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Ensaios-->QUEM FOI ÁQUILA DE SOUZA BRAGA? -- 05/04/2012 - 16:16 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ÁQUILA DE SOUZA BRAGA, de Recife, Pernambuco, 12.05.1917-Recife, 09.12.2010. Filha de Norberto de Souza Leão e Maria Cavalcanti de Souza Leão. Batizada em 1933, aos 16 anos, pelo pastor Ismael Pereira Ramalho, na Igreja Batista de Tejipió, Recife, PE. Residiu muito tempo numa localidade chamada Pacheco, onde sua beleza se ressaltava.

Em 1941, com 24 anos, casou-se com Jonatas Braga(Recife, 08.05.1908-Recife, 10.05.1978) que já era viúvo e tinha dois filhos. Sua primeira filha nasceu um ano depois, doentinha, e não resistiu. Depois dela vieram mais doze: oito mulheres e quatro homens. Ficou viúva de Jonatas Braga em 10.05.1978, quando este tinha 70 anos e ela, 61 anos.

Apesar de haver interrompido seus estudos com a morte prematura do pai, Áquila Braga decidiu, muito nova ainda, quase adolescente, que iria passar adiante o pouco que aprendera. O que ela gostava de ter sido mesmo, era enfermeira, mas, na casa onde morava, ainda solteira, fundou uma escola cujos alunos foram desde seus irmãos e primos até amigos e filhos dos amigos de seus pais.

A escolinha virou um sucesso. Fotografias eram tiradas para lembrança: os alunos todos fardados, as meninas de saias pregueadas e laçarotes nos cabelos, os meninos de calças curtas e sapatos pretos. E a orgulhosa professora entre eles. Para implicar com nossa mãe, lhe dizíamos que nos espantava o fato de ela ter estudado tão pouco e ter se tornado professora. Como poderia uma pessoa que estudara até a 4ª série ser uma professora? O que os alunos aprenderiam? Ela, muito segura de si, de pronto nos respondia: “ – Ah, meus filhos, naquele tempo o pouco que sabíamos valia muito! Eu não troco o meu primário pelo ginásio de hoje!”.

Essa primeira escola da professora Áquila durou até seu casamento. Após passar o sufoco do nascimento dos primeiros filhos, ela voltou à ativa. Apoiada por nosso pai e ajudada por ele, fundou o Instituto Presidente Vargas, que em nada ficou devendo ao primeiro estabelecimento.

Dessa feita, os alunos eram crianças do bairro, muitas, mas principalmente sobrinhos, nossos primos e primas. Ali a maioria deles aprendeu a ler e a escrever, inclusive nós, os filhos, só saindo para uma escola mais adiantada. No geral, as coisas funcionavam relativamente bem, mas o esforço da professora Áquila e de nós, os filhos, era enorme, no afã de tornar o nome da escola conhecido e aceito pela comunidade.

Com a chegada da adolescência dos filhos e a necessidade de trabalhar de alguns, a tendência da escolinha foi acabar. Ficou difícil para a prof. Áquila administrar sozinha aquele empreendimento, já que ela não podia mais contar com a ajuda dos filhos mais velhos, pois o esposo lecionava fora e tinha duas igrejas para pastorear. Assim, as portas do Instituto se fecharam de vez, deixando alegrias e saudades para todos os que, de alguma forma, contribuíram para o bom funcionamento da instituição. “... Estão vendo vocês? – nos dizia – não pude estudar como eu queria, mas o pouco que aprendi fiz questão de passar adiante!” Que lição preciosa! Hoje, todos os seus filhos, à exceção de dois, completaram a universidade, tendo como base sólida o que foi ensinado por nossa mãe, que, depois de ver encerrado o seu posto de professora em casa passou a exercê-la na igreja.

Áquila foi, o tempo todo, uma mulher forte. Os dois filhos que vieram do primeiro casamento de seu esposo, viram nascer, ano após ano, aqueles que seriam seus irmãos. Porém, ao crescerem, os mais velhos começaram a trabalhar. Com o esposo muito pobre, Áquila precisava de ajuda e filhos e filhas se empenharam rapidamente em buscar recursos extras para contribuir com o orçamento. Todos começaram a trabalhar muito cedo, mas o estudo era prioridade: nenhum obstáculo poderia impedir o acesso a educação.

Constituiu-se, posteriormente, no maior legado que nossos pais nos deixaram e por isso muito lhes agradecemos. O mais importante foi que, juntamente com seu esposo, criou todos os filhos no temor do Senhor. Não havia barreiras nem tempo ruim para ir à casa do Senhor todos os domingos, fosse à EBD, pela manhã, aos cultos ao ar-livre à tarde ou aos cultos de adoração, à noite. Trabalhava incansavelmente em casa, cuidando de seus filhos e dos filhos dos outros, e na igreja, ocupando diversos cargos ao longo de sua vida. Apesar das muitas atividades, inclusive com a escolinha em sua própria residência, não se descuidava da família e a semente plantada pelo Evangelho germinou e deu muitos frutos.

De seus doze filhos, apenas dois estão afastados dos caminhos do Senhor. Os enteados permanecem firmes. Um deles é o conhecido pianista, arranjador, compositor e maestro Jasiel Braga, que reside em Teresópolis, no Rio de Janeiro e tem quatro filhas, cinco netos e duas bisnetas. A outra enteada, Jael Braga, mora em companhia de seu filho em Brasília. Jessé Braga, o primogênito, casado, sete filhos, seis netos, reside em Natal, RN e Jair Braga, o segundo, casado, quatro filhos e duas netas, mora em Salvador, BA.

Todos os demais filhos moram em Recife, PE e a grande maioria exerce cargos nas respectivas igrejas em diversas áreas tais como na área de música, evangelismo e missões, educação religiosa, classes de EBD, organizações missionárias, etc. Grande parte de seus netos e bisnetos está completamente integrada na obra do Senhor, servindo-O fielmente, com zelo e dedicação.

Foram duas as prioridades de Áquila Braga: a família e a evangelização. A luta com a criançada e os parcos recursos jamais a impediram de desempenhar a tarefa que tanto amava: ministrar a palavra de Deus. Desde pequena participava das atividades da igreja, utilizando seus talentos com amor. Na juventude, porém, aperfeiçoou o que achava mais importante: a evangelização. Sempre que tinha oportunidade, estava a falar de Cristo, da Bíblia, a distribuir literatura e a convidar pessoas a irem à igreja para ouvir a mensagem divina. Muitos frutos advieram deste empreendimento com a integração de muitas almas ao rebanho santo.

Na igreja ocupou todos os cargos existentes na congregação, exceto, claro, pastor e vice-moderador. Revelou-se excelente professora de classe de todas as idades, sendo esta a função que mais exerceu. Posteriormente, suas alunas se recordavam das belas lições ministradas pela prof. Áquila e diziam “que saudades, aprendi muito com ela...” Gostava muito de música e tinha uma voz maravilhosa.

Foi pioneira como diaconisa, abrindo portas para futuras diaconisas em sua igreja, numa época em que só os homens assumiam esse ministério. Algum tempo depois, uma de suas noras, Egídia, viria a ser consagrada diaconisa da igreja em que congrega, em Salvador, BA, para alegria de Áquila Braga.

Embora com residência fixa no Recife, durante muitos anos dona Áquila acompanhou seu esposo, o pastor Jônathas Braga, em viagens evangelísticas ao interior do estado de Pernambuco e fora dele. Principalmente às cidades de Ponte de Carvalhos e Paudalho, nas quais ele era pastor. Em Paudalho, fundou a Sociedade Feminina Missionária (hoje MCA – Mulher Cristã em Ação) da 1ª Igreja Batista. Muitas vezes nós, os filhos, também íamos e participávamos das programações, principalmente em momentos festivos, quando, além da ornamentação comum, costumava-se jogar folhas de pés de canela ou de eucalipto no piso do salão. Dava um aspecto diferente e as folhas em quantidade exalavam um perfume suave e delicioso. Depois o hábito foi caindo no esquecimento e deixado de lado por completo. Aquelas idas às cidades interioranas serviram para o aprimoramento de nossos talentos como cantoras, duetistas e declamadoras.

A mana Jael recitou, inúmeras vezes, os poemas do nosso pai, o consagrado pastor e poeta Jônathas Braga(JONATAS BRAGA É ESTUDADO NO MEU LIVRO “MISSIONÁRIOS AMERICANOS E ALGUMAS FIGURAS DO BRASIL EVANGÉLICO”- GOIANIA, KELPS, 2007). Nós, as mais novas, formávamos duetos e trios, sempre acompanhadas pela mana Jedida ao acordeon. Era uma bênção para nós aquelas idas ao interior... e uma constatação da dedicação de nossos pais ao trabalho do Senhor.

Por ocasião do seu 90º aniversário (dia 12 de maio de 2007) foi celebrado na Igreja Evangélica Batista em Tejipió, onde congregava, um belíssimo culto em ações de graças, com a presença de vários pastores, irmãos, amigos e familiares. O oficiante da ocasião foi o pastor Reginaldo Pinho Borges, amigo da família de longas datas, da Igreja Presbiteriana da Boa Vista, Recife, PE. Todos os filhos e a enteada estavam presentes às festividades, faltando apenas o enteado que mora no Rio de Janeiro, ausente por motivo de saúde.

Cercada e honrada pelo carinho de filhos, netos e bisnetos, a irmã Áquila agradeceu a bênção de chegar aos noventa anos e ter ainda todos os filhos e enteados vivos, trilhando os caminhos do Senhor e transmitindo, através das gerações, os ensinos do Mestre. Hoje, além dos doze filhos e dois enteados, são trinta e nove netos, vinte e dois bisnetos e duas trinetas.

No dia 09 de dezembro de 2010, já com 93 anos, aprouve ao Senhor chamar a sua serva para estar com Ele na glória celestial. A cerimônia fúnebre foi realizada no Cemitério Parque das Flores, um culto de gratidão pela vida dessa mulher admirável e dedicada. Dirigido pela filha Jemima, foram entoados hinos de louvor e gratidão, sendo a palavra pastoral proferida pelo Pr. Mário Santa Rosa Júnior, da Igreja Evangélica Batista em Tejipió, onde a irmã Áquila congregava e exercia o cargo de diaconisa.

Além de numerosos familiares, amigos e irmãos em Cristo, também estiveram presentes vários pastores, entre os quais o Pr. Reginaldo Borges (Igreja Presbiteriana da Boa Vista), Pr. Antônio Pereira (Igreja Presbiteriana de Jardim Uchoa), Pr. Nilson dos Santos e Pr. Edvan Tavares (ambos da Igreja Batista em Rio Doce), Pr. Armando Pacheco (1ª Igreja Batista em Paudalho), Pr. Assuero da Silva Soares (Igreja Batista Betesda em Tejipió), Pr. Valter Amorim e Pr. Júlio Mesquita (ambos da Igreja Batista em Cavaleiro) e Pr. Alberto Cristiano Freitas (Igreja Batista Emanuel em Boa Viagem), que falou em nome do Pr. Ney Ladeia (Igreja Batista da Capunga), Presidente da Convenção Batista de Pernambuco.

Franqueada a palavra, várias pessoas expressaram, de forma comovida e agradecida, a admiração pelo testemunho da irmã Áquila Braga, principalmente por ter sido o meio através do qual o nome de Jesus Cristo foi conhecido e aceito por aqueles que ainda não o tinham como Salvador. Amigos, parentes e irmãos em Cristo são unânimes em afirmar quão grande foi a influência de Áquila Braga em suas vidas.

O testemunho escrito de Olivina Mesquita, amiga desde tempos antigos e membro da mesma igreja, é bastante significativo. Diz ela: “Eu nasci na cidade de Escada, PE, e, ainda adolescente, vim morar no centro do Recife, em uma pequena pensão, com o casal Sr. José e Olívia Patrício. A pensão se acabou e viemos morar em Tejipió, justamente próximo da igreja batista. O Sr. José não gostou muito da idéia de morar junto da igreja protestante, mas d. Olívia disse que os protestantes não iam mexer com ninguém. Eu não conhecia Cristo nem Bíblia nem hinos e fui tocado pelo Espírito Santo ao ouvir o cântico do hino 183 do CC (A luz do mundo) cantado pela adolescente Áquila de Souza Braga. Eu me converti e logo depois, por meu intermédio, se converteu o casal José e Olívia Patrício, para a glória de Deus. Louvo a Deus pela existência dessa vida preciosa que foi Áquila Braga”.

É verdade. Áquila de Souza Braga foi uma vida preciosa para todos os que a conheceram. Nós, os filhos, sabemos bem disso. Sentimo-nos honrados em fazer parte de sua grande família e a nossa oração é que esta história de vida seja um marco que nos dê forças para prosseguir em nossa caminhada cristã, com os olhos fixos em Jesus, Autor e Consumador da nossa fé. Porque, para nós, o seu exemplo será sempre um modelo a ser copiado, pois é um reflexo do seu amor por Jesus Cristo. Um dos poemas de Jônathas Braga que ela tanto gostava de declamar foi lido durante a cerimônia e tem como título “Quando a velhice chegar”. Transcrevemos algumas das estrofes:

Quando eu ficar velhinho, sim, velhinho, Porém não é preciso que eu o esconda.
E os meus cabelos brancos como a neve, A vida é ainda o meu maior tesouro
Se Deus me permitir, longo caminho E antes que alguém ao meu viver responda
Terei andado, para mim, tão breve. Digam todos que sou feliz, em coro.

E bem distante da áurea mocidade, E diante de qualquer adversidade,
Recordarei os dias mui risonhos Hei de ter sempre quem me dá vitória.
Em que a vida é um sussurro de bondade Porque meu Deus me vê da eternidade
E uma sequência poética de sonhos. E me contempla desde a sua glória.

Uma lágrima fria talvez seja Depois, salmodiarei, cheio de gozo,
O bálsamo simpático da vida, Ao termo da jornada em que prossigo,
Sempre que eu lembrar dessa peleja Certo de que meu Deus é poderoso
Longa, exaustiva, insana e dolorida. E nunca deixará de estar comigo.

O anseio desta grande serva do Senhor era ir para o céu se encontrar com o seu Salvador Jesus e reencontrar seu amado esposo Jônathas Braga. E como diz o poema, pelo Deus de quem vem toda a vitória, o grande desejo desta serva boa e fiel foi realizado. Sua filha Jerusa, que na ocasião do seu sepultamento, estava em Lisboa, Portugal, escreveu uma mensagem na qual, com grande propriedade, termina dizendo:

“Conduzida pelos serafins, querubins e de toda a corte celestial ao som dos mais belos cânticos, Áquila Braga agora está no céu ao lado de Deus e seus anjos, desfrutando da alegria de encontrar Jônathas Braga, seu esposo, a quem tanto amava, e todos os seus amigos e irmãos e descansará eternamente desta lida terrestre. Louvado seja o Deus dos exércitos que recebeu de volta a sua amada filha. Nós te agradecemos por ela ter sido nossa”.

(Esta biografia foi escrita por sua filha Jemima Cunha Acioly de Lima, direto do Recife, em 30.01.2011) para o Procurador de Justiça MARIO RIBEIRO MARTINS que, durante os anos de 1966 a 1973, foi Pastor da Igreja Batista de Tegipió, onde freqüentava o Pastor Jonatas Braga e sua família. Informação da Jedida: "A outra enteada, Jael Braga, morava em Brasília em companhia de seu filho. Jael partiu para a glória no dia 05/11/2011. Seu filho continua em Brasília"

 

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