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Artigos-->CRISE DOS MÍSSEIS EM CUBA 1962 - A AMEAÇA REAL DE UMA GUERRA -- 13/10/2012 - 11:24 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


CRISE DOS MÍSSEIS EM CUBA 1962 - A AMEAÇA REAL DE UMA GUERRA NUCLEAR.



Edson Pereira Bueno Leal, outubro de 2012.



 



Cuba foi o último país a libertar-se da Espanha em 1898. Os EUA com sua política de Big Stick incluíram na Constituição Cubana de 1901 a emenda Platt que admitia a possibilidade de invasão norte-americana e receberam área de 117 km2, na baía de Guantanamo, onde foi instalada uma base militar.



Os governos ditatoriais que se seguiram foram tutelados pelos americanos. Até 1933 Gerardo Machado e de 1934 a 1958 Fulgêncio Batista. A oposição guerrilheira surge na década de 50 com Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto “Che” Guevara, resultando na fuga do ditador em 31.12.1958.



Em 1959 inicia-se o governo revolucionário com medidas como a reforma agrária, nacionalização de refinarias de açúcar, usinas e indústrias. Os EUA suspenderam as importações de açúcar, passando os cubanos a vender para os soviéticos. Em janeiro de 1961 os EUA rompem relações diplomáticas.



 



Crise da Baía dos Porcos – Em abril de 1961 ocorre invasão de asilados cubanos e mercenários norte-americanos que fracassou devido à falsa previsão de que a população iria aderir, ficando contra Fidel. A invasão fez parte da Operação Mongoose, montada por Robert Kennedy, ministro da Justiça e irmão do presidente, para sabotar e destruir pela subversão o governo de Fidel Castro. A operação continuou até 1964, quando foi cancelada pelo presidente Lyndon Johnson.



Baía dos Porcos foi o maior fracasso do governo Kennedy. A invasão permitiu a consolidação do governo castrista até então vacilante. Ela inaugurou também o processo declarado de agressão dos EUA a Cuba que continuou nas décadas seguintes.



Cuba formalizou sua adesão ao bloco soviético, tornando-se ponto estratégico para a URSS. O problema estava em saber , em 1962, se uma nova investida militar americana estava a caminho de Cuba. Robert McNamara, o secretário da Defesa, afirmou em dois  encontros acadêmicos bem posteriores, que não era o caso. Foi também o que disse em 1989, o secretário da Casa Branca , Pierre Salinger.



Mas tudo indica que Kennedy blefava para manter Moscou sob tensão . É a explicação que se dá às “diretrizes  314 e 316”, nomes de código de uma nova invasão, que o almirante americano Robert Dennison disse ter recebido.



O Kremlin acreditava que a ameaça era real e tentou de forma absolutamente inadequada, proteger seu pequeno aliado.( F S P , 15.10.2012, p. A-12) .



Os russos resolvem instalar mísseis nucleares em Cuba (nunca armados pelos soviéticos, que não confiavam em Castro, mas poderiam tornar-se operacionais em horas). Os mísseis estavam mirados para as principais cidades americanas como Nova York, Chicago.



 



DECISÃO DA INSTALAÇÃO DOS MÍSSEIS:



 



Os historiadores descobriram que a ideia de instalar armas nucleares em Cuba foi dos soviéticos e não dos cubanos. A União Soviética buscava um equilíbrio militar em relação aos EUA. Os mísseis intercontinentais americanos, capazes de atingir a URSS, tinham o triplo do poder destrutivo do dos soviéticos. O arsenal de médio alcance, instalado a 230 km da Flórida poderia reduzir esta desvantagem. Fidel Castro só aceitou a proposta depois de muita insistência. Segundo ele “Não para aprimorar nossa defesa, mas primordialmente para fortalecer o socialismo no plano internacional”.



Cerca de 47.000 soldados soviéticos tinham desembarcado em Cuba, com roupas civis, como se fossem turistas, mas do porto saiam marchando em filas, tornando o disfarce inócuo. Os mísseis, com 22 metros foram camuflados com folhas, na ingênua ideia de que os americanos os confundiriam com palmeiras. Porém estes soldados juntaram-se aos 270 mil soldados cubanos . Portanto , uma suposta nova invasão envolveria grande participação de militares soviéticos .



Fidel Castro era um coadjuvante, sem nenhum poder de interlocução .Os cubanos não teriam acesso aos códigos de disparo, afirmou anos depois um dos filhos de Khruschov,  engenheiro envolvido na operação.



Assim, não passou de uma bravata a afirmação de Ernesto Che Guevara ao “Daily Worker”, jornal comunista britânico, de que seu regime, para evitar nova invasão, pretendia lançar pequenos artefatos nucleares em território americano. Uma guerra atômica preventiva. Insensatez total . ( F S P , 15.10.2012, p. A-12) .



 



A CONSTATAÇÃO DA EXISTÊNCIA DOS MÍSSEIS



 



Em 16 de outubro de 1962, o presidente John Kennedy recebe fotos aéreas feitas em 14 de outubro de soldados da URSS, trabalhando na instalação de mísseis nucleares em Cuba.



No mesmo dia, Kennedy convoca  o Comitê Executivo do Conselho de Segurança Nacional



Ao ver as fotos aéreas das instalações de mísseis em Cuba, John Kennedy, ouviu de seus conselheiros que tinha duas alternativas. A primeira, apoiada pela maioria dos membros do Comitê Executivo do Conselho Nacional de Defesa (ExComm) era invadir a ilha e destruir o arsenal soviético. O Secretário de Defesa, Robert Macnamara, se opunha ao ataque. A segunda era conformar-se com a existência de um arsenal atômico inimigo no quintal de casa.



Se Kennedy tivesse acatado a recomendação de ataque de seus conselheiros, os oficiais soviéticos em Cuba teriam revidado com mísseis táticos nucleares, pois não precisavam da autorização de Moscou para dispará-los no caso de uma invasão.



O subsecretário de Estado, George Ball, argumentou que bombardear Cuba, seria “como Pearl Harbour” , ou seja daria início a uma guerra entre EUA e URSS.



 



O ANÚNCIO DA EXISTÊNCIA DOS MÍSSEIS



 



 



Às 19 horas do dia 22/10/1962 o presidente John Kennedy, em pronunciamento na televisão, anunciou que os soviéticos haviam instalado mísseis nucleares em Cuba.  E afirma : “Qualquer ataque com mísseis lançados de Cuba contra qualquer nação do Ocidente será considerado um ataque da URSS aos EUA e receberá retaliação imediata”.



 



A DECISÃO DE KENNEDY



 



Kennedy criou uma terceira via. Abriu espaço para negociar com os russos, mas com prazo bem definido. Definiu que, se as bombas, já em solo cubano, não fossem retiradas até 28 de outubro, um ataque ocorreria nas 48 horas seguintes.



 



BLOQUEIO NAVAL



 



Paralelamente, por sugestão do procurador-geral, Robert Kennedy, seu irmão, ordenou um bloqueio naval. Todos os barcos que se aproximassem da ilha seriam vistoriados, visando impedir a entrada de equipamentos que pudessem armar os mísseis. Em discurso afirmou que qualquer míssil lançado de Cuba seria considerado como uma ação da URSS, passível de retaliação imediata dirigida ao território soviético.



O risco de uma confrontação entre os navios era muito grande, mas felizmente graças ao bom senso dos comandantes não ocorreu. Com a medida, 14 navios com armas, retornaram á URSS.



Foi o auge da guerra fria. O mundo estava á beira de uma guerra nuclear. Em 1963, Kennedy em um discurso, relatou o que aconteceria se houvesse um conflito nuclear “Poderia matar 300 milhões de americanos, europeus e russos, assim como inúmeros outros. Os sobreviventes, como disse o presidente Kruschev, invejariam os mortos. Pois eles herdariam um mundo devastado por explosões, veneno e fogo, cujos horrores hoje nem sequer somos capazes de imaginar”.



 



PROPOSTA SECRETA



 



Kennedy mandou formar um comitê executivo que incluía gente de fora do governo como o ex-secretário de Estado Dean Acheson e o negociador de armas nucleares Paul Nitze que por sinal, eram favoráveis ao bombardeio imediato de Cuba, nuclear se necessário.



Kennedy enviou uma proposta secreta a Khruschov, com o compromisso público de não interferir em Cuba e a promessa em troca da retirada dos mísseis de Cuba a retirada de mísseis americanos da Turquia.



As comunicações entre Washington e Moscou na época eram muito difíceis. Para falar com Khruschov, Kennedy enviava mensagens ao embaixador soviético em Washington por meio de seu irmão Bob Kennedy. As mensagens eram codificadas e enviadas a Moscou por telegrama. Quando precisavam agilizar o processo, Kennedy e Kruschev faziam discursos nas rádios com recados para o rival. Somente depois do impasse, americanos e soviéticos começaram a usar o teletipo, Nos anos 70 é que foi instalada uma linha telefônica direta e exclusiva.



O comitê recebeu duas cartas dos soviéticos. A primeira carta foi extremamente conciliatória, propondo a retirada dos mísseis em troca da promessa de Kennedy de não invadir a ilha. Uma segunda carta retirava a concessão e afirmava o direito soviético de ter mísseis onde bem entendesse fora dos perímetros de segurança das superpotências.



A segunda carta causou perplexidade no comitê e a linha dura, favorável ao bombardeio estava em ascensão, quando Robert Kennedy deu a solução. O presidente respondeu à primeira carta, ignorando a segunda. Deu tudo certo.



Depois, Sérgio Mikiyan, filho de Anastes Mikoyan, presidente da URSS na época, respondeu na televisão dos EUA que tinha havido uma troca de cartas. Ou seja, a resposta era a carta inicial e a conciliatória a definitiva. A troca se deveu a um erro da burocracia que felizmente não teve maiores consequências.  (Paulo Francis, F.S.P. 2/2/89, p. A-7).



 



A POSTURA DE FIDEL CASTRO



 



Fidel Castro ficou furioso. Poderia provocar um conflito nuclear. Foi o único duelo nuclear desde o pós-guerra. 



Em 25 de outubro afirmou que Cuba tinha direito à autodefesa e se negou a permitir inspeção dos mísseis.



O Conselho de Segurança da ONU fez uma reunião de emergência , a pedido dos EUA.



O governo americano elevou o nível do alerta nuclear para DEFCON 2, o que, entre outras medidas, fez decolar de suas bases na Europa, 23 aviões B-52, carregados com bombas nucleares, visando o território russo. Os soviéticos deixaram vazar que instalariam em Cuba 42 bombas atômicas, mas com o fim da URSS ficou patente que 42 bombas era quase tudo o que Moscou possuía .



Em 26 de outubro, Fidel enviou uma mensagem a Khruschov em que sugeria duas saídas para a crise, nenhuma delas pacífica: “A primeira e mais provável é um ataque aéreo contra certos objetivos, com a missão limitada de destruí-los”. A segunda, menos provável, mas possível, é uma invasão completa (dos Estados Unidos) (Veja, 10.10.2012, p.118-124).



Segundo Khruschov em suas memórias “Castro sugeriu que para impedir que os nossos mísseis nucleares fossem destruídos, deveríamos atacar primeiro. Quando lemos essa mensagem, meus camaradas e eu compreendemos que Fidel não havia compreendido nossos propósitos. Tínhamos instalados os mísseis não para atacar os EUA, mas para impedir que os EUA atacassem Cuba. Concordamos em retirar os foguetes e as ogivas se o presidente desse garantias de que suas forças armadas não invadiriam Cuba. Kennedy então assegurou em alto e bom som que não haveria invasão.” (Veja, 26.9.90, p, 91).



Segundo o ex-número dois da KGB, o general aposentado Nikolai Sergeievitch Leonov “Eu dizia: ’Acalmem-se companheiros. Cuba é importante, mas o mundo é mais ‘. Nem Khruschov nem Kennedy queriam isso, as cartas são claras. Nós falávamos: ’Os americanos estão histéricos. Nós estamos acostumados a foguetes americanos aqui do lado, na Turquia, os júpiteres [mísseis intermediários, cuja retirada fez parte do acordo secreto para por fim à crise]. Estrategicamente, Moscou venceu, apesar de todos dizerem que havia capitulado”. (F S P, Mais, 13.01.2008, p. 4-5). Segundo ele, depois da crise a ideia de confronto direto caiu em desuso. Nos anos de Leonid Brejnev, como secretário-geral do PC soviético, a “coexistência pacífica” virou política de Estado que só insinuou uma inflexão na Guerra das Malvinas quando os soviéticos tentaram vender armamentos aos argentinos, sem sucesso.  



Em 27 de outubro em mensagem de rádio , Khruschov diz que aceita retirar os mísseis de Cuba, desde que os EUA façam o mesmo com as armas instaladas na Turquia e na Itália e prometam não invadir a ilha.



No dia 27 de outubro, por decisão de Fidel Castro , mísseis foram lançados contra um avião espião dos EUA e indecisão, mandou derrubar um avião  U-2 espião dos EUA, que foi derrubado e seu piloto morreu.



 



28 DE OUTUBRO RECUO DOS SOVIÉTICOS



 



Felizmente Nikita Khruschov recuou depois de 48 horas de suspense, mandando desmontar os mísseis e trazê-los de volta.



A tensão durou 14 dias. Em 28 de outubro , o secretário-geral da ONU , o birmanês U Thant, anunciou um acordo pelo qual os russos repatriariam o armamento. Em troca, e em carta reservada a Khruschov, Kennedy prometeu retirar da Turquia mísseis nucleares Júpiter, apontados contra  a União Soviética . ( F S P , 15.10.2012, p. A-12) .



Porém,, os EUA mantiveram o bloqueio a Cuba até o término da remoção dos armamentos.



 



Em 1962 Cuba foi expulsa da OEA sob a acusação de disseminar o comunismo na América latina. Os americanos criaram a Aliança para o Progresso, programa de ajuda econômica para conter a expansão do comunismo.


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