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Ensaios-->A outra versão da história -- 01/08/2011 - 16:51 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

“A OUTRA VERSÃO DA HISTÓRIA”

 

O endereço onde se encontra um vídeo - http://dotsub.com/view/8446e7d0-e5b4-496a-a6d2-38767e3b520a - me foi enviado, em mensagem intitulada “A OUTRA VERSÃO DA HISTÓRIA”, com um comentário que indicava a preocupação, muito justa, do remetente: “Caso esta versão seja confirmada pela ONU trata-se de um crime contra a humanidade que necessita ser investigado! Teria a ONU o poder de realizar tal investigação e punir os países que cometeram tal monstruosidade? A ONU fatalmente não teria este poder. Só o futuro nos dirá!”

Alguém até poderá pretender valer-se de versos a respeito do passado para obter algum benefício individual em declarações, reparações, indenizações etc. etc. Mas o passado, todos nós bem sabemos, ninguém recupera nem resolve, porque passado ele é. Bom ou mau, o passado apenas construiu o presente em que se alicerça o futuro. Quem não cuida do presente, e apenas encontra razões para respirar em glórias experimentadas ou em mágoas cultivadas, nada estará fazendo de útil, muito menos de útil à população de uma Sociedade. Alterará, talvez, seus próprios fundos em suas próprias contas-correntes, mas nem altera a História nem História estará construindo, pois História que História é apenas se constrói na ação ou na omissão de um povo em seu conjunto.

Por outro lado, tudo o que nos dizem, em diferentes versões da História, pode ser mentira, assim como tudo pode ser verdade, ser só meia verdade, ou ser verdade e meia, isso não importa ou muito pouco nos importa. Importará aos historiadores, mas pouco ou nada nos importa porque a História é a História, e não há qualquer pior ou melhor versão da História que quaisquer outras e que mais possa ou deva orientar a projeção de nossas vidas. Há apenas ela, a História, a que produziu e produz fatos, a que é uma única – aquela que, de fato, História é e assim se demonstra, a História daqueles que fizeram a História com seus feitos, não com seus versos, não na intenção de impor qualquer diferente versão dos feitos e dos fatos. E feitos e fatos que feitos e fatos são trazem conseqüências que também são fatos, não uma interpretação qualquer dos fatos.

Mas o que nos dizem e mostram naquele vídeo, a respeito do que é feito nos mares da Somália (e nos do resto do mundo) não nos deixa de ser uma boa lição de vida. Que nós aqui já deveríamos saber de cor e salteado. Por que ainda não sabemos? Não sabemos ainda porque... Por quê? De verdade, não sei por quê.

Mas sei que o problema do mundo, definitivamente, não serão os "piratas" somalis ou os de qualquer origem; nem o problema da Somália são aqueles que um somali poderá estar hoje chamando de "piratas". E de nada resolve tentar dar solução à “pirataria” pela "pirataria", à "pirataria" que ocorre nos mares da Somália ou infesta o mundo inteiro. Porque essa “pirataria” é apenas uma decorrência dos fatos. Mais ou menos assim como o tráfico de drogas é um fato decorrente do consumo de drogas, e o consumo de drogas é um fato decorrente de outros fatos que permitem ou que induzem ao consumo de drogas, que, muitas vezes, apenas se dão porque são amparados por leis.

O que traduzimos por "pirataria" – que também é um fato – é decorrente de um problema único, que requer inúmeras equações e soluções constantes, cotidianas, que sempre serão provisórias e insuficientes, problema que requer ser muito bem administrado porque jamais será resolvido: a "Lei da Selva", que rege o sistema sob o qual vivemos todos desde sempre. E sempre o regerá. E, atenção, senhoras e senhores: eu disse sistema. Que ninguém se confunda e considere que insinuei “capitalismo”. Capitalismo é um regime, não um sistema. Sistema é uma outra coisa, muito mais ampla e prévia ao capitalismo, que produz específicas e diferentes conseqüências. Entre elas, até mesmo o capitalismo, mas, principalmente, a História.

Esse único problema só se revela plenamente, em toda a sua pujança e todo o seu esplendor, quando, em qualquer um Estado Nacional (que também é um fato e está presente na História faz tempo e nenhuma decorrência direta do regime capitalista será), a ignorância e a desorganização da população, que se revertem e se traduzem, sempre, em miséria material e moral, chegam a um nível crítico e o permitem.

Fato é que os Homens, que são animais racionais, por indiscutível racionalidade agrupam-se, formam e desenvolvem Sociedades em territórios que delimitam e determinam ser só seus; e essas Sociedades, que são Sociedades políticas por sua própria natureza, contam com as Leis ditadas pelo Estado, às quais se submetem todos os Homens que agem nesses territórios, as quais procuram proteger esses Homens, se eles se consideram e são considerados como parte dessas Sociedades, como seus cidadãos, quando eles agem inclusive fora de seus territórios. Sendo sadias, quando feitas por Homens sadios, essas Sociedades procuram mais fortalecer a identidade entre esses Homens, não diluí-la, nunca segmentá-los. E os estimulam a que ajam no sentido de expandir suas atividades sobre outros territórios pertencentes a outras Sociedades mais débeis, expandindo sua riqueza e seu poder, quando não seus territórios. O que como fato se observa – não em versos.

Apesar de que, individualmente, manifestemos bem mais uma certa tendência a agir em Sociedade de uma forma muito inconseqüente – ação que, por seus resultados, revela-se, ao fim e ao cabo, como sadomasoquista – nada impede que alguns de nós desejemos (menos por delicadeza de espírito que por reversão puramente egoísta, por mera questão de sobrevivência) e que todos alcancemos, um dia, melhorar a qualidade dos solos, dos mares e dos ares que contaminamos, as condições da criação e do abate de animais que confinamos e intoxicamos, inclusive e principalmente, as condições de vida de grupos humanos menos afortunados que massacramos a conta-gotas e deixamos morrer a míngua. Mas, em âmbito geral, aquela "Lei da Selva", adaptada por animais racionais às relações que se fazem entre animais racionais e às suas condições, a que nos diz que "o Homem é o lobo do Homem", ou seja, a Lei que reza que o Homem pode ou deve devorar seus semelhantes para poder bem viver ou simplesmente sobreviver (ou “piratear” os bens de seus semelhantes ou eles mesmos, os semelhantes...), nunca será derrogada.

Nunca, jamais, em tempo algum, haverá uma Lei qualquer, ditada por quem quer que seja o ditador, muito menos um ditador que se pretenda supranacional, que convença ou imponha ao Homem a sua transformação em um bom anjo-da-guarda de um outro Homem que ele veja apenas como um "outro". E, como tanto o Homem quanto o seu “outro” são animais racionais e são animais políticos por sua própria natureza, o Homem, que bem sabe disso, poderá até manifestar-se muito piedoso, mas nunca verá o seu "outro" como um igual a si próprio, a quem possa ou deva atribuir os mesmos direitos e os mesmos deveres. Porque o Homem é um Homem, nada mais. E o Homem é o que ele é. Apenas obedece às Leis dos Homens porque essas Leis, feitas por quem tem poder para tanto, são tidas como inteligentes e carregam o poder da coerção, portanto, também o da punição. E são exatamente as Leis dos Homens aquelas que punirão, de uma forma ou de outra, mais dia, menos dia, quem como um Homem entre outros Homens não agir. Ai daquele que desdenhe e abra mão do poder criado em sua Sociedade, que confie em providências supranacionais e espere que uma Lei que se pretenda superior à Lei feita por seu Estado lhe faça Justiça.

Sei também que fatos são combatidos com fatos, não com versos. E que a Somália não conheceu momentos de impulso e desenvolvimento, não só econômico e político, mas inclusive e principalmente intelectual, como nós já conhecemos, vários deles. Em cada um deles conseguimos acordar um pouquinho mais para poder querer ver o tipo e o tamanho dos perigos a que estávamos expostos, para poder querer administrar com nossos próprios meios o imenso perigo que estar em um  mundo feito por Homens, entre os Homens, significa.

Hoje, no entanto, o momento é de retrocesso, absoluto retrocesso, estúpido retrocesso, e, retrocedendo, aprendemos a acusar aqueles nossos outros momentos anteriores, os de avanço, como nos tendo sido contraproducentes. E não nos detemos, nesse retrocesso, um único minuto a ponderar, afinal, que terá sido o que produziram aqueles momentos hoje renegados, alguns inclusive apontados como "criminosos". Teriam sido contraproducentes por quê? Para quem?

E vamos retrocedendo, devagar quase parando ou em acelerada velocidade, sempre de bom grado, a um estágio de organização tribal estupidamente primitiva. Já aprendemos com os absolutamente incivilizados que devemos seguir estritamente a orientação de pajés, que nos poupam de raciocinar, para chamar chuva ou bons ventos; aprendemos a implorar aos céus a que esses bons pajés nos surjam por milagre, do nada, daqui, mesmo, de dentro, ou mesmo de fora; aprendemos a achar bonito pôr e a gostar de ver gente pelada, o corpo rabiscado, colorido, furado, com pingentes engatados na carne, gritando bobagens e dançando em vai-e-vem insano, sem sair do lugar, no meio das praças de nossas tabas. Aprendemos que isso, sim, é um comportamento adequado ao nosso grau de civilização. E, com isso, demonstramos apenas que estamos retrocedendo a um grau de "civilização" ainda mais primitivo que o dos somalis. Bem logo aprenderemos a levar ao ombro um machado de pedra lascada quando sairmos à mata a colher frutas silvestres, disputando um território vital à nossa sobrevivência com animais ainda mais selvagens e menos racionais ou com aqueles que já se servem, em condomínio ou em exclusivo, graças às leis que nós próprios fazemos para o nosso próprio povo, das porções que, antes, já havíamos, para nós mesmos, conquistado. Tal como hoje já ocorre e não apenas em Roraima mas em todos os nossos mares, nossos ares, nossos terrenos férteis ou inférteis e nosso subsolo.

Mas, se nada até hoje foi eficaz a que aprendêssemos o que já deveríamos estar cansados de saber, podemos agora aprender com a Somália e com os somalis aquela lição de vida que já deveríamos ter na ponta da língua: a que nos diz que, quando a população de um Estado só muito reclama daquilo que por si mesma considera ou alguns outros já lhe disseram estar errado, não procura ter consciência do mundo tal como ele é, não enuncia claramente os objetivos nacionais e não luta por eles, não alcançará ter, jamais, um único governo que preste, não terá como defender seu território ou seus recursos nem como defender-se, tudo e todos serão alvo dos interesses externos e tudo e todos estarão à mercê da ação de “piratas”. E não há liberdade-igualdade-fraternidade ou solidariedade internacional, dos vizinhos de meia-parede ou de parentes distantes, que reverta isso.

Que é o que a ONU diz aos somalis – e nos diz, a todos nós – disso tudo? Que pode a ONU fazer contra "tal monstruosidade" que já tenha ocorrido e venha hoje ocorrendo na Somália? Fazer, poderá fazer o que já faz: nada, exceto agravá-la, patrocinando mais e mais colaboradores dela mesma entre nós mesmos. Dizer, poderá nos dizer o que quiser, o que já nos dizem faz tempo meia dúzia de renomados “especialistas”, intelectuais formados em diferentes Universidades estrangeiras ou brasileiras, pouco importa, que a elas mesmas ou a diferentes corporações prestam serviços, consagrando-as ao mesmo tempo em que consagram-se, eles mesmos entre eles mesmos, o que esses, que são os "outros" de nós, vêm nos dizendo em suas diferentes versões da História. Porque ela é a ONU. Nada mais. E a ONU é o que ela é: é a "Organização das Nações Unidas", ou seja, é algo que se erige em versos, não em fatos, cujos responsáveis tentam criar fatos consumados tal como tenta, blefando, um jogador viciado em uma mesa de pôquer. E, poder, ela tem, de sobra.

Se ouvimos os versos que a ONU nos recita, os que são repetidos por esses muitos intelectuais de meia-tigela muito bem alimentados por diferentes organismos de projeção internacional que eles próprios, esses mesmos intelectuais, cuidam de alimentar; se acreditamos no que nos dizem a ONU e esses "especialistas" disso ou daquilo outro; se apenas damos atenção ao que a ONU e os intelectuais disso ou daquilo outro nos apontam como sendo muito importante, àquilo que dizem que é feito ou deveria ser feito principalmente, por isso ou por aquilo, nos confins do mundo, onde não temos como conferir o que é fato e o que deixa de ser; se construímos com muita dedicação e afinco, em nosso próprio pedaço, de acordo com os padrões que a ONU e os intelectuais disso ou daquilo outro nos recomendam... é isso aí: vamos em frente. Mas, corram, que, atrás, sempre vem gente.

E “pirata”, ao que saibamos todos, também é gente. Ou não é? E, não só de “pirata” como de boas intenções, já deveríamos todos saber faz tempo, o mundo e também o inferno estão cheios. Não é assim e não sempre foi assim? Pois assim sempre será. E o futuro apenas enunciará, em forte e bom som, a cada um dos povos do mundo, o resultado daquilo que, hoje, eles mesmos permitem que, em seus territórios, seja feito.

Essa não é uma versão da História – é apenas a História.

VaniaLCintra

 

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