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Ensaios-->Olavo de Carvalho e o pensamento brasileiro -- 23/10/2007 - 14:50 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Olavo de Carvalho e o pensamento brasileiro

por Ipojuca Pontes (*) em 22 de outubro de 2007

Resumo: Na busca de uma concêntrica “identidade nacional”, o pensamento brasileiro se perde no particularismo neurótico e se nulifica, quase sempre, dentro de estreitos limites.

© 2007 MidiaSemMascara.org


“Quando o pensamento cala, as revoluções falam”
Castelar - Discurso de Defesa do Periódico

No seu pequeno-grande livro “O Futuro do Pensamento brasileiro” (Faculdade da Cidade Editora, Rio de Janeiro, 1997) [*], o filósofo Olavo de Carvalho destaca, na esfera do pensamento nacional, como uma contribuição brasileira à inteligência humana na face da terra, o papel impar das obras definitivas de Mário Ferreira dos Santos, Otto Maria Carpeaux, Miguel Reale e Gilberto Freyre.

Obra de Olavo de Carvalho: livro indispensável.

Olavo observa que as criações individuais de cada uma dessas figuras representativas - respectivamente, nos campos da filosofia, da historiografia e crítica literária, da ciência e teoria do direito, e da sociologia - contribuíram enormemente para colocar o pensamento brasileiro acima do que ele considera, criticamente, “o complexo egocêntrico de uma cultura voltada para si mesma”. De fato, na busca de uma concêntrica “identidade nacional”, o pensamento brasileiro se perde no particularismo neurótico e se nulifica, quase sempre, dentro de estreitos limites.

Para chegar a tal avaliação, Olavo de Carvalho elege como atributos indispensáveis para se chegar ao patamar almejado, os predicados da abrangência, consistência, singularidade e universalidade que dão às obras de cada um desses mestres uma dimensão permanente na história do pensamento humano. Ao destacá-las, o filósofo ressalta, no entanto, que elas são uma contribuição isolada do contexto geral, de caráter eminentemente pessoal, que não se intercomunicam, mas que estão acima do pensamento criador da sociedade em que foram geradas.

Por isso, dando ênfase à falta de unidade da consciência cultural brasileira que, por motivos diversos, permanece ainda no plano da virtualidade, o mestre Olavo de Carvalho assinala, de forma contundente mas precisa, o caráter fragmentário da autoconsciência intelectual da nação: “somos - diz ele, com razão – uma sociocultura das mais ricas e originais, porém ainda não bem transposta em valores autoconscientes de cultura superior”.

Todavia, para que possamos chegar ao patamar da universalidade no plano do pensamento - e não ficarmos, no futuro, como mera curiosidade do passado -, o filósofo aponta caminhos ingentes, não comprometidos com o efêmero, mas que, em síntese, julga irrecorríveis.

Eles são os seguintes:

1) Defender a estabilidade do idioma, absorvendo o que possa enriquecê-lo, rejeitando o que o desfigure e diminua a sua eficiência;

2) Aprofundar nossa consciência religiosa, absorvendo as grandes conquistas da mística universal, e relegando ao domínio museológico a mera “religiosidade” medicinal, esteticista e carnavalesca;

3) Esforçar-nos para transfigurar em valores da cultura superior o estilo de vida do nosso povo, o que significa meditá-lo e depurá-lo criticamente, em vez de cair de joelhos na adoração beata do irrelevante;

4) Desenvolver nossa capacidade seletiva. Esforçar-nos antes para absorver os valores universais e permanentes da cultura mundial do que para manter-nos “em dia” com o que talvez acabe provando não ter importância senão episódica. Aprender a criticar a atualidade em nome de valores que a transcendam, em vez de rebaixar os valores à escala do “nosso tempo”;

5) Buscar absorver e prolongar o legado dos nossos quatro grandes espíritos criadores, incluindo-os entre as fontes básicas de inspiração da nossa educação superior.

Mas quem no Brasil de hoje, qual indivíduo, qual entidade ou corrente do pensamento poderia enfrentar tão assombroso programa, sobretudo quando se descobre que a generalidade dos nossos intelectuais vive a chafurdar no mais estreito círculo do ideologismo sectário?

Bem, a resposta para tal desafio quem dá é o próprio Olavo de Carvalho, hoje, sem a menor sombra de dúvida, o maior pensador brasileiro vivo. De fato é ele quem, com seu conhecimento ciclópico, incessante e multifacetado, atuando quer como filósofo e (por vezes) crítico cultural, quer como professor, escritor e jornalista, busca encontrar na esfera intelectual o nosso elo efetivo com o pensamento crítico de valor universal e profundo.

É graças à sua presença marcante - um desses acontecimentos inconcebíveis no destino de uma nação indigente de filósofos e pensadores -, a laborar com energia descomunal obra de valor elevado, que certamente poderemos atingir o patamar universal e efetuar uma contribuição cultural de valor permanente.

Não é sem razão que, na atualidade, centenas e centenas de estudiosos, universitários, profissionais liberais e brasileiros das mais distintas esferas do conhecimento encontrem nos seus ensinamentos, aqui e lá fora, a rara referência de independência, sabedoria e verdade disponíveis em solo pátrio.

Não resta dúvida: é seguindo as pegadas do filósofo Olavo de Carvalho, figura sem a qual já estaríamos submersos na mais profunda escuridão, que ultrapassaremos o atual estágio de embotamento mental em que naufragamos - de resto, embotamento que se faz a cada dia mais vasto e daninho.

Que Deus lhe dê vida longa!


PS - Este artigo serve de apresentação ao depoimento de Olavo de Carvalho sobre o futuro do pensamento brasileiro prestado à revista “POESIA&AFINS”.

[*] Nota Editoria MSM: A nova edição do livro O Futuro do pensamento Brasileiro pode ser adquirida através da livraria É Realizações.


(*) O autor é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.



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