O RELÂMPAGO E O SONHO
J.B.Xavier
À Tânia, uma leitora assídua.
Poemas são como a luz do sol,
Como um sonho,
Que nos conduz em viagens maravilhosas,
Como um relâmpago,
Cruzando num átimo os céus...
E como explicar a carícia da luz do sol
Sobre a pele arrepiada?
Como descrever convenientemente um sonho,
Cujas imagens apenas tu vistes?
Como saber se houve som no cair do relâmpago
Em distante floresta onde não havia ninguém para ouvir?
Mas, mais importante que tudo,
Para que explicar a luz do sol,
Ao invés de sentir o maravilhoso arrepio da pele?
Para que descrever o sonho,
Se podes vivenciá-lo?
E que importa se houve som na queda do relâmpago,
Se podes, ainda que por um breve instante,
Te maravilhar na luz intensa que se faz?
Portanto, arrepia-te,
Quando versos contiverem alguma luz que te traga calor.;
Sonhes, quando sensíveis estrofes
Conseguirem te fazer flutuar
Por lugares que somente tu conseguirás visitar,
Ao sabor das imagens que elas te trazem.;
Mas, ainda mais que tudo...
Não tentes olhar diretamente para a luz do relâmpago,
Porque verás tudo com tanta clareza
Que acabarás cega e não verás mais nada!
* * *
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