Usina de Letras
Usina de Letras
272 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62174 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50577)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->LIVRO: Mata! O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia -- 11/06/2012 - 12:01 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Roldão Arruda




 


07.junho.2012 11:24:05


A execução dos guerrilheiros no Araguaia na voz de Curió




Chega na segunda-feira, 11, às livrarias a obra Mata! O Major Curió e as Guerrilhas do Araguaia, do jornalista Leonencio Nossa, repórter do Estado, na sucursal de Brasília. Escrito a partir dos arquivos do major Sebastião Curió, contém um detalhado relato sobre a execução dos integrantes da Guerrilha do Araguaia, levada a cabo pelo PC do B entre 1972 e 1975, na região do Rio Araguaia.



O major foi um dos articuladores da Operação Marajoara, a terceira expedição enviada pelo Exército à região para eliminar o incipiente foco de guerrilha. As duas anteriores haviam fracassado. Ao final de sua ação, 67 pessoas haviam morrido. Entre elas 42 guerrilheiros, executados sumariamente, depois de terem sido presos, quando já estavam fora de combate.



Curió abriu seus arquivos após um longo trabalho de aproximação do repórter. Foram quase dois anos. Segundo o militar, seu objetivo foi educativo. ”Não me julgo dono da verdade. Sei muita coisa porque vivi”, disse. “É preciso contar a história com imparcialidade para que os mais jovens possam avaliar a atuação das Forças Armadas no Araguaia.” 





Uma parte das revelações já foram publicadas em 2009 pelo Estado, numa série de reportagens. A maior parte do texto do livro, porém, é formada por material inédito, segundo o repórter. Além da guerrilha, ele trata do envolvimento de Curió com os garimpeiros da região de Serra Pelada, a partir dos anos 80.



O livro, editado pela Companhia das Letras,  já pode ser adquirido em edição digital pelo site da Livraria Cultura. O lançamento oficial em São Paulo, com a presença do autor, será no dia 13 de julho, durante um congresso de jornalistas.



O maior drama das famílias de pessoas executadas no Araguaia continua sendo o da localização dos corpos. No domingo, 10, começa na região do Araguaia uma outra expedição de busca.



Acompanhe o blog pelo Twitter – @Roarruda



Nota do moderador: comentários são bem vindos. Mas comentários preconceituosos, racistas e homofóbicos, assim como manifestações de intolerância religiosa, xingamentos, ofensas entre leitores, contra o blogueiro e a publicação não serão reproduzidos. Não é permitido postar vídeo. Os textos devem ter relação com o tema do post. Não serão publicados textos escritos inteiramente em letras maiúsculas. Os comentários reproduzidos não refletem a linha editorial do blog.




Tags: , , , , ,



 



Fonte:



http://blogs.estadao.com.br/roldao-arruda/a-execucao-dos-guerrilheiros-no-araguaia-na-voz-de-curio/



 



O Estado de S. Paulo



10/6/2012



UM MERGULHO NO ÚLTIMO SUSPIRO DA GUERRILHA



Com dez anos de pesquisa e acesso aos arquivos de Sebastião Curió, repórter

do "Estado" conta em livro a agonia dos combatentes do araguaia



GABRIEL MANZANO



Para o soldado Cid, foi um ato banal. "Pisei em seu braço, impedindo que levantasse

a arma, e perguntei: "Qual o seu nome?" Com ar de deboche e ódio, respondeu aos

gritos: "Guerrilheira não tem nome". Eu e João Pedro a metralhamos."

Assim morreu, em 24 de outubro de 1974, numa obscura grota na selva, ao norte de

Goiás, a militante do PC do B Lúcia Maria de Souza, ou Sônia, capturada pelo grupo

do major Sebastião Curió - o homem que o regime militar havia encarregado de

liquidar sumariamente a Guerrilha do Araguaia.



Sônia, Raul, Osvaldão, Arildo, Grabois, Áurea, Queixada, as duas Dinas... Os

momentos finais de todos eles foram semelhantes. O registro de tudo, pelo próprio

major, ficou por mais de 30 anos no fundo de uma mala vermelha guardada em um

porão. Pelas mãos do jornalista Leonencio Nossa, repórter especial da Agência

Estado em Brasília, esse precioso pacote de memórias está virando livro. Editado

pela Companhia das Letras, Mata! - O Major Curió e as Guerrilhas no Araguaia

chega terça-feira às livrarias e deixa mais rica a bibliografia da recente história do

Brasil. Em 512 páginas, que incluem um caderno central com fotos cuidadosamente

guardadas por Curió, vêm à luz as caminhadas finais, pela selva, da Operação

Marajoara - a ação militar que entre 1972 e 1975 acabou com a brevíssima aventura

da luta armada do PC do B no fundão de Goiás.



A tarefa exigiu paciência, determinação, talento. Leonencio rodeou o assunto e o

major durante longos anos. Vasculhou 32 pastas, um pacote de mapas, seis álbuns

de fotos e muitos papéis soltos que o xerifão das selvas, hoje tenente-coronel

reformado, guardava para escrever, ele próprio, o seu livro - cujo título seria A Selva

do araguaia.



"Meu desejo é que a narrativa agrade. É importante que isso seja conhecido,

esclarecido", afirma o autor, que antecipou no Estado boa parte desse material em

uma série de reportagens em junho de 2009.



Cor local. Fato marcante dos anos 70, a aventura armada no araguaia tem sido

objeto de muitos outros autores, mas o que surpreende em Mata! é o testemunho

direto dos episódios - o que só as memórias de Curió tornariam possível. Breves

capítulos vão despejando, aos poucos, a cansativa caminhada, as conversas, o dia, a

hora, o lugar, o ataque, o grito, a fuga, o tiro. O cerco e a liquidação dos inimigos, já

exaustos e sem recursos. O resultado, para a história, é uma correção atrás da outra

de muitos relatórios - falsos - que o regime divulgou sobre quem morreu, onde e

como. Não há grandes surpresas sobre o destino dos corpos.



Mas sabe-se, por exemplo, que foram 41 e não 25 os fugitivos que, já detidos, foram

executados quando não ofereciam mais risco. Que Paulo Roberto Marques, o Amauri,

não morreu no cerco à cúpula da guerrilha no Natal de 1973, mas fugiu e dias depois

se entregou. "Entrou num helicóptero com as mãos amarradas. Foi fuzilado perto do

Rio Saranzal", anunciam os papéis de Curió. Que Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina,

não caiu em combate, mas morreu na cadeia de Marabá em 26 de junho de 1974.

Serra Pelada. Na segunda metade do livro vem à tona outra grande aventura de

Curió: os seus turbulentos anos no comando de Serra Pelada. Uma saga de

garimpeiros esfarrapados e prostitutas valentonas, gente que ele defendia e

manipulava numa área maior que Inglaterra, Irlanda e Gales juntos.



Passados 38 anos da aventura, o tenente-coronel aposentado confessa ao repórter

sua nostalgia. "Em Serra Pelada eram dois objetivos: extrair o ouro para encher o

cofre do Banco Central e continuar o trabalho político. Não via o tempo passar. Hoje

qual é meu rumo? Para onde eu vou? araguaia foi uma guerra, nunca esqueça." E

bate na sua tecla preferida: "Se não houvesse determinação e pulso forte na

erradicação da guerrilha, teríamos até hoje um movimento semelhante às Farc."



ESTADO REVELOU OS ARQUIVOS DE CURIÓ EM 2009



"Curió abre arquivo e revela que Exército executou 41 no Araguaia". Foi esse o título

da reportagem - primeira de uma série de 18 - publicada pelo Estado na edição de

domingo, 21 de junho de 2009, pelo jornalista Leonencio Nossa. "Estavam abertos o

baú de madeira e a mala vermelha (do major Curió)", recorda o repórter. Desde

então, ele reuniu íntegras das memórias do major e depoimentos de cerca de 150

pessoas, aprofundando o trabalho no livro agora lançado. A série foi finalista do

Prêmio Esso de 2009.



&
39;FRACASSO NA SELVA SEPULTOU RADICALISMO&
39;



Para historiador, fim da luta armada mostrou que o diálogo era a única saída: "A

ele o regime militar não sobreviveu"



Na longa lista de revoltas contra o poder, no Brasil, a aventura do PC do B no

araguaia não teve grande expressão, mas seu saldo político foi importante, avalia o

historiador Pedro Paulo Rufino, titular do Departamento de História da Unicamp.



"Enquanto a luta armada fracassava no campo, entre 1972 e 1975, o MDB

conquistava o eleitorado, intelectuais faziam pesquisas no Cebrap, o jornal Movimento

desafiava a censura", recorda ele. "A derrota da luta armada sinalizou que o diálogo

político era a única saída. A ele o regime militar não conseguiu sobreviver."



Qual o balanço, hoje, dos episódios no araguaia? Como explicar o surgimento

da guerrilha?



Esse fenômeno toma corpo num cenário específico, o da guerra fria pós-1945. O

mundo polarizado entre dois lados, guerrilhas chegando ao poder na Coreia, no

Vietnã, na Argélia, em Cuba, Nas vizinhanças, grupos fortes como Montoneros,

Tupamaros, Sendero Luminoso. Os radicais do PC do B imaginavam que a guerrilha

poderia também vencer por aqui.



Para alguns, acabou justificando mais radicalização do regime.



Num cenário de confronto, classes altas e médias sentiam-se ameaçadas e a direita

fortaleceu o discurso. Mas havia vozes discordantes. O velho Partidão aliou-se à

oposição moderada.



A guerrilha perdeu, mas a ditadura também entrou em declínio.



Temos de ver o conjunto. O período de 1972 a 1974 é crucial. Em 1972 a repressão

ainda corria solta, mas em 1973 a crise do petróleo abalou os pilares e as certezas do

regime militar. Em 1974, o MDB crescia nas urnas, a Igreja reforçava campanhas por

abertura democrática. Até radicais do PC do B aceitaram a via eleitoral. O fracasso na

selva sepultou o radicalismo.



Passadas mais de três décadas, o que ficou da aventura?



O episódio foi pequeno, mas seu subproduto, o saldo político, foi muito importante.

Enquanto a luta armada fracassava no campo, entre 1972 e 1975, o MDB conquistava

o eleitorado, intelectuais como Fernando Henrique Cardoso faziam pesquisas no

Cebrap. O jornal Movimento desafiava a censura, arrumavam-se as bases para a

ascensão dos sindicatos. O fracasso da luta armada mostrou que o caminho era o

diálogo político. A este o regime não conseguiu sobreviver.



Como o sr. vê a orientação dos militares para matar mesmo presos indefesos?



À parte os julgamentos morais, é preciso entender que para o Exército era uma

guerra e a lógica da guerra é eliminar o inimigo para evitar riscos. A França matou

cerca de 1 milhão de pessoas na Argélia. Há alguns dias, mataram o segundo homem

da cúpula da Al-Qaeda. Ninguém cobrou que ele fosse levado vivo para julgamento. /



G. M.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui