Eis que quase adormeço
Na mansidão sutil da madrugada
Sentindo renascer em meu interior
A eterna chama de nosso começo
A queimar minha alma apaixonada
Ardendo no maior fogo de amor!
Tu, ao meu lado, repousas
Belo corpo, despojado em teu cansaço
Alienado deste dia que venceu...
Observo que mexer-te, se quer ousas
Envolvido ternamente em meus braços
Que aguardam a reação dos braços teus
Plácida, tua feição junto ao travesseiro
É a imagem de um Deus, que sabe ser feliz
E que se realiza à sombra desta vida
Então no meu silêncio, caro companheiro
Meus olhos te vislumbram, calmos e sutis
E gozo a ventura de ser-te a escolhida
Teu coração esconde mares de bondade
E generoso em ser, tu és minha razão
Tu és sem dúvida, um ser privilegiado
Em nosso quarto, santuário de verdade
Espalha-se o odor de nossa paixão enquanto tu despertas, sereno, ao meu lado
Juntos, fascinados, vamos percorrer
A doce jornada da embriaguez
Unidos, consumidos, loucos e febris
O nosso amor que só nos dá prazer
É o maior poema que alguém já fez
Literatura viva, do que é ser feliz...
Priscila de Loureiro Coelho |