Usina de Letras
Usina de Letras
167 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62270 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13573)

Frases (50661)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6204)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->WAGNER E NIETZSCHE – A POLÊMICA CONTINUA! Parte V -- 07/03/2002 - 18:14 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WAGNER E NIETZSCHE – A POLÊMICA CONTINUA!

J.B.Xavier





PARTE V







No capítulo anterior, vimos como Wagner indispôs-se com a sociedade de seu tempo. Entretanto, se olharmos sua personalidade sob o ponto de vista psicológico, veremos que suas ações e reações denotam uma profunda carência de amor e reconhecimento.



O autor de O CREPÚSCULO DOS DEUSES tinha um vulcão criativo ardendo dentro de si, e se por um lado, durante toda a sua vida seus críticos não lhe deram trégua, por outro lado é forçoso que se reconheça o nacionalismo arrebatado do qual Wagner era tomado.



Ele via o povo alemão, musicalmente falando, como subserviente das vertentes musicais italianas e francesas, e a isso se opôs durante toda a sua existência. As causas maiores de seus problema foram, nesta ordem: seu excepcional gênio criativo e sua extravagância.



É bom lembrar que quando Nietzsche nasceu, em 1844, Wagner já estava com 31 anos e já havia revolucionado os pilares da ópera alemã. Não é difícil, portanto, imaginar o fascínio que a obra magnética de Wagner exerceu sobre a mente inquiridora de Nietzsche. Era um jovem sonhador deslumbrado com as idéias do mestre.



Wagner faleceu em 1883 e Nietzsche somente em 1900, já às portas do século XX. Portanto, o filósofo sobreviveu ao músico ainda por 17 anos, tempo do qual o pensador usou grande parte para alimentar as críticas que dirigia ao criador de AS VALQUÍRIAS.



O fato, é que, a despeito das misérias por que passou, Wagner sempre viveu entre ricos aristocratas. Não como seus servos, mas como seus iguais.



Consciente de suas limitações como instrumentista, Wagner atuou por longos dezesseis anos – entre 1833 e 1849 - como diretor de coros e orquestras em teatros de ópera alemães.

Após esse período, quando Nietzsche estava apenas com 5 anos de idade, e nem prenúncio era do monumento do pensamento ocidental em que se tornaria, Wagner renunciou ao prestigioso cargo de Kapelmeister, e exilou-se na Suíça.



A composição o fascinava, e com essa decisão, uma das muitas decisões extremadas que Wagner tomou na vida, teve início um período de portentosa criatividade para o compositor.



Desaparecera o revolucionário de 1849, e nascera o criador cujas obras agora chamavam a atenção das rodas burguesas sobre si.



Entretanto, não obstante o sucesso de suas composições, sua vida rodava tão suavemente como rodaria uma carruagem com rodas quadradas.



Às custas das vendas – e às vezes, da revenda - de suas composições, outras vezes às custas da generosidade de amigos como Franz Liszt e Otto Wesendonck , outras ainda às custas dos cunhados, Wagner foi levando uma vida entre ricos comerciantes, influentes industriais, grandes banqueiros e príncipes. Quem não o conhecesse julgá-lo-ia um deles.



Ao debruçar-me sobre tão fascinante biografia tive que ser extremamente cuidadoso com a análise da aparente frivolidade do autor de FESTSPIELHAUS. Nietzsche cometeu esse erro e não desejo repeti-lo.



Assim, despindo a análise de seus componentes emocionais, é preciso que se atribua, como mérito do compositor, que apesar do aspecto mundano do qual se revestia seus hábitos; que apesar de parecer superficial, Wagner estava ferrenhamente decidido a vencer, a elevar-se ao apogeu social por via do teatro, e como homem de teatro! Ele desejava mais que tudo ser reconhecido como artista, como músico, e para isso, esperou pacientemente e preparou durante muitos anos o público que o haveria de cultuar um dia.



Ele o recrutou entre as pessoas orgulhosas de sua independência econômica. Recrutou-o também entre os intelectuais que buscavam terreno fértil para desenvolver suas idéias. Exatamente entre estes últimos, estava Nietzsche.



Tal intensidade de desejos raramente falha, e finalmente, por volta de 1873, quando Nietzsche chegara aos vinte e nove anos de idade, e após sessenta anos de vida, pode Wagner instalar-se em Bayreuth e ter ali sua casa e sua vila! Pode finalmente olhar para sua grande sala de recepções e seu jardim com acesso ao parque real. A sociedade, enfim, o aceitara, e da forma como ele queria, sem precisar renunciar à sua natureza de grande histrião, nem à sua mulher, nem aos seus filhos.



Era, finalmente, um vencedor!



Foi então que o ensaísta e teórico Wagner sobrepuseram-se ao músico, proclamando que Deus tinha morrido – exatamente o que pregava Nietzsche – e a Arte pura viera ocupar o seu lugar.



Nascia o Wagner messiânico e um discípulo ardoroso, mas analisaremos isso melhor

No próximo capítulo.



Até lá!



* * *





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui