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Artigos-->DROGAS ILEGAIS CARACTERÍSTICAS E EFEITOS -- 11/09/2012 - 15:46 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




DROGAS ILEGAIS CARACTERÍSTICAS E EFEITOS





Edson Pereira Bueno Leal, setembro de 2.012, atualizado em maio de 2.013



CLASSIFICAÇÃO



As drogas podem ser

Alucinógenas como a maconha (também haxixe e algumas outras drogas derivadas do cânhamo), peyote (botões secos de cacto contendo mescalina), LSD – 25 DMT (dimetiltriptamina) e STP.

Depressoras como os barbitúricos (nembutal, seconal, amital), as Benzodiazepinas (Diempax, Lorax, Librium, Somalium), os Solventes Orgânicos (cola de sapateiro, tintas), clorofórmio e éter (lança-perfume).

Estimulantes como a cocaína, a Anfetamina, Dexedrina, Metedrina e Efedrina. .

Narcóticos como o ópio, a morfina (redução de 10 para 1 do ópio bruto) heroína (forma mais potente de morfina), codeína a mepiridina.

Em termos de doenças com o uso crônico o álcool e a droga que tem mais risco orgânico. Em termos de síndrome de abstinência o álcool e a heroína produzem as crises mais graves, sendo que a da heroína pode se manifestar após pouco tempo de uso. A incapacitação social ocorre em poucos meses com heroína e cocaína, a do álcool é mais séria, mas leva anos para surgir. O risco de overdose é grande com heroína e cocaína e as drogas administradas por via endovenosa apresentam grande risco de contaminação por AIDS e hepatite.



A QUÍMICA DO VÍCIO



A dopamina é chamada pelos pesquisadores de “molécula – mestre do vício”. Ela é parte de um grupo de neurotransmissores que inclui mais de 50 outras moléculas.

Os neurotransmissores são substâncias envolvidas na comunicação entre as células nervosas, os neurônios. A dopamina tem uma característica especial, que talvez explique por que algumas pessoas se tornam viciadas em drogas: além de estar associada ao controle do movimento, da percepção e da motivação, está ligada à sensação de prazer, de euforia. A serotonina está associada a sentimentos de bem-estar e mal-estar e à depressão.

Os impulsos nervosos caminham através do axônio, chegando até uma região mais alargada onde ocorre estímulo para que as vesículas sinápticas, pequenos sacos que contém a dopamina, liberem o neurotransmissor. Após ser liberada, a dopamina vai se ligar a receptores que ficam do lado de fora da célula. Essa ligação faz com que alguns canais sejam abertos permitindo a entrada de íons com sódio carregado positivamente (Na+), gerando uma mudança de carga elétrica na parte de dentro da membrana, fazendo com que ele “dispare” outro impulso nervoso. Estas descargas elétricas seriam as responsáveis pela sensação artificial de euforia e prazer.

Da mesma forma que o ato sexual pode levar ao êxtase, drogas como a cocaína aumentariam, momentaneamente, a liberação de dopamina pelos neurônios. Livre, a dopamina causaria a sensação de euforia típica do uso dessa droga. Assim, usuários de drogas passariam a ajustar o seu comportamento com o objetivo de “incorporar” as sensações prazerosas, ao dia-a-dia.

Acredita-se ainda que problemas genéticos possam levar à produção de maior ou menos quantidade de dopamina no cérebro. Assim, indivíduos que produzem menos ou maior quantidade de dopamina que o “normal”, por exemplo, seriam mais propensos a apresentar problemas comportamentais e, em consequência, a se tornar viciados em substâncias químicas. Ou seja, a pessoa normal apresenta episódios como fazer sexo, ouvir música, comer um doce, que geram pequenos “booms” de dopamina, mas com um organismo normal, a substância logo retorna a níveis normais. Pessoas com maior ou menos produção de dopamina , viveriam de altos e baixos constantes e portanto com maior chance de se tornarem viciados .

Os estudos mostram ainda que os neurônios de viciados em drogas são capazes de se “habituar” a ela. Ou seja, os neurônios de viciados sofrem uma redução no volume dos receptores, isto é, ficam mais “apertados”. Por isso, são necessárias doses cada vez maiores da droga para conseguir o nível de estímulo nervoso que eles conseguem quando estavam fazendo uso de pequenas doses.

Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira da Unifesp, “Em geral, a pessoa vai se tornando viciada, sem se dar conta”. (Veja, 19.11.2008, p. 88).

A Dra Nora Volkow, diretora do Centro de Imagens do Laboratório Nacional Brookhaven, em Nova York alerta para as consequências do uso de drogas que afetam o funcionamento dos neurônios: “O organismo humano é como um carro. Se um pneu fura, o carro não vai rodar Se a direção quebra, não vai comandar as rodas, e o carro não vai sair do lugar. O organismo é interdependente. Todas as engrenagens têm de funcionar. E o organismo, como o carro interage com o meio ambiente. Se uma ponte cai, o carro não vai poder passar mesmo se estiver funcionando bem. Se uma árvore tomba em cima dele, vai provocar estragos. Rodar numa estrada ruim, esburacada, estraga o amortecimento. Você percebe onde eu quero chegar? No ser humano é a mesma coisa.” (F S P, Mais 25.05.2007, p. 5-16).

Estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Cambridge, Reino Unido, com uma das autoras Karen Ersche, publicado na revista “Science”, comparou 50 pares de irmãos que incluíam um viciado e outro saudável, com idade média de 33 anos. Como grupo de controle foram analisados 50 outros voluntários com idades e quocientes de inteligência semelhantes. O resultado deixou claro que os pares de irmãos tinham certas características anormais no cérebro que os distinguiam do grupo-controle. Imagens de ressonância magnética do cérebro revelaram alterações na substância branca dos pares de irmãos em comparação aos voluntários saudáveis. O mau funcionamento desses circuitos pode facilitar o desenvolvimento de dependência química. A grande dúvida ainda é porque um irmão desenvolve o vício e outro não. Portanto a história familiar indica já um risco genético de adquirir o vício em droga. Os dados indicam que pelo menos 20% das pessoas que experimentam cocaína vão se tornar dependentes dela em um prazo de dez anos. (F s P, 3.2.2012, p. C-6).



TÓXICO



É toda substância capaz de intoxicar o organismo, isto é, provocar reações graves, senão mortais. E tudo aquilo, pertencente a, ou da natureza de um veneno.



ENTORPECENTES



É uma droga capaz de provocar entorpecimento ou torpor (diminuição das atividades gerais do organismo). São também chamados estupefacientes. De modo geral estas drogas pertencem ao grupo dos narcóticos, do qual os opiláceos são os principais representantes.



CARACTERIZAÇÃO DO VICIADO



Indivíduo que consome com freqüência e regularidade a droga. Segundo a Organização Mundial da Saúde, caracteriza-se o vício pelo invencível desejo e necessidade de continuar a consumir a droga; pela tendência a aumentar a dose e pela dependência de ordem psíquica e física em face dos efeitos da droga. O dependente passa a viver em função da droga , e mesmo sem o uso , não para de pensar nela .

Estudos da Associação Psiquiátrica Americana mostram que a grande maioria das pessoas que consomem drogas ilícitas não é, nem nunca será dependente. “(Veja, 20.12.1995, p. 7). Ser dependente de droga não é ter o desejo de usar drogas, é não ter a possibilidade de não usá-las.

Segundo o Prof. Claude Olivensteins, “o sofrimento do drogado é na condição de drogado infinitamente menor quando está sob o efeito da droga”. O mundo torna-se irrespirável para ele. Droga dá ao viciado uma sensação de prazer, prazer total apenas enquanto dura o seu efeito e que o terapeuta precisa levar esse fato em conta no tratamento, pois é importante mostrar o que oferece em troca da sensação de prazer que deixará de existir “(O Estado de São Paulo, 17.09.1985)”.

Álcool e Fumo são drogas lícitas e que também levam à dependência, mas as estatísticas revelam que as drogas ilícitas tem um potencial muito maior de provocar dependência.

A questão da dependência de drogas também abrange medicamentos de venda regular em farmácias, com ou sem receita médica. Existem muitos medicamentos usados como tranquilizantes ou para o tratamento de obesidade que podem levar ao uso contínuo. Analgésicos e remédios para asma e tratamento de Parkinson tem seu uso disseminado, inclusive entre poli usuários, ou seja, dependentes de vários tipos de droga.



DEPENDÊNCIA



Segundo a neurocientista e psiquiatra Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, nos EUA, a dependência “é uma doença crônica e reincidente, que envolve mudanças no cérebro que levam ao consumo compulsivo de drogas apesar de suas consequências devastadoras”. A decisão inicial de usar uma droga é voluntária, mas seu uso crônico pode precipitar mudanças cerebrais que comprometem os sistemas de recompensa, motivação e mesmo o livre-arbítrio... A maioria das drogas aumenta exageradamente a produção de dopamina, o que sobrecarrega os circuitos de motivação e afeta circuitos cerebrais como a memória, a tomada de decisões e a motivação. (F S P, 26.03.2010, p. C-8).



DEPENDÊNCIA FÍSICA



Necessidade compulsiva de usar a droga, o que leva o usuário a tentar obtê-la de qualquer maneira. Geralmente a droga produz tolerância no organismo, o que obriga o usuário a aumentar progressivamente a dose. Há síndrome de abstinência ou de privação pela retirada da droga.



DEPENDÊNCIA PSÍQUICA



Desejo psicológico de usar a droga, pelo estado de bem estar e prazer que ela produz. Geralmente não há tolerância no organismo, o que obriga a aumentar a dose. Não há crise de abstinência.



DEPENDÊNCIA CRUZADA



No Rio de Janeiro em 2008 uma nova droga começou a ganhar adeptos. É o zirrê, mistura de maconha com crack, também chamada de mesclado ou craconha. O próprio consumidor pode preparar o zirrê, depois de comprar, separadamente, a maconha e ao crack. Segundo o psiquiatra Jairo Werner, “o crack causa mais euforia quando fumado junto com a maconha do que inalado”. Ele entra em contato com o sangue rapidamente, logo no primeiro minuto.

Entre os sintomas dos usuários estão: aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, baixa da temperatura, aumento da pupila, face avermelhada e diminuição do apetite. “Os pacientes aparecem com quadros de esquizofrenia, paranoicos, com manias de perseguição e medos sem motivo aparente”.

O uso combinado de drogas causa o que se chama de “dependência cruzada”, ou seja, uma potencializa o efeito da outra. Mais receptores cerebrais são estimulados ao mesmo tempo e por conseqüência os efeitos são mais devastadores. (F S P, 27.07.2008, p. C-5).



USO COMBINADO DE DROGAS



Para potencializar o efeito de drogas como o ecstasy e a cocaína, jovens passaram a misturá-las com outras drogas como anestésicos de uso veterinário, remédios para impotência e até medicamentos para combate à AIDS, muitos medicamentos de acesso fácil, mas que podem ter efeitos devastadores e irreversíveis para o organismo.

Os que utilizam estas combinações ignoram que elas podem causar graves danos a longo prazo ao indivíduo e pior, podem causar a morte. Em troca da ilusão de um prazer a curto prazo, pode-se comprometer a saúde no longo prazo, pois muitos efeitos poderão demorar anos para aparecer, mas quando aparecerem serão irreversíveis.

Nos EUA, o uso “recreativo” de analgésicos, ingeridos ou misturados a outras drogas, já é causa de 40% das 22.300 mortes anuais provocadas por overdose. Segundo o psicólogo Thomas McLellan, “em dezesseis estados americanos, o número de mortes por overdose já supera o de acidentes de trânsito. É uma situação alarmante.”.

As combinações perigosas são inúmeras:

Ecstasy + cocaína – além de alucinações, o ecstasy causa euforia, que é aumentada pela cocaína. Porém, as probabilidades de infarto, arritmia cardíaca, ataques de pânico e de ansiedade são potencializadas pelo aumento do neurotransmissor noradrenalina no organismo. A ingestão da mistura pode resultar ainda na chamada “bad trip”, sensação de angústia e mal-estar, possivelmente decorrente da sobrecarga nos sistemas neurotransmissores de dopamina no cérebro.

Ecstasy + Maconha – O ecstasy é excitante e a maconha é relaxante e são usadas em conjunto para transitar entre os dois estados. O risco é taquicardia que pode levar ao infarto.

Ecstasy + remédios para impotência + antirretroviral – A mistura é usada para fazer sexo. O ecstasy provoca vasoconstrição, minimizada pelo Viagra. O antirretroviral potencializa em até doze vezes o efeito do ecstasy, e é visto equivocadamente como uma maneira de “prevenir” o contágio pelo vírus HIV. Os riscos são inúmeros: convulsões, priapismo, cegueira, espasmo das artérias coronárias e contágio pelo vírus HIV.

Ecstasy + GHB + Ketamina – Causa euforia e aumento da disposição. Os homens podem ter a ereção prolongada e ejaculações sem nenhum estímulo. Podem ocorrer náuseas e dificuldades respiratórias que podem levar à morte.

LSD + Ketamina – Os efeitos dissociativos – delírio, sensação de deixar o corpo e experiências de quase morte são intensificados. As conseqüências do uso combinado das duas drogas são ainda desconhecidas.

Cocaína + Ketamina – Chamada de “Calvin Klein”, a mistura potencializa a sensação de despersonalização provocada pela Ketamina. Isoladamente a Ketamina aumenta a resistência vascular pulmonar, o que pode causar insuficiência cardíaca e infarto do miocárdio. A cocaína, por ser estimulante da função cardíaca, eleva estes riscos. ( Veja, 21.10.2009 , p. 134-139) .



DROGAS E AIDS



Segundo Artur Timerman, infectologista do Hospital Albert Einstein em São Paulo. “em 28 anos de consultório, nunca vi tamanho desdém pela proteção sexual. E esse descaso é provocado pelo abuso de bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes”.

Nos Estados Unidos, o Crystal cujo uso está amplamente disseminado, é alvo de campanhas antiaids, por favorecer enormemente o sexo sem proteção. Um estudo publicado no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndroimes mostra que o Crystal aumenta em 46% o risco de infecção pelo HIV. O álcool, por sua vez , quando consumido em excesso , quintuplica a probabilidade de um jovem fazer sexo sem proteção. (Veja, 1.10.2008, p. 96-98).



PREJUÍZOS ECONÔMICOS



Cálculos feitos por médicos da USP estimam que o Brasil tenha um prejuízo de R$ 19 bilhões por ano com a dependência química. O custo abrange o tratamento de acidentes de trabalho e a queda de produtividade dos dependentes. O consumo de drogas é responsável ainda por 25% dos acidentes de trabalho e por 50% das faltas dos trabalhadores, proporção que é maior ainda em profissões estressantes, como médicos e policiais. (F S P, 4.7.1999, p. 3-4).

Muitas empresas utilizam exames de urina para detectar se candidatos a emprego consomem drogas, especialmente cocaína, maconha, anfetaminas e álcool, Da mesma forma os exames são utilizados para detectar problemas em funcionários já trabalhando, em muitas empresas a escolha é aleatória, feita por um programa de computador e o escolhido é obrigado a dirigir-se ao departamento médico. Os objetivos são evidentes para as empresas com redução do absenteísmo, aumento da produtividade, queda da procura pelo departamento médico e preservação da imagem da companhia. Nos EUA, Europa, México e Venezuela não se trabalha em plataformas de prospecção ou extração, nem em refinarias sem um atestado comprovando a não dependência de drogas. Nos EUA na década de 1980 as empresas de transporte começaram a testar pilotos de avião e caminhoneiros e depois a prática foi ampliada e atualmente são examinados por ano 100 milhões de trabalhadores . No Brasil o programa de testes ainda é reduzido.

Inúmeras empresas mantém programas de reabilitação, oferecendo ao funcionário a oportunidade de livrar-se do vício sem perder o emprego. (Veja, 4.7.2001, p.100-106).



DISTÚRBIO CEREBRAL



A ciência moderna mostrou que a dependência, o vício não é uma “doença da alma”, uma fraqueza de caráter, mas um distúrbio cerebral, que decorre de um desequilíbrio químico e altera os circuitos de recompensa e prazer, tomada de decisões, controle inibitório e aprendizado. Daí por que a luta contra o vício é marcada por recaídas e fracassos.

Há inúmeras razões de ordem social e cultural que estimulam o uso da droga. A angústia existencial do homem moderno, a massificação, a diminuição da comunicação afetiva entre as pessoas. A intolerabilidade da realidade material, e a ausência de uma saída espiritual crível leva o ser humano a anular e se transcender, como os místicos, com o uso da droga. Segundo a neurocientista e psiquiatra Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, “o cérebro, em consequência do uso de drogas, é modificado de maneira física.” (Veja, 3.03.2010, p. 20).



PROPENSÃO GENÉTICA



Segundo o psiquiatra Danilo Baltieri, da USP, os fatores genéticos respondem por algo entre 40 a 60% da vulnerabilidade ao vício. Existe um gene específico associado à síntese da enzima monoaminoxidase A, uma das substâncias responsáveis pelo equilíbrio da dopamina no cérebro. Quando há mutações nesse gene, a pessoa torna-se mais ou menos vulnerável ao vício. Existem também pessoas com baixos níveis de receptores de dopamina, o que as faz mais suscetíveis ao vício e a achar mais prazerosa a experiência com drogas.



DISFUNÇÃO SEXUAL



Cerca de 50% dos homens e 40% das mulheres acham que as drogas melhoram o desempenho sexual. Em pequenas doses, realmente drogas como o álcool e o cigarro melhoram o desempenho na cama. Porém, o uso freqüente e abusivo começa a provoca alterações na função sexual e a longo prazo traz prejuízos importantes.

Segundo estudo conduzido pela unidade de pesquisa em álcool e droga da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), cerca de 47% dos dependentes de álcool e outras drogas tem alguma disfunção sexual. Na população em geral este percentual é de 18%, segundo o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro que ouviu mais de 7.000 pessoas em 2004.

Os principais problemas levantados foram ejaculação precoce, (39%), diminuição do desejo sexual (19%), dificuldade de ereção (12%), retardo na ejaculação (8%), e dor durante a relação sexual (4%).

As drogas causam alterações nos neurotransmissores no cérebro, envolvidos no controle da ejaculação. O álcool e a nicotina causam alterações vasculares que dificultam a ereção. A cocaína e maconha, se usadas em altas doses, derrubam a libido. Também esse é o efeito de drogas sintéticas como o ecstasy e o LSD. (F S P, 2.6.2010, p. C-7).



DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS



Portadores de distúrbios psiquiátricos, como esquizofrenia, depressão e ansiedade são também mais propensos ao vício.

Segundo a neurocientista e psiquiatra Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, “Portadores de esquizofrenia tem propensão à paranoia, e tanto a maconha como a DMT (presente no chá do Santo Daime) agravam esse sintoma, além de aumentar a profundidade e a frequência das alucinações. Drogas que produzem psicoses por si próprias, como metanfetaminas, maconha e LSD, podem piorar a doença mental de uma forma abrupta e veloz. Em alguém que não tenha esquizofrenia, os efeitos relacionados com ansiedade e com a paranoia serão provavelmente mais moderados. Não é incomum, porém, que pessoas saudáveis, mas com suscetibilidade maior a tais substâncias, possam vir a desenvolver psicoses.” (Veja, 31.03.2010, p. 17).



ADOLESCÊNCIA



Os adolescentes são grupos mais vulneráveis ao vício por que durante esta fase da vida o cérebro sofre mudanças dramáticas, e uma das áreas em maturação é o córtex pré-frontal, associado à tomada de decisões e responsável pelo controle dos desejos e emoções, o que produz maior risco de optar por decisões erradas, como experimentar drogas e continuar a abusar delas e quando o córtex já estiver plenamente desenvolvido a dependência já está instalada.

A adolescência é uma idade problemática e a busca da identidade, do sentido da vida de pertencer a um grupo, a fuga de problemas, principalmente familiares, a simples curiosidade e personalidades psicopáticas, entre outros fatores, podem levar ao caminho do vício.

Segundo a neurocientista e psiquiatra Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, “o cérebro do adolescente é muito menos conectado do que o de um adulto. Como resultado, os adolescentes não conseguem controlar e regular a intensidade de suas emoções e desejos da mesma forma que os mais velhos. Isso faz com que vivam de maneira mais vigorosa, mas ao mesmo tempo assumam riscos maiores, como experimentar drogas... O cérebro de um adolescente é mais plástico e mais sensível aos estímulos externos que vão moldá-lo. A forma que seu cérebro vai tomar na vida adulta depende muito dos estímulos que você recebeu quando criança e adolescente. O risco de desenvolver o vício também é maior para o adolescente. O motivo é o mesmo: a plasticidade cerebral nessa fase, que faz que o jovem apreenda informações, muito mais facilmente do que o adulto”. Veja, 31.03.2010, p. 20).

Pesquisa feita pelo Centro de Orientação de Drogas, da Fundação Libanesa de Belo Horizonte em 1991, com 1.600 jovens, revelou que 90% declararam que consumiram drogas que foram oferecidas pela primeira vez, por amigos, conhecidos e namorados, o que demonstra o maior risco de início do uso na adolescência, pois é justamente a idade em que a vida social torna-se predominante e a capacidade de recusar a convites de pessoas de grupos é pequena, pois muitas vezes aceitar algo é parte do ritual de integração e afirmação. Muitas vezes o responsável pelo início do vício de um jovem, pode estar sentado a seu lado no banco escolar. (Veja, 27.03.1991, p.44).

O grande problema do início do vício nesta idade da vida, e é o caso mais comum, pois a maior parte das pessoas se viciam antes de 21 anos são os impactos profundos e duradouros que as drogas causam no funcionamento cerebral. O uso de drogas muda a forma como o usuário se relaciona com o mundo. Altera as emoções, compromete a capacidade de cognição e os reflexos motores. (Veja, 23.05.2007, p. 83-84)

Felizmente a medicina comprovou que o cérebro tem uma capacidade extraordinária de se recuperar dos danos causados pelo vício. Mas é evidente que quanto maior o tempo de vício, mais intensos serão os danos e menor a possibilidade de que eles sejam totalmente revertidos.

O jovem usuário começa a perder desempenho escolar, faltar a aulas, desinteressa-se pelo esporte. Torna-se apático, tem dificuldade de concentração e memória. Diminui os hábitos de higiene e descuida-se da apresentação pessoal. No caso da maconha as roupas apresentam odor adocicado, além do inconfundível hálito. O uso de barbitúricos provoca fala pastosa e confusa e dificuldade de coordenação motora. O uso de anfetaminas provoca inquietação, loquacidade, pulso rápido, suores profundos e hálito fétido. A heroína provoca bocejos, lacrimejamentos, tremores e corrimento nasal.



OS REFRATÁRIOS AO VÍCIO



A maioria dos jovens não tem contato com a droga e mesmo muitos aqueles que chegam a experimentar, param logo após os primeiros contatos. O Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da UFESP realizou uma pesquisa com jovens na faixa dos 20 anos, dos quais metade havia experimentado algum tipo de droga, mas havia parado e a outra metade havia tido oportunidades, mas nunca experimentou.

Entre os que disseram que usaram, mas pararam, 44% descreveram efeitos desagradáveis, como depressão e dor de cabeça; 32% tiveram medo da dependência; 16% seguiram os conselhos dos pais ou da namorada e 8% relataram efeitos abaixo das expectativas.

Entre os que tiveram oportunidade, mas nunca experimentaram 26% ouviram o alerta dos pais; 24% ficaram com medo de perder o controle da situação; 13% alegaram valores morais; 13% seguiram preceitos religiosos e 24% apontaram outros motivos.

Os motivos demonstram a importância da família, da formação moral como forças para resistir às oportunidades do vício. (Veja, 29.05.2002, p. 88).



OS FILHOS DE VICIADOS



Consumo de drogas por mulheres grávidas causam graves consequências aos fetos , segundo Farrokh Shahrivar , do setor de neonatologia do Saint Luke’s Roosevelt Hospital Center de Nova York: “O efeito devastador do crack e da cocaína causa parto prematuro, separação da placenta, alta mortalidade, diminuição do peso e diversos outros problemas”. O crack provoca alterações na mãe por dois minutos. No feto, o efeito imediato é a insuficiência de pressão sanguínea. restos da substância ficam acoplados á placenta, e o filho fica exposto à droga durante duas semanas. A cocaína altera a sensibilidade do sistema cerebral. O sistema nervoso do feto fica mais vulnerável a doenças.

Diversos estudos tem sido feitos nos EUA sobre a exposição de fetos a drogas e os resultados são variados. Pesquisa da Brown University School of Medicine em 1996 com 57 crianças de 1 a 2 dias de vida, das quais 20 expostas ao crack durante a gestação não conseguiu encontrar relações causais entre a droga e doenças apresentadas pelos bebês. Estudo do médico Daniel Neuspiel, de Nova York com 250 bebês cujas mães tinham usado cocaína durante a gestação concluiu que o QI destas crianças é em média 3% menor do que as crianças normais, mas ele concluiu que a maioria dos efeitos desaparecem com o tempo, “não vi problemas persistentes. Os maiores efeitos acabam relacionados com o próprio crescimento da criança, que, tem dificuldade em ganhar peso, por exemplo”.

Evelyn Davis do Harlem Hospital Center de Nova York analisou 530 “bebês crack” entre 1987 e 1996, a maioria nasceu prematuramente. Cerca de um terço apresentou distúrbios do sono, dois terços começaram a falar mais tarde do que o normal e mais da metade não teve a coordenação motora adequada para a faixa etária. Um terço também sofria de hiperatividade, e 40% apresentavam comportamento agressivo. Um dado revelador é que apenas 12% dos bebês cresceram com as próprias mães. (F S P, 28.12.1998, p. 1-8).

Estudos coordenados por Gladys Friedler, da Escola de Medicina da Universidade de Boston concluíram que filhos de pais drogados podem ter peso menor e desenvolvimento mais lento do que o normal e também sofrem de problemas no sistema nervoso central e no desenvolvimento hormonal. Ainda não entendemos como funciona este mecanismo, mas sabemos que não é genético e não depende da quantidade de esperma produzido pelo pai. Possivelmente o uso de drogas provocou a seleção de algum tipo especial de espermatozóide. ( F S P . 18.2.1991 , p. 2-7) .



LEI SECA NOVA REDAÇÃO DEZEMBRO DE 2012



De 1998 a 2008, 375.604 pessoas morreram no Brasil em decorrência de acidentes de trânsito e estima-se que metade delas tenha bebido.Em face da inoperância da lei e do grande número de casos de acidentes com motoristas embriagados, o Congresso Nacional aprovou em toque de caixa uma alteração na lei , que foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff três dias depois e começou a valer a partir de 21 de dezembro de 2012. Com a nova redação, além do bafômetro, as autoridades podem utilizar outros meios para comprovar a embriaguez do condutor: como depoimento de policiais e testemunhas da existência de “sinais de alteração da capacidade psicomotora”, exame clínico feito por um médico e até vídeos da pessoa em estado alterado. A multa dobrou de valor , para R$ 1.915,40. A situação se inverteu. A recusa em fazer o teste pode soar como uma confissão de culpa e fazer o teste, tornou-se um meio de prova da não embriaguez. ( Revista Veja, 2.1.2012, p. 73) .

Em 29 de janeiro de 2013 o Contran regulamentou a lei. O motorista flagrado dirigindo sob o efeito de álcool ou drogas ficará sujeito a uma multa de R$ 1.915,40, terá suspenso o direito de dirigir por um ano e a carteira de habilitação apreendida. Se não houver outro motorista habilitado no carro, o veículo será retido.

Foram definidos , além do teste do bafômetro , diversos meios de prova para comprovar a embriaguez e a existência de qualquer vestígio de álcool em exame de sangue implicará nas novas penalidades .

A tolerância do teste do bafômetro foi reduzida de 0,1 miligrama de álcool por litro de ar expelido, para 0,05. ( F S P , 30.01.2013, p. C-7) .

Além do teste do bafômetro, havendo recusa , outros sinais podem se considerados pelos agentes de trânsito para constatar a embriaguez:

1. Aparência: sonolência, olhos vermelhos, odor de álcool;

2. Atitude: arrogância, ironia;

3. Orientação: se sabe onde está, se sabe dia e hora;

4. Memória:sabe seu endereço, lembra dos atos cometidos;

5. Capacidade motora e verbal.

O governo do Estado de São Paulo investiu em novos equipamentos de medição e em fevereiro de 2013 , blitz começaram a ser feitas para fiscalizar o consumo de álcool e drogas ao volante.

No caso de uso de drogas , a situação é mais complexa , pois o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro prevê limites para que o uso de álcool configure crime, mas não para o de outras drogas. Por isso, antes de incriminar o motorista pelo uso de drogas é necessário fazer contraprova por meio de exame clínico . Cabe à autoridade policial provar que o motorista estava influenciado pela drogas. Se o exame clínico comprovar o comprometimento das funções psicomotoras o motorista flagrado dirigindo sob o efeito de drogas também responderá por crime de trânsito. ( F S P , 12.02.2013, p. B-6) .

O teste de imunoensaio que a polícia paulista está usando para detectar, em dez minutos , se um motorista usou maconha pode dar resultados falsos, segundo médicos. O mesmo pode ocorrer em relação à cocaína, mas a possibilidade é menor.

O exame feito na blitz, a partir da coleta da saliva, pode ser distorcido por fatores como o pH ( nível de acidez da boca) , segundo Sandra Scivoletto, da Faculdade de Medicina da USP. Muito tempo em jejum , gera alteração no pH da saliva e pode levar a falso positivo ou negativo.

Também, segundo André Malbergier, coordenador do grupo de álcool e drogas do Hospital das Clínicas pode haver contaminação. Se o motorista estava com amigos que fumaram maconha, o teste pode ser contaminado. Outro problema é que o teste detecta traços de maconha de até 72 horas antes da fiscalização , ou seja , ele pode dar positivo mesmo depois que o motorista não esteja mais sob os efeitos da droga , que no caso da maconha tem a duração de poucas horas.

Segundo o toxicologista Ovandir Alves Silva, diretor do Ibemax ( Instituto Brasileiro de Estudo e Avaliação Toxicológica ), “Os testes de resposta rápida precisam de uma confirmação laboratorial para evitar um resultado falso”.

Em razão destes problemas, o motorista flagrado na blitz com resultado positivo para drogas, é levado ao IML , onde é realizado um exame clínico para verificar se a pessoa consegue expressar uma ideia coerente , ou se fala de forma arrastada por exemplo, evidenciando que ainda está sob os efeitos da droga e portanto cometendo crime de trânsito. ( F S P , 14.02.2013, p. C-3) .





EXEMPLO DE SUPERAÇÃO



O americano David Carr, 56 anos , é um dos jornalistas mais premiados e conhecidos do jornal “The New York Times”.

Depois de mais de dez anos de consumo de cocaína e dois de uso intensivo de crack, decidiu não confiar simplesmente na memória para contar sua história.

Tratando da própria trajetória de vício, tráfico, prisões e cinco tratamentos de desintoxicação, como uma reportagem , decidiu fazer 60 entrevistas e consultar dezenas de relatórios médicos e policiais para checar o que lembrava dos eventos , em três anos de pesquisa . Ouviu parentes, amigos de vício , traficantes, ex-mulheres e colegas de trabalho.

O resultado está publicado em “A Noite da Arma”, pela Editora Record.

Ele admite que o retrato pintado pelas testemunhas é mais sombrio do que supunha. Ouviu relatos de casos de agressão e maus tratos a amigos que imaginava serem opostos.

Em 1989 começou seu bem-sucedido e longo processo de desintoxicação . Teve duas filhas gêmeas , nascidas em 1988 e na época ele e sua namorada era viciados em crack. E criou sozinho as filhas, ganhando a custódia na Justiça.

Traficou cocaína durante um tempo para financiar o vício e concluiu que “todo mundo trabalha para alguém “ , com a droga e “Provavelmente todos estávamos trabalhando nessa época para Plabo Escobar , de um jeito ou de outro . E ele, provavelmente, respondia a alguém também”.

Resenhou vários livros de memórias de ex-viciados: “Retrato de um viciado Quando Jovem” , de Bill Clegg e “Correndo com Tesouras” de Augusten Burroghs.

Ele , apesar de demonstrar desconforto de falar de políticas públicas , ele diz apoiar a internação compulsória de viciados em crack: “ É a única maneira de fazê-los se lembrar , por um instante, das pessoas que já foram , de quem são e poderiam voltar a ser. Sem isso, continuarão a ser zumbis”.

Credita a sua própria reabilitação à “generosidade” do governo americano “ que pagou meus tratamentos, minhas internações , os remédios que tomei. Foi um bom investimento, acho, pelo que já retribupi na última década, em impostos”.

Enfrentou um câncer, se casou novamente e teve uma terceira filha. ( F S P ,24.02.2013, p. E-12) .



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