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cronicas-->A Festa da Usina VII e o Conto Maldito -- 27/09/2002 - 22:56 (Rodrigo Contrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por Rodrigo Contrera

Onde estamos?

O quadro de detritos, materializado em um redemoinho de asneiras gritadas a todos pulmões, havia invadido a piscina onde usineiros desocupados descansavam inertes em meio a multidões de mulheres de topless. Tal qual o demónio da tasmània - aquele simpático personagem de Hannah Barbera -, o quadro conseguira acordar o Contrera, que descansava à beira da piscina e que preferiu a seguir se refugiar atrás do enorme vaso (vaso?) de uma palmeira gigante.

Mas eis que, fruto da enorme imaginação do engenheiro Mingão, o autoengrandecido síndico do Usina, parecia materializar-se reunião de doze apóstolos bem no meio da piscina, como que confraternizando a entrada do Contrera no conto maldito da Usina, iniciativa de Ayra, Bruno, Klaus, Kilandra e Rodrigo. Mas era uma miragem.

Pois o Contrera e todos bem sabiam o que havia acontecido, e era simples, quase prosaico. O Bruno convidara o Contrera, todos toparam, e agora ele, justo ele, também fazia parte do subgrupo bem ativo de usineiros.

Bastou o esclarecimento para que a suposta reunião de apóstolos, bem no meio da piscina, sumisse tal qual a imagem de Jesus pisando as águas, e desse espaço, como aliás era mais que devido, ao mesmo quadro de detritos que continuava vociferando contra tudo e todos, materializando palavrões aos borbotões e impedindo assim sequer a frutífera troca de impressões entre os menos desocupados.

Eis, porém, que, resultado da troca de impressões entre os colegas que também aceitavam o Contrera, o grupo Ayra Bruno Klaus Kilandra Rodrigo conseguira retomar a trama da prostituta Madalena transformando-a em pout-pourri em muito mais anárquico que os gritos vociferados pelo quadro de detritos.

Acontecia então que por mais que o quadro se esgoelasse, ia aos poucos perdendo espaço para a trama cinematográfica do assassinato verdadeiro e imaginário da prostituta Madalena. Com o que a piscina principiava a desaparecer, face o absorto olhar do Contrera, que jamais vira nada semelhante, e dava lugar ao lupanar, bordel, prostíbulo, escolhido como palco para o drama que estava se desenrolando.

Nesse ambiente, do outro lado da sala principal, o Contrera aparecia agora com uma pasta em mãos, saudando-os a todos em silêncio com o olhar, inclusive ao quadro de detritos, que agora descansava no sofá do puteiro trocando amassos com Madalena. A pasta parecia pesada, mas o Contrera carregava-a à vontade, como se estivesse acostumado. Sem conversar com vivalma, o Contrera conseguiu contudo sumir sem ninguém perceber.

Já o Contrera não conhecera Madalena. Enquanto estava por lá, o Contrera nunca a vira no saguão do bordel (só agora mesmo, nos braços do quadro de detritos). Mesmo enquanto conversava com o leão-de-chácara romeno, jamais reparara na prostituta Madalena, e olha que eram muitas as garotas que entravam e saíam com clientes nos quartos do lupanar.

A piscina já era passado agora, sem quadro descontrolado, reunião de apóstolos ou coisa que o valha. Enquanto todos esperavam o próximo desfecho, o próprio Contrera perguntava-se por que, afinal, precisava sempre andar tão ocupado. Afinal, tanta coisa acontecendo, por que ele precisava ficar de fora?

Acontece que agora ele estava no meio da trama. E ela parecia em nada mais se segurar, nada ao que parece tão consistente quanto sua própria pasta.

© Rodrigo Contrera, 2002.
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