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Artigos-->a libélula e o escorpião -- 12/03/2002 - 14:11 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Parafraseando Cazuza, meus heróis estão morrendo por overdose de arrogância, incompetência e infantilidade. Meus heróis são os companheiros do PT, e seus vícios são a disposição férrea, do grupo mais forte, quero dizer, em não realizar as prévias, e, em outro extremo, a de se aliançar politicamente com o PL. Nem mesmo a derrocada da farsa que é Roseana Sarney parece despertar na cúpula petista o senso da oportunidade única e histórica de chegar à Presidência da República.



A primeira disposição faz-me refletir sobre o perigoso vírus do pensamento único, pela imposição de uma candidatura desde sempre tida como a única possível, viável, sem a qual qualquer pretensão do PT em chegar ao poder perde a essência naquilo em que se funda essa pretensão: somente Lula simboliza, encarna, materializa a vitória do pobre contra o rico, do oprimido contra o opressor, dos excluídos sobre os que excluem, dos apartados socialmente sobre os abastados, enfim, dos princípios socialistas sobre os perversos postulados do neo-liberalismo.

Ungido pelo PT como o único ser capaz de consubstanciar os sonhos de uma geração, Lula arroga pra si o direito, ou melhor, a condição quase divina da inquestionabilidade, da insusceptibilidade de idéias e conceitos sobre o mundo e sua realidade, posição inflexível a partir da qual se formou e se consolidou a imagem de um partido imune às vicissitudes que corroem qualquer organização humana, uma vez formada por homens em si mesmos falíveis e moralmente condicionáveis. Recusar-se a debater com Eduardo Suplicy por achar que nada há para ser debatido, confere a Lula uma arrogância somente atribuída aos césares romanos, os quais se viam a si mesmos como deuses na terra, a cuja presença deveriam todos os mortais se curvar, obedecendo-lhes as palavras sem o mínimo questionamento, sob o risco de serem eliminados sumariamente.



A aliança com o PL é frustrante, uma vez que nega a coerência política que sempre caracterizou o PT, além de contraditar subsidiariamente a recusa de Lula ao debate com Suplicy; sim, pois como pode Lula se recusar ao debate de idéias com um companheiro de partido, dando a entender que não abre mãos de suas convicções, ao mesmo tempo em que admite fazer concessões a um partido liberal?



Que incoerência bizarra! Um dos dois partidos, em se confirmando a aliança, terá que abrir mãos de convicções políticas que historicamente revelaram a natureza de sua compreensão de mundo.É impossível conservar intactas, numa relação de convivência pacífica, posições antagônicas quanto ao, digamos, exageradamente alto lucro dos banqueiros nacionais, à custa da miséria de milhões de pessoas vítimas de uma prática de juros predatória, sustentada pelos bancos com a anuência do governo neo-liberal de FHC. Esse é apenas o menor dos exemplos!



Espero voltar a ter esperanças no PT que nunca precisou capitular, nunca se sentiu obrigado a flertar com setores do liberalismo, negando sua própria história simplesmente para chegar ao poder. O poder pelo poder parece ser a lógica do PT majoritário. E se para tanto o partido lançar mão de um pragmatismo suicida, unindo-se ao PL, que se prepare para a própria morte, pois o escorpião que atravessou o rio sobre a libélula matou-a tão logo se sentiu a salvo. A razão do ato, segundo a fábula, é que o escorpião não tinha como negar sua natureza, sendo compelido a envenenar sua companheira de viagem.



O PT é a libélula que quer atravessar o rio, chegando ao poder; o grande risco da empreitada é que seu companheiro, à semelhança do escorpião, cedo revelará sua natureza, voltando-se contra quem o ajudou a chegar lá. Afinal, desde quando as elites agiram contra sua natureza?

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