Usina de Letras
Usina de Letras
241 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62073 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50480)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->A cultura de crueldade do Oriente Médio -- 01/07/2009 - 12:01 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Flagrada em vídeo: A cultura de crueldade do Oriente Médio

por Daniel Pipes em 25 de junho de 2009

Mídia@Mais
Opinião - Oriente Médio
http://www.midiaamais.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=606&Itemid=76

Cena de tortura cometida por déspota do Oriente Médio exibida na tv americana

Alguns dos mais corajosos e distintos analistas do Oriente Médio enfatizam a cultura de crueldade dessa região. Kanan Makiya intitulou seu livro de 1994 sobre os árabes de Crueldade e Silêncio. Fouad Ajami escreve sobre Beirute como “perdida para um novo reino de crueldade”, sobre “saque e crueldade e animus sectário” no Iraque e sobre “crueldade, desperdício e confusão” na região.

Essa crueldade, normalmente desconhecida das pessoas estranhas ao tema, ficou cinematograficamente vívida no dia 22 de abril de 2009, quando a ABC News divulgou um vídeo de um príncipe dos Emirados Árabes Unidos (EAU) torturando sadicamente um comerciante afegão acusado de desonestidade. Não menos instrutiva foi a reação passiva de seu governo e de funcionários do governo americano. A reportagem revela muito e merece ponderação:

Bassam Nabulsi
Em Abu Dhabi, maior e mais poderoso emirado dos EAU, a família Nahyan reinou/ governou e dominou por muito tempo. Após a morte do Xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan em 2004, que governou o emirado desde sua independência em 1971, seus 22 filhos e netos, por um longo tempo reprimidos, deleitaram-se com sua recém-descoberta liberdade de ação. Um deles em particular, Issa bin Zayed Al Nahyan, irmão mais novo do atual governante de Abu Dhabi e presidente da federação de sete membros dos Emirados Árabes Unidos, Khalifa bin Zayed Al Nahyan (nascido em 1948), enlouqueceu. “É como se você tivesse girado um botão e o sujeito tomasse um caminho errado na vida e começasse a ser violento”, comentou Bassam Nabulsi, 50 anos, de Houston, Texas, nascido no Líbano e antigo associado comercial de Issa.


Issa bin Zayed Al Nahyan
Issa conheceu Nabulsi em Houston, onde Nabulsi lhe forneceu serviços de hotelaria e limusines. Seu relacionamento evoluiu para uma parceria comercial que durou mais de doze anos. Mas agora, Nabulsi está processando Issa na corte federal em Houston por quebra de contrato; para fundamentar suas acusações, Nabulsi tornou público um vídeo com 45 minutos de duração, que mostra Issa torturando, em 2004, um comerciante de grãos afegão chamado Mohammed Shah Poor. Issa acusou o comerciante de lográ-lo numa entrega de grãos para seu rancho, no valor de US$ 5,000, e o atacou à noite num local remoto.


A ABC News veiculou uma reportagem televisiva inicial a partir desta fita de vídeo (que pode ser vista aqui). A reportagem impressa que a acompanha, “Fita de tortura implica Xeque Real dos EAU”, resume os detalhes repugnantes:


Issa forçando areia pela boca de Shah Poo
O Xeque começa forçando areia para dentro da boca do Issa atirando ao redor de Shah Poor
homem, enquanto oficiais de polícia contém a vítima. Então, ele atira com um rifle automático ao redor do homem enquanto este berra de forma ininteligível. Em outro momento do vídeo, o Sheik pode ser visto dizendo ao cinegrafista que se aproxime. “Mais perto. Mais perto. Mais perto. Deixe que o sofrimento dele apareça”, o Xeque diz.

Ao longo do vídeo, o Xeque Issa age de maneira crescentemente sádica. Ele usa um bastão elétrico contra os testículos do homem e o insere em seu ânus. Em outro ponto, enquanto o homem lamenta-se de dor, o Xeque derrama fluido de isqueiro em seus testículos e toca fogo. Então a fita mostra o Xeque procurando entre tábuas de madeira. “Eu me lembro de ter visto uma com prego”, ele diz no vídeo. O Xeque abaixa as calças da vítima e bate nele repetidamente com a tábua e seu protuberante prego.

Issa atropelando Shah Poo
Num dado momento, ele coloca o prego próximo as nádegas do homem e golpeia com o prego através da carne. “Onde está o sal”, pergunta o Xeque ao espalhar uma grande quantidade de sal nos ferimentos sangrentos do homem. A vítima pede por misericórdia, sem êxito. A cena final na fita mostra o Xeque posicionando sua vítima na areia do deserto e o atropelando repetidamente. O som de ossos quebrando pode ser ouvindo no vídeo.

Shah Poor sobreviveu a esta agressão contínua; Nabulsi diz que seus esforços frenéticos levaram Shah Poor a um hospital, onde ele passou meses se recuperando de ferimentos internos.

Issa dirigindo o cinegrafista
Nabulsi reconta que Issa fez fitas desta e de outras sessões de torturas, para que ele pudesse se deleitar em seu sadismo posteriormente, e escreve que “mantinha todos os itens de importância, comercial e pessoal Xeque Issa”, incluindo o vídeo de Shah Poor. Em Abril de 2005, Nabulsi explica que, devido às suas críticas às torturas de Issa, os dois parceiros comerciais se distanciaram. Nabulsi esconde a fita como evidência da depravação de Issa e, por sua vez, Issa envia a polícia de Abu Dhabi para recuperá-la. Quando Nabulsi desconversou, eles o prendem sob acusações insustentáveis de posse de maconha e o mantiveram na prisão de Al-Wathba por três meses.

Nabulsi diz que ele foi sujeito a muitas agressões durante seu encarceramento. De acordo com seu advogado em Houston, Tony Buzbee, enquanto oficiais de polícia enfiavam um dedo em seu ânus, eles diziam “Isso é do Xeque Issa. Você vai nos dar as fitas?”. Buzbee afirma que os guardas “o impediam de dormir, negavam-lhe seus medicamentos, diziam-lhe que iriam estuprar sua mulher e matar suas crianças. Eles o forçaram a posar nu enquanto tiravam fotos”. Supostamente, Issa ocasionalmente participava das sessões de tortura. Um tribunal, por fim, inocentou Nabulsi e ele conseguiu escapar de Abu Dhabi.

Quase tão revelador quanto o próprio vídeo foi a resposta a ele dada pelo governo de Abu Dhabi e dos EUA. Em uma declaração oficial, o primeiro considerou o assunto como resolvido privadamente entre Issa e Shah Poor porque os dois concordaram “em não levar acusações formais um contra o outro, ou seja, roubo de um lado e agressão do outro”. Compelido pela ABC News, o ministério do interior de Abu Dhabi reconheceu o papel de Issa no vídeo mas alegou que “O incidente representado na fita de vídeo não é parte de um padrão de comportamento”. Sua inspeção constatou que “todas as regras, políticas e procedimentos foram seguidos corretamente pelo departamento de polícia”. Quanto ao caso de Nabulsi, o interior “também confirmou que o Sr. Nabulsi não foi de maneira alguma maltratado durante seu encarceramento por posse de drogas”.

Seria válido mencionar que o ministro do interior de Abu Dhabi é um dos irmãos de Issa?

Já quanto aos funcionários da Embaixada dos EUA em Abu Dhabi, Nabulsi os avalia de maneiras distintas. Alguns sabiam sobre os vídeos de torturas mas não questionaram as ações de Issa. Em particular, Bill Wallrap, do Departamento de Segurança Nacional (Homeland Security), viu parte do vídeo um dia antes da prisão de Nabulsi; Nabulsi cita sua resposta aconselhando-o “pegue sua família e saia do país assim que possível para sua própria segurança”. Outros funcionários da Embaixada, no entanto, realmente ajudaram e Nabulsi diz que suas visitas a ele na prisão tiveram um papel crítico em sua sobrevivência e fuga do país. O Departamento de Estado de Hillary Clinton evidentemente tem permanecido silencioso sobre o assunto; foi revelador que, após assistir a 10 minutos do filme, um diplomata americano tenha comentado friamente: “interessante”.

No entanto, a dupla ação da ABC News de levar ao parte do vídeo da tortura e mostrá-lo também para o Deputado James McGovern (Democrata de Massachusetts), presidente da comissão de direitos humanos da Câmara dos EUA, teve consequências. Cinco anos após o incidente, autoridades de Abu Dhabi finalmente prenderam Issa, detiveram outros participantes na sessão de brutal violência, e anunciaram uma investigação criminal sobre a tortura.

Ainda mais inconvenientemente para os EAU, o vídeo da tortura ressurgiu bem no momento em que o governo dos EUA estava considerando um acordo de cooperação nuclear com os EAU, prejudicando a aprovação do projeto de lei. O Deputado Ed Markey (Democrata de Massachusetts) expressou a visão de muitos: “Um país em que as leis podem ser quebradas pelos ricos e poderosos não é um país que possa salvaguardar tecnologia nuclear sensível americana”. Não obstante suas vontades, o Departamento de Estado está sendo obrigado a levar o vídeo da tortura em consideração; o acordo nuclear foi adiado e enfrenta uma perspectiva incerta no congresso.

Comentários:

1. A raiva irrestrita de Issa por uma entrega de U$5.000 simboliza perfeitamente a cultura de crueldade do Oriente Médio. Aqueles que têm poder, o exibem e se pavoneiam.

2. O que aconteceria com alguém acusado de roubar U$10.000? O que poderia acontecer com Bernard Madoff [*] em Abu Dhabi?

3. Issa e seus capangas aparentam prática na tortura – sugerindo que já a infligiram anteriormente. De fato, Nabulsi diz que ele possui mais vídeos como esse.

4. Abu Dhabi possui um governo relativamente benigno; arrepia pensar o tipo de diversão que gozam os poderosos dos estados árabes mais radicais.

5. Enquanto o mundo continua a diminuir, como o Ocidente pode manter distância desse aspecto aterrorizante da vida no Oriente Médio?

22 de Maio de 2009, atualização: “Apesar de vídeo de tortura, EUA e os Emirados assinam pacto chave” declara a manchete do New York Times hoje. O acordo de U$40 bilhões será submetido ao Congresso, onde oponentes do acordo possivelmente serão incapazes de reunir uma maioria de dois terços para rejeitá-lo, apenas porque tal acordo deverá criar mais de 10.000 empregos.

Publicado originalmente na FrontPageMagazine.com em 15/05/2009

Também disponível em danielpipes.org

Tradução: Roberto Ferraracio
[*] Nota Redação M@ M: Ex-presidente da Nasdaq, responsável por fraude de bilhões de dólares.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui