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Erotico-->11. A PALAVRA DO ORIENTADOR -- 16/01/2003 - 07:02 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

— O bom amigo Antunes, que nos auxilia tanto nestas reuniões de desobsessão, oferecendo substratos fluídicos para podermos trabalhar magnetizando os médiuns e sedando os pacientes indóceis, que são os infelizes irmãos que vêem buscar lenitivos para as dores, em nome do Cristo, nosso Pai e Senhor, filho diletíssimo de Deus, o nosso bom amigo está solicitando esclarecimentos relativos à situação de família de assistidos seus, notadamente quanto ao jovem que acaba de ter as pernas amputadas. Com justa razão, muitos encarnados nos censuram pela rude pregação que fazemos, desde que tenhamos conhecimento dos elementos de estudo ao alcance de suas mentes, pois não perdoamos a falência intelectual, quando perturbada pelos sentimentos pueris de quem se deixa iludir pela aparência material da dor. Mas também é justo que reconheçamos que as pessoas criam laços de amizade, de fraternidade, de amor, apertados, muitas vezes, pela comiseração que lhes causam os sofrimentos alheios, especialmente quando evitáveis, se outras tivessem sido as atitudes dos seres que se postaram na qualidade de responsáveis pela preservação física e moral dos companheiros e dos consangüíneos. É bem o caso do pequeno Cléber e irmãos. Por total displicência dos pais, estão essas criaturas passando por situações penosíssimas. Contudo, o bom espírita, instruído pelo estudo das obras da Codificação, deve ter noção exata do que podem os encarnados passar, uma vez que adquiriram corpo sobremodo frágil, na transitoriedade da carne e na efemeridade da vida. Não podemos, no caso em tela, elucidar o que devem esses irmãozinhos passar para purgarem antigos despautérios existenciais, não só porque não temos conhecimento específico de seus destinos cármicos, como também por não nos ser permitido comentar a respeito dos desafios que lhes estão sendo impostos, por força de que não se pode estabelecer, aprioristicamente, quais ou tais conjunturas irão constituir-se nos percalços físicos a serem vencidos pelo discernimento doutrinal, após a submissão que se deve obter desses indivíduos, cujo principal desvio de conduta se condensa no egoísmo, palavra de acepção muito geral, mas que deve ser entendida, neste discurso, como o desejo incontido de ver tudo e todos sob o tacão de suas vontades. Peço, em nome da equipe que comigo comunga dos ideais socorristas, que aqui trabalha para benefício do seu próprio progresso, dando aos amigos encarnados a oportunidade de reflexão a respeito dos conceitos mais importantes da pregação cristã que se contêm no ideário espírita, que ouçam várias vezes a gravação desta palestra, que a transcrevam, se possível, para distribuição entre os associados que não compareceram nesta data, com a finalidade precípua de absorverem os dizeres, para o indefectível cotejo que devem estabelecer com os textos sagrados das obras básicas. E para, com a devida vênia, criticarem a complexidade do tema à vista da enunciação mais ou menos literária que imprimimos a esta peça oratória. A finalidade desse trabalho? Estabelecer o critério de adiantamento espiritual dos mensageiros, tendo como premissa o grau de elevação da linguagem que empregamos. Pode parecer ao companheiro Antunes que estejamos fugindo de lhe fornecer os esclarecimentos solicitados e isso, até certo ponto, é verdadeiro. No entanto, analisada a forma da estrutura frásica, tem-se a necessidade de se imprimir aos pensamentos a diretriz moral, filosófica e sentimental que está gerando a manifestação, uma vez que não nos furtamos a atender a quem, de maneira tão aflita e pungente, se dirige ao plano da espiritualidade. A pergunta que se impõe é relativa à frieza com que nos expressamos, diante de tema de tanta amargura, de tanta dor. Mais ainda, para perturbar os raciocínios dos que nos imaginam impermeáveis às crises materiais manifestadas nos elementos corpóreos, vamos simplesmente perguntar o que acham os presentes e os leitores de como deve ser encarado este orbe terráqueo, se de natureza benigna e acolhedora ou maléfica e repugnante. Em suma, quem para cá vem por vontade própria ou por contingência da misericórdia divina, cuja justiça absoluta não temos condições de aquilatar, vem para piorar ou para melhorar-se? Eis que passamos, finalmente, ao plano das perguntas, embora tendenciosas ou capciosas, pois as respostas não podem ser divergentes entre si, se fundamentadas nos ensinamentos de Jesus ou dos Espíritos que deram embasamento à obra kardequiana. Aliás, faz-se necessário que reconheçamos que os irmãos maiores foram por demais pacientes, dando respostas completas e diretas a todas as indagações que aquele ser de escol julgou úteis para a formulação do sistema doutrinário a que chamou de Espiritismo. “Há lágrimas que correm pela face e outras (insuspeitadas) que rolam pelo coração.” O dizer do poeta(1) responderá proficientemente à questão proposta quanto à frieza das expressões? Terão os espíritos que oferecem estas diretrizes e que se denominam “protetores” ou “beneméritos” dos freqüentadores do Centro Espírita “Caminho e Vida” tanto desenvolvimento que não sabem mais avaliar o sofrimento humano? Será possível que nenhum de nós tenha passado por semelhantes condições de inferioridade física? Melhor ainda, tendo a turma estado em situações até mais desesperadoras, foi abonada pelo esquecimento, como obra misericordiosa do Senhor? Generalizem, confrades, os conceitos e façam a transferência deles para os irmãozinhos atualmente em grave crise. Examinem o auxílio que estamos proporcionando e saibam auferir a melhor lição, para aplicar em suas ações meritórias de assistência social e espiritual. Vejam o quanto de dedicação depositamos nestes dizeres, norteando-se pela facilidade ou dificuldade que estamos encontrando, segundo seu ponto de vista, e façam o mesmo relativamente aos que buscam (ou rejeitam) a sua oferta de carinho, de amor, de conhecimento, de recursos materiais, de tudo, enfim, porque a vida é de vocês e vocês a estão pondo à disposição de outras criaturas, na ânsia, evidentemente, tal como nós, de aproveitar ao máximo a oportunidade de assimilar e de demonstrar os ensinamentos absorvidos neste ambiente de muita paz. Para encerrar, devemos enaltecer que o momento é agora para realizar tudo de melhor, com o fito de levar avante os projetos encarnantes. Prosaicamente, vou finalizar este longo parecer metodológico a respeito das atividades socorristas no plano dos encarnados, repetindo anexim de grande verdade: “Jamais deixem para amanhã o que podem fazer hoje!” Muito obrigado pelo interesse e desculpem o modesto conferencista por não ter tido a clareza e a elegância que precisaria para corresponder aos anseios dos amigos da Casa. Que Jesus nos proteja a todos e nos dê luz para bem compreendermos o que se espera de nós a cada momento da existência, perante as intrincadas situações em que nos metemos! E, para lembrar Kardec, iluminado benfeitor do Movimento Espírita em todo o Mundo, avisamos: “Fora da caridade não existe salvação.” Fiquem com Deus!



(1) Guilherme de Almeida. O soneto é “Dor Oculta”. Eis os tercetos:

Quanta gente, que zomba do desgosto
mudo, da angústia que não molha o rosto
e que não tomba, em gotas pelo chão,

havia de chorar, se adivinhasse
que há lágrimas que correm pela face
e outras que rolam pelo coração!

(ALMEIDA, Guilherme de — Os Sonetos de Guilherme de Almeida. [São Paulo] Martins [1968] p. 142-143.)

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