MEIO AMBIENTE - GELEIRAS

Edson Pereira Bueno Leal , março de 2012 .

 

ALASCA

 

No Alasca , as temperaturas médias de inverno aumentaram 4 graus nos últimos 50 anos e a camada de gelo que cobre o mar desapareceu em algumas regiões .

O abeto vermelho , árvore conífera rica na produção de resinas  tem crescido por séculos em Kenai , península do sul do Alasca . As árvores começaram a ser atacadas por um tipo de inseto que boa parte morria nos meses mais frios . Com o aumento da temperatura na região , boa parte dos escaravelhos deixaram de morrer e eliminaram completamente as árvores de abeto . ( Veja, 25.04.2007, p. 105 ) .

 

CORDILHEIRA DO HIMALAIA

 

A Cordilheira do Himalaia se estende por 2.500 quilômetros em cinco países asiáticos , com montanhas cobertas de neves , entre elas o Monte Everest, o mais alto do mundo.

Relatório divulgado em julho de 2007 pelo Icimod , centro de pesquisa dos países da região em parceria com a ONU , mostra que os glaciares do Himalaia  vêm encolhendo a uma  velocidade acelerada , entre 10 a 60 metros por ano . Na China , 5,5% deles já desapareceram ao longo das últimas quatro décadas . O relatório se baseou em dados obtidos recentemente por satélite e em pesquisas feitas nos últimos quarenta anos .

Calcula-se que  grande parte dos   glaciares do Himalaia poderá desaparecer até 2.035 e isto é conseqüência do aquecimento global . A neve que cai durante o inverno não tem sido suficiente para repor o gelo que desapareceu no último século e principalmente nas décadas mais recentes.

Caso o derretimento aconteça , grande  volume de água  chegará aos rios asiáticos , causando inundações em série , muitas delas súbitas , como um pequeno tsunami , pois as águas ficam represadas em lagos que podem se  romper como já aconteceu em 1985 , no Nepal no Vale Langmoche, quando um lago se  rompeu , matou vinte pessoas e destruiu uma usina hidroelétrica .

Segundo o  relatório , existem 9.000 lagos glaciais espalhados pelos cinco países , China , Índia , Nepal, Butão e Paquistão . Em um prazo mais longo o derretimento dos glaciares vai diminuir drasticamente o volume dos rios asiáticos , provocando secas . Cerca de 70% das águas do Ganges  , vem de afluentes alimentados pelos  glaciares do Nepal . Uma queda drástica na vazão do Ganges irá afetar 37% do território cultivado da Índia e deixaria 500 milhões de habitantes expostos à falta de água .

O estudo confirma a teoria dos cientistas de que o aquecimento  global tem atingido as regiões mais elevadas do planeta com a mesma intensidade com que se abate sobre os pólos . A neve do Monte Kilimanjaro na Tanzânia está diminuindo e relatório da agência metereológica do governo do Tibete mostrou que a temperatura nas áreas mais altas da Província vem subindo 0,3 grau a cada dez anos , semelhante ao que está acontecendo nos  pólos . ( Veja, 1.8.20-07 , p. 116-118) .

Cientistas do IPCC , reconheceram em janeiro de 2010 , ter errado ao publicar uma previsão mal fundamentada sobre o derretimento das geleiras do Himalaia . A estimativa de que o aquecimento global fará o gelo da região se esgotar em 2035, se baseia em “estimativas substanciadas de maneira pobre “, afirmou o IPCC . Geleiras do Himalaia são tema sensível na Índia porque constituem importante fonte de água doce nos meses de degelo sazonal . ( F S P , 22.01.2010, p. A-17) .

Porém , um novo estudo conclui que “apenas 60 milhões de pessoas estão em risco . Segundo Walter Immerzeel do centro de pesquisas Future Water , a vazão do Indo e do Bramaputra deve crescer num momento inicial e , quando as geleiras se esgotarem , entre 2045 e 2065, cairia drasticamente . Ambos se tornariam rios com fluxo zero nas estações secas . ( F S P , 11.06.2010, p. A-16) .

 

GELEIRAS DA EUROPA

 

Segundo estudo divulgado pelo Pnuma ,programa de meio ambiente das Nações Unidas , a partir de dados coletados de 30 geleiras em nove montanhas diferentes, a taxa de derretimento , na comparação entre os períodos de 2005 e 2006 , mais do que dobrou . No primeiro período a diminuição tinha sido de meio metro e em 2006 foi de 1,5 metro .. Nos Alpes , nos Pirineus e da região da Escandinávia foram coletados dados preocupantes . A geleira de Breidalblikkbrea ,na Noruega é a campeão em perdas . Ela regrediu 30 cm em 2005 e 3,1 metros em 2006 . Nos Pirineus , a geleira Ossoue , perdeu 2,7 metros em 2005 e 3 metros em 2006 . ( F S P , 17.03.2008 , p. A-18) .

 

PIRINEUS

 

Pesquisa feita pelo Ministério do Meio Ambiente da Espanha, verificou que dos cerca de 3.300 hectares de gelo que cobriam a cadeia de montanhas entre a Espanha e a França no começo do século 20, restam somente 390 hectares hoje. O derretimento tem se acelerado nos últimos anos . Entre 2002 e 2008 os Pirineus espanhóis perderam cerca de um quarto do gelo das geleiras . O derretimento segundo o estudo é uma conseqüência direta do aquecimento global e das mudanças nos padrões de precipitação  e pode fazer com que o que restou desapareça nas próximas décadas . ( F s P , 25.02.2009, p. A-8 ) .

 

PATAGÔNIA

O parque dos Glaciares na Patagônia perdeu 3,2 % de seu volume entre 1975 e 2000 .

 

GROELÂNDIA

 

A capa de gelo que cobre 85% da ilha diminui ao ritmo de 51 km cúbicos por ano . O aquecimento pode ter um efeito positivo na Groelândia ao tornar áreas próprias para a agricultura .

Alerta foi lançado por Eric Rignot do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa , referente a estudo feito nas geleiras da Groelândia que constatou que o total de água despejado no oceano dobrou entre 2000 e 2005 . Houve um aumento de 3° C na temperatura da região . Para se ter uma idéia , a Groelândia depois da Antártida é o maior reservatório de gelo em áreas terrestres no mundo e se tudo virasse água o mar teria um aumento de sete metros . ( F S P 17.02.2006 , p. A-16) .

Sarah Dias do Instituto Oceanográfico de Woods Hole , e Ian Jouglin , da Universidade de Washington viram um lago de 5,6 km de área , formado pelo degelo da superfície do manto glacial da Groelândia , ser esvaziado em 24 horas . Outro estudo da mesma dupla procurou avaliar o impacto do derretimento das geleiras na Groelândia, concluiu que “ tomados juntos, os novos achados indicam que , embora o derretimento na superfície tenha um efeito substancial na dinâmica do manto de gelo , ele pode não produzir grandes instabilidades que levem ao aumento do nível do mar “ . ( F S P , 18.04.2008 , p. A-16) . 

Estudo do gelo da Groelândia , localizado entre 1.452 e 1.642 metros de profundidade indica que o clima se alterou abruptamente no fim da última era glacial e que a temperatura aumentou até 10º C de um ano para outro . Isso significa que transições dramáticas e totalmente imprevistas no clima podem acontecer em períodos relativamente curtos . Dorthe Dahl-Jensen , também da Universidade de Copenhague assinala “ Nós analisamos a transição da última era glacial até o presente período interglacial , e as mudanças no clima estão acontecendo tão de repente que é como se alguém tivesse apertado um botão “.

Segundo Sune Olander Rasmussen , da Universidade de Copenhague os aquecimentos observados durante a era glacial ( um há 14.700 anos e outro há 11.700 anos ), mostram as alterações da circulação atmosférica de um ano para outro . A última dessas viradas climáticas deu ao planeta a cara que ele tem hoje : as geleiras que cobriam boa parte do hemisfério Norte derreteram e o nível do mar subiu cerca de 100 metros .  ( F S P , 20.06.2008, p A-17) .

Estudo publicado em 31 de agosto no periódico on-line “Nature Geoscience “ , feito por cientistas liderados por Anders Carlson , da Universidade de Winsconsin EUA, sugere que o aumento do nível do mar no final do século 21 devido ao degelo da Groelândia pode ser maior do que um metro , muito mais do que o previsto pelo IPCC . A conclusão se baseia em uma análise detalhada do degelo de outra capa glacial : o manto de gelo da Laurêntida , que até 11 mil anos atrás cobria boa parte do hemisfério norte . Investigando a velocidade de derretimento , descobriram que , entre 9.000 e 6.800 anos atrás , essa imensa geleira sofreu duas fases aceleradas de derretimento . Entre 9.500 e 8.500 anos com elevação do nível do mar de 1,3 m e de 7.600 a 6.800 anos atrás , com elevação do nível do mar de 70 cm .

Em uma delas a capa glacial fez o nível do mar subir 1,3 cm por ano . Na outra 0,7 cm por ano . Para comparação , atualmente a elevação do nível do mar é de 0,3 cm por ano . O que deixou os pesquisadores assustados é que as temperaturas médias durante as duas fases de degelo rápido eram basicamente as mesmas que o IPCC prevê para a Groelândia em 2.100 . O manto de gelo da Groelândia poderia elevar o nível do mar em pelo menos sete metros , caso derretesse por completo .

Como o funcionamento das geleiras dessa região é complexo , ora elas dão sinais de aceleração , ora de redução no ritmo de derretimento , ainda não há consenso sobre qual será a real contribuição da Groelândia com o nível do mar em 2.100 . ( F s P , 1.9.2008, p. A-14) .

Segundo estudo publicado na edição de 13 de novembro da revista “Science”, liderado por Eric Rignot, geocientista da NASA o degelo está se acelerando na Groelândia , a segunda maior massa de gelo do mundo , que perdeu nos últimos nove anos 1,5 trilhão de toneladas de água,  suficiente para elevar o nível do mar em mais de 4 milímetros . A aceleração do derretimento se verifica desde 2006 em um nível sem precedentes . Isso pode ser apenas uma oscilação normal – em alguns anos , o gelo derrete mais , em outros menos. Mas , se for uma tendência , trata-se de mais um sinal de que o planeta está esquentando rápido . Se a Groelândia derretesse por completo, os oceanos subiriam sete metros, mas nem os pesquisadores mais pessimistas acreditam que isso acontecerá . As hipóteses mais pessimistas estimam um aumento de no máximo 58 centímetros até 2.100 . ( F S P , 13.11.2009, p. A-15).

 

 

 

1  EXPLORAÇÃO MINERAL NO POLO NORTE   ENEM 2009

 

Com a perspectiva do desaparecimento das geleiras no Pólo Norte, grandes reservas de petróleo e minérios, hoje inacessíveis, poderão ser exploradas. E já atiçam a cobiça das potencias.

KOPP, D. Guerra Fria sobre o Ártico. Le monde diplomatique

Brasil. Setembro, n 2, 2007 (adaptado)

No cenário de que trata o texto, a exploração de jazidas de petróleo, bem como de minérios – diamante, ouro, prata, cobre, chumbo, zinco – torna-se atraente não só em função de seu formidável potencial, mas também por

a) situar-se em uma zona geopolítica mais estável que o Oriente Médio.

b) possibilitar o povoamento de uma região pouco habitada, alem de promover seu desenvolvimento econômico.

c) garantir, aos paises em desenvolvimento, acesso a matérias-primas e energia, necessárias ao crescimento econômico.

d) contribuir para a redução da poluição em áreas ambientalmente já degradadas devido ao grande volume da produção industrial, como ocorreu na Europa.

e) promover a participação dos combustíveis fosseis na matriz energética mundial, dominada, majoritariamente, pelas fontes renováveis, de maior custo.

 

Resp. A