Telas e mais telas começaram a aparecer na casa de Juliano. Ele
disse à mulher que elas pertenciam a um amigo do Departamento
de Arte e Cultura do Governo. - Disse que ele estava apenas ajudando
um colega a vender os quadros, em troca de uma pequena comissão.
Mas Debora começou ter desconfiança de seu marido Juliano. Quando
ela surpreendeu o mesmo passando lama numa tela. De acordo
com ele, o quadro tinha ficado muito tempo num depósito e parecia
ser muito mais novo do que realmente era. Era uma cópia de uma
obra de Portinari. Juliano, um professor de arte, quando conheceu
Debora, já tinha sido abandonado pela mulher e, ficara com os dois
filhos para criar. Dando aulas de arte , no Centro Cultural da cidade.
Poucos anos antes um amigo lhe dera US$ 400, Para que ele copiasse
uma tela de Picasso. E ele fez, a cópia era tão boa que , segundo
o amigo muitos especialistas acreditavam que fosse original. Como
precisava de dinheiro, Juliano colocou um anuncio em vários jornais
da região, dizendo que fazia cópias de telas do século 19 e 20 por
US$ 240. Foi quando recebeu um telefonema de um tal professor
Henrique, que afirmou estar precisando de alguns quadros para sua
casa. Juliano aceitou por um bom preço, primeiro ele fez um Matisse,
depois um Klee, em seguida duas Marinas, no estilo dos mestres
holandeses do século 17. Mas Juliano perguntou ao professor Henrique,
em que estilo gostaria que ele pinta-se, -respondeu que sempre
quisera tentar cubismo. O resultado foi uma tela de Braque. " Foi
quando um negócio legal se transformou em crime ". Mesmo os preços
de telas de pintores pouco conhecido, dispararm e os quadros de
Juliano transformaram-se em mercadoria quente. Ele levou 5 horas
para pintar um Giacometti e, partiu para a produção de obras de
Nicolas de Stael, , Le Corbusier, Matisse e Roger Bissiere. Juliano
era uma pessoa com grande conhecimentos das artes, pintava depressa,
sem a menor preocupação com a tecnica e, apesar de sua negligência,
suas telas passavam por genuinas. Nenhum outro falsificador trabalhou
tanto e em tão variados estilos como Juliano. Era uma espécie de
vício e, às vezes ficava apavorado pensando no dia em que uma dessa
telas fosse para o restauro, quando a fraude seria descoberta. Eu
como artista plastico, escrevo-lhe este conto ficticio, para mostrar
ao leitor , como é dificil obter dados concretos sobre falsificação
no mercado de arte, em parte porque quando a fraude são descobertas,
elas são abafadas, para não comprometer a confiança do público
do mercado. A jornalista Britânica.- Geraldine Norman, afirma que
10% das telas impressionistas de pintores importantes são falsificações.
Até aluns parentes , foram acusados de vender certificado de
autenticidade. A arte moderna é particularmente vlnerável á fraude.
Suas abstrações são muitas vezes dificies de compreender ou
apreender e, geralmente uma tela moderna é amada não tanto pelas
suas qualidades, sua beleza, no sentido convencional, mas por
causa da identidade do artista por exemplo Polok. Colecionadores
e especialistas nem pensam na possibilidade de serem vitimas de
uma fraude e, geralmente não suportam a humilhação de reconhecer
que foram enganados. Alguns consegue o que quer e fica sabendo
que a obra não é genuina, geralmente diz coisas como, " não me
importa, para mim é um Renoir e pronto". Como diz Geraldine
Norman, para muitos o interesse em arte é reflexo da ascenção
social e do romantismo, que cerca certos nomes, coisas que nada
têm a ver , com a obra de arte. O falsificador é geralmente um
artista frustado, que engana o mundo da arte e então se expõe.
A policia apertou o cerco , e Juliano confessou tudo e foi preso.
A despeito de todas as provas, insistiu em dizer que as telas eram
originais, foi solto sob fiança e desapareceu. A aura de sofisticação do
mundo da arte, cria uma falsa sensação de segurança, mas esse
universo é extremamente vulnerável à mediocridade.
-Jose Angelo Cardoso.-Poeta, contista, artista plástico.
Presidente.fundador da Academia Guairense de Letras.-SP.
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