fundamentação da fé é toda reflexão sobre sua origem são também excluídas como pecaminosas. O que se quer é cegueira e vertigem, e um eterno cântico sobre as ondas em que se afogou a razão!” (Aurora, livro I, aforismo 89)