A ÁRVORE DA SERRA
Augusto dos Anjos
- As árvores, meu filho, não têm alma!
- E esta árvore me serve de empecilho...
- É preciso cortá-la, pois , meu filho,
- Para que eu tenha uma velhice calma!
Meu pai, por que sua ira não se acalma?
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho
Esta árvore, meu pai, possui minha alma!..
Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
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