Hoje eu tô daquele jeito,
tô fazendo estrago,
feito uma serpente
que devora o próprio rabo.
Vim dizer que vida é uma viagem
nesse universo assim descompassado.
Levo a mala, a cara e a coragem,
que é no caminho mesmo
que se vai achar da meada
o fio que ficou desencontrado.
Hoje eu tô mais pra lá
desse pra cá, desenxabido,
como quem já morreu,
mas surge revivido.
Por saber que só o sonho é verdadeiro,
que a vida de verdade, bem, essa eu duvido.
Eu velo a vera cara da coragem,
que é no se esperar, de repente,
que tudo tem havido.
Hoje eu tô c o pé assim
fugido de foguete,
feito um joguete
na mão destoada do destino.
E vou dizer que é melhor
seguir sendo um menino,
pra quando reboar no oco
a voz do "vinde a mim".
Levo versos, viola e desatino,
e, no bolso, um guardado pequenino,
um pezinho dourado de alecrim. |