lembra o barquinho da infância?
- eu punha na correnteza e saia correndo
antes da boca de lobo
para novamente
vê-lo navegar
nesse barquinho, teus poemas
tua amizade sonora e luminosa
tua risada, nada que eu possa perder
teu verso apaixonado, noturno,
como pétalas perfumadas
sobrevoando meu dia
tuas lembranças dos Alagados
tuas noites enluaradas
tuas mulheres mornas
tua inútil saudade
vai, Nelsinho, ser feliz na vida
nessa baia de todos os santos
de mangues e rebentos tristes
buscando as luas do teu peito
espalhando as rosas do teu sonho
vai, Nelsinho, que o amor te espera
na esquina perdida
aquela que te aguarda
silenciosa, misteriosa
perfumada
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