Lá longe, no meu caminho,
perdido no pó da estrada,
tem um verso que é bonito,
só não cabe nesta quadra.
Eu rimo como quem rema,
como quem ramos recolhe,
como quem rumos escolhe,
pisa em fogo e não se queima.
Minha cara de canalha
muito tempo se escondeu,
e hoje serve de mortalha
prum outro que já fui eu.
Eu andava dividido,
muito louco, sem saber,
hoje, louco decidido,
me divido pra viver.
Acredito nessa luta
que se trava a cada instante,
um pé se finca no verso,
outro pé segue adiante.
Lá longe, no meu caminho,
esquecido entre guardados,
tem um verso, de tão triste,
já nem inspira meus fados.
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