CORÉIA DO NORTE 2011 – 2013
Edson Pereira Bueno Leal . maio de 2013.
NOVO DITADOR KIM JONG-ÚN. DEZEMBRO DE 2011
O comportamento errático do regime coincide com a decadência física do presidente Kim Jong-il , o querido Líder, sofreu um derrame cerebral em 2008 . Aos 68 anos tem a aparência de um agonizante , caminha com dificuldade e não fala mais em público . Outro problema é a sucessão .
O filho mais velho do ditador , Kim Jong Nam , o "Pequeno General" estava sendo preparado para dar sequência à dinastia, mas caiu em desgraça quando tentou , em 2001 , levar o filho de 4 anos para visitar a Disney World no Japão , com um passaporte falso da República Dominicana , mas foi pego no aeroporto de Tóquio . Sua presença assídua nos cassinos de Macau também atrapalha .
O segundo, Kim Jong-Chol, não conta . É homossexual é prefere assistir a um concerto de Eric Clapton na Alemanha ao tédio de um desfile militar .
O favorito do ditador é o filho caçula , Kim Jong-un, de 26 anos . Educado na Suíça , fala diversas línguas , adora artes marciais e, dizem, tem a cara e o temperamento do pai : é prepotente, não gosta de ser questionado e se enfurece rapidamente . ( Veja, 3.6.2009, p. 80-87) .
Em 17 de dezembro de 2011 morreu de infarto, Kim Jong-il , Estimado Líder, Estrela Guia do Século 21 e Glorioso General que Desceu do Céu , após 17 anos no poder e que foi substituído pelo filho mais novo Kim Jong-un, O Supremo Líder, que era seu favorito. Com apenas 30 anos , um menino no poder , passou a dar ordens a generais e a assombrar o mundo com a ameaça nuclear.
EDUCAÇÃO
Na maior parte das cidades norte-coreanas, uma criança em idade de cursar o ensino fundamental tem sorte se conseguir ir à escola algumas vezes por ano. A exceção é Pyongyang, a capital e vitrine do país, onde só de mora com a permissão do regime . Na Coréia do Sul um aluno estuda em média sete horas por dia e está matriculado em pelo menos mais dois cursos extracurriculares. ( Revista Veja, 15.05.2013, p. 92-100) .
MORATÓRIA NUCLEAR FEVEREIRO DE 2012
Em fevereiro de 2012 , o ditador norte-coreano Kim Jong-un se comprometeu a abrir seu principal complexo nuclear para inspetores internacionais e a suspender testes de armas nucleares e enriquecimento de urânio em troca de 240 mil toneladas de alimentos a serem enviadas pelos EUA ( F S P , 1.3.2012, p. A-12) .
Estima-se que o país tenha desde 2011, um pequeno estoque de bombas atômicas rudimentares, mas ainda não possui a tecnologia necessária para colocá-las em ogivas capazes de ameaçar os EUA.
Porém em seu primeiro discurso como ditador da Coréia de Norte , Kim Jong-Um afirmou “A superioridade na tecnologia militar não é mais monopólio dos imperialistas, e a era dos inimigos que usam bombas atômicas para nos ameaçar e chantagear , acabou para sempre “ ( Veja, 25.04.2012, p. 72) .
LANÇAMENTO FOGUETE UNHA-3 ABRIL 2012
A promessa durou pouco. Em abril de 2012, o país fez novo lançamento de foguete, do tipo Unha -3, durante os festejos do centenário do fundador do regime, Kim Il-Sung ( 1912-1994) . O foguete voou por poucos minutos antes de explodir e cair no mar.
LANÇAMENTO DE FOGUETE DEZEMBRO 2012
A Coréia do Norte lançou em 12 de dezembro o Unha-3 , com alcance estimado de 6.000 km, no segundo lançamento deste tipo desde que Kim Jong-un assumiu o comando do país. O governo disse que o foguete colocou em órbita um satélite de previsão de tempo , o Kwangmyongsong-3, o que não foi confirmado pela comunidade internacional. O primeiro foguete foi lançado em abril de 2012 e voou por poucos minutos antes de explodir e cair no mar no oeste da península coreana. Provavelmente o segundo foguete foi aperfeiçoado.
A ONU condenou o lançamento como um “ato de provocação” e poderá ampliar as sanções ao país. ( F S P , 13.12.2012, Mundo 2, p. 10).
ACORDO COM A CORÉIA DO SUL? JANEIRO 2013.
O líder da Coréia do Norte, em surpreendente discurso de final de ano declarou:” Uma questão importante para terminar a divisão do país e conseguir sua reunificação é remover o confronto entre Norte e Sul.O passado mostra que a confrontação não leva a nada, a não ser a guerra.” A Coréia do Norte já falou sobre o fim do conflito antes e a declaração de Kim Jong-um, não significa necessariamente uma mudança na política do país. Porém, o discurso foi transmitido pela mídia estatal e parece ter substituído o tradicional editorial de Ano-Novo, publicado na imprensa do país, pela primeira vez em 19 anos. ( F S P , 2.1.2013, p. A-8) .
No dia seguinte, 2 de janeiro de 2013, o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Kim Sung-hwán, declarou : “ Devemos situar nosso enfoque diplomático em ajudar a Coréia do Norte a tomar decisões sábias e corretas ao dar continuidade à coordenação política com os países vizinhos”. (F S P , 3.1.2013, p. A-12) .
NOVO TESTE NUCLEAR E DE FOGUETES JAN 2013.
O governo norte-coreano em comunicado divulgado em 24 de janeiro de 2013,afirmou que pretende continuar a lançar foguetes e fazer testes nucleares e advertiu que eles podem ter como alvo os EUA, que Pyongyang classificou de “inimigos declarados”.
O comunicado, divulgado pela agência estatal de notícias KCNA, foi uma resposta às novas sanções impostas ao país pelo Conselho de Segurança da ONU, em razão do lançamento de um foguete em dezembro.
“Nossos satélites pacíficos continuarão sendo lançados, sem interrupção, em nossa luta nacional para defender o direito à autodefesa”.
O serviço de inteligência da Coréia do Sul , afirmou que o lançamento de dezembro indica que os norte-coreanos já teriam a capacidade de desenvolver um foguete com alcance de 10.000 km, capaz de atingir São Francisco ( Costa Oeste dos EUA). ( F S P , 25.01.2013, p. A-13) .
TERCEIRO TESTE NUCLEAR FEVEREIRO DE 2013.
Em 12 de fevereiro de 2013 a Coréia do Norte realizou o seu terceiro teste nuclear, em explosão subterrânea conduzida na base de Punggye-ri, em Kilju, no norte do país, mesmo local dos outros dois testes.
É o primeiro teste realizado pelo ditador , Kim-Jong-um, desde que assumiu o poder em dezembro de 2011. Foi utilizada uma bomba em “miniatura” , menor e mais leve,mas mais potente, estimando-se em 10 quilotons sua potência .
Em sessão de emergência convocada horas depois da confirmação do teste nuclear o Conselho de Segurança da ONU condenou a ação norte-coreana e prometeu tomar atitudes em breve. Em comunicado o Conselho declarou que a ação de Pyongyang é uma “ clara ameaça à paz e à segurança internacionais”.
A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice , disse que o teste é uma “grande provocação”. Afirmou que o programa nuclear norte-coreano é um dos motivos do crescente isolamento do país . ( F S P , 13.02.2013, p. A-12) .
Segundo Andrei Lankov em seu livro The Real North Korea: Life and Politics in the Failed Stalinist Utopia, sem a bomba atômica a Coréia do Norte se igualaria a nações como Gana, com quem compartilha a pequena população e os indicadores econômicos miseráveis. E nessa hipótese o ditador Kim Jong-un seria uma figura irrelevante . ( Revista Veja, 15.03.2013, p. 100) .
REVOGAÇÃO DE PACTO DE NÃO AGRESSÃO
A Coréia do Norte , em resposta à decisão unânime do Conselho de Segurança da ONU que impôs sanções mais severas contra o país , anunciou em oito de março de 2013 que estava revogando os acordos de não agressão com a Coréia do Sul e que está em “estado de guerra”com o país.
Um dos principais generais do país, alegou que os norte-coreanos dispõem de mísseis intercontinentais equipados com ogivas atômicas prontos para o disparo.
Em resposta à ameaça, a Coréia do Sul endureceu sua posição e anunciou em oito de março que , caso Pyongyang ataque os sul-coreanos com uma arma nuclear, o regime do líder norte-coreano Kim Jong-un “ será extirpado do planeta”.
Autoridades americanas e sul-coreanas dividam vigorosamente de que a Coréia do Sul tenha domínio sobre essa tecnologia, de produzir ogivas pequenas o suficiente para que possam ser instaladas em seus mísseis de longo alcance. ( F S P , 9.3.2013, p. A-19) .
O jornal oficial norte-coreano “Rodong Sinmun” publicou em 11 de março de 2013, artigo dizendo que o Exército do país declarou inválido o armistício com a Coréia do Sul, decretado em 1953. As linhas telefônicas de contato com a Coréia do Sul foram cortadas. ( F S P , 12.03.2013, p. A-17) .
MÍSSEIS APONTADOS PARA EUA E CORÉIA DO SUL
Horas depois de Washington enviar dois bombardeios B-2, que tem capacidade de levar ogivas nucleares, para os exercícios militares que faz com os sul-coreanos desde o início de março, o ditador da Coréia do Norte, Kim Jong-un, ordenou na noite do dia 28 de março, que as Forças Armadas fiquem em alerta a um ataque americano e pediu para que sejam apontados mísseis para os Estados Unidos e as bases militares americanas no Pacífico. O secretário de Defesa americano, Chuck Hagel respondeu :” As provocações da Coréia do Norte são levadas muito a sério por nós e responderemos a isso”.
Os americanos sabem que os norte-coreanos ainda não conseguem atingir sequer o Havaí com suas bombas. Mas , o regime norte-coreano para reforçar sua fanfarronice divulgou um vídeo com efeitos especiais toscos em que disparos de artilharia de médio alcance, mandam pelos ares a Casa Branca, situada a 11.000 quilômetros de distância de Pyongyang.
Os B-2 partiram da base Whiteman , no Missouri e dispararam munições artificiais contra um alvo no território sul-coreano e “demonstram a capacidade dos EUA de realizar ataques rápidos a grandes distâncias e quando quiser”. ( F S P , 29.03.2013, p. A-11)
Os governos da China e da Rússia afirmaram estar preocupados com a situação entre as duas Coréias. Algumas horas depois do anúncio de Kim, foi registrado um aumento das atividades militares onde ficam os mísseis de médio e longo alcance, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Uma fonte militar da Coréia do Sul declarou :” Há uma prontidão para combate nas unidades de mísseis do Norte desde 26 de fevereiro, então há uma possibilidade de que eles realmente os disparem”.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China afirmou:” Esperamos que as partes trabalhem juntas na busca de uma reviravolta dessa situação tensa”.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia , Sergei Lavrov declarou:” A situação poderia sair do controle, ela está escorregando em direção a uma espiral de um ciclo vicioso”.
O ministro da Defesa da Coréia do Sul, Kim Min-Seoke, colocou os militares de prontidão e disse “ A série de ameaças da Coréia do Norte (...) é inaceitável e prejudica a paz e a estabilidade da península Coreana”.
AMEAÇA DE FECHAR O COMPLEXO DE KAESONG
Porém, apesar do tom hostil, o governo de Kim Jong-un, manteve aberta uma importante zona econômica operada em conjunto com a Coréia do Sul, que gera cerca de US$ 2 bilhões por ano, o complexo industrial de Kaesong, que pode ser considerado uma espécie de “termômetro” das reais intenções de guerra de Pyongyang. ( F S P , 30.03.2013, p. A-11) .
Apesar das bravatas, o perigo de conflito na península da Coréia é real. O pai de Kim, apesar da pose de maluco, era razoavelmente previsível. Depois de avisar que iria transformar Seul em um “mar de fogo”, como fez o filho, ele baixava o tom em troca de carregamentos de comida. Seu filho Kim júnior é imprevisível e além das ameaças , tem recusado qualquer ajuda. ( Revista Veja, 1.4.2013, p. 35) .
O regime do ditador Kim ficou irritado com os relatos da imprensa que diziam que o complexo continuou funcionando. Um porta voz do escritório do Norte no complexo industrial de Kaesong disse que Pyongyang fecharia o local se Seul continuar a “arruinar sua dignidade. Se a marionete continuar manchando a imagem da República Democrática Popular da Coréia ao falar da zona, cujas operações mal estão sendo mantidas, vamos fechá-la sem misericórdia”.
A Coréia do Norte já fez outras ameaças semelhantes referentes ao complexo, mas nunca as cumpriu. ( F S P, 31.03.2013, p. A-13).
AMPLIAÇÃO DE EXERCÍCIOS MILITARES
A Coréia do Sul anunciou em 31 de março que realizará em abril novos exercícios militares em conjunto com os EUA para comprovar sua capacidade diante de potenciais provocações do regime do Norte.
Os exercícios constarão de manobras e operações conjuntas e os militares afirmaram ainda que convidarão os americanos para participar de “discussões técnicas”, para estarem preparados caso haja novas provocações do Norte.
Horas depois, Washington enviou jatos de combate , F-22, para a base de Osan , em território sul-coreano, em uma ação vista como uma maneira de deter as provocações norte-coreana.
O ditador norte-coreano prometeu a ampliação “quantitativa e qualitativa” do arsenal nuclear do país para se proteger das ameaças dos EUA e afirmou que irá promover a economia e o desenvolvimento nuclear de forma “simultânea”. As declarações foram feitas durante a reunião do Partido dos Trabalhadores da Coréia do Norte, a primeira desde setembro de 2010.
O Japão se manifestou pela primeira vez afirmando que não pode permitir a “provocação agressiva” de Pyongyang e que intensificará seus laços com os EUA e a Coréia do Sul.. O regime de Kim afirmou em um jornal que as bases militares dos EUA em território japonês, em Misawa, Yokosuka e Okinawa, também serão alvo, caso um conflito armado seja iniciado. ( F S P , 1.4.2013, p. A-8) .
O papa Francisco, em sua primeira mensagem de páscoa pediu que os dois países superem as suas divisões: Paz na Ásia e, sobretudo na península coreana: que os desacordos sejam superados e que um espírito renovado de reconciliação cresça”. Pediu também que as negociações de paz entre israelenses e palestinos sejam retomadas e que a guerra civil na Síria chegue ao fim: “Quanto sangue derramado! E quanta dor ainda terá que ser causada antes que se consiga encontrar uma solução política para a crise”. ( F S P , 1.4.2013, p. A-10) .
A presidente da Coréia do Sul, Park Geun-hye , advertiu em 1 de abril que qualquer movimento de provocação do ditador Kim Jong-un receberá uma resposta “enérgica e imediata” e “ sem nenhuma consideração política”, do Exército de Seul.
Segundo a CMN, os EUA deslocaram um navio de guerra e um radar para monitorar possíveis ações militares na costa norte-coreana.
A Coréia do Norte nomeou em 1 de abril Pak Pong-ju que tem por volta de 70 anos e é especialista em economia, para o cargo de primeiro-ministro. Ele já esteve no cargo entre 2003 e 2007, quando tentou implementar reformas tímidas para aumentar a autonomia das empresas estatais e reduzir o controle do governo sobre o racionamento de alimentos e outros bens de primeira necessidade. Sua nomeação, segundo analistas, indica a crescente influência de Jang Song-thaeck, que é tio do ditador e é membro da Comissão de Defesa Nacional , presidida por Kim . ( F S P , 2.4.2013, p. A-9) .
GOVERNO IRRACIONAL
O governo norte-coreano se ajusta ao que se pode chamar de governo irracional . Dentro da racionalidade, princípio da dissuasão nuclear, supõe-se que uma liderança política racional não aceitaria o risco de milhões de mortes entre seus habitantes e por esta razão é que uma guerra nuclear não aconteceu , apesar de fatos terem ocorrido que a justificassem como a crise dos mísseis de Cuba e a queda do Muro de Berlim.
Um ditador com apenas 30 anos e há pouco mais de um ano no poder, tem necessidade de afirmação e ameaça o mundo com uma guerra nuclear para isso.
Uma epidemia de fome na década de 1990 matou milhares de pessoas e não levou a mudanças no regime marxista. A culpa como sempre , era dos “imperialistas”.
No final dos anos 50, Mao Tse Tung em viagem a Moscou, chocou até mesmo ex-stalinistas ao sugerir que uma guerra nuclear talvez não fosse tão ruim , que “se o pior acontecesse e metade da humanidade perecer, restará a outra metade”.
A Coréia do Norte reproduz alguns dos piores traços da China maoista : isolamento em relação ao mundo exterior, campos de trabalho, culto à personalidade e disposição de tolerar fome em escala letal entre seus habitantes.
Havia certa esperança que o jovem ditador Kim Jong-un , promovesse uma liberalização do regime norte-coreano , mas os fatos estão mostrando o contrário e suas decisões estão levando o país a uma fronteira perigosa . Embora disponha de armas nucleares , seu poderio é extremamente limitado face à capacidade de retaliação americana e se as suas bravatas se concretizarem poderá arruinar completamente o seu país. ( Gideon Rachman , F S P , 2.4.2013, p. A-10).
REATIVAÇÃO DE REATOR NUCLEAR
A Coréia do Norte afirmou em 2 de abril que planeja acelerar a produção de material atômico para ampliar seu arsenal militar, reativando o reator de Yongbyon , no norte da capital Especialistas afirmam que o processo pode levar entre três meses e um ano.
O reator de 5MW, era a principal fonte de plutônio para bombas nucleares no país até 2007 quando o regime aceitou desativá-lo em troca de um pacote de ajuda econômica oferecido por China, EUA, Coréia do Sul e Rússia.
O complexo nuclear de Yongbyon também tem um reator de 50 MW inacabado , uma usina de reprocessamento para extrair plutônio de barras já gastas e uma usina de fabricação de combustível, com mais de 2.000 centrífugas. Estima-se que a Coréia do Norte tenha plutônio para 6 a 8 bombas nucleares.
Com a reativação, o país passa a ter dois tipos de combustível para bombas – urânio enriquecido e plutônio.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou que a “crise foi longe demais “ e criticou o anúncio norte-coreano, ( F S P , 3.4.2013, p. A-15) .
Em resposta , o Pentágono disse que um sistema de defesa – que inclui radares, mísseis interceptadores e um caminhão lança-mísseis será instalado em Guam, para garantir a segurança dos cidadãos do país e de seus aliados na área.
Em palestra na Universidade de Defesa Nacional, em Washington, o secretário da Defesa, Chuck Hagel, disse que as ameaças norte-coreanas são um perigo e real e uma ameaça aos EUA e a toda a região Ásia-Pacífico.
Imagens de satélite analisadas pelo Instituto EUA-Coreia da Universidade Johns Hopkins indicaram obras em uma torre destruída em 2008, após o reator ser desativado. As obras devem ter começado entre fevereiro e março e as imagens sugerem que o reator poderia estar em operação num prazo de semanas. ( F S P , 5.4.2013, p. A-14) .
PRONTA PARA ATAQUE AOS EUA
O Exército da Coréia do Norte anunciou em 3 de abril, em comunicado distribuído pela agência estatal KCNA, :”Informamos à Casa Branca e ao Pentágono que a hostilidade crescente dos EUA para com a Coréia do Norte e a sua irresponsável ameaça nuclear serão esmagadas pela força de vontade dos soldados e do povo e por (...) meios de ataque nuclear leves, diversificados e de ponta. Nesse sentido ,a operação implacável das Forças Armadas revolucionárias já foi examinada e ratificada”.
O governo norte-coreano ordenou em março aos trabalhadores da indústria de armas do país que aumentassem a produção de artilharia com o objetivo de assegurar um rápido ataque preventivo a países rivais. ( F S P , 7.4.2013, p. A-16) .
O míssil norte-coreano Nodong, capaz de alcançar Tóquio, só consegue carregar no máximo 550 quilos . Os mísseis norte-coreanos ainda não foram adequadamente testados . O país ainda não conseguiu construir uma bomba nuclear suficientemente pequena que caiba na ponta de um míssil . A bomba que os norte-coreanos construíram , tem o mesmo tamanho da Litte Boy, lançada pelos americanos sobre Hiroshima, na II Guerra, com peso de 4 toneladas . Ela teria que ser colocada em um avião bombardeiro que após cruzar a fronteira alcançaria Seul em três minutos. Porém, o bombardeio H-5, de fabricação chinesa , tem capacidade para apenas uma tonelada e produzido nos anos 60, seria facilmente abatido pelo sistema antiaéreo da Coréia do Sul. ( Revista Veja, 10.04.2013, p. 62-63) .
A Coréia do Norte tem 35 mil estátuas de seus ditadores espalhadas pelo país . Seria um suicídio para o regime norte-coreano provocar um conflito com os EUA que tem 4.650 armas nucleares em estoque, das quais 2.150 estão operacionais em mísseis e bombardeios. Mesmo com armamentos convencionais , os americanos poderiam destruir em dias boa parte da infraestrutura e das forças militares da Coréia do Norte. ( F S P , 4.4.2013, p. A-14) .
Pelos cálculos americanos, a Força Aérea da Coréia do Norte seria destruída em dois dias. Para o azar de Kim , a retirada americana do Iraque e do Afeganistão liberou forças para intervenções em outros locais.
Artilharia e tanques são numerosos, mas inferiores tecnologicamente aos da Coréia do Sul e em menos de dois meses, soldados e tanques estariam subjugados. Mesmo assim estima-se a morte de um milhão de pessoas dos dois lados.
O receio de que a China apoie a Coréia de Norte desapareceu. Pequim negou-se a mandar um diplomata de alto nível a Pyongyang em 2013 e tem apoiado as sanções econômicas contra a Coréia do Norte. Daniel Wagner, dono da firma de análise de risco Country Risk Solution, em Connecticut, afirma “Uma península unificada e amiga dos Estados Unidos seria uma má ideia para os chineses, mas ainda pior é um líder imaturo que não sabe fazer concessões”. ( Revista Veja, 10.04.2013, p. 62-63) .
A diferença abismal entre a Coréia do Norte e a Coréia do Sul pode ser notada de satélites à noite. A Coréia do Sul aparece repleta de luzes acesas e a Coréia do Norte fica na escuridão . ( F S P, 7.4.2013, p. A-16).
FECHAMENTO DE KAESONG
Por sua vez a Coréia do Sul ameaçou usar a força para proteger os trabalhadores sul-coreanos que permaneceram no parque industrial de Kaesong, depois que a Coréia do Norte decidiu barrar o acesso de pessoas e cargas ao complexo.
Cerca de 800 empregados sul-coreanos permaneceram em Kaesong e o ministro da Defesa su coreano, Kim Kwan-jin, disse que “ todas as opções” serão consideradas caso a segurança dos trabalhadores seja ameaçada. Ele chegou a dizer que o Exército sul-coreano é capaz de destruir 70% da primeira linha de defesa da Coréia do Norte em cinco dias. É a primeira vez que a opção militar é citada pelos sul-coreanos.
O complexo de Kaesong foi criado em 2003 com capital privado sul-coreano e é a única colaboração econômica entre os dois países oficialmente em estado de guerra há 60 anos. Pouco mais de 53 mil norte-coreanos trabalham no local além de 800 sul-coreanos . O complexo abriga 123 empresas sul-coreanas .
O parque produziu o equivalente a US$ 470 milhões em 2012, em bens como roupas e relógios e de salários são pagas aproximadamente US$ 80 milhões por ano . ( F S P , 4.4.2013, p. A-14) .
Porém, ao fechar Kaesong , os norte-coreanos não impediram que os gerentes do sul retornassem às suas casas. ( Revista Veja, 10.04.2013, p. 62-63) .
No dia 8 de abril entretanto, o governo da Coréia do Norte anunciou a retirada de cerca de 53 mil cidadãos do país que trabalham em Kaesong.
O ministro sul-coreano da Unificação, Ryoo Kihl-jae afirmou em entrevista coletiva em 11 de abril sobre o fechamento do complexo de Kaesong que a suspensão de atividades do complexo não ajuda o futuro do povo coreano e está causando grandes prejuízos tanto ás empresas da Coréia do Sul quanto aos operários da Coréia do Norte. Antes da entrevista, o governo da Coréia do Norte publicou comunicado em que atribui à Coréia do Sul a responsabilidade pelo fechamento de Kaesong e ameaça ainda tornar esse encerramento definitivo. ( F S P , 12.04.2013, p. A-13) .
Em 23 de abril começaram a sair os 800 sul-coreanos , depois que Pyongyang negou novas conversas com Seul .
Em 3 de maio de 2013, os últimos sete funcionários sul-coreanos que trabalhavam em Kaesong deixaram o local . Elas tinham ficado para terminar as negociações de impostos e salários com a Coréia do Norte. A Coréia do Sul definiu o pagamento de US$ 13 milhões aos trabalhadores do lado comunista e uma compensação de US$ 273 milhões às empresas que tinham operações em Kaesong. ( F S P , 4.5.2013, p, Mundo 2, p. 6) .
MOVIMENTAÇÃO DE ARTILHARIA NORTE COREANA 4.4
No dia 4 de abril surgira sinais de movimentação da artilharia norte-coreana, horas depois de o regime emitir mais uma estridente ameaça aos americanos. A agência estatal KCNA emitiu um comunicado do Exército norte-coreano:” O momento da explosão se aproxima rapidamente .A guerra pode começar hoje ou amanhã”.
O ministro sul-coreano da Defesa, Kim Kwanjin disse aos parlamentares que Pyongyang levou à sua consta leste um míssil de médio alcance que pode ser do modelo Musudan, com alcance de 2.400 km, capaz de atingir a Coréia do Sul e o Japão, mas não territórios americanos como a ilha de Guam e o Havaí.
O bloqueio ao complexo industrial de Kaesong foi mantido pelo segundo dia.
James Rubin, porta-voz do Departamento de Estado durante o governo Clinton, afirmou :” A retórica norte-coreana é bastante agressiva, mas as ameaças são sempre maiores que a capacidade deles de cumpri-las”. O ex-governador do Estado do Novo México, Bill Richadson que liderou missões americanas para a Coréia do Norte disse que o governo está de “cabeça fria. Nenhum ataque deve acontecer, seria suicida”.
Os diplomatas dizem que do lado dos EUA , cautela é a palavra de ordem. Definem o termo “realismo cauteloso”, a gestão Obama em relação a ameaças vindas também do Irã e da Síria.
Em audiência pública no Senado, o chanceler brasileiro Antonio Patriota afirmou “ Havia uma expectativa , porque Kim Jong-un foi educado num colégio na Suiça, de que seria mais ocidentalizado. Não que ocidentalizado signifique necessariamente ser pacifista”. ( F S P , 5.4.2013, p. A-14) .
EVACUAR AS EMBAIXADAS
Em reunião com embaixadores estrangeiros baseados em Pyongyang, entre eles o do Brasil, o vice-chanceler norte-coreano descreveu a situação atual do país como extremamente grave e ressaltou o risco de uma guerra eclodir “ a qualquer momento”. Ele garantiu a segurança aos diplomatas apenas até o dia 10 de abril e pediu que os embaixadores decidam entre 3 alternativas: ficar em Pyongyang, mudar a embaixada para outra cidade norte-coreana ou deixar o país .
Além do Brasil, que abriu sua representação no país em 2009, há outras 23 embaixadas na Coréia do Norte. ( F S P , 6.4.2013, p. A-16) .
Apesar do alerta, nenhum dos 24 países com representação diplomática em Pyongyang demonstrou intenção de deixar a Coréia do Norte.
A China, único aliado de peso e principal parceiro da Coréia do Norte , manifestou preocupação com a crise. O presidente chinês, Xi Jinping afirmou “Nenhum país deve ter permissão para jogar a região e o mundo no caos para obter ganhos egoístas”.
Vladimir Putin, em visita à Alemanha disse que uma guerra na península coreana faria o acidente nuclear de Tchernobyl parecer “ um conto de fadas”. ( F S P , 9.4.2013, p. A-10).
O porta-voz do governo sul-coreano, Kim Haeng alertou “Se uma guerra limitada for deflagrada, a Coréia do Norte deve ter em mente que sofrerá danos multiplicados”.
O governo da Coréia do Sul se declarou em estado de “prontidão militar “ e avalia que no dia 10, os norte-coreanos farão exercícios militares e podem testar dois mísseis.
Os americanos cancelaram um teste de mísseis que seria realizado na Califórnia, para evitar mal-entendidos que possam agravar a crise.
A Suiça se ofereceu em 7 de abril para sediar um encontro entre representantes das duas Coréias. ( F S P , 8.4.2013, p. A-9) .
O regime norte-coreano intensificou em 9 de abril a suas ameaças e recomendou aos cidadãos estrangeiros que deixem a Coréia do Sul para escaparem de um confronto atômico:” Devido às cada dia mais brutais hostilidades e ações em busca de uma guerra por parte dos EUA e dos fantoches belicistas sul-coreanos, a península Coreana está à beira da guerra termonuclear” ( F S P , 10.04.2013, p. A-13) .
PC DO B APOIANDO A CORÉIA DO NORTE
O PC do B do Brasil divulgou em seu site carta apoiando a Coréia do Norte, frente às “maquinações de guerra nuclear dos EUA e sua fantoche aliada Coréia do Sul”.
O PT assina o texto, mas em 8 de abril o presidente do PT , Rui Falcão negou ter subscrito o texto. Segundo ele, militantes manifestaram apoio sem conhecimento da direção .( F S P , 9.4.2013, p. A-10) .
Apoiar um ditador insano como Kim Jong-un que mantém sua população na miséria e ameaça o mundo com um ataque nuclear é um exemplo que mostra como este partido no Brasil está completamente ultrapassado no tempo, defendendo um regime que é completamente o oposto daquilo que se poderia chamar de democracia.
GRAU DE ALERTA ELEVADO
O comando integrado das forças norte-americanas e sul-coreanas elevou de 3 para 2 o seu nível de alerta, identificando nas ações coreanas uma “ameaça vital”. O nível 1 da escala é sinônimo de guerra e o 4 adotado em tempos de paz.
Segundo a Coréia do Sul, a probabilidade de um teste norte-coreano de mísseis de médio alcance “ é muito alta” após semanas de escalada na retórica militar da região.
Em 10 de abril o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, advertiu que a Coréia do Norte está se aproximando de “uma linha muito perigosa”, com sua “retórica belicosa”. ( F S P , 11.04.2013, p. A-18) .
CORÉIA TEM CAPACIDADE DE TER MÍSSIL NUCLEAR
O jornal americano “The New York Times”, informou em 11 de abril em seu site que um relatório produzido em março de 2012, pela Agência de inteligência de Defesa do Pentágono chegou à inédita conclusão “com moderada confiança”, de que a Coréia do Norte tem tecnologia para usar armas nucleares em tamanhos compatíveis com mísseis balísticos.
O relatório foi distribuído aos altos escalões do governo e a membros do Congresso norte-americano.
Até então, sabia-se de que Pyongyang tinha capacidade de produzir artefatos nucleares, mas não existia confirmação de que era capaz de lançá-los em mísseis . Segundo o jornal há a ressalva de que a confiabilidade dessas armas deve SAR baixa, dados os grandes desafios técnicos na produção adequada de ogivas nucleares que sobrevivam ao voo e detone no alvo desejado.
A inteligência do Pentágono foi um dos órgãos que argumentava com mais veemência que o regime de Saddam Hussein , no Iraque detinha armas nucleares , o que depois não se mostrou verdade , e por isso , mesmo dentro do governo Obama, há desconfiança sobre essa conclusão do Pentágono.( F S P , 12.04.2013, p. A-13) .
Em visita a Seul, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que “é inexato sugerir que a Coréia do Norte já testou completamente ou desenvolveu esse tipo de capacidade”. Ouvido pela agência Reuters sob anonimato, uma funcionário do governo dos EUA disse que o Pentágono vê o relatório da agência como “preliminar”. ( F S P, 13.04.2013, p. A-18) .
RETOMADA DO DIÁLOGO
Apesar da crescente tensão na região, o governo da Coréia do Sul pediu em 11 de abril que a Coréia do Norte retome o diálogo com o país . O ministro sul-coreano da Unificação, Ryoo Kihl-jae afirmou em entrevista coletiva:” Pyongyang deve comparecer à mesa de negociações imediatamente”. ( F S P , 12.04.2013, p. A-13) .
O governo norte-coreano repudiou a proposta de diálogo:” Não passa de um astucioso truque para acobertar o crime de conduzir a zona industrial de Kaesong a uma crise”. ( F S P , 15.04.2013, p. A-11) .
KERRY ADVERTE A CORÉIA DO NORTE
Em visita a Seul, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que se o ditador norte-coreano , Kim Jong-un “decidir lançar um míssil , sobre o mar do Japão, ou qualquer outra direção, estará escolhendo obstinadamente ignorar toda a comunidade internacional. Será um grande erro de sua parte, já que isolará ainda mais o país”. Ele acrescentou que os norte-coreanos querem alimentos , não “um líder que mostre seus músculos”. ( F S P, 13.04.2013, p. A-18) .
JAPÃO
Em 12 de abril a agência oficial do regime norte-coreano , KCNA, classificou de provocadoras as declarações de Tóquio dizendo que poderia interceptar um míssil lançado por Pyongyang e ameaçou o Japão com represálias nucleares caso o país se envolva com alguma forma em um eventual conflito na península ocupada pelas duas Coreias.
Em resposta, um porta-voz do Ministério da Defesa japonês afirmou que o país está pronto para responder a qualquer cenário. “ O que podemos dizer é que vamos tomar todas as medidas possíveis”. ( F S P, 13.04.2013, p. A-18) .
CHINA
Os EUA conseguiram da China a promessa de que o país irá pressionar pela desnuclearização da península coreana. O secretário de Estado americano , John Kerry, ao lado do principal diplomata chinês, Yang Jiechi , em Pequim afirmou :” Nós concordamos que isso é crítico para a estabilidade da região e do mundo e para nossos esforços para evitar a proliferação nuclear”.
A China é o maior aliado da Coréia do Norte e o único capaz de exercer alguma influência sobre o regime. O governo chinês teme que eventual instabilidade norte-coreana, resulte num êxodo em massa de refugidos para a China, em uma fronteira comum de 1.400 km. Mas o governo chinês também encara com desconfiança os esforços dos EUA para conter a Coréia do Norte, que são vistos como parte de uma estratégia para reduzir a influência da China na região .
Mesmo assim , Yang declarou” A questão deve ser resolvida pacificamente , através de diálogo e consultas. Abordar adequadamente a questão nuclear coreana é responsabilidade de todos. A China trabalhará para desempenhar um papel construtivo na promoção das negociações entre seis países [EUA, China, Coreias do Norte e do Sul, Japão e Rússia] e na implantação equilibrada dos objetivos estabelecidos na declaração de setembro de 2005”.
EUA e aliados entendem que a Coréia do Norte violou o acordo de 2005, que previa ajuda ao país em troca do desarmamento, ao conduzir um teste nuclear em 2006 e persistir em um programa de enriquecimento de urânio. ( F S P, 14.04.2013, p. A-21) .
ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO DE KIM IL-SUNG.
Em 15 de abril celebra-se o 101º aniversário de nascimento do fundador do país, Kim Il-sung. Durante vários dias a data é comemorada com solenidades, maratona, competições de basquete , vôlei e ciclismo.
Em 14 de abril, apesar da tensão, foi realizada em Pyongyang , a 26ª Mangyongdae Prize International Marathon, com a participação de corredores vindos de 16 nações. A maratona é disputada desde 1981 e em 1984 passou a incluir a competição feminina. Sofreu várias interrupções nos anos 1980 e 1990 e por isso está apenas na 26ª edição . Desde 2.000 aceita inscrições de atletas estrangeiros.
O clima na capital era calmo, conforme assinalou o maratonista Chang Chia-che , de Taiwan, que terminou a competição em 15º lugar:” Eu vim no ano passado e a sensação é de que a situação é a mesma”. ( F S P , 15.04.2013, p. A-11) .
O país viveu um dia calmo . O ditador Kim abriu as comemorações de forma solene , visitando à meia-noite o mausoléu da família, onde estão sepultados o avô e o pai. Não houve repetição das grandiosas paradas militares que marcaram a data em anos anteriores, nem sinal de que o regime norte-coreano iria disparar os mísseis que foram posicionados em sua costa leste, como temia a Coréia do Sul. ( F S P , 16.04.2012, p. A-11) ,
AMERICANO CONDENADO
Pae Junho, conhecido nos EUA como Kenneth Bae, 44, cidadão americano e sul-coreano entrou na Coréia do Norte em novembro de 2012, liderando um grupo de cinco turistas vindos da China e teria irritado as autoridades ao tirar fotos de crianças subnutridas.
Ele foi preso em Rajin , nordeste da Coréia do Norte e julgado , foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados por um suposto plano para “derrubar “ o regime comunista.
O analista Jasper Kim, especialista em relações internacionais da Universidade de Ewha, na Coréia do Norte, afirmou “ Qualquer cidadão americano nas mãos do regime , vira moeda de troca. Bae era a pessoa errada , no lugar errado”. ( F S P , 3.5.2013, p. A-19) .
DANDONG A VISÃO DA MISÉRIA COREANA
A cidade de Dandong , no nordeste da China , com 800.000 habitantes, é um dos raros canais de suprimento da Coréia do Norte, separada apenas com uma ponte de Sinuiju, na Coréia do Norte , sobre o caudaloso rio Yalu.
Segundo estimativas, a China fornece 80% de tudo o que a Coréia do Norte consome e 45% de sua comida. A Coréia por sua vez vende à China minérios , como ouro, pó de ferro e carvão .
O comércio continua normal , mas a fronteira foi fechada para turistas por ordem do escritório regional de turismo. ( F S P, 14.04.2013, p. A-23) .
Em Dandong prospera um novo filão turístico “Aviste a Coréia do Norte e fale com um norte-coreano”, diz a placa na entrada do porto improvisado.Meia dúzia de lanchas aguardam a chegada de fregueses em frente a um quiosque que aluga binóculos e oferece souvenires com fotos de Kim Il-sung.
Biscoitos , pães e pacotes de salsicha também estão à venda, mas surpreendentemente não se destinam ao consumo dos turistas . A vendedora explica “ Você pode atirar para eles do barco. Eles tem fome e são muito pobres”. Por 100 iuanes ( 16 dólares) por pessoa, turistas embarcam nas lanchas em grupos de seis .
O piloto diminui a velocidade diante de soldados norte-coreanos que fazem a patrulha da fronteira e avisa que os militares não podem ser fotografados . Mas à frente, ele para diante de uma criança que acena . Os pacotes de salsicha são atirados em sua direção , arrancando gritos excitados dos chineses . O menino pega o embrulho e sai em disparada. “Ele está correndo porque tem medo de que o soldado roube o pacote dele”, explica o condutor.
Depois de mais de 65 anos de separação, apenas 10% da população da Coréia do Sul tem algum parente ou amigo na Coréia do Norte. A indiferença em relação à unificação é maior entre os jovens, que não tiveram nenhum contato com seus parentes de cima. Quando a Alemanha Oriental se juntou à Ocidental, a diferença entre os PIBs per capita era de um para três . No caso das Coréias, essa diferença é de um para 44.
A Coréia do Norte sabe que em caso de uma eventual unificação , o norte será absorvido pelo sul e não o contrário e o ditador não iria querer perdeu seu poder,
A ditadura norte-coreana é uma das mais cruéis já testemunhada pela humanidade, não só porque condenou milhões à ignorância, à fome e à mentira, mantém 300.000 homens, mulheres e crianças confinados em campos de prisioneiros que fazem o inferno parecer um spa de luxo. E nem os que conseguem escapar dela conseguem uma vida normal porque se sentem uma aberração .( Revista Veja, 15.05.2013, p. 99-100) .
DVDS E PEN DRIVES OS MAIORES INIMIGOS DO REGIME
Para o governo da Coréia do Norte , os DVDs são material de altíssimo poder subversivo. Eles representam uma janela para o mundo exterior . Mostram como os vizinhos do sul vivem , como comem , se vestem e se divertem , desmentindo a delirante propaganda oficial segundo a qual a Coréia do Sul é uma nação miserável e repleta de desempregados loucos para se mudar para o norte.
Ser pego com um DVD é motivo de prisão . Os norte-coreanos os assistem escondidos e os passam de mão em mão . Depois que os computadores começaram a ser contrabandeados , ficou mais fácil driblar a polícia política do regime .” Um DVD é mais difícil de esconder . Já se os guardas pegam você com um pen-drive, basta engoli-lo”. ( Revista Veja, 15.05.2013, p. 99) .
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