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Contos-->Tudo Começou....parte 12 -- 19/12/2002 - 20:57 (Lucilene Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Como estariam todos? E o Celso? Eu prometi a ele que não o abandonaria. E o pequeno Eduardo, e as crianças?
Desesperada levantei-me, foi quando Eduardo me abraçando disse:
Eu cuidei deles pra você, todos estão bem. Você ainda confia em mim, não confia?
Claro que confiava, mas precisava vê-los, precisava cumprir minha promessa e então pedi para o Eduardo:
-Por favor, me perdoe. Mas preciso vê-los, mesmo confiando em você eu prometi pro Celso e não posso abandona-los.
Eduardo sorriu e disse:
-Ana, sempre a mesma Ana. Sei que o que diz é verdade, ainda bem que estamos num Plano Espiritual Evoluído, por que senão, com certeza agora estaria sentindo ciúmes de você!
Sorrindo, me abraçou Eduardo me levou a um lugar lindo, onde encontrei D. Izabel e muitas outras pessoas conhecidas. Fui muito bem recebida e todos já sabiam do meu desejo de visitar Celso e as crianças. Ali parecia que nossos pensamentos estavam estampados em nossa testa. Todos sempre sabiam das necessidades, angustias e dúvidas uns dos outros. Mas isso, só as pessoas que já estavam mais evoluídas, que não era o meu caso.
Eduardo conseguiu a licença para a viagem e a visita.
Era noite quando chegamos ao Orfanato, muitas surpresas me esperam. Logo que chegamos, notei que Celso havia mudado a placa com o nome do Orfanato.
Agora se chamava: “O LAR DE ANA”. Também havia na sala de visitas, uma enorme foto minha sobre a lareira com uma pequena biografia sobre minha vida, mas à parte que mais me chamou minha atenção foi a que dizia assim:
-Hoje muitos podem pensar que Ana, não passa de uma doce lembrança, de uma saudade. Mas estão enganados ela continua aqui, se você pensar nela e fechar os olhos, conseguirá vê-la com os olhos da alma!
Achei lindo e verdadeiro isso, pois eu estava ali como havia prometido.
Tudo estava muito silencioso, as crianças já estavam dormindo. Então caminhei até os quartos e um a um fui beijando e matando as saudades. Quando cheguei perto do meu pequeno Eduardo, uma emoção muito grande tomou conta de mim. Como ele estava lindo, mas que sombra era aquela sobre sua cabeça?
Então olhei para Eduardo que me acompanhava e ele respondeu:
-Calma, ele só está tendo um sonho ruim. De um beijo nele, deixe que ele sinta sua presença e verá que logo estará bem.
Então me abaixei, abracei, beijei e sussurrei em seu ouvido:
-Dorme em paz meu amor. Mamãe está aqui e vai sempre te proteger.
Nesse momento aquela sombra desapareceu e ele sorriu. Fiquei feliz e agradeci a Eduardo por me ajudar.
Caminhei por todo o Orfanato, olhei tudo, conferi cada cantinho e quando cheguei à biblioteca encontrei Celso.
Nossa que mudança! Estava diferente, parecia até mais velho.
Nesse momento, me virei pra Eduardo e muito insatisfeita disse:
-Por que ele está assim? Você não me disse que tinha cuidado de todos? Desculpe, mas parece que não é verdade!!
Eduardo me olhou e calmamente respondeu:
- Nos tentamos Ana. Eu e meus amigos estivemos aqui todos os dias, mas ele nos rejeitou, não aceitou ajuda. Só queria você, só pensava em você, só chamava por você. Agora você terá que ajuda-lo, senão....
Senão o que? O que aconteceria se eu não conseguisse? Fiquei assustada, mas sem nem mesmo perguntar nada a Eduardo, me aproximei de Celso.
Ele estava jogado numa poltrona, barba por fazer, nem cheirava muito bem. Então carinhosamente toquei sua face, ele se virou como se tivesse sentindo aquele toque.
Aproximei-me, ajoelhei-me junto a ele e comecei a falar:
- Celso estou aqui. Perdoe-me, não fugi a minha promessa, se demorei foi por que precisei de um tempo. Mas agora estou aqui, sei que você pode sentir isso, sei que de alguma forma você vai me ouvir então preste atenção.
Te fiz uma promessa, mas você também me fez uma, lembra? Eu estou aqui cumprindo minha parte, por que você não fez o mesmo? Estive com as crianças, elas estão bem tratadas, cuidadas com carinho eu senti isso. Mas e você? Por que está assim?
Nesse momento Celso se levantou, foi até um espelho que havia na biblioteca e como se tivesse me ouvido, passou a mão pelo rosto.
Continuei então falando:
- A partir de agora, você terá que cumprir sua promessa, eu preciso disso, as crianças precisam disso, mas acima de tudo você precisa disso. Não se deixe levar por caminhos onde eu não possa te ajudar, você tem que ser forte e reagir, ou então eu não poderei estar com você. E não é isso que você quer é?
Nesse momento Celso foi até a janela, e olhando para o céu, que estava repleto de estrelas falou bem baixinho:
-Obrigado Senhor! Posso sentir que a vida me foi devolvida!
Eduardo me olhava e olhava Celso, foi então que disse:
-Ana vamos.
Vamos? Aonde vamos? Eu não ia a lugar nenhum, eu ia ficar ali e ajudar o Celso.
-Não Ana, por hoje você já fez o que podia. Amanhã você volta. Ele precisa dormir e nós precisamos nos recuperar de todas as energias perdidas nessa viagem.
Mesmo não concordando muito com Eduardo eu o segui.
Na manhã seguinte estava eu lá de novo. Mas tudo era diferente, as crianças estavam correndo e pulando pela casa, algumas tomando o café da manhã, outras já se preparando pro Colégio.
Mas eu não via Celso, então fui até a biblioteca e lá estava ele em uma reunião.
Fiquei admirada com o que vi. Estava barbeado, bem vestido e perfumado. Falava com todos em um tom de voz firme e autoritário, esse era o Celso que eu conhecia.
Fiquei ali e acompanhei tudo, a reunião terminou e então Celso foi até a sala de visitas, parou diante do meu retrato e disse:
-Você cumpriu sua promessa, sei que está aqui, então eu cumprirei a minha. E sorrindo começou a brincar com as crianças.
Nesse momento, olhei em direção as escadas e lá vinha meu pequeno e amado filhinho Eduardo. Correndo e chamando por Celso dizia:
-Papai, ela voltou. Eu sei disso, esteve comigo ontem. Beijou-me e disse que agora estará pra sempre aqui junto a nós!
E sorrindo se abraçou a Celso, que chorando respondeu:
- Eu sei filhinho, eu também sinto isso. Agora voltamos a ser uma família feliz.
Eu me emocionei e os abracei.
Murmurando, disse a eles:
- Nunca, que mil anos se passem eu esquecerei de vocês, por que os amo demais.
Os dias foram passando e eu e Eduardo estávamos sempre por ali no orfanato. Sempre que algo precisava ser resolvido de alguma forma eu tentava ajudar e Eduardo sempre me apoiava.
Numa manhã, chegou ao orfanato uma mulher de olhar triste, expressão de preocupação, misturada com medo e insegurança. Eu e Eduardo fomos ao seu encontro, então Eduardo me disse:
-Ana, sei que você ainda não é capaz de saber o que está acontecendo com essa nossa irmã. Mas com certeza ela vai precisar muito de nossa ajuda e talvez mais ainda de sua interferência.
Não entendi bem o que Eduardo dizia, mas sabia que alguma coisa estava pra acontecer e eu não sabia se conseguiria resolver aquilo.
Ela se apresentou da recepcionista e disse que queria falar com o responsável por aquele orfanato. Então a garota pediu que ela se sentasse e foi avisar Celso.
Minutos depois a garota voltou e mandou que ela entrasse, pois Celso iria recebe-la.
Eduardo me disse:
-Ana vai com ela, pois ela precisará muito de você.
Nem discuti, segui aquela mulher. Quando entramos na biblioteca Celso estava à espera e disse:
-A senhora quer falar comigo, pois não, estou as suas ordens, sente-se.
Então meio temerosa ela se sentou e começou a falar:
-Sei que o senhor não me conhece, mas eu preciso muito lhe contar uma história, que pra mim é muito triste, mas não sei como o senhor vai entender.
Fiquei muito curiosa e percebi que Celso também. Então ela continuou a falar:
-Meu nome é Paula, tenho vinte e quatro anos, embora pareça mais, eu sei disso, mas não importa. A mais ou menos uns nove anos eu fiquei grávida e como o senhor pode ver, eu era muito jovem e não tinha muito que oferecer a esse bebe.
Mas em momento algum eu pensei em fazer um aborto. Tinha esperança de que quando ele nascesse, meus pais me apoiassem e eu pudesse cria-lo, mas me enganei.
Procurei pelo pai dele, que também me virou as costas. Então desesperada logo depois de sair do hospital, fiquei na rua com meu filhinho. Morei embaixo de uma ponte onde alguns mendigos me ajudaram, eu tinha bastante leite e então o bebe ficou bem.
Mas não era isso que eu queria pra ele, queria que ele tivesse uma casa, um lar. Tivesse conforte, pudesse ser amado e eu sabia que naquele momento eu não podia oferecer nada a ele. Foi então que durante uma batida policial, todos fugiram, mas eu fiquei. Um policial se aproximou e viu que eu tinha um bebezinho nos braços. Começou a me fazer perguntas, no inicio ele achou que eu tivesse raptado aquele bebe, mas eu tinha os documentos da maternidade e também os meus.
Então me falou que eu seria conduzida para a Delegacia e com certeza meus pais seriam avisados. Disse a ele que de nada adiantaria, pois eles haviam me rejeitado e também o bebe.
Então naquele momento ele me perguntou o que eu queria que eles fizessem e eu disse, para que, por favor, ajudassem meu filhinho e me deixassem partir. Houve um silencio muito grande, eles se olharam e então disseram. Que não era certo isso, mas como viam sinceridade em minhas palavras eles me ajudariam.
Senti muita confiança naquele momento e entreguei meu bebezinho a um dos polícias e pedi que o levassem pra um lugar onde com certeza ele pudesse ser amado e cuidado.
Fui embora sem nem mesmo olhar para traz, por que não era isso que eu queria fazer, mas era o que tinha que ser feito naquele momento.
Durante todos esses anos, estive na rua, me prostitui, trabalhei e hoje já posso me dizer digna de me apresentar ao meu filho.
Eu e Celso ouvíamos a tudo perplexos. Não sei se Celso já sabia de quem ela estava falando mais eu sabia, era do meu pequeno Eduardo. Então ela continuou:
- Sei que o senhor tem todo o direito de me negar isso, mas peço que, por favor, tente me compreender.
Celso se levantou e começou a caminhar pela sala, sabia que isso não era um bom sinal. Então fiquei esperando pra ver o que ia acontecer, o que eu poderia fazer pra ajudar.
Foi quando Celso começou a falar:
-Olha, sua história é mesmo muito triste. Mas não estou entendendo o que nós aqui do orfanato temos com isso. A senhora poderia me explicar?
Então Paula continuou sua história:
-Quando entreguei meu bebezinho, gravei o nome do policial e mesmo depois de muito tempo ter se passado eu não esqueci. Quando resolvi que seria à hora de tentar encontrar meu filho, busquei por ele. Foram meses procurando, mas não desisti até que o encontrei.
Hoje ele nem é mais policial, mas quando comecei a contar a história ele se lembrou e me disse, que havia deixado meu filho aqui.
Disse que sabia da existência desse orfanato e que ninguém faria perguntas, por isso ele o havia deixado aqui. Disse-me que eu procurasse por Ana, mas quando entrei vi o quadro na parede descobri que ela não mais cuida do orfanato. Por isso pedi que me deixasse falar com o responsável.
Espero que o senhor possa me ajudar, se meu filho foi adotado eu sei que o perdi pra sempre, mas não quero prejudica-lo, só quero noticias e se possível poder vê-lo nem que seja a distancia.
Pobre garota, quanto sofrimento. Nesse momento fui pra junto de Celso e tentei passar pra ele, que tudo o que a garota dizia era verdade. Mas Celso de repente, virou-se para Paula e disse:
-Sua história é muito comovente, mas como você espera que seu filho entenda isso? Como você pode esperar que depois de todos esses anos ele ainda deseje te conhecer?
Paula estava calada, chorava baixinho e nada respondeu. Então pedi a Eduardo que me ajudasse, pois eu não sabia o que fazer, ele então veio até a biblioteca se aproximou de Paula e acalmou seu coração. Enquanto eu fui até Celso e como se ele pudesse me ouvir disse:
-Celso, não julgue essa garota. Não temos esse direito, apesar de amarmos muito o nosso Eduardo, ela é a mãe dele. Por favor, se acalme e tente uma solução para isso, pense bem.
Como se tivesse realmente me ouvido, ele caminhou em direção a Paula e disse:
-Vamos fazer o seguinte. Você pode vir aqui hoje à noite?
Paula entre lagrimas respondeu que sim, e Celso continuou:
-Então venha e jante comigo e com as crianças. E depois voltamos a discutir sobre o seu assunto. O jantar é servido as 19:00 horas.
Paula levantou, se despediu de Celso e foi embora.
Às vezes eu não entendia as atitudes do Celso. Tinha sido tão frio com a garota, onde estava aquele homem doce e compreensivo, onde estava aquele amigo?
Foi então que Eduardo que sabia tudo que eu pensava me disse:
-Ana seja sensata, Celso também está sofrendo. Ele já entendeu que o filho dela é o pequeno Eduardo, e esta com medo de perde-lo como pensa que te perdeu.
Como Eduardo sabia das coisas, eu fiquei admirada e pedi que então me ajudasse. Foi quando ele respondeu:
-Sinto muito Ana, você terá que fazer isso sozinha, o Celso nunca aceitou nossa interferência. Vamos embora, você descansa, recupera suas energias e volta. Então você conseguirá pensar numa solução para esse problema.
Assim fizemos, fomos embora. Quando cheguei em meu quarto, me deitei e comecei a pensar.
Como faria para deixar a pobre garota se aproximar do filho sem que Celso o perdesse?
Como faria o pequeno Eduardo aceitar aquela mãe que não conhecia?
Comecei a pensar e orar, até que adormeci.
Já eram quase 19:00 horas, quando Eduardo me acordou e disse:
-Vá Ana, está na hora. E desta vez você terá que ir sozinha. Eu fico aqui e oro por todos, mas especialmente por você, pois você vai precisar.
Fiquei meio preocupada, mas resolvi que teria que enfrentar.
Eram 19:00 horas em ponto quando cheguei ao orfanato e Paula já estava lá, estava parada diante da minha foto e como se soubesse me pedia ajuda.
Coloquei minha mão sobre seu ombro e disse:
-Calma eu vou tentar, não desista. Eu estou do seu lado.
Nesse momento Paula se virou, como se procurasse por mim. Foi quando se assustou com a presença de Celso. Meio sem jeito falou:
-Ela era sua esposa, não era?
Celso balançou a cabeça afirmativamente, e ela continuou:
-Eu depois que sai daqui hoje estive no cemitério, visitei o túmulo dela e pude sentir que não é lá que ela está. Ela está aqui, e agora nesse momento está bem próxima de nós.
Celso olhou admirado para Paula e perguntou:
-Como sabia onde era o cemitério? E como pode dizer, que ela esta aqui agora?
Paula explicou que havia conversado com alguns funcionários e já sabia de toda a história que envolvia o Orfanato, as crianças e principalmente a mulher da foto.
Foi quando Celso disse:
- Ana, esse é o nome dela. Nunca diga a mulher da foto, diga Ana.
- Por que Ana é a razão de tudo isso, Ana é a vida de todos nós aqui, Ana não morreu, ela só renasceu pra uma nova existência e como você mesmo disse ela está aqui sempre...............
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