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Ensaios-->Memorial do Comunismo: A Guerrilha do Araguaia III -- 05/07/2007 - 11:50 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Guerrilha do Araguaia

Félix Maier

1ª Operação.

“A propósito, como relata Gorender em seu ‘Combate nas Trevas’ (pg. 207 e 208), ‘o PC do B, a partir de 1967, fixou à margem esquerda do Rio Araguaia um grupo de militantes com treinamento na China: Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão), João Carlos Haas Sobrinho, André Grabois, José Humberto Branca e Paulo Mendes Rodrigues. Paulatinamente, sobretudo a partir de 1970, chegaram outros militantes e o total atingiu 69, dispersos ao longo de um arco, estendido de Xambioá até Marabá.’ ” (Del Nero, in “A Grande Mentira”, pg. 415 e 416).

A revelação da atividade guerrilheira na região do Araguaia fora feita por um casal de militantes que abandonara a área. No início de 1972, foi preso pela Polícia Federal de Fortaleza o militante do PC do B, Pedro Albuquerque Neto. Durante o interrogatório, Pedro declarou ter-se evadido de um campo de treinamento de guerrilha rural localizado no interior do município de Conceição do Araguaia. Não se adaptando às atividades na selva e por ter-se revoltado com uma decisão do Partido, que pretendia impor à sua mulher a realização de um aborto, apropriou-se de 30.000 cruzeiros pertencente à organização e fugiu da área com a mulher.

Duas equipes, em trabalhos sucessivos, levantaram indícios das declarações de Pedro Albuquerque e tudo indicava que uma área de guerrilha havia sido implantada no Brasil.

“A esse fato – e não como se poderia interpretar, por uma decisão governamental de obstar o processo de redemocratização – se devia a atividade de aparente retrocesso do Presidente Médici em seu pronunciamento.” (Del Nero, in “A Grande Mentira”, pg. 416)

Foram confirmados indícios de atuação de guerrilheiros no Sudeste do Pará quando um pelotão do 2º Batalhão de Infantaria de Selva (2º BIS), da 8ª Região Militar (8ª RM), investiu sobre 2 pontos de apoio aos guerrilheiros, apreenderam roupas, calçados, remédios, literatura marxista, um manual de instrução militar, um quadro de trabalho e algumas armas em mau estado.

Quando 2 militantes foram presos, a 8ª RM decidiu empregar mais 2 pelotões, inicialmente mantidos na reserva. No dia 15 de janeiro de 1972, uma militante foi presa em um hotel de Marabá, PA. No dia 18 de abril, com a prisão de 'Geraldo'(José Genoino), este revelou toda a estrutura do PC do B na área, fornecendo a localização dos 3 destacamentos.

Nos primeiros dias de atuação das Forças legais na área, foram destruídos 9 pontos de apoio, atingindo os três destacamentos. Depois desse êxito, os efetivos militares foram ampliados, com o emprego de 26 combatentes do Destacamento de Forças Especiais da Brigada Pára-quedista, do Rio de Janeiro. No início de maio, computando as tropas da PM/PA, os responsáveis pelo transporte aéreo e o pessoal de informações, o total das Forças de Segurança era de mais ou menos 200 homens. A área de ação compreendia 900 km², cobertos por densa vegetação e sem vias de transporte, tinha o formato de um triângulo, tendo como base a Transamazônica, de Marabá até Araguantins, e como vértice oposto Araguanã, tendo como limites, de um lado o Rio Araguaia, e de outro o Rio Vermelho.

No 1º período, praticamente não houve choques, pois as tropas se mantinham nos povoados e nos castanhais. O 1º choque deu-se quando uma equipe do Exército foi atacada, resultando no ferimento de um tenente e um sargento, tendo desaparecido o cabo Odilo Cruz Rosa, que fora morto, segundo alarde de Osvaldão, que dissera aos habitantes da região que montaria guarda ao corpo até que apodrecesse, pois o Exército não teria coragem de resgatá-lo. Um patrulha efetivamente encontrou o cabo Rosa, morto, de quem haviam levado uma metralhadora. A 3ª Brigada de Infantaria enviou 3 pelotões para a região de Xambioá e 2 para a região de Araguantins, para ocupação desses locais e lugarejos mais próximos.
Na 1ª operação, incompleta, de reconhecimento, executada por pessoal não especializado, com reduzido efetivo, houve êxito satisfatório. Foram feitas 10 prisões de subversivos, sendo 4 resultantes de deserções.


2ª Operação

Como a área afetada pela guerrilha abrangia zona de responsabilidade de mais de um Grande Comando, o Estado-Maior do Exército (EME) atribuiu ao Comando Militar do Planalto (CMP) a responsabilidade das operações.

O CMP havia previsto, em suas Diretrizes do ano de 1972, uma manobra na área, em que sugeria ao EME que essa manobra incluísse unidades do IV Exército, com sede em Recife, PE, e do Comando Militar da Amazônia (CMA), com sede em Manaus, AM, além de um destacamento da Brigada Pára-quedista.

Nessa manobra, participaram, ainda, tropas de Fuzileiros Navais e elementos de apoio aéreo, totalizando um efetivo de 3.000 homens. No período de 15 a 17 de setembro de 1972, foi feita a ocupação da área.

Para atenuar a vantagem que os guerrilheiros haviam obtido junto à população, foi desenvolvida uma atividade cívico-social nas localidades de Xambioá e Araguantins, com atendimento médico-odontológico e a distribuição de medicamentos e material escolar.

O INCRA foi convidado a solucionar problemas fundiários e o Governo do Estado se obrigou a colocar um médico no hospital de Xambioá, onde não havia nenhum. A Polícia Federal prendeu vários grileiros, que expulsavam os posseiros de suas terras.

No dia 27 de setembro, os guerrilheiros investiram contra uma base do 2º BIS, matando o 2º sargento Mário Abrahim da Silva. Nesse e em outros combates, estima-se que alguns guerrilheiros possam ter morrido ou ficado feridos.

A manobra encerrou-se no dia 2 de outubro, o que permitiu que os guerrilheiros voltassem a se movimentar com liberdade e realizassem a reaproximação com os moradores da área, adquirissem e estocassem alimentos, e ampliassem as ações.


Operação de Informações

O foco guerrilheiro era preocupação do Governo, que temia que na área fosse estabelecida uma zona liberada, ou seja, uma área onde o Governo deixaria de exercer uma de suas mais importantes prerrogativas, que é o monopólio da força de coerção da sociedade. Com isso, poderia surgir outro “Estado” dentro do País, como havia ocorrido em outros países, fruto da Guerra Fria, a exemplo de Angola e Moçambique.

Na 1ª quinzena de maio de 1973, teve início uma operação de informações na área da Guerrilha do Araguaia, com a chegada de aproximadamente 30 agentes, que entraram na área da mesma forma que os subversivos haviam feito anos atrás: adquirindo terras como posseiros, comprando “bodegas”, estabelecendo e operando “negócios” – uma eficaz “estória de cobertura”.

Os agentes, por diversas vezes, tiveram contatos com terroristas. Um deles, para não despertar suspeitas, viu-se obrigado a vender-lhes munições. O convívio na região permitiu que os agentes delineassem a área onde os guerrilheiros circulavam, que tipo de armamento possuíam, quem lhes prestava apoio e quem era neutro. Os agentes trabalharam na área durante 5 meses, adquirindo conhecimentos essenciais para o posterior êxito das operações.

Nesse tempo, soube-se que os subversivos executaram 4 pessoas: um conhecido como Pedro Mineiro e outro como Osmar, e que teriam “justiçado” Rosalindo Cruz, que pretendia deixar a área, e o posseiro João Pereira, por haver colaborado com o Exército durante a operação de informações.


3ª Operação

“As Forças legais iniciaram as ações em Xambioá, no dia 7 de outubro de 1973, e surpreenderam os guerrilheiros. Não entraram em massa nem pelo Norte, nem pelo Sul. Atuaram descentralizadamente, guiadas pelos agentes que havia cinco meses viviam na área e de cuja presença os guerrilheiros sequer suspeitavam – por mais de uma mês ficaram sem ter noção dos efetivos que combatiam. As forças legais totalizaram cerca de 250 homens, mas os terroristas os julgavam cinco vezes superior, confundidos pela dispersão das tropas.

A 1ª ação realizada pelas Forças de Segurança foi o isolamento de apoio logístico e de pessoal aos terroristas. Cada equipe das Forças legais recebia de seu guia uma ficha de moradores, indicando o grau de comprometimento e os tipos de apoio que prestavam. Essas pessoas passaram a colaborar com as Forças de Segurança, que passaram a assistir suas famílias.

Sob custódia da PM do Pará, recebiam alimentação, certidões de nascimento e de casamento, e a muitos foi entregue o título da terra. Não tinham qualquer formação política e cooperaram com os ‘paulistas’ – como eram chamados os guerrilheiros -, que davam assistência médica e os orientavam sobre práticas agrícolas.

Logo no início das operações, a rede de apoio aos subversivos estava desbaratada, graças aos trabalhos de levantamento feitos pelo pessoal de informações. Depois do 1º combate, os guerrilheiros desapareceram e se dispersaram na mata em suas áreas de homizio. Durante todo o mês de novembro e parte de dezembro, não houve mais confrontos.

Os subversivos, nesta 3ª operação, foram surpreendidos pela ação de combatentes profissionais, com larga experiência na selva – não mais de recrutas inexperientes. Estabeleceram bases de operações na mata, patrulhavam castanhais, grotas e possíveis áreas de homizio. Recebiam informações de helicópteros que vigiavam a região. Estavam acompanhados de bons ‘piseiros’ – como são conhecidos os rastreadores da região -, homens especializados em seguir rastros.

As Forças legais previam confrontos violentos, em que o reflexo e a iniciativa de fogo são fundamentais. Os subversivos, porém, durante esse período, pareciam apenas se preocupar com marcar presença na área ou apenas sobreviver.
As operações se prolongaram até meados de 1974, quando as Forças legais concluíram que os subversivos não tinham mais condições de atuar coordenadamente na região, já que não tinham mais contato com a direção política do movimento, nem tinham mais o apoio da população.

A maior parte da tropa foi retirada da região, sendo mantidas pessoas da área de informações e um destacamento que passou a guarnecer as instalações de um quartel recém-construído em Marabá, hoje sede de uma Brigada de Selva do Exército.

Essa foi a mais séria tentativa de implantação de um foco guerrilheiro no País. Os erros e os acertos cometidos de parte a parte constituem um repositório de ensinamentos que não podem ser desprezados.

Esta história, aqui resumida, nos foi transmitida por participantes dessas ações, mas todos eles com uma visão parcial, específica de suas áreas de atuação. Não dispomos de maiores dados sobre os combates e nem era esse o nosso objetivo neste trabalho. É lógico que esta história precisa ser enriquecida com o relato de pessoas que, participantes ou não das operações, tenham delas uma visão mais ampla e, ao mesmo tempo, mais detalhada do seu desenvolvimento” (Del Nero, in “A Grande Mentira” - extrato, pg. 449 e 450).

“Relatos de ex-guerrilheiros e militares que participaram da terceira ofensiva no Araguaia revelaram que, na fase decisiva, o Exército não fazia prisioneiros. Quem escapava da caçada na selva não sobrevivia à tortura. Os corpos eram enterrados na floresta. O Exército, porém, não admite até hoje as mortes.” (Jornal do Brasil, in “Uma história mal contada”, de 24 Mai 2001) A afirmação do JB, “não sobrevivia à tortura”, é desmentida por José Genoíno, guerrilheiro do Araguaia preso pelo Exército, hoje mais vivo que nunca, e Deputado Federal pelo PT.

O coronel aviador da Aeronáutica, Pedro Corrêa Cabral, acusou o Coronel do Exército, Sebastião Curió, de ser um dos responsáveis pela execução de guerrilheiros, cujos corpos posteriormente teriam sido reunidos e queimados com pneus no início de 1975, na Serra das Andorinhas, Sul do Pará.

O deputado do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh, é o advogado de “mortos e desaparecidos” e das famílias dos 68 guerrilheiros do Araguaia.

Em maio de 2006, foi lançado o filme “Araguaya, a conspiração do silêncio”, longa-metragem de Ronaldo Duque, que ganhara o Prêmio Especial do Júri do Festival de Gramado, em 2004. Em 2005, foi escolhido o melhor filme do New York Brazilian Film Festival e recebeu o Prêmio Especial de La Juria do 20º Festival de Cinema Latino-Americano de Trieste, na Itália. Trata-se de mais um filme esquerdoso, que tem por única finalidade exaltar a morte de fanáticos comunistas que tentaram implantar um Vietnã no interior do Brasil, para a instauração de uma ditadura de molde marxista, ao mesmo tempo em que tenta demonizar o Exército que os combateu.

Felizmente, o diabo os carregou a todos, exceto José Genoíno, deixado para ser carregado mais tarde...




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