Me ponho a dizer da vida,
no viver das longas eras,
no vibrar das tantas idas,
no pulsar das lendas terras.
Meu coração se apoquenta,
no frio da vã esp rança,
quem não espera, se alcança,
dom da vida, a vida inventa.
Tento dobrar as esquinas,
dar cabo às minhas tormentas,
coração, que bem aguentas,
inquilino de outras sinas.
Ainda sou, que fui posto,
no sentir dessa amizade,
sei de gosto a contragosto,
sendo quase uma saudade.
Tanto tangem tangerinas
as unhas sobre a guitarra,
seis cordas onde se amarra
a razão de tantas rimas.
Caminhando pelas ruas,
saudando a gente que passa,
sabor de um tempo de luas,
quando o povo era da praça.
Vejo o reino dos relógios,
penso que melhor seria
a vida sem tique-taque,
o tempo sem mais valia.
(Ai, ai, ai, viola...) |