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Ensaios-->Unilateralismo externo e demagogia interna -- 18/05/2008 - 20:56 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
www.faroldademocracia.org

Unilateralismo externo e demagogia interna

Armando Ribas

Advogado, Professor de Filosofia Política, escritor, jornalista, Ex- Assessor do Ministério das Relações Exteriores da Argentina. É Consultor do FDR


Eu tenho uma norma que diz que só falo das coisas que não sei que não sei. O caso da guerra do Iraque é um tema que na ordem bélica me transcende, e a única coisa que posso dizer é com respeito aos resultados políticos não muito favoráveis que se obteve da mesma.

Originalmente, a decisão de invadir o Iraque foi adotada sob a hipótese de que Hussein tinha armas de destruição massiva. Os fatos mostraram que as mesmas não apareceram. Porém, pior ainda é que existe a aparente convicção de que o governo americano tinha conhecimento de que tais armas não existiam, e não obstante tomou-se a decisão de invadir o Iraque unilateralmente. Como era de se esperar, tanto a França quanto a Alemanha se opuseram e o apoio da Espanha unido a Atocha custou a presidência a Rajoy, ou seja, ao partido popular.

O problema no Oriente Médio tem múltiplas facetas, porém, é indubitável que um dos erros máximos dos Estados Unidos na zona foi o de provocar e apoiar o derrocamento do Xá do Irã. Essa foi a decisão de Carter com o assessoramento do Sr. Brzezinski, marxista declarado. O resultado angustiante e quase ridículo dessa decisão é conhecido de todos. Assim se produziu o advento do fanatismo religioso dos Mullah e por conseguinte o consabido anti-americanismo. Conseqüentmente, os Estados Unidos perderam o apoio político na zona de um chefe de Estado que, embora não fosse democrático, era pró-ocidental.

Produziu-se então a guerra entre Irã e Iraque, e os Estados Unidos viram-se na necessidade de apoiar Hussein. Foi Kissinger quem, referindo-se à mesma, disse que nessa guerra ele queria que perdessem os dois contendores. E tanta razão tinha que finalmente os Estados Unidos tiveram que opor-se a Hussein quando este tentou apoderar-se do Kuwait. Porém, ali ficou e Bush pai não atacou o Iraque.

Ante a realidade da não existência das armas de destruição massiva e ainda do fato de que Hussein não apoiava o terrorismo da Al Qaeda, surgiu a tese de conseguir a democratização da zona como um meio de alcançar a paz. A política de usar as armas para estender a democracia no mundo é um erro conceitual político que parte de se haver aceitado a falácia da teoria de Kant da “Paz Perpétua”. Como bem dissera Juan Bautista Alberdi: “Porém, na criação e exercício da liberdade interior de um país o mundo não tem parte alguma”. A esse respeito é necessário lembrar a diferença entre a liberdade interna (respeito pelos direitos individuais) e a liberdade externa ou independência, noção em geral desconhecida na Europa. A propósito, disse igualmente Alberdi: “A pátria é livre quando não depende do estrangeiro; porém, o indivíduo não é livre quando depende do Estado de um modo onímodo e absoluto”. Não pode haver melhor exemplo desta realidade do que Cuba e Porto Rico (as duas asas de um pássaro). Cuba é independente, porém os cubanos não são livres; Porto Rico não é independente, porém os porto-riquenhos são livres.

Porém, voltando à guerra do Iraque, nos encontramos com o fracasso da falácia da tentativa de expansão da democracia no mundo como o caminho para a paz universal. Os americanos parecem ter esquecido a diferença entre democracia e república e, conseqüentemente, têm aceitado como democrático qualquer governo que tenha alcançado o poder pela via eleitoral. Mesmo quando se tenha cometido fraude, seguidamente Carter vai avalizar os resultados das eleições, como na Venezuela.

No caso do Iraque se passou, através do sublime e do ridículo, à tragédia e à contradição evidente que significa que o governo do Iraque, apoiado pelos Estados Unidos, é shiita do mesmo modo que o que controla fanaticamente o Irã. Por outro lado se encontram os kurdos que estão na Turquia, parte no Irã e parte no Iraque. Estes são sunitas, ou seja, a seita muçulmana de Hussein, não obstante este se encarregava de matá-los impunemente, pois pretendiam a separação do Iraque. Hoje os sunitas iraquianos são a oposição ao governo “democrático” iraquiano, e o terrorismo interno continua sendo a arma letal prevalecente nesta suposta tentativa de lutar contra ele. Porém, existe ainda no Iraque um setor shiita radical contrário ao próprio governo iraquiano. Ou seja, que os muçulmanos estão revivendo no século XXI a tragédia vivida pela Europa durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), supostamente entre católicos e protestantes, porém que, na realidade, representavam posições e interesses políticos contrapostos mesmo entre os próprio correligionários. O mesmo parece estar ocorrendo entre os muçulmanos e ainda não se percebe a possiblidade de uma Paz de Westphalia.

Não obstante a crítica à política exterior americana tenha se centrado no chamado militarismo, que desde o mundo subdesenvolvido o denominam imperialismo, no melhor sentido expressado por Lênin, esta crítica resulta falaciosa. A política exterior americana pode ter cometido erros porém não por ser unilateral. Ao mesmo tempo em que salvaram o mundo do nazismo e do comunismo criados por seus supostos aliados europeus de hoje, entregaram a Europa Oriental e particularmente a Polônia ao império soviético em Yalta.

Todavia, foi Ronald Reagan quem mais que unilateralmente, com sua aposta na chamada “guerra nas estrelas”, determinou a implosão do Imperio Soviético. Assim, os Estados Unidos recuperavam a liderança que lhes corresponde como verdadeiro guia da liberdade e se recompunha da posição - diria ridícula - a que os haviam levado Carter-Brzezinski. E insisto nestes dois personagens nefastos, pois são atualmente assessores do Sr. Obama. Enfim, o unilateralismo dos Estados Unidos é um fato, assim como único seu sistema político no qual não posso deixar de insistir. Tal como o expressa Ayn Rand: “Os europeus desconhecem o conceito dos direitos individuais”, conseqüentemente, lá impera a Social Democracia, baseada na Razão de Estado que é a antítese político-filosófica do Rule of Law.

Em um artigo publicado em Foreign affaire, Michael Huckabee expõe seu pensamento a respeito do que deve ser a política exterior americana. Embora ele insista na necessidade da colaboração com seus aliados, Huckabee está consciente de que o maior risco atual é o terrorismo (não devemos esquecer que o terrorismo não é somente o islâmico) e diz a respeito: “A administração de Bush disse apropriadamente que não descarta a opção militar no trato com o Irã. Eu tampouco. Porém, se não pusermos outras opções sobre a mesa, a militar é a única opção viável”. Portanto, é de se supor que ele crê que ainda é possível um diálogo.

Porém, vou insistir em que o mais preocupante seria que os erros cometidos no Iraque e os possíveis de cometer no Oriente Médio se convertam na razão de ser do triunfo da demagogia democrática de Obama e Hilary. Quer dizer, que a política exterior provocaria uma mudança na política interna, que decididamente é a opção da demagogia, o abandono do Rule of Law e a ignorância dos Founding Fathers. Isso significaria não outra coisa que a latino-americanização dos Estados Unidos e não feita pelos hispanos que precisamente emigraram às terras de Tio Sam, como conseqüência dos erros políticos em nosso continente ao sul do Rio Grande.

Tradução: Graça Salgueiro


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