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Artigos-->GRUPO TAO COMEMOROU 40 ANOS DE ATIVIDADES EM 1996 -- 31/10/2012 - 15:56 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 



GRUPO TAO COMEMOROU 40 ANOS DE ATIVIDADES EM 1996



 



L. C. Vinholes



 



Em outubro de 1996, um grupo de artistas plásticos da região de Kansai[i], onde fica a cidade industrial de Osaka, também tradicional centro de dinâmicas atividades culturais tradicionais[ii] e contemporâneas[iii], celebraram o 40º aniversário da fundação do grupo TAO Zokeidan (&
36947;
&
36896;&
24418;&
22243;), dedicado à construção/produção de formas, conforme esclarecem os ideogramas do suplemento do nome TAO, palavra chinesa incorporada à linguagem filosófica/religiosa japonesa que significa caminho, rota, trilha.



 



A primeira mostra do grupo intitulada Coisas que se Movem, ou Mobile na linguagem ocidental, foi realizada na Galeria Cisne Branco, em Osaka, em 1957, ano da minha chegada ao Japão e quando conheci ao mentor e líder do referido grupo: Kenzo Tanaka (1918-2012).



 



Embora não seja o objetivo deste artigo, registro rápida memória do perfil de Kenzo Tanaka. Nascido em Osaka foi artista plástico, ensaísta e professor. Criou o Grupo Maison de Création dedicado ao desenho industrial e comercial; foi membro fundador do Clube de Artes (1958) em sua cidade natal, do Grupo TAO (1956) e da Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Audiovisuais-ISPAA (1962); membro do corpo docente da Universidade de Kansai e professor “honoris causa” da Universidade de Artes de Seul, República da Coréia e da Universidade da Califórnia-EUA; e mereceu menção especial no XIII Salão Île de France, em Paris, onde recebeu Medalha de Prata (1980). Realizou mostras individuais de Osaka e Tóquio (1988), comemorando os 50 anos de atividade artística com um catálogo/antologia com textos críticos e rica documentação fotográfica de 107 obras, incluindo trabalhos a óleo, acrílico, gravura, sumiê[iv], esculturas e murais. Visitou Pelotas (1969),  no mesmo ano em que a ISPAA realizou sua IV Exposição Internacional no Museu de Arte Moderna de São Paulo; voltou ao Brasil em 1993 liderando o grupo de 13 artistas, membros da ISPAA com a mostra “Sumiê: mestres japoneses”, no Museu de Arte de Brasília-MAB, ocasião na qual foi agraciado pelo Governo do Distrito Federal com a medalha do Mérito Cultural. Autor do projeto da Praça Jardim de Suzu, em Pelotas, relizado de parceria com o paisagista Tadao Tsujiguchi, implantada em 2008. Tanaka viajava sistematicamente em busca de novos contatos e novas experiências, só ou liderando grupos de seus estudantes ou parceiros de atividades, assim tendo visitado os seguintes países: Argentina, Coréia, Taiwan, Malásia, Singapura, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, EUA, países da Europa e, por duas vezes, percorrido o Caminho da Seda.



 



O grupo TAO que iniciou com cinco membros chegou a ter 28 participantes nas mostras de 1980, 1986 e 1993; e contou com a participação de estrangeiros nos anos 1962 a 1971, 1976, 1977 (1), 1981, 1988 (2), 1979, 1980, 1982, 1986 (3), 1978 (4), 1995 (6), 1975 (7) e 1993 (11). Por ocasião das comemorações das quatro décadas de atividades o grupo, além do seu fundador, contava com a parceria de Yukiko Asahina, Kahoru Ootaka, Tetuya Karakawa, Keiichi Kitazato, Uchiro Sumi, Hideyuki Taniguchi, Kiyoshi Hashimoto, Minuro Honda, Yosikazu Fukusima, Katsuhiko Fujiwara e Hideko Fujimori. Além das mostras realizadas no Japão (Osaka, Toyonaka, Kyoto, Toyama e Kobe), TAO expôs também em Taiwan (1985 e 1989) e no Brasil (1995), aqui no Museu de Arte de Brasília.



 



As exposições organizadas pelo grupo TAO contaram com a participação dos brasileiros U. Galera (ceramista), Sansom Flexor, Raul Porto, Fernando Lemos, Alberigo Luston (pintor), Lourdes Cedran (papeleira e gravadora) e Maria Bonomi (gravadora), com obras expostas nos eventos de 1975 a 1982, 1986, 1988, 1993 e 1995. Em decorrência da repercussão alcançada pela Exposição de Poesia Concreta Brasileira em abril de 1960, no Museu de Arte Moderna de Tóquio, poemas concretos de minha autoria figuraram das mostras de 1962 a 1965, 1966 a 1971, 1975, 1978 a 1980, 1982, 1986, 1988, 1993 e 1995. Na mostra em Osaka em 1993 foram expostas obras dos espanhóis J. M. Subirachs, J. Guinovart, J. Sanova, E. Naranjo, J. Duarte, A. Joa, E.S. Ortiz, J. M. Darro e F, Molino e na de 1995 trabalhos da gravadora argentina Elena Tarasido. O estadunidense T. O´Brient que residiu em Toyonaka por muitos anos, participou das exposições de 1978 a 1982 e 1986.



 



A quase totalidade das obras apresentadas nas mostras do grupo TAO era formada por variada gama de trabalhos abstratos, caligrafias na tradicional técnica do shodo (&
26360;&
36947;:&
26360;= escrita, &
36947;= caminho) de forte impacto visual e por composições volumétricas de caráter estrutural aproveitando as características dos materiais empregados, sem submetê-los a tratamento específico.



 



Para o catálogo comemorativo aos 40 anos do TAO, Kenzo Tanaka pediu-me escrever sobre o conceito da globalização que começava a ser tema no ambiente econômico financeiro japonês e a preocupar profissionais de outras áreas. Dada à limitação de espaço disponível produzi o texto que segue em versão em português.



 



TAO E A GLOBALIZAÇÃO[v]



 



Hoje em dia é quase impossível passar um dia sem ouvir no rádio ou na TV ou ler nas revistas e jornais a palavra globalização. Muitos de nós tentando estar atualizado com relação a este novo conceito, usa esta palavra sem entender seu verdadeiro sentido e quão importante e profunda será a realidade da globalização no próximo século.



 



Globalização será mais do que apenas criar entidades geopolíticas entre países de uma mesma região, tal como Otan[vi], Mercado Comum Europeu, Anel do Pacífico, Mercosul, Nafta[vii], Asean[viii] e outros, para satisfazer interesses políticos e/ou econômicos. Globalização será mais do que apenas ligar países, será a superação do conceito das fronteiras nacionais e culturas.



 



Nos próximos anos, países e regiões esforçar-se-ão para salvar suas culturas e suas velhas tradições. Mas fracassarão. O que eles tinham e o que eles teem agora será esquecido pelas futuras gerações e tornar-se-á nada mais do que relíquias e peças de museus ou eventos especiais para serem lembrados. Já estamos passando por este processo irreversível não apenas dentro dos nossos países onde dialetos regionais, tradições e até mesmo o folclore estão desaparecendo, mas também entre nossos países onde as afinidades se tornam cada vez maiores a cada dia.



 



Quando temos um grupo como TAO (e porque não lembrar aqui também a ISPAA[ix] que iniciou ao mesmo tempo na cidade de Toyonaka, sob a mesma liderança) e vemos o catálogo das suas exposições percebemos a ponta deste icebergue chamado globalização. Os membros do TAO não são apenas do Japão, mas também de países como o Brasil com diferentes tradições e culturas. Entretanto estão trabalhando juntos tentando encontrar ideias comuns, interesses comuns e, conforme diz a expressão matemática, um denominador comum para eles mesmos, a fim de chegar a objetivos comuns.



 



Globalização criará novas comunidades gigantes ao redor do mundo formadas por artistas e por todo tipo de profissionais e indivíduos pertencendo a diversos países e continentes, sem levar em consideração as fronteiras tradicionais, falando diferentes línguas, não obstante pensando de forma semelhante e criando coisas e comportando-se de uma maneira para ser entendida por todos.



 



Tenho orgulho de pertencer ao TAO e de ter a oportunidade, junto com todos os seus membros, meus caros amigos, comemorar os 40 anos de atividades. Também orgulhoso de fazer parte deste esforço comum, unidos a fim de reafirmar o compromisso de trabalhar e lutar pelas mudanças que enfrentamos e pelo futuro que vemos à nossa frente, para produtores e consumidores de uma cultura singular.



 



Parabéns, TAO!









[i] Região situada na ilha de Honshu, onde ficam as províncias de províncias de Nara, Wakayama, Quioto, Osaka, Hyogo e Shiga, onde se fala o dialeto conhecido por kansaiben.





[ii] Berço do teatro de marionetes Bunraku &
25991;&
27005;,desde o século XVIII.





[iii] Sede dos Festivais Internacionais de Música Contemporânea iniciados em 1963.





[iv] Pintura que utiliza pincéis de diversos tamanhos e nanquim, tinta preta originária da China.





[v] O texto em inglês está disponível em www.usinadeletras.com.br.





[vi] Organização do Tratado do Atlântico Norte.





[vii] Tratado Norte-americano de Livre Comércio.





[viii] Associação de Nações do Sudoeste Asiático.





[ix] Sociedade Internacional de Artes Plásticas e Áudio Visuais, fundada em Toyonaka, Japão, em 1963,




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