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Ensaios-->O mal que faz o capitalismo de estado -- 08/12/2011 - 14:40 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

DeSALAVANQUEM O MUNDO

:: Jeffrey Tucker - Auburn, Alabama, EUA.

Tradução de FRANCISCO VIANNA

29 de novembro de 2011

 

O capitalismo é supostamente um sistema de lucros e perdas, mas, nos últimos anos, os ‘banqueiros centrais estatais’ e os estrategistas do governo parecem ter se esquecido da parte que se refere às perdas. E as alavancas que empurram e puxam o controle desse capitalismo estatal tentam fazer com que as perdas para os ‘figurões’ do sistema financeiro não ocorram, o que é o mesmo que tentar impedir que a maré baixe. O resultado é que as perdas do sistema acabam sendo jogadas nas costas dos pagadores de impostos e contribuintes. Tal ‘estratégia’ (prefiro chamar de ‘golpe desonesto’, embora o nome certo para isso seja ‘socialismo’) não pode funcionar no longo prazo. As leis da economia acabam eventualmente prevalecendo.

Por esta razão, nos EUA, as notícias de que a American Airlines requereu concordata – uma grande empresa que finalmente jogou a toalha – vieram como uma bomba do passado quando as coisas costumavam funcionar (lembra da falência da Lehman?). Quando a maré baixa, nada pode impedir que as águas recuem.

Não que a empresa não tenha tentado. Mas sua capacidade de se adaptar a novas realidades foi impedida de ocorrer por seus próprios sindicatos intimidadores, pelo aumento dos preços dos combustíveis, pela divida crescente e pela torrente de mandatos judiciais e restrições impostas pelas autoridades ‘reguladoras’ federais. Qualquer que seja a razão, a empresa não pode mais negar a realidade, tanto quanto seus acionistas, gerentes e mesmo os políticos que ela pagava e que gostariam que as coisas pudessem ser diferentes.

O abençoado poder da lei da economia! Ele se manifesta sem que qualquer pessoa ou grupo acione a alavanca. Ele se impõe, mesmo contra a vontade determinada dos príncipes do mundo e dos potentados. É esse poder que mantém o mundo ainda honesto e confiável em relação ao que é e ao que não é possível ser feito. Ele mantém o trem do mundo material nos trilhos, de tal forma que pessoas falíveis não podem fazer coisas estúpidas indefinidamente. Não é a toa que a maior parte dos políticos o odeia.

Do jeito que vai a American Airlines, vai também toda a Europa. Um aperto no crédito – não parecido com o enfrentado pelos EUA em 2008 – está agora ameaçando o Velho Continente. Os bancos estão revendo suas próprias carteiras de títulos de dívida governamentais, e se preocupam com sua própria liquidez no futuro próximo ao terem que absorver montanhas de ‘créditos tóxicos’ (para não dizer ‘podres’). Começaram a apelar para empréstimos e a cortar linhas de crédito, mesmo para os figurões. Isto começa a enviar os primeiros sinais de pânico a todos. Devido ao precedente americano, com todos ainda ligando-o à crise do crédito imobiliário (subprime), os problemas só podem piorar.

Relembre aqueles dias de 2008, quando a realidade começou a emergir, os preços imobiliários despencaram vertiginosamente e a financeira Lehman não aguentou e caiu. No Brasil o real sofreu um tropeção, mas não vimos uma histeria financeira, ao nível da atual, em toda a nossa vida. A classe política, a classe bancária e a pudica classe financeira, todos pareciam concordar que se tivéssemos deixado que o aperto creditício continuasse, o próximo passo seria a fome em massa.

Observe só os barcos cheios de mercadorias que não puderam sequer desatracar dos portos por causa dos cortes nas linhas de crédito! Veja a Islândia, com suas prateleiras de supermercados vazias! Imagine um futuro no qual as pessoas possam ter que, na verdade, economizar e juntar dinheiro vivo para comprar coisas, ao invés de contar com a prosperidade fictícia criada pelos fiéis terminais de caixas eletrônicos!

Poderíamos ter seguido em duas direções. Poderíamos ter reconhecido que a falência da Lehman representou uma reafirmação da realidade. Poderíamos ter deixado que a desalavancagem continuasse, de modo que os sinais de falsa prosperidade pudessem ser eliminados do sistema. Poderíamos ter deixado os preços habitacionais caírem até que atingissem seus valores de mercado reais, e ter deixado que esse mesmo mercado seguisse seus caminhos próprios para sanear bancos e instituições financeiras, que construíram seus edifícios no lamaçal da dívida crescente, ao invés de atingir violentamente as poupanças de verdade.

Mas isto foi o que não fizemos. O vício do crédito já nos havia impregnado muito profundamente, e dificilmente qualquer um de nós poderia mesmo imaginar um mundo em processo de desintoxicação creditícia e financeira.

A verdadeira prosperidade foi construída com coisas reais e não com ilusões. Assim, enquanto o Presidente Obama admitia mesmo o enorme tamanho e escala da bolha financeira, ninguém no poder teve a coragem de parar para pensar e de deixar que a desalavancagem seguisse seu curso e cobrasse seu preço saneador.

“Tivéssemos feito assim”, dizem os economistas, “já teríamos voltado à estrada da construção de uma civilização com base na realidade econômica e política”.

Ao invés disso, o que nós vimos? Muitos trilhões em recursos reais sendo sugados da economia privada e socados dentro de empresas que deveriam ter ido à falência, mas que infelizmente não foram. As taxas de juros foram arrastadas a zero e até a valores negativos, uma medida concebida para ‘inspirar’ a tomada de empréstimos, mas que apenas acabou por punir as poupanças e garantir que os bancos não pudessem mais lucrar com suas operações de crédito (os detalhes tristes estão todos relatados, em inglês, aqui).  

Três anos depois, de adiantou fazer isso? As mais recentes notícias do mercado imobiliário são antes devastadoras. Os preços dos imóveis ainda estão caindo. Ano após ano os preços não ajustados de setembro baixaram 3,3% nos dez principais mercados do país. O índice das 20 cidades caiu 3,6%, a níveis não vistos desde 2003. Alguns comentaristas tentaram encontrar uma fresta de esperança, nada que na verdade pudesse desacelerar a queda dos preços imobiliários.

Admitamos apenas uma coisa: este é um dos maiores e gigantescos fracassos da política econômica ao estilo keynesiano da história humana. Os planejadores estatais começaram com a teoria de que toda a zorra era causada pela queda dos preços habitacionais, e assim o conserto era claramente fazê-los subir de novo. Promoveram todas as engenhocas e truques nesse sentido, mas nada funcionou.

E por quê? Acontece que os preços são determinados de comum acordo entre comprador e vendedor. Os estrategistas do Banco Central tinham muito poder, mas careciam de habilidade de nos convencer e nos forçar a cometer coisas estúpidas, tais como comprar e vender com prejuízo.

Cada novo relatório sobre os preços imobiliários é como uma veemente refutação ao FED, ao Departamento do Tesouro, ao Congresso e às duas sucessivas administrações presidenciais. Não há nada de errado em protestar contra suas políticas e em fazer ‘lobby’ contra elas, mas, no final, nada fala tão alto e pleno do seu fracasso do que as deslumbrantes e abrangentes forças do sistema de preços e dos balancetes, as radiografias incontestes do verdadeiro capitalismo privado. É onde se encontram os arautos inquestionáveis da verdade num mundo de mentiras.

Se tivesse que fazê-lo novamente, o ‘establishment’ reagiria de forma diferente? Provavelmente não! Porque, no frigir dos ovos, não se trata realmente de criar condições protetoras da prosperidade para o resto de nós, mas sim protetoras para os que estão no poder e para os lucros de seus apaniguados. Em breve veremos todo esse cenário se repetir contra a Europa inteira: histeria fabricada, seguida de loucura, seguida de fracasso.

É por isso que a falência americana é realmente uma ocasião a ser celebrada, não porque uma empresa outrora grande foi derrubada por regulações imbecilizantes, por exigências sindicais, ou por má gestão, mas, sim, por uma vitória das forças de oferta e de procura, que ao contrário das alegações dos ditadores econômicos desde tempos imemoriais, são as melhores amigas que o homem comum sempre teve. Essa lei maior do verdadeiro capitalismo é a prova perene de que os políticos, especialmente os eufemicamente auto-intitulados ‘progressistas’ apenas fingem que dirigem o mundo.

Saudações,

Jeffrey Tucker – Editora Livros ‘Laissez Faire’

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