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Ensaios-->O governo e a inflação -- 22/05/2008 - 21:16 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O GOVERNO E A INFLAÇÃO

Nivaldo Cordeiro

21/05/2008

Em seu último programa de rádio o presidente Lula declarou: 'A inflação é uma obrigação de todo brasileiro, que deve cuidar para que ela não aconteça. Sabe, é do trabalhador que compra, da dona de casa que compra, do empresário que produz, do atacadista que vende, do varejista e do governo'. Ontem Lula voltou ao tema, e podemos ler sua posição sobre o assunto, no Estadão de hoje: “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem um alerta para os riscos da volta da inflação no País, destacando que ela representa `’a pior desgraça`’ para os assalariados. Em discurso feito no anúncio de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na favela de Heliópolis, ele destacou: `’Não podemos deixar a inflação voltar``. E eximiu seu governo de maior responsabilidade. ``E a culpa não é do governo, não. A culpa é de quem compra e de quem vende, de quem governa e de quem não governa.`’

Não se surpreenda o leitor, mesmo que leigo em matéria de ciência econômica, que perceberá a contradição abissal entre os fatos, a análise presidencial e o que fará o governo sobre o assunto. Mesmo um leigo sabe que essa afirmação de Lula contra a inflação não passa de peça de retórica. A inflação é um fenômeno monetário e, enquanto tal, de responsabilidade exclusiva do emissor de moeda, no caso o Governo Federal. Não é o povo – o trabalhador que compra, da dona de casa que compra, do empresário que produz, do atacadista que vende, do varejista e do governo – o responsável por ela, mas o próprio presidente da República, em última análise. O povo que forma preços os pratica no mercado apenas sofre os efeitos do fenômeno, sobre o qual não tem poder algum.

A afirmação de Lula é uma completa inversão da realidade, a reconstrução da mesma no mundo da fantasia. Quem observa a cena da política brasileira sabe que uma bomba-relógio inflacionária foi armada desde que Lula assumiu, basicamente em virtude de dois fatos: os elevados e crescentes gastos do Estado (nas três esferas de poder) e a generosa política salarial. O terceiro fator, que costuma acelerar o processo inflacionário, o câmbio, por enquanto está neutralizado, mas saberá Deus por quanto tempo. Mesmo com o câmbio neutralizado o que vemos é a contínua expansão dos índices de preços. A alta generalizada de preços poderá formar um cenário em que a inflação de 2008 poderá encostar na casa dos dois dígitos, mesmo sem crise cambial. Seria uma catástrofe, o país perderia a grande conquista das últimas décadas, que foi debelar a inflação.

Bem sabemos o que significa a sua volta. Dificilmente esse governo, pela crença que tem, pelo discurso que prega, pelos compromissos assumidos com seus acólitos e com o descompromisso com a coisa pública reverterá as políticas que estão determinando a volta da inflação, pelo menos não antes das eleições de 2010. Quando os indicadores macroeconômicos sinalizarem o agravamento do déficit público e os preços saírem do controle, com impactos sobre a opinião pública, é de se esperar que Lula e seu partido venham fazer o que todos os esquerdistas costumam fazer: culpar as vítimas pela causa dos males. A tentação de utilizar as vias heterodoxas para segurar os índices será grande e a primeira delas certamente será o controle governamental de preços. Esse filme já o vimos antes por aqui, está a acontecer neste momento na Venezuela e na Argentina, com as nefastas conseqüências de costume: desabastecimento, redução da produção, empobrecimento generalizado. E mais inflação.

O cuidado com a inflação é obrigação do governo, ao contrário do que disse Lula, e não do povo. Para isso existe um Banco Central, que tem o monopólio da emissão de moeda. Mas este organismo, sozinho, é impotente para segurar os preços mesmo que faça a coisa certa, aquilo que dele se esperar, que é o controle da liquidez sistêmica. A inflação também reflete a tentativa de abolição da lei da escassez, o sonho impossível de todo esquerdismo. Um exemplo grave é a política salarial. Os economistas costumam medir a relação taxa de câmbio/taxa de salário como determinante da absorção da economia. Um desequilíbrio aqui provoca a crise cambial, que já está a caminho. E outro efeito é que a taxa de salário determina diretamente a formação dos preços.

Não haverá como segurar a inflação com a política de salário mínimo instituída. E não haverá como segurar gastos públicos também, vez que o salário mínimo regula boa parte da remuneração das aposentadorias e dos funcionários do Estado. Essa generosidade é populista no limite e está cobrando seu preço com a elevação dos preços. E a Petrobrás não terá como segurar a elevação dos preços internacionais do petróleo. Portanto, as pressões inflacionárias chegam de todos os lados. O povo não tem como se defender disso. É o governo que precisa fazer a sua parte, segurando emissão de moeda.

Está chegado a hora de demonstrar que o projeto esquerdista de poder é irracional e insustentável no tempo, mesmo que haja uma conjuntura internacional favorável como a que vivemos. É a hora de provar que Lula não é um estadista, e que com o poder não se pode ser leviano. Entendo que não há mais tempo para bondades governamentais, é chegada a hora da onça beber água. O índice geral de preços é o melhor termômetro para medir essa doença degenerativa do organismo que é o esquerdismo. É chegada a hora mais silenciosa, aquela em que os populistas nada terão a dizer que não sandices, como aquelas do Lula citadas acima. Suas teorias, sua retórica e sua suposta boa intenção mostrarão sua verdadeira face: incompetência, despreparo, irresponsabilidade e incapacidade de viver a realidade como ela é. A lei da escassez afinal sempre haverá de se impor.

Haverá choro e ranger de dentes.

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