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Ensaios-->A burla eleitoral -- 22/11/2006 - 09:05 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A grande farsa

por Heitor De Paola (*) em 22 de novembro de 2006

Resumo: A burla eleitoral foi apenas o capítulo final da campanha pela reeleição de Lula levada a efeito pelo PSDB desde que este partido recusou-se – e o PFL covardemente aceitou – a pedir o impeachment quando do destampatório de Roberto Jefferson.

© 2006 MidiaSemMascara.org


Ausentei-me do país logo após a pantomima burlesca que chamam de ‘eleição presidencial’ por isto talvez este artigo esteja um pouco atrasado. Não obstante, em minha viagem ao Uruguai e à Argentina colhi alguns dados que o tornam atual.

Desde o início da campanha eleitoral denunciei que tudo não passava de mais uma marmelada cujo resultado estava resolvido a priori pois não houve, em nenhum momento, candidato de oposição. Até o fim defendi que Geraldo Alckmin não tinha a mínima pretensão de ganhar as eleições devido a acordos firmados desde 1993 entre FHC e Lula em Princeton – leia-se entre o Diálogo Interamericano e o Foro de São Paulo - tal como denunciado pelo Dr. Graça Wagner em artigo aqui publicado, acordo renovado em 2006 em almoço no Waldorf Astoria. Perdi no mínimo um amigo e agastei-me com vários outros que acreditavam na dignidade de propósitos do Sr. Alckmin. Minha defesa intransigente da existência dos referidos acordos foi tida como rigidez e incapacidade de perceber que Alckmin havia desafiado os caciques do PSDB para se tornar candidato. Balela pura e simples, pois Alckmin foi o escolhido pelos referidos caciques para perder as eleições e sabia disto e o fez conscientemente.

Pediram-me provas e eu disse: assistam aos debates. Todos não passaram de espetáculos bem ensaiados entre um candidato que não saberia responder a nenhuma questão difícil e um almofadinha atônito que não as fez por isto mesmo. Vejo, consternado que, mesmo após a pantomima concretizada, continuam as perguntas: por que Alckmin não falou do Foro de São Paulo e da subordinação de Lula a Chávez, que levou à derrota de Ollanta Humala no Peru e Lopez Obrador no México, ao segundo turno no Equador e à vitória expressiva de Álvaro Uribe na Colômbia? Por que Alckmin não perguntou sobre o aborto, que arrasou Kerry em 2004? Por que Alckmin não defendeu os aspectos positivos da privataria tucana, principalmente o enorme sucesso internacional da Vale do Rio Doce privatizada, quando antes não passava de cabide de empregos – como continuam a ser a Petrossauro, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e outras falcatruas estatais? E o número de pessoas que hoje têm telefones fixos e celulares? Por que Alckmin não perguntou sobre... e sobre... e sobre...? E quanto mais queira! Só há uma reposta já antevista por quem quisesse e pudesse enxergar: porque Alckmin é um covarde. Sabia de tudo sobre tudo isto, mas não estava no script gerado pela farsa do mais farsante de todos os partidos da história do Brasil: o PSDB, comandado pelo farçante-mor, Fernando Henrique Cardoso que nada mais é do que representante dos interesses do Diálogo Interamericano e, indiretamente, do Council on Foreign Relations.

Até hoje não entendi muito bem porque os liberais e conservadores brasileiros tentaram desvincular Alckmin do partido a que pertence. Possivelmente wishful thinking, esquecendo a velha afirmação diz-me com quem andas... . Procuravam ressaltar a figura impoluta – que não discuto quanto à sua vida pessoal – como se fosse uma senhora de alta moralidade vivendo num prostíbulo sem nem saber do que fazem suas coleguinhas. Repeteco de Lula: mais um que não sabe de nada, tadinho. Alguns defenderam a tese – na qual não acredito – que Alckmin era independente e por isto foi agressivo com Lula no primeiro debate e, por isto, recebeu um cala-a-boca do partido. Se fosse verdade, qual seria a atitude digna de um homem que honra as calças que usa? Não seria renunciar à candidatura em pleno segundo turno, denunciando a farsa eleitoral a que estavam submetendo o povo brasileiro? Seria um enorme serviço ao Brasil e ao processo eleitoral. Ao ser verdadeira esta tese e ter calado a boca confirma que não passa de mais um farsante.

A burla eleitoral foi apenas o capítulo final da campanha pela reeleição de Lula levada a efeito pelo PSDB desde que este partido recusou-se – e o PFL covardemente aceitou – a pedir o impeachment quando do destampatório de Roberto Jefferson. Tardiamente, Alckmin limitou suas críticas à corrupção – quando o povo já estava farto do assunto e nada mais colava no Presidente ‘traído’ pelos seus pares – e no pífio crescimento do Brasil, como se o povo estivesse minimamente interessado no PIB do Haiti. Seu programa de governo limitou-se a ameaçar ‘vender o Aerolula’, uma idiotice, pois trata-se de um avião que não pertence ao Lula mas à Presidência da República, cuja compra foi absolutamente necessária. Neste particular mentiu descaradamente ou foi enganado pelos seus assessores, ao dizer que o Primeiro Ministro inglês e o Presidente francês não possuem avião destinado à sua locomoção. A presidência da França possui não um, mas dois: um igual ao brasileiro, um Airbus A319 e o outro maior ainda, um A310 (já retirado do mercado e substituído pelo A330). Já Tony Blair tem uma frota de aviões British Aerospace BAE146 à sua disposição no Squadron 32, exclusivo para transporte VIP. Isto sem falar que o destemido Alckmin se ‘esqueceu’ que no regime presidencialista o Presidente é ao mesmo tempo Chefe de Estado e Chefe de Governo, senão teria se informado de que a rainha da Inglaterra tem à sua disposição, a qualquer hora, além do Squadron 32, todas as aeronaves da British Airways recondicionadas para os padrões de luxo a que os aristocratas se acham merecedores, tudo às custas dos idiotas commons, além do salário de mais de £ 1,000.000 que recebe a família real. Acrescente-se a estes os Boeing 757 dos Presidentes do México e da Argentina e muitos outros. É só consultar o site www.airliners.net.

Em conversa com amigos em Buenos Aires, discutíamos as ‘elites’ políticas argentina, brasileira e uruguaia e mostraram-me a diferença radical entre a última e as nossas. Na Argentina, como no Brasil, só temos farsa. Raúl Alfonsín e sua Unión Cívica Radical (UCR) equivale aos nossos PSDB e PFL, partidos puramente oportunistas. Já no Uruguai, a classe política é bem mais preparada e séria. Estive em Montevidéu durante a Cumbre Ibero-Americana e vi a atuação destacada dos mais ilustres líderes oposicionistas: os Ex-presidentes Luis Alberto Lacalle e Julio Maria Sanguinetti – respectivamente do Partido Blanco, liberal, e Colorado, Social Democrata. Ambos tiveram papel tão destacado que apareciam mais na televisão do que o Presidente atual, Tabaré Vázquez.

A população uruguaia está nitidamente dividida e nota-se nas ruas e nos jornais o debate sério entre posições políticas claras e insofismáveis. O eleitorado conhece seus próceres e Vázquez não consegue governar sem compor com a oposição. O mesmo motivo que atrasou a chegada de Lacalle ao Seminário sobre Democracia Liberal por mim organizado em maio deste ano, leva-o ao Palácio Presidencial freqüentemente. Naquela ocasião, decidia-se a política a ser adotada com relação às Forças Armadas; hoje se discute os rumos da política uruguaia como um todo. Inclusive no ‘Dia de la Armada’, quando os comunistas tupamaros gostariam de promover agitações contra os militares, lá estava a presença indômita de Lacalle como convidado especial.

Embora Tabaré Vázquez esteja incluído no acordo do Foro de São Paulo, ele conta com uma oposição séria sem a qual não governará o País, diferentemente de Lula e Kirchner que têm apenas falsos oposicionistas como Serra, FHC e Alckmin, por aqui, e Afonsín por lá.

E já se vê por aí os farsantes para 2010: Aécio Neves e o burlesco ex-comunista, ex-direitista, ex ou futuro qualquer coisa que lhe sirva na ocasião, César Maia, o pior Prefeito do Rio desde Saturnino Braga, que faliu a Prefeitura.


(*) O autor é escritor e comentarista político, membro da International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors da Drug Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação Popular (AP).




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