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Ensaios-->Uma autocrítica pós-socialismo real -- 01/07/2009 - 08:50 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma autocrítica pós-Socialismo Real

Carlos Azambuja 30 Junho 2009

Mídia Sem Máscara
Artigos - Movimento Revolucionário

Após o desmoronamento do socialismo real muitas foram as autocríticas de militantes que perderam o rumo. Reconheça-se, no entanto, que alguns persistem. Uns sugerem um retorno a Marx. Outros afirmam que a culpa foi de Stalin, que distorceu Marx e Lênin.

'Definitivamente, os modelos de militância que marcaram os setores mais radicais da esquerda por cerca de 70 anos se esgotaram. Figuras como 'o bolchevique, o agitador anarquista, o guerrilheiro urbano, o soldado-partido', não mais existirão, pois as regras que regulavam o funcionamento dos coletivos que constituíam essas figuras jurássicas foram derrubadas. Uma dessas regras, a fundamental, foi aquela que a Rainha Vermelha, do livro 'Alice no País das Maravilhas', bradava: `Primeiro a sentença; depois o veredicto'.

(Carlos Ilich Santos Azambuja)

Após o desmoronamento do socialismo real muitas foram as autocríticas de militantes que perderam o rumo. Reconheça-se, no entanto, que alguns persistem. Uns sugerem um retorno a Marx. Outros afirmam que a culpa foi de Stalin, que distorceu Marx e Lênin.

Entre estes últimos, há também aqueles que, embora sem deixar de acreditar na utopia, fizeram uma autocrítica, como o kamarada que escreveu o texto abaixo, culpando não a doutrina científica, mas aqueles que não souberam colocá-la em prática:

'A derrota da Frente Sandinista, em 1990, nas eleições presidenciais na Nicarágua demonstra que, sem paz e pão, não se pode esperar que o povo reconheça na esquerda a sua vanguarda.

De fato, é a esquerda que, histórica e teoricamente, se tem autodenominado vanguarda, termo pomposo que dá a quem o pronuncia a ilusão de comando. Não fossem tão pretensiosos, talvez preferissem se considerar retaguarda.

Ora, como poderia o povo rejeitar, pelo voto livre e secreto, a sua vanguarda, e escolher a candidata do imperialismo, se a teoria determina que os trabalhadores no poder não podem cometer suicídio de classe? Pode-se resolver o enigma admitindo-se que a teoria está certa, o povo é que anda errado...

O antigo militante, companheiro de lutas e mutirões, virou dirigente e, logo, ocupante de um cargo de destaque na estrutura de poder. Enquanto os jovens partiam para a frente de combate e as mulheres perdiam o alento diante da acelerada desvalorização do córdoba e do crescente aumento dos preços, alguns dirigentes viviam em condições privilegiadas, distantes do trabalho de base e da população.

Se a Nicarágua sandinista fracassou por culpa do imperialismo, o mesmo não se pode dizer a respeito do socialismo europeu. Não houve agressão militar e nem o espectro da fome rondou os lares. Foi a própria população que, saturada da burocracia e fascinada pelo consumismo neoliberal, deu um basta naquele modelo político imposto em decorrência da partilha da Europa, ocorrida no fim da Segunda Guerra. Onde imperava a ditadura do partido, o povo exigiu democracia; onde se impunha severo controle ideológico, sob aparato policial, o povo pediu liberdade.

A desintegração da União Soviética, por sua vez, deixou a nu o socialismo cubano. Em 30 anos, a Revolução não logrou criar uma infra-estrutura mínima de auto-sustentação. A dependência entranhou-se nas próprias estruturas do Estado. E, a exemplo do que ocorreu na Nicarágua, as fronteiras entre o Estado e o partido perderam nitidez.

Não é nada fácil resistir quando se defronta com um apartheid turístico, pelo qual os estrangeiros têm acesso aos mais sofisticados bens de consumo e aos melhores espaços de lazer da ilha, enquanto a população carece de sabão e enfrenta filas intermináveis para comprar um simples sorvete.

Só haverá socialismo se houver socialistas revolucionários. E estes só terão êxito se fortalecerem a organização popular'.

A matéria acima não é um relatório da CIA e também não é um texto escrito por exilados cubanos em Miami. Foi escrita por Frei Betto. Está nas páginas 409 a 413 do seu livro 'O Paraíso Perdido', editora Geração Editorial, 1993.


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