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Ensaios-->A propaganda aponta o caminho -- 01/11/2007 - 16:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A propaganda aponta o caminho

por Jeffrey Nyquist (*) em 30 de outubro de 2007

Resumo: Tal como Hitler propugnou em Mein Kampf, só é preciso repetir o mesmo absurdo vezes seguidas e as massas nele acreditarão. Ao fim, a verdade mesma será incapaz de se manter. O caminho então estará aberto para a vitória de algo verdadeiramente mau.

© 2007 MidiaSemMascara.org


“Eu disse ao presidente [i.e. Franklin Roosevelt] que os comunistas não eram a preocupação imediata, mas que eu estava certo de que eles causariam problemas assim que a guerra terminasse. Ele pareceu não entender sobre o quê eu estava falando. Quando eu estava para lhe explicar, fomos interrompidos por uma secretária, que anunciou outro compromisso do presidente”.

Tenente-General Albert Wedemeyer, Exército dos EUA.

Após a derrota japonesa na II Guerra Mundial, o general americano Albert Wedemeyer notou um “incremento no programa de propaganda” que emanava da China e da Rússia comunista. “O tema central dessas mensagens vindas de pontos-chave comunistas era o de que os EUA estavam no Extremo Oriente para explorar e conquistar; em outras palavras, que nós éramos imperialistas”. Os aliados dos americanos na China e em outros lugares eram retratados como lacaios e colaboradores. Do lado americano não havia propaganda similar. “Na Manchúria e norte da China, já estava em curso uma luta por posições de força entre os EUA e a União Soviética; mas infelizmente, o público americano, em sua maioria, não estava ciente disso. Ainda estávamos no período do poente daquela frase da época da guerra: ‘Trust Uncle Joe’ [‘Confie em Tio Joe’, i.e., em Joseph Stalin] – ainda imaginado que poderíamos e deveríamos conviver amigavelmente com nosso aliado russo”.

Hoje a história se repete. A propaganda originária da Rússia novamente retrata os americanos como exploradores e imperialistas. Esta mensagem é transmitida simultaneamente por vários canais de divulgação: é leite materno para ditadores e ideólogos totalitários. Ela ressoa entre os inimigos islâmicos dos EUA nos países do Oriente Médio. Hoje, um recém emergente bloco islamo-comunista pode pôr em combate mais tropas e mais armas do que o pequeno, e estendido quase ao limite, exército americano poderia dar conta. Por meio de uma ardilosa e bem orquestrada campanha de propaganda, os inimigos da civilização tomaram a iniciativa. E para piorar, não estamos em 1945, mas em 2007 e os EUA enfraqueceram-se internamente. O impacto de perder a China para o comunismo não foi um golpe tão pesado assim em 1949. Hoje, porém, esse mesmo impacto nos atinge com força total. A perda dos depósitos de minérios da África e o colapso do estado pró-ocidental em Pretória não foram sentidos como uma derrota quando aconteceram nos anos 1990. Hoje, todavia, esses desastres tornarão a situação real clara até demais. A ameaça de Hugo Chávez na Venezuela foi por muito tempo negada pelos formuladores de políticas em Washington. Agora há um crescimento comunista na América do Sul, às portas dos EUA, e os americanos parecem incapazes de combater essa ameaça.

Considere também a crise no Oriente Médio. Não podemos deixar de perguntar, levando em conta a prevalência da propaganda antiamericana, qual seria o impacto de uma derrota americana no Iraque. É fácil perceber que uma eventual derrota americana nesse território absolutamente vital, sinalizaria o colapso final da posição econômica, militar e diplomática americana por todo o globo. A propaganda que emana de Moscou, de Pequim e Teerã, prevê a vitória deles. Eles foram testemunhas de retiradas americanas antes: do Laos, Camboja, Vietnã e Angola. Assim, esperam que os EUA batam em retirada mais uma vez.

É claro que isso é um jogo antigo e um plano de jogo muito antigo. Jonathan Steele, ao escrever no jornal inglês The Guardian, ressaltou que “nas ruas entupidas” de Moscou, há novos e grande outdoors com as cores da bandeira russa, proclamando “Plano de Putin, Vitória da Rússia”. Isto equivale dizer que o Kremlin está admitindo a existência de um plano para uma vitória. E quem é o inimigo contra o qual deve ser imposta esta derrota?

O imperialismo americano é o inimigo. Aqui está justificativa da aliança de Moscou com Pequim; do apoio russo ao programa nuclear iraniano; e da hostilidade do governo Putin ao programa europeu de mísseis de defesa. Slogans abertamente comunistas não são mais eficientes para o Kremlin. A mensagem agora é pragmática, nacionalista e abertamente suspeitosa quanto às motivações americanas. Ao manter a falsa perspectiva de parceria com os EUA, tal como fez Stalin, a liderança da KGB em Moscou pretende manter suas opções em aberto. Isto busca evitar o isolamento econômico. Em vez disso, o melhor é isolar os americanos. Melhor é encorajar a queda do dólar e estrangular, por métodos indiretos, o fornecimento de energia aos americanos.

A propaganda antiamericana dá suporte às manipulações russas em qualquer situação e de toda maneira. A despeito do fato de que a Europa suspeita da Rússia, os europeus ainda sentem-se no fundo do palco em função das realidades americanas. Esses sentimentos têm sido explorados e agora há motivo para crer que a crescente crise financeira européia possa vir a ser atribuída aos EUA. E também parece que a Europa pode estar num caminho econômico descendente. Eles querem culpar alguém por seus problemas. Quanto mais alta a voz a inculpar e quanto mais alta a voz da máquina de propaganda, mais provável a conquista de corações e mentes.

Ao final da II Guerra Mundial, as condições econômicas eram terríveis em quase todos os lugares, exceto nos Estados Unidos. A propaganda comunista buscou então infectar a Europa e a Ásia. As lições a serem aprendidas desse episódio foram resumidas nas memórias do general Wedemeyer. Mais recentemente, os Estados Unidos embarcaram numa aventura: a de construir uma democracia no Iraque, tentando repetir o sucesso da política americana na Alemanha e no Japão, meio século atrás. Wedemeyer nos alertava quanto à natureza do homem ser uma “mistura do bem e do mal...”. Ele explicou que a harmonia e a paz completas nunca serão estabelecidas; que “as cruzadas e esforços humanitários nos quais os americanos podem, com toda justiça, alegar terem tomado a liderança em boa-fé, foram duas vezes pervertidos em nossa geração”. Ele ressaltou ainda, “[D] epois de nos lançarmos uma vez mais para destruir tiranos e aumentar a área de liberdade e oportunidade em toda parte, descobrimos que tivemos êxito apenas em aumentar a área controlada pelas tiranias totalitárias e em aumentar o poder dos comunistas”, que então se constituíram numa “ameaça à nossa liberdade e segurança maior do que aquela do inimigo [nazi-fascismo] que acabáramos de derrotar.” Isto não é um paradoxo, é claro. Apenas dá testemunho de nossa crescente estupidez e ignorância. “Vivemos numa era de propaganda”, escreveu Wedemeyer. “Seria algo como se nossas concepções e opiniões fossem determinadas pelas manchetes, pelo rádio e pela TV. O ritmo da vida moderna quase eliminou a deliberação desapaixonada, sensata ou a tranqüila contemplação das questão envolvidas. Oradores articulados e reportagens sensacionalistas muito freqüentemente moldam e determinam o curso da ação.”

Do presidente ao homem comum, estamos intelectualmente fracos e vulneráveis à propaganda. Tendemos à versão curta – e a ela ainda prestamos uma atenção com pouca compreensão. Mesmo quando a propaganda inimiga falha em nos empurrar na direção errada, nossa ignorância se encarrega de nos conduzir para longe do curso mais adequado. Incapazes de uma discussão séria e aparentemente não mais interessados numa discussão séria, permanecemos atentos a pesquisas de opinião, a teorias simplistas e a chavões e frases feitas repetidos pela mídia.

“A propaganda não precisa ser rica em conteúdo intelectual”, disse Joseph Goebbels num discurso em 1926. Tal como Hitler propugnou em Mein Kampf, só é preciso repetir o mesmo absurdo vezes seguidas e as massas nele acreditarão. Ao fim, a verdade mesma será incapaz de se manter. O caminho então estará aberto para a vitória de algo verdadeiramente mau.


© 2007 Jeffrey R. Nyquist

Publicado por Financialsense.com

Tradução: MSM


(*) Jeffrey Nyquist é formado em sociologia política na Universidade da Califórnia e é expert em geopolítica. Escreve artigos semanais para o Financial Sense (http://www.financialsense.com/), é autor de The Origins of The Fourth World War e mantém um website: http://www.jrnyquist.com/



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