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Artigos-->80 MINUTOS PARA COMEMORAR 80 ANOS -- 07/05/2013 - 20:28 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



80 MINUTOS PARA COMEMORAR 80 ANOS



 



L. C. Vinholes



 



Não tenho dúvidas quanto a quem criou a frase “80 anos em 80 minutos” que ganhou variações assim que começou a divulgação do recital que seria realizado na Casa das Rosas, em São Paulo, comemorando a passagem dos meus 80 anos.



 



Certamente a ideia é de Simone Homem de Mello, Coordenadora do Centro de Referência Haroldo de Campos que, naquela instituição, abriga singular e inestimável acervo de livros, documentos e objetos que pertenceram ao poeta, tradutor e mestre que, em meados da década de 1950, com Augusto de Campos e Décio Pignatari, formou a trinca do Grupo de Noigandres da poesia concreta.



 



Por uma feliz coincidência, o recital aconteceu exatamente quando era lembrada a passagem dos 10 anos sem Haroldo de Campos no momento em que também era recordado o centenário do seu nascimento.



 



A notícia do referido evento chegou à redação do Diário Popular de minha cidade natal resultando em matéria divulgada na página 7 do caderno ZOOM, edição de 25 de abril de 2013, véspera do anunciado recital.



 



80 minutos para comemorar 80 anos,assim mesmo em negrito, faz referência aos meus estudos, às atividades que desenvolvi ligadas à música e à cultura em geral e às pessoas com as quais aprendi e às quais sou devedor do muito que me ensinaram e do pouco que pude aproveitar.



 



A notícia está ilustrada com foto de autoria de LenaFerrer quando tenho como fundo o tronco de um velho jatobá, árvore típica do Cerrado, que dá nome à casa nos arredores de Brasília, onde Helena Maria e eu moramos.



 



Tratando-se de um periódico regional que atende a metade meridional do Rio Grande do Sul, decidi disponibilizar seu texto também aos leitores que me acompanham pela internet. É o que segue:



 



Um recital foi a escolha do compositor pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes para comemorar os 80 anos, ao lado de amigos e familiares. A festa ocorre amanhã, às 20h, na Casa das Rosas em São Paulo.



 



No repertório de 80 anos em 80 minutos estão composições de Vinholes como Um e/ou Outro, escrita para piano em 1954, Tempo-Espaço I e II, para trio de cordas de 1956; Existencialismo para flauta de 1958; Instrução 61 e Instrução 62, parâmetros para produção de música aleatória, de 1961 e 1962, e Tempo-Espaço XVI, escrita para flauta e voz de 1980.



 



O diretor musical do recital é o pianista e compositor Sérgio Villafranca que conta com a colaboração dos músicos Sarah Hornsby (flauta), Dan Tolomony (violino), Jônatas Reis (viola), Stefanie Guia Muller (violoncelo) e Felipe Meneses (tenor).



 



“Quem não puder comparecer, rogo que no dia e na hora do recital mentalize o evento a fim de que receba também, a força dos seus pensamentos”, destaca o músico.



 



O evento tem a promoção do Centro de Referência Haroldo de Campos da Casa das Rosas, da Secretaria de Estado e da Cultura de São Paulo, que é administrado pelo Poiesis - Instituto der Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura. O recital faz parte da programação 10-100 H e também marca os dez anos da morte de Haroldo de Campos e o centenário do seu nascimento.



 



Carreira



 



A trajetória de vida do compositor Vinholes, pioneiro da música aleatória no Brasil, é marcada pela diversidade de atuações no campo profissional, destacando-se como músico de vanguarda, poeta concretista, crítico musical, adido cultural e divulgador da cultura brasileira dentro e fora do país.



 



O gosto e o interesse pelas diversas áreas culturais e artísticas são notados desde a sua juventude e se entrelaçam com o pensamento científico, racional, autônomo e moderno do homem contemporâneo da segunda metade do século 20.



 



Aos 16 anos, L. C. Vinholes, como é conhecido no meio musical, iniciou os estudos de composição e instrumentação com o professor José Duprat Pinto Bandeira e, no ano seguinte, aulas de canto com a professora Lourdes Nascimento.



 



As primeiras experiências musicais em Pelotas foram como cantor tenor no Coral da Catedral Metropolitana de Pelotas, copista e percussionista da Orquestra Sinfônica de Pelotas, onde teve a oportunidade de conhecer o maestro e compositor Hans-Joachim Koellreutter.



 



A partir daí, desenvolveu sua carreira de compositor, escrevendo peças musicais na técnica dodecafônica e, paralelamente, desenvolvendo uma nova técnica ou sistema próprio de construção musical que denominou Tempo-Espaço.



 



O crítico



 



O compositor trabalhou como crítico musical no Diário Popular, na Opinião Pública de Pelotas e no Diário de São Paulo, da Cadeia Associados, de Assis Chateaubriand, na coluna Música, no período de 1956 a 1957.



 



Na década de 50, Vinholes foi contemplado com uma bolsa de estudos pelo Ministério da Educação do Japão, aperfeiçoando-se no departamento de Artes da Universidade de Tóquio, com Hisao Tanabe. Estudou gagaku, a música da corte, sho, órgão de boca, shichiriki, espécie de oboé, e suas notações musicais específicas.



 



Após a conclusão dos estudos, continuou residindo no Japão e iniciou pesquisa sobre música chinesa, coreana e japonesa, tendo se apresentado com frequência em conferências e simpósios internacionais. A influência dessas três culturas está visivelmente presente em sua obra. No final da década de 1990, o compositor retornou ao Brasil.


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