Vencendo enormes resistências da consciência que não entende como um músico virtuoso pode ignorar que sua habilidade e ofício são maravilhosos dons de Deus, a quem deveria ser tributada toda e qualquer canção composta no Universo, quedo-me diante da excelência da música produzida pela banda Pink Floyd.
Muitos de meus conflitos tiveram suas músicas como pano de fundo, e suas melodias melancólicas, psicodélicas, “tristes”, ajudaram-me a compreender a solidão e o vazio de minha alma.
Esperem. Não pensem que estou delirando...O que quero dizer é que a música, essa invenção celestial, é um ingrediente fundamental em qualquer momento de nossa existência; e num momento em que seríssimas mudanças estavam em curso na minha vida, foi sob o som do Pink Floyd que tudo era refletido, questionado. Há, é claro, a colagem psicológica do momento à música, ou o inverso, muito típico de quando duas pessoas se descobrem apaixonadas, estando a tocar essa ou aquela música no exato momento em que os dois corações se descobriam. A partir de então aquela passa a ser a “música” da vida dos dois amantes.
Você não tem a sua música? Pois bem, Mother, Money, Us and Them, Time, todas as músicas de “The Dark Side Of the Moon”, representam um momento sublime da minha vida, a partir do qual minha história tomaria um novo rumo.
Ao saber que Roger Water está tocando muitas dessas músicas aqui no Brasil, sinto um aperto imenso no peito por não poder estar nos shows, ainda que seja para chorar, de tristeza ou alegria, reportando-me ao tempo em que, adolescente, resistia à necessidade urgente de ser quebrado o muro que me separava da felicidade...
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