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Cronicas-->Bordas Arenas -- 20/09/2002 - 10:01 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sou fruto do tempo, mas não tenho mensagem.
Sou horda do passado, mas não tenho histórias.

Correndo,
passo às bordas arenadas, sem
roçá-las,
e vesgo olheiros de musgos às margens de meu poço.

Se afundo, a altura é minha,
a cor é escura, e sou dono dela,
se desço, a distància me compõe,
entre o que há mais de vazio,
o que fala mais de solidão.

E, hoje, arrependido,
só peço perdão a quem não houve.

Mas,como advinhar que meu pai tinha razão.
Como advinhar que a vida dá voltas e,numa delas, ele desaparece feito
ave fugindo da noite?

Hoje,sozinho,meus pesadelos simples se convertem em angústias aameixadas de dor.

E me pergunto, enquanto profundo:

Pai, porque não olhei à volta, quando me chamou de filho?
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