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Artigos-->O ACIDENTE NUCLEAR EM FUKUSHIMA -- 25/08/2012 - 10:28 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O ACIDENTE NUCLEAR EM FUKUSHIMA





Edson Pereira Bueno Leal, agosto de 2.012, atualizado em outubro de 2.013



O terremoto que atingiu o Japão em março de 2011 , com o tsunami em seqüência provocou o colapso das usinas nucleares em Fukushima pois os geradores falharam e não foi possível resfriar os reatores . Explosões e incêndios no complexo levaram a um agravamento progressivo da situação que classificado inicialmente na escala 4 , depois foi alterado para escala 6 , em comparação com Chernobyl que foi nível 7.

As explosões derrubaram o teto que abriga o reator e a parede secundária de proteção , mas a parede primária de contenção do reator , formada por 15 cm de aço e concreto não teria sido danificada .

O reator 1 sofreu explosão em 12 de março com desabamento de parte do teto do prédio de contenção .

No dia 14 de março , o reator 3 sofreu explosão com desabamento de parte do teto de contenção .

No dia 15 de março , mais duas explosões e um incêndio ocorreram em Fukushima 1 e no reator 2 há suspeita de derretimento parcial do núcleo de combustível . O reator 4 ao lado não foi afetado . Os reatores 5 e 6 também não foram afetados .

Fukushima é um complexo de reatores à água fervente (BWR) , que possui apenas um circuito para refrigeração, enquanto os reatores de água pressurizada (PWR), como Angra , possuem dois circuitos .

Os reatores Mark 1 de Fukushima são de geração 2, do início da década de 70. Os da geração 3 , não precisam de bombeamento hidráulico para evitar o superaquecimento pois a circulação de água ocorre por convecção natural , ocorrendo mesmo com a bomba desligada.

Houve graves erros na usina como a instalação de bombas d’água em lugares baixos , vulneráveis ao tsunami e não existirem equipamentos não tripulados capazes de se aproximar dos reatores avariados e fazer consertos sem precisar expor os funcionários a radiação letal, o que é surpreendente no Japão , o país mais robotizado do mundo . ( Veja, 23.03.2011, p. 87-94) .

Segundo Norio Sasaki , presidente mundial da Toshiba “ Quando construímos a usina , há quarenta anos , faltou prever o impacto de um tsunami de proporções inéditas”... Até então , o tsunami mais forte alcançara pouco mais de 3 metros de altura. O de março chegou a 14 metros . Ao projetarmos a usina atingida, não imaginamos uma situação extrema como essa. O segundo ponto: quando aconteceu o vazamento , a despeito de todo o esforço feito, não houve um gerenciamento adequado das ações. O protocolo estava defasado” ( Veja, 24.08.2011, p. 17-21)

Para os economistas Anat Admati , de Stanford e Martin Hellwig, do instituto Max Planck , em “The Banker’s New Clothes”, o desastre em Fukushima poderia ter sido evitado se as autoridades tivessem sido mais rigorosas. As leis de segurança eram precárias, o governo fechou os olhos para falhas evidentes , e a empresa escondeu irregularidades. Havia uma rede de troca de favores envolvendo governante e executivos , deixando de lado o interesse público. ( F S P, 27.04.2013, Mercado 2, p. ) .

Níveis de radiação foram observados, ainda baixos , e 210 mil pessoas em uma área de 20 km no entorno da usina foram evacuados por precaução . No dia 15 de março a área de isolamento foi estendida para 30 km .

Os problemas em Fukushima irão obrigar a revisar os padrões de segurança em todas as usinas nucleares do mundo e irão mudar completamente a visão de que a energia nuclear era uma fonte segura .

A Alemanha decidiu fechar temporariamente as duas usinas mais antigas e reestudar a lei que prorroga o funcionamento das outras 15. Na Suíça o governo decidiu suspender todas as licenças para construção de novas instalações e na França, o partido Verde pediu referendo para discutir a dependência do país da energia nuclear , com 58 reatores. ( F S P , 15.03.2011, p. A-16) .

Em 22 de março o governo japonês anunciou ter detectado substâncias radioativas em até 16 km da usina nuclear de Fukushima ( F S P , 23.03.2011, p. A-15) .

Em 23 de março foi divulgado que as autoridades detectaram níveis de radioatividade acima do normal na água do sistema de abastecimento de Tókio . A análise da água constatou a presença de 210 bequerels de iodo-131 por litro , abaixo do limite recomendado para adultos ( 300 por litro), mas bem acima do estipulado para crianças ( 100 por litro), o que levou à recomendação de que crianças menores de um ano não consumissem água da torneira . O iodo deve ter chegado a Tókio, a 250 km de Fukushima pela chuva ou pelo vento . ( F S P , 24.03.2011, p. A-16) .

Um grupo de funcionários , chamados de os “50 de Fukushima”, se arriscaram para conter o vazamento e evitar um desastre maior . Depoimentos anônimos ao documentário “Insides Japan’s Nuclear Meltdown” ( por dentro do derretimento nuclear do Japão ), funcionários da usina , que estão proibidos de conceder entrevistas , relataram as condições extremas dos primeiros dias “ Não era um lugar para humanos “, disse um engenheiro , ao contar que eles se revezavam a cada 17 minutos para consertar uma válvula que controlava gases explosivos . ( F S P , 12.03.2012 , p. A-14) .

Dois trabalhadores da usina de Fukushima foram hospitalizados em 24 de março após sofrerem queimaduras nas pernas por radiação ao pisar em água contaminada por radiação . Testes revelaram que eles apresentavam níveis de radiação entre 170 e 180 milisieverts , possivelmente do tipo beta , existindo o risco de eles contraírem câncer no futuro . ( f s p , 25.03.2011 , p. A-18) . Apesar dos riscos , nenhum dos que trabalharam na usina nos primeiros dias morreu ou teve problemas mais grave de saúde constatados.

O Japão reduziu em 40 anos a participação do petróleo em sua matriz energética de 80% para 45% , avançando nas usinas nucleares para 24% , mas adotou parâmetros distantes dos considerados seguros . O país não aproveitou a tecnologia desenvolvida por seus institutos para massificar a energia solar , que apesar das pesquisas avançadas há 30 anos só 2% da energia provém dessa fonte . A índia pretende suprir até 2050, 25% da demanda com usinas nucleares , mas com tecnologia de prevenção contra o derretimento dos reatores e resistência a catástrofes naturais . ( F s P , 30.03.2011, p. B-7) .

Em maio de 2011 o governo japonês determinou a suspensão do funcionamento da usina de Hamaoka, que fica sob uma falha sísmica e sofre grande risco de terremoto.

O premiê do Japão, Naoto Kan afirmou em 10 de maio de 2011 que o plano de construção de 14 reatores nucleares no país deve ser revisto .A idéia é focar em fontes renováveis como eólica, solar e biomassa, setor em que o Japão está atrasado .( F S P , 11.05.2011, p. A-17) .

Em 24 de maio de 2011 a Tepco admitiu o derretimento do núcleo de 3 dos 6 reatores de Fukushima evidenciando a gravidade do vazamento de radioatividade causado pela tragédia . ( F S P , 25.05.2011, p. A-14) .

A Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, começará em julho de 2011 a cobrir o edifício do reator 1 da central com lâminas de poliéster para tentar evitar que mais substâncias radioativas se dispersem. A empresa planeja realizar a mesma operação nos edifícios das unidades 3 e 4, embora ainda não tenha dado datas específicas para isso, informa a emissora japonesa NHK. Além de prevenir a propagação das substâncias radioativas, o plano também procura evitar que as precipitações alaguem ainda mais os recintos dos reatores 1, 3 e 4, gravemente danificados por explosões após o terremoto de 11 de março.

A Tepco anunciou que as lâminas, de aproximadamente um milímetro de espessura, serão acopladas à estrutura de aço do edifício do reator 1, de 54 metros de altura. A previsão é que a operação seja finalizada no fim de setembro, segundo a NHK.

Por outro lado, a Tepco informou que um novo sistema que começou a testar na terça-feira para descontaminar a água radioativa da usina parece funcionar com sucesso. Após os primeiros testes, os técnicos comprovaram que o nível de césio 134 da água depois do tratamento era 2.900 vezes inferior, enquanto o de césio 137 tinha diminuído 3.300 vezes, indicou a emissora pública japonesa. O sistema deverá ser iniciado em 22 de julho a fim de descontaminar as mais de 105 mil toneladas de água radioativa acumuladas nas instalações de Fukushima Daiichi. O tratamento da água representa um importante passo nos trabalhos para controlar a central, já que a elevada radioatividade do líquido impede a passagem dos trabalhadores a várias zonas. A Tepco espera poder levar os reatores de Fukushima ao estado de parada fria até janeiro de 2012. ( O Estado de São Paulo , Internet , 18.07.2011) .

Embora Fukushima tenha sido classificado como desastre no grau 7 , o máximo da escala criada pela Agência de Energia Atômica (AIEA) para acidentes radioativos , o mesmo de Chernobyl devido a ter liberado 370.000 terabecquerels , as conseqüências são muito menores comparadas as da usina russa por ser a usina japonesa mais avançada . Fukushima liberou menos de 10% da radiação que escapou de Chernobyl e o sistema de contenção funcionou pois os reatores tem uma carapaça de aço que não foi danificada e contém a radiação , o que não havia em Chernobyl . Não houve mortes em Fukushima contra 64 em Chernobyl e a radiação afetou um raio de 60km contra 500 em Chernobyl. ( Veja, 4.5.2011, p. 146-147) .

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, ofereceu em 26 de julho ao primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, o respaldo do organismo para a descontaminação da zona de Fukushima, epicentro da pior crise nuclear desde a de Tchernobil. Em reunião em Tóquio, Amano e Kan acordaram seguir cooperando para controlar a situação na central de Fukushima Daiichi, cujo sistema de resfriamento ficou seriamente danificado pelo grande tsunami provocado pelo terremoto de 11 de março no nordeste do Japão. Em declarações após o encontro, Amano explicou que pôs à disposição de Kan a experiência da AIEA em áreas de descontaminação das zonas afetadas pela radiação e na extração das barras de combustível nuclear utilizado.

Segundo Amano, o chefe do governo japonês insistiu em sua disposição de cooperar "plenamente" com a AIEA para levar os reatores de Fukushima a "parada fria", abaixo dos 100 graus centígrados, até janeiro de 2012. Kan, que recentemente defendeu a criação de um Japão não dependente da energia atômica, ressaltou que considera necessário iniciar um debate sobre a política de energia nuclear do país, indicou Amano. O Japão tenta conter em Fukushima a pior crise nuclear desde a de Tchernobil, com centenas de operários que trabalham contra o relógio para estabilizar os danificados reatores e controlar a radiação, que desde março obrigou a retirada de 50 mil famílias. O acidente nuclear também provocou sérios danos na agricultura, pecuária e pesca da zona, em meio à inquietação dos habitantes da província pelo aumento da radioatividade. Em julho , o governo japonês proibiu a venda de toda a carne bovina de Fukushima após a confirmação de que mais de 600 animais foram alimentados com forragem altamente radioativa. O diretor da AIEA, que se encontra no Japão para uma visita de seis dias, esteve nesta segunda-feira na central de Fukushima para avaliar os avanços para conter a crise, e na quarta-feira participará da reunião anual da ONU sobre desarmamento na cidade de Matsumoto. ( Folha, Internet , 26.07.2011) .

Em 16 de dezembro de 2011 , o primeiro ministro japonês Yoshihiko Noda declarou o fim da situação de crise em Fukushima , com os técnicos recuperando o controle da usina , o equivalente a uma “parada fria”, que significa que o sistema de refrigeração do reator está agora operando abaixo de 93 graus. A estabilização ocorre nove meses após o terremoto e o tsunami . ( F S P , 17.12.2011, p. A-23) .

Devido ao regime de ventos e chuvas , foram detectados altos níveis de contaminação a até 60 km do local do acidente . Para a limpeza, o governo japonês alocou US$ 14 bilhões até março de 2014, mas o trabalho deve levar décadas. Apenas de terra deverão ser recolhidos 100 milhões de metros cúbicos .( F S P , 12.03.2012, p. A-14) .

Antes de Fukushima , o plano era elevar a participação das fontes nucleares no total da energia elétrica gerada no Japão de 27% para até 50% em 2030 . Em março de 2012 as 54 usinas nucleares do Japão estão passando por inspeções de segurança e só duas estão funcionando . A opinião pública do país está fortemente contra a expansão do uso de energia nuclear e pressiona para o fechamento de todas as usinas existentes . O Japão importa 99% do petróleo que consome e é o terceiro maior comprador do mundo . As termelétricas , alimentadas a carvão , derivados de petróleo ou gás natural , geram 63% da energia elétrica do país , mas carvão e derivados de petróleo geram poluição e gases-estufa e sua expansão pode comprometer o cumprimento das metas de emissão de gases-estufa pelo Protocolo de Kyoto .

O potencial hidrelétrico do país (8% do total) , está praticamente esgotado . Restam as fontes alternativas, ( apenas 2% do total em 2012) : energia solar , eólica e geotermal, esta com maior potencial já que há fontes subterrâneas de calor e água no país devido à atividade vulcânica . ( F S P , 12.03.2012, ,p.A-14) .

Em 5 de julho de 2012 foi divulgada a conclusão da comissão parlamentar japonesa sobre o acidente em Fukushima que concluiu que o acidente foi um “desastre causado pelo homem” e não apenas conseqüência do terremoto e do tsunami de 11 de março de 2011. O relatório afirma que as agências de regulação e a direção da Tepco sabiam que , desde ao menos 2006 havia o risco de acidente em Fukushima em caso de um tsunami de grande porte e deliberadamente não fizeram nada , postergaram suas decisões ou tomaram as medidas que lhes eram convenientes.

O reator de Ohi, no oeste do Japão foi reativado em julho de 2012 e as autoridades japonesas esperam religar outros reatores. Desde maio de 2012 , o último reator havia sido desligado e o Japão ficou sem a geração de energia nuclear pela primeira vez desde a década de 1970. ( F S P , 6.7.2012, p. A-12 .

Cientistas da Universidade Stanford concluíram que o acidente nuclear de Fukushima causará câncer em até 2.500 pessoas . ( Veja, 25.07.2012, p. 52) .

Segundo a francesa Anne Lauvergeon que presidiu por uma década a Areva, empresa francesa que atua em todas as fases ligadas à energia nuclear “Os reatores nucleares costumam ser muito resistentes a terremotos . A usina japonesa, porém, não estava preparada para o tsunami provocado pelos tremores. A agência de segurança nuclear do Japão, falhou ao não exigir , como medida preventiva, a construção de um dique suficientemente alto para evitar a invasão da água do mar . Se a barreira tivesse apenas 10 metros a mais , o mundo não teria ouvido falar de Fukushima . Em dezembro de 1999, a França quase enfrentou uma tragédia semelhante quando uma violenta tempestade inundou a usina de Blayais, perto da cidade de Bourdeaux. O incidente não foi grave, mas levou os países europeus a reavaliar os projetos de suas usinas nucleares para descobrir seus pontos fracos e se antecipar a eventuais problemas causados por eventos incomuns . Em Blayais , a solução foi aumentar o tamanho do muro de proteção . As autoridades japonesas sabiam da experiência européia , e poderiam ter aumentado o dique, uma medida relativamente barata. Se o Japão tivesse adotado os padrões internacionais e as melhores práticas do setor, o acidente em Fukushima teria sido evitado .” ( Veja, 15.08.2012, p. 16) .

Equipe liderada por Atsuki Hiyama,da Universidade das Ilhas Ryukyu , coletou borboletas da espécie Zizeeria Maha que são consideradas bons indicadores do estado do ambiente , porque seu organismo é sensível a alterações ambientais . Insetos que vivam nas vizinhanças do acidente foram coletados em maio e setembro de 2011. Quando o acidente ocorreu em março, os bichos estavam na forma de lagartas. Nas borboletas capturadas em maio, já havia aberrações morfológicas em 12% dos casos . Alguns animais foram cruzados em laboratório, tanto entre si , quanto com borboletas de outros locais e se verificou um aumento gradativo das anormalidades ao longo das gerações o que ocorreu também com borboletas coletadas mais tarde na natureza.Os efeitos que incluem, asas de tamanho desigual, antenas com pontas duplas e olhos malformados estão descritos em artigo na revista especializada “Scientific Reports”. ( F S P , 15.08.2012, p. C-7) .



USINA VAZANDO RADIAÇÃO EM OUTUBRO DE 2012.



A operadora da usina nuclear de Fukushima , a empresa Tokyo Eletric Power, anunciou em 26 de outubro de 2012 que não pode descartar a possibilidade de ainda haver vazamento de radiação no mar. A declaração veio após a publicação de um artigo na revista “Science” que afirma que altos níveis de césio em peixes fisgados perto de Fukushima indicam que a radiação continua vazando na usina. A porta-voz da empresa afirmou “Nós confirmamos que os níveis de radiação estão diminuindo tanto na água do mar quando no leito marinho ao redor da usina”. A pesca próxima a Fukushima continua proibida, exceto para teste de algumas espécies, como certos tipos de polvo e lula, que são exportados apenas quando são considerados seguros. ( F S P , 27.10.2012, p. A-24).



NOVO VAZAMENTO ABRIL DE 2013



A Tepco informou em 6 de abril que até 120 toneladas de água radioativa podem ter vazado de um tanque subterrâneo para o solo.

Enterrado a seis metros de profundidade, o tanque recebe parte da água usada no resfriamento da usina. Ele tem três lâminas para evitar vazamentos e mede 60 metros de cumprimento por 53 de largura. Os indícios de contaminação foram encontrados entre as camadas impermeáveis do tanque e no solo ao redor do mesmo. Apesar de o depósito estar localizado a cerca de 800 metros do mar, a operadora disse considerar improvável que os resíduos possam chegar ao oceano.

Para remediar a situação a empresa começou ontem a transferir, com o auxílio de bombas , as 13.000 toneladas de água contaminada armazenadas no local . O líquido será levado para tanques auxiliares. A operação deve durar três dias.

A Tepco, desde o terremoto , seguido de Tsunami em março de 2011, já usou cerca de 250 mil toneladas de água para evitar o superaquecimento dos reatores da usina, que teve seu sistema original de refrigeração danificado.

A água contaminada é armazenada em sete piscinas subterrâneas e em outros tanques que ocupam quase toda a área da central nuclear. ( F S P ,7.4.2013, p. A-16) .



RATOS ATRAPALHANDO O FUNCIONAMENTO DA USINA



Pela terceira vez em menos de cinco semanas, a controladora da usina nuclear teve que paralisar o resfriamento de uma de suas piscinas de combustível para remover ratos mortos.

Em março , Fukushima ficou parada por 29 horas por causa de um rato que cortou um quadro temporário. Duas semanas mais tarde, os trabalhadores que tentavam instalar uma rede, desarmaram novamente o sistema. No início de abril, a Tokyo Eletric Power , detectou quatro vazamentos em reservatórios de refrigeração.

Desta vez, a piscina paralisada fica na unidade dois, que armazena parte do urânio usado para gerar energia. A controladora informou que instalou redes para evitar novas invasões de ratos.

O governo e o órgão regulador nuclear advertiram a empresa, reavivando o debate público sobre se a Tepco está à altura da tarefa de desativação, prevista para durar décadas. ( F S P , 23.04.2013, p.A-15) .



NOVO VAZAMENTO – JUNHO DE 2013.



O operador da usina nuclear de Fukushima, no Japão, confirmou em junho de 2013 que foi encontrado um novo vazamento de água contaminada de um dos tanques de resfriamento da planta. O local foi fortemente atingido pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu o país em março de 2011.

Segundo a Tokyo Electric Power, o novo vazamento foi detectado em um dos tanques circulares instalados ao lado dos reatores. O chefe da controladora, Shunichi Tanaka, afirmou que foi possível contornar o problema imediatamente, embora tenha reconhecido a seriedade do acidente.

A falha foi confirmada após a Tepco detectar um aumento das quantidades de césio radioativo no solo. Desde o terremoto que danificou a estrutura da usina, a controladora tenta controlar a temperatura dos reatores, que sofreram vazamento após o abalo sísmico.

No entanto, é constante o número de vazamentos nos reservatórios que abrigam a água contaminada usada para resfriar as pilhas nucleares. Os últimos casos foram em março e abril, quando quatro escapes de água foram registrados em tanques subterrâneos de Fukushima.

Na época, a Tepco informou que precisava de mais espaço para armazenar a água e solicitou a autorização do governo japonês para despejar parte do resíduo do resfriamento no mar. O acordo ainda precisa da aprovação dos pescadores, que há dois anos trabalham de forma reduzida na região da planta.

O acidente nuclear na usina japonesa foi o mais grave desde a destruição da usina de Tchernobyl, na Ucrânia, em 1986. O terremoto e o tsunami destruíram os geradores de emergência e o sistema de refrigeração. Dos quatro reatores, três foram prejudicados.

O acidente provocou vazamento de material radioativo no solo e no lençol freático da região. Em virtude da explosão, cerca de 160 mil pessoas foram desalojadas da região, sem previsão de volta.

MASAO YOSHIDA HERÓI DA USINA MORRE



O engenheiro Msao Yoshida morreu em 9 de julho em Tóquio, aos 58 anos . Ele e sua equipe arriscaram a própria vida , permanecendo em seu posto, mesmo depois do alerta atômico, comandando o bombeamento de água do mar para resfriar os reatores cujo sistema de refrigeração havia sido destruído pelo tsunami e evitou que o acidente assumisse proporções gravíssimas. Ele morreu de câncer de estomago, segundo a empresa em doença que não teve relação com a exposição à radioatividade. ( Revista Veja, 17.07.2013, p. 34) .





VAZAMENTO CONTINUA – JULHO 2013



A Autoridade de Regulação Nuclear do Japão (NRA) indicou em 10 de julho de 2013, que há uma "firme suspeita" de que a água altamente radioativa que se concentra na acidentada usina nuclear de Fukushima pode estar sendo lançada no solo e no mar. "Devemos achar a causa que existe por trás destes altos níveis de contaminação e estabelecer as medidas prioritárias para solucioná-los", declarou o presidente do NRA, Shunichi Tanaka, à agência "Kyodo". Tanaka fez estas declarações depois do considerável aumento dos níveis de concentração de césio e estrôncio, comprovado em recentes mostras de águas subterrâneas colhidas nas instalações de Fukushima. Neste momento, o principal desafio para desativar a central é a acumulação de água contaminada no subsolo dos edifícios que abrigam os reatores nucleares .O desafio em questão se torna ainda mais complicado a cada dia, já que o líquido aumenta diariamente por causa do processo de filtragem do sistema de refrigeração e da água subterrânea proveniente das zonas contíguas.

Apesar da falta de conclusões em relação às causas desse aumento substancial dos níveis de contaminação deste água, a companhia acredita que o foco pode ser um poço junto ao mar. No entanto, a NRA considera que esta pode não ser a única origem para o aumento dos níveis. As mostras de água subterrânea analisadas ontem pela operadora da central, Tokyo Electric Power (TEPCO), registraram níveis de materiais radioativos até 100 vezes mais altos do que os registrados nas provas realizadas em 5 de julho.A mostra em questão continha 11 mil becquereles de césio-134 por litro e 22 mil becquereles de césio-137 por litro. Nesta água também havia 900 mil becquereles de outras substâncias que emitem radiação beta, como o estrôncio. A TEPCO adiantou que já adotou medidas para identificar esta água contaminada em zonas da central, embora, segundo o NRA, a empresa não tenha como controlar a propagação de todos os materiais contaminados ao mar ou ao solo. A elétrica indicou que, por enquanto, não detectou "um impacto significativo" em torno da usina.

VAZAMENTO SE AGRAVA AGOSTO 2013.

O conhecimento popular diz que o tempo cura tudo. Em se tratando da usina de Fukushima Daiichi, fortemente danificada pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março de 2011, isso pode significar décadas: a árdua tarefa de desmantelar a central tem duração estimada de 30 a 40 anos.

Devido aos estragos provocados, é difícil precisar quantas surpresas vão aparecer no caminho. Prova disso é o vazamento de água contaminada com materiais radioativos, entre eles iodo, estrôncio, césio e plutônio, que tornou-se, hoje, o principal desafio da operadora, a Tokyo Electric Power Co, ou Tepco.

Pouco antes, em 2012, o alarme de emergência disparava repetidamente por outro problema, o aquecimento dos reatores, já resolvido. Mas quando tudo parecia relativamente controlado, o vazamento de água veio à tona, mergulhando a usina em nova crise, que se intensificou esta semana. E uma crise difícil de resolver.



CONTAMINAÇÃO DO MAR E DE PEIXES



O vazamento de água contaminada para o mar tem potencial de afetar drasticamente a fauna marinha mesmo em regiões afastadas, onde a concentração de sustâncias tóxicas seria menor.

Em julho, um caso virou manchete dos jornais locais. A dezenas de quilômetros da usina de Fukushima, um robalo capturado revelou um nível de radioatividade inédito em um pescado desta espécie, 10 vezes superior ao limite autorizado no Japão.

O governo do Japão proibiu a pesca comercial na área, cerca de 200 quilômetros a nordeste de Tóquio. Mas a contaminação parece não encontrar barreiras. Em fevereiro, quase do outro lado do planeta, pesquisadores encontraram, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos, um atum contaminado pela radiação de Fukushima.

Casos como esses são o retrato de como, mesmo dois anos após a tragédia, os danos na usina japonesa de Fukushima continuam dispersos e difíceis de serem conhecidos com precisão. Um verdadeiro martírio nuclear. (Revista Exame , Internet, agosto de 2013).



GOVERNO VAI INTERVIR NA USINA



O premiê japonês, Shinzo Abe, afirmou em 7 de agosto que seu governo irá intervir para ajudar a estabilizar a situação na usina nuclear de Fukushima.

Em 07 de agosto de 2013, o governo japonês informou que, diariamente, cerca 300 toneladas de água radioativa vazam para o mar. Parte do volume contaminado vem das reservas de água usadas na refrigeração dos reatores. Outro agravante é a contaminação do subsolo da usina, por onde passa um grande fluxo de água que desce das montanhas que circundam a usina.

O premiê por isso descreveu o caso como uma “questão de urgência” e disse que o governo precisa usar recursos para ajudar a operadora.

Segundo autoridades, a “muralha química” construída em junho não conseguiu conter a água contaminada, que passa por sobre a barreira e chega ao Pacífico . “Não podemos deixar o problema só a cargo da Tepco. Precisamos enfrentar isso em nível nacional”.

Para conter o vazamento, a Tepco e as autoridades do Japão estudam adotar uma medida drástica: construir uma nova muralha de gelo , em torno do reator danificado.

O plano prevê congelar o subsolo, criando assim uma barreira ao fluxo de água que segue para o mar. A expectativa é que o governo solicite fundos do orçamento do próximo ano fiscal para ajudar a financiar a empreitada.

Enquanto a solução mais efetiva não chega, a operadora começou a bombear a água que se acumula no subsolo dos reatores e armazená-la em mais de mil contêineres. Mas é preciso correr contra o relógio – amostras indicam que o índice de radioatividade detectada na água subterrânea sob a usina de Fukushima aumentou 47 vezes nos últimos cinco dias.

Mas para que o vazamento acabe, é preciso construir uma muralha de gelo de quase 1,6 km de comprimento e que penetre mais de 33 metros abaixo da superfície . Não existe no mundo , nenhuma muralha de gelo feita nestas proporções. O projeto pode levar décadas para ser concluído . Dutos seriam instalados no subsolo, com material refrigerador a – 40º C, o que congelaria o solo e bloquearia a fuga da água contaminada. ( F S P , 8.8.2013, Mundo 2, p. 2).

O governo japonês anunciou em 21 de agosto que o vazamento é de “nível 3”, correspondente a “incidente grave” , na escala internacional de eventos nucleares, que vai de 0 a 7 e corresponde a “vazamento de grande volume de material radioativo no interior da instalação”.

Há poças com níveis elevados de radiação , em uma hora a pessoa pode ficar exposta ao nível de radiação permitido para um trabalhador de usina nuclear em cinco anos.

A água tóxica pode contaminar águas subterrâneas e chegar ao Oceano Pacífico . A empresa está transferindo água contaminada de um tanque com vazamento e a que está no solo e o solo em torno dela, para tanques intactos e reforçando as barragens existentes. ( F S P , 22.08.2013, p. A-18) .



AUMENTAM OS NÍVEIS DE RADIAÇÃO AGOSTO DE 2013.



A Tepco, anunciou em 1 de setembro de 2013, altos níveis de radiação em três tanques de armazenamento de água e em uma tubulação. A radiação detectada estava entre 70 e 1,8 milisieverts por hora, um nível de radioatividade 18 vezes maior do que o registrado no mesmo local uma semana antes e que pode tornar-se letal em apenas quatro horas de exposição .

A lei japonesa estabelece que o nível seguro de exposição anual é de 50 milisieverts.

Os tanques afetados , são feitos de chapas de aço e semelhantes ao reservatório no qual foi detectado há uma semana, um vazamentos de 300 toneladas de água contaminada no mar. Há mil destes tanques na usina , armazenando a água altamente radioativa acumulada nos porões dos reatores e que aumenta diariamente pelo vazamento de líquidos que vem do sistema de refrigeração da usina. Há 350 tanques do mesmo modelo do que apresentou vazamento que serão analisados , pois foram fabricados de forma rápida e econômica quando aconteceu a crise nuclear em 11 de março de 2011. ( F s P , 2.9.2013, p. A-14) .



PARALISAÇÃO DO ÚLTIMO REATOR – SETEMBRO 2013.



O Japão iniciou em 15 de setembro o procedimento para parar o único reator nuclear ainda em funcionamento no país, a unidade 4 da central de Ohi ( oeste) . Com isso, os reatores nucleares, que chegaram a gerar um quarto da energia elétrica do país antes do acidente de Fukushima , param de operar por tempo indeterminado. ( F S P , 16.09.2013, p. A-10).



A CIDADE DE NAMIE



Todos os meses, Hiroko Watabe, 74, regressa desafiadoramente por algumas horas à sua casa abandonada, perto da destruída usina nuclear de Fukushima. Usando máscara cirúrgica, com dois medidores de radiação pendurados no pescoço, ela se abaixa para arrancar as ervas daninhas. Watabe mantém o quintal limpo para provar que não desistiu da sua casa, desocupada há dois anos, depois que um terremoto de magnitude 9 e um tsunami devastaram a usina, a 8 km de distância. Nem todos os vizinhos assumem o mesmo risco. Casas outrora bem-cuidadas agora têm as portas bloqueadas pelo mato que chega à altura do peito.

"No meu coração, sei que nunca mais poderemos morar aqui", disse Watabe, que veio de carro com seu marido numa viagem de uma hora a partir de Koriyama, cidade onde vivem desde o desastre. "Mas fazer isso nos dá um propósito. Estamos dizendo que esta ainda é a nossa casa."

Em meio aos frequentes relatos sobre o desastre ambiental na usina Fukushima Daiichi -onde centenas de toneladas de água contaminada continuam vazando para o oceano Pacífico e onde foi noticiado, em 7 de outubro, que uma bomba usada para resfriar um dos reatores danificados havia parado, possivelmente por falha do operador-, uma crise humanitária vem acontecendo. Os quase 83 mil desabrigados nucleares das áreas mais atingidas ainda não podem voltar para casa.

Alguns relutantemente decidiram morar em outros lugares, mas dezenas de milhares estão em um limbo jurídico e emocional, enquanto o governo mantém as esperanças de que eles possam um dia voltar.À medida que esperam, muitos vão ficando amargurados. A maioria apoia o objetivo de descontaminar as cidades para que as pessoas possam voltar a casas que, no caso de algumas famílias, são habitadas há gerações. Agora esses moradores suspeitam que o governo já saiba que a limpeza levará anos ou mesmo décadas a mais do que o prometido, conforme alertam especialistas, mas que não admita isso por medo de inviabilizar o plano de religar outras usinas nucleares do Japão.

Isso deixa poucas boas opções para a população de Namie e de muitas das outras dez cidades desocupadas. As pessoas podem continuar vivendo em moradias temporárias abarrotadas, recebendo uma compensação mensal modesta do governo. Ou podem tentar construir uma nova vida em outro lugar, algo quase impossível para muitos se o governo não admitir derrota e pagar uma indenização total.

"O governo nacional nos manda esperar", disse Tamotsu Baba, prefeito da cidade de Namie, de 20 mil habitantes. "Os burocratas querem evitar assumir a responsabilidade por tudo o que aconteceu, e nós, plebeus, pagamos por isso." Para os moradores de Namie, a falta de clareza do governo não é novidade. No dia em que eles fugiram, os burocratas em Tóquio sabiam, com base em modelos informatizados, que a direção tomada por eles poderia ser perigosa, mas não disseram isso por medo de gerar pânico. Os moradores rumaram para o norte, diretamente na direção de uma coluna de radiação.

Antes do desastre, Namie era uma pacata comunidade agrícola e pesqueira. Hoje, está dividida em setores codificados por cores, as quais denotam o grau de contaminação nas várias áreas e quanto tempo os ex-moradores podem permanecer durante as visitas limitadas, sempre em horário diurno. Eles recebem dosadores de radiação ao entrarem e são examinados na saída. Uma placa alerta sobre vacas que vagam em estado semisselvagem desde que foram soltas por seus proprietários em fuga. Ultrapassados os postos de controle, Namie é uma cidade-fantasma, com ruas vazias, cheias de lixo e mato. Algumas casas rurais tradicionais, de madeira, sobreviveram ao terremoto, mas não à negligência. Elas desabaram depois que a chuva se infiltrou, apodrecendo suas vigas de madeira.As autoridades reocuparam a esquina da prefeitura, onde montaram o Escritório para a Preparação do Retorno à Cidade, que somente instalou banheiros portáteis e alocou guardas para evitar saques na região. O governo espera mobilizar trabalhadores para retirar várias toneladas de terra contaminada dali. Mas há um obstáculo: existem apenas dois lugares que poderiam armazenar a terra tóxica -seriam necessários 49.

Recentemente, o governo admitiu que essas atribulações causaram atrasos irremediáveis à operação de limpeza em 8 das 11 cidades, as quais as autoridades originalmente prometeram limpar até março. Nenhuma nova data foi estipulada. Mesmo em lugares onde a limpeza já começou, outros problemas apareceram. A retirada da terra teve serventia apenas limitada na redução dos níveis de radiação, em parte porque a chuva traz mais contaminantes das montanhas próximas.

As visitas de Watabe costumam ser emocionalmente dolorosas, além de assustadoras. Ela diz que a loja de veículos do seu marido foi roubada. Seu quintal foi invadido por um perigoso javali, que ela conseguiu expulsar. Ela considera que capinar o acesso à garagem é algo tão perigoso que chegou a afastar com acenos um visitante que ofereceu ajuda, apontando seu medidor, que indicava um nível de radiação 2,5 vezes superior ao que habitualmente motivaria uma desocupação. Ela evocou reminiscências da sua comunidade, outrora tão unida, onde os vizinhos paravam para tomar chá e bater papo. Aqui ela criou seus quatro filhos, e seus dez netos eram visitantes habituais: bichos de pelúcia e outros brinquedos estão espalhados entre os destroços. O filho mais velho de Watabe -que morava na mesma casa, com a sua própria família, e que deveria assumir no futuro o negócio familiar- prometeu nunca mais voltar. Ele se mudou para um subúrbio de Tóquio, temendo que qualquer tênue associação com Namie causasse às suas duas filhas o mesmo tipo de discriminação que os sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki enfrentaram. "Os jovens já desistiram de Namie", disse Watabe. "Só os velhos querem voltar." Seu marido, Masazumi, acrescentou: "Mesmo nós vamos desistir em breve". Seus ex-vizinhos na metade oeste da cidade têm ainda menos chances de voltar. A casa da família Watabe fica na zona de radiação média. A maior parte do lado oeste está na pior zona de radiação. A estrada que sai do centro da cidade e sobe serpenteando um desfiladeiro de ruidosas corredeiras parecia idílica, exceto pelos gritos de um medidor de radiação. Sempre se previu que a limpeza aqui seria mais difícil, por causa das dificuldades decorrentes de se tentar varrer encostas inteiras.

Perto da entrada da sua casa rural de três séculos de idade, Jun Owada, 84, varria do seu chão de tatame as fezes dos ratos que se instalaram ali quando ela foi embora. Ela voltou naquele dia para realizar um ritual tradicional de luto, lavando a tumba do seu marido, que morreu antes do terremoto. Ela decidiu virar a página e está morando com um filho na periferia de Tóquio, embora volte para homenagear um passado que ela está deixando para trás. A cada visita, disse Owada, ela recebe uma dose equivalente a uma ou duas radiografias de tórax, mesmo quando permanece dentro de casa. Enquanto manuseava a vassoura, ela apontava coisas que não poderia consertar. Os arrozais em plataformas cresceram demais, e as espessas vigas de madeira da sua casa começam a apodrecer."A gente olha ao redor", disse ela, "e sabe imediatamente que não há como retornar".



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