UM PÁSSARO ME FALOU...
Olhando pela janela, observei um pássaro.
Naquela arvore frondosa, lá estava ele...
Então ele me olhou e me disse:
O que está fazendo aí dentro?
Saia agora, não me olhe pela grade da janela.
Logo lhe respondi, o que eu faria aí fora?
Ele pronto respondeu...
O que não pode fazer presa entre essas grades.
Já ia eu responder-lhe, quando pensei...
O que estou fazendo? Pássaros não falam.
Mas ele não parou por aí...
Disse-me mais, com um jeitinho atrevido...
Lembra que um dia as minhas asas pediu?
Para que pudesse voar livre e o mundo descobrir?
Ah! Mas aquilo foi uma poesia, chamada liberdade, que a muito escrevi,
Logo lhe respondi.
Então... Disse ele...
Eu vim elas te emprestar, para que possa voar.
Vamos, saia um pouquinho, venha sentir o sol,
O vento, a liberdade e o desconhecido.
Respondi-lhe... Tanto eu queria, mas tenho medo...
Desse mundo estranho, desse caminho que ainda não pisei.
Então não viverá... Assim foi sua resposta.
Se de tua janela ficar a olhar este mundo que tem vida,
Verá a vida passar, mas não viverá a tua vida.
Saia agora... Não tenha tanto medo, poderá até se machucar,
Mas o tempo a toda ferida cura.
Poderá às vezes chorar, mas um lenço poderá as tuas lágrimas secar.
Mas... Pense bem...
Quantas coisas boas você irá viver.
Uma amizade, um carinho, um beijo, um sorriso...
E mais... Poderá viver uma paixão ou um grande amor.
Criei então coragem. Abri a porta e dei o primeiro passo,
E quando eu já estava lá fora, não mais encontrei o pássaro.
Pensei... Ele já se foi, não me emprestou suas asas.
Então foi quando percebi, que o pássaro nunca esteve naquela árvore,
E sim, o tempo todo, ele esteve dentro de mim.
Cleide Yamamoto.
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