Chamava-se Rosa, a menina. Era branquinha, cabelos castanhos
desvbotados e encaralcolados. Não sei porque , mas
sinto que ela era pobre. Bonitinha, Não tenho tanta certyeza, porém,
que era pobre assim. Também não me é certo se ela
era de um dos colégios particulares que estudei na infância, ou de um público. A fatalidade entre eu e Rosa é que não esqueço o motivo
que a tornou imortal em minha memória: um elogio.
Já entrei para a escola bem alfabetizado, porque lia muito.
Rosa havia percebido que eu olhava pouco para o quadro negro e copiava tudo
com muita rapidez , enquanto os outro amiguinhos
eram bem mais lentos, infelizmente. Todo pai e mãe deveriam
dar histórioas para as crianças tão logo as mesmas
já tenham iniciado o aprendizado da leitura.
Sobrava-me tempo,. até que todos copiassem e a professora
apagasse a lição.
Rosa havia percebido minha habilidade literária.
-- Você é muito inteligente. Escreve muito rápido, sem olhar
para o quadro.
Ela assim , com toda pureza de seu elogio infantil,
deixou-me vermelho. Deixou-me ela bastante encabulado;
eu que talvez gostasse de ficar despercebido
com minhas palavras fugidias.
Foi um ato de amor aquela descoberta de Rosa e ela deu-me por inteiro
sem pedir sequer um beijo de vantagem. Ato de amor gratuito,
sem almejar benefícios de ordem nehuma.
Alguém duvidaria ainda que os atos de amor
perduram para além do tempo?
Sem ter envolvimento com Rosa de ouro, nem prata, sequer um toque de mãos,
ela amou-ke com tanta intensidade e pureza , naquele momento,
que ficou comigo sendo.
Sou viuvo até hoje do ato de Rosa, sedento que sou dos raros
afetos puros
Do livro "Carisma", inédito.
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