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Contos-->O funcionário público -- 25/11/2002 - 19:14 (Jose Angelo Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
José Pereira era o que se podia chamar, acertadamente, a pontualidade em pessoa Em esus trinta anos de funcionalismo público, metodicamente vividos, era impossivel encontrar um senão que lhe toldasse a conduta. Irrepreensível, não somente na repartição, também fora dela . A matemática era a sua grande força. O intrincado jogo dos números lhe era tão familiar que o premiou com o apelido de cérebro mecânico e, talvez, fosse essa a razão que o tornara pontual , em todas as suas atitudes. Ele e ela, a matemática, formavam um só , fundiam-se. Conseguira o emprego por intermédio do padrinho, que vira no afilhado um futuro brilhante na arte de calcular.. - José Pereira - dissera-lhe o padrinho - este é um belo emprego. Nada melhor do que emprego público e disto sou exemplo. Aposentado, sem preocupação financeiras, mas ouça: atenção ao serviço, pontualidade, seriedade, obediência aos superiores e esperteza. Muita esperteza. Eis os degraus que o levarão à chefia. Assim falava ao afilhado, o senhor Antonio, velho amigo dos pais de José Pereira. E de fato, com o correr dos anos, obediente aos conselhos do padrinho, José foi promovido ao cargo de chefe do Departamento de Contabilidade. Parecia a José Pereira ver, naquela tarde alegre o padrinho ao seu lado. Um fumador inveterado de charutos caros e roliços, o velho padrinho tinha um abastado bigode que, enchia-o de um orgulho lusitano, roubando-lhe horas em alisá-lo. Devotava verdadeiro afeto paternal ao afilhado, dedicando a sua atenção, educação, desde a morte dos pais.. Morrera o velho padrinho, há anos. José Pereira , acompanhou-lhe o enterro com sentimento puro e profundo dos sinceros. Celibatário, não lhe restando parentes, deixara para o afilhado a bela casa; com ele a biblioteca, os móveis e os conselhos :- José , cuidado com as mulheres. O casamento nos rouba a liberdade, as opiniões e impede-os de pensar-mos livremente. E assim procedendo, José ficara solteiro, até Gisele surgir em sua vida. Fora uma indicação de dona Luzia, sua colega de serviço. Boa moça José, - dissera-lhe dona Luzia,- far.lhe-à as arrumações da casa. lá irá duas ou três vezes por semanas. Conheço-a bem. É viúva, a coitada mas de honestidade a toda prova. É do interior ; não tem filhos e necessita trabalhar. Quer viver honestamente. Virtude rara em um mulher, nestes tempos, principalmente viúva. E assim foi. Gisele era de honestidade inegável como inigualáveis eram seus conhecimentos de dona de casa. Dentro em pouco, suas mãos miraculosas transformaram o lar do solteirão. Já havia certa intimidade entre os dois e as perguntas e respostas ultrapassavam o ambito doméstico. Foi quando se deu nova intervenção de dona Luzia : -Ora, por que não se casam ? Ambos necessitam de amparo. Ela , de um homem que a proteja e você de uma mulher que cuide do seu lar, da sua saúde. - Casar-me ? ... Agora, com quarenta e cinco anos nas costas?... E ela, com apenas vinte e cinco ?... A diferença é enorme ! Ridiculo ! - Ridiculo, nada, homem ! - argumentou dona Luzia. E o casamento foi realizado. Rápido, simples, alguns convidados, colegas de serviço. E o tempo foi passando, mostrando a José que o velho padrinho muito se enganara no conceito que fazia das mulheres. Vida mansa, chegara a engordar. Gisele era o tipo perfeito da dona de casa ; da esposa dedicada. Ele mesmo não saberia dizer qual dos dois predicados era o mais perfeito, e a diferença de idade, que tanto o assustara, foi, aos poucos, desaparecendo, não se mostrando mais um possivel e perigoso problema. Naquele dia na repartição,José recebia os cumprimentos do novo funcionário. Paulo Ricardo- apresentou-se o jovem, continuando , -venho de uma tranferência , a meu pedido. Sou do interior. Bem apresentavel roupa modesta, porém, impecavelmente limpa ; maneiras distintas, enfim, um belo tipo de homem. E começaram trabalhar juntos, aproximou o jovem de seu superior e, em breve, a amizade que os ligava, era algo sólido. - Requeri transferência, senhor José, a fim de estudar. Cidade grande oferece mais facilidade. Pretendo ser médico. Um dia Paulo Ricardo foi à casa do senhor José, ficou conhecendo dona Gisele e almoçou com o casal. Dona Giisele, embora um tanto acanhada, fora solícita, toda atenciosa com o convidado. Em breve, os convites para visitas não mais se faziam necessários. Paulo Ricardo , passou a ser intimo do casal. Rra era a noite em que não ia à casa do senhor José e lá permanecia até tarde. Gisele, ele bem notara, como um vulcão, aparentemente extinto que, subitamente, entra em erupção. E ao apertar-lhe a mão seus olhares se cruzaram. Ele sorriu , sem jeito. As visitas que lele fazia a casa de seu chefe tinha outro motivo, a jovem esposa,e ela também sabia e, por sua vez, ansiava pela presença do rapaz. Ambos sabiam, somente o senhor José não o sabia. Entregue a uma vida comoda, pacifica, mal chegava do serviço, beijava a esposa, tirava os sapatos, sentava-se em sua poltrona prediléta e dormia um sono solto, sono calmo, sono que somente os justos conseguem.. Em seguida chegou Paulo, Gisele olhou-o bem no fundo dos olhos, compreenderam ambos, naquele instante, que não mais lhes seria possivel evitar a realização do desejo que o dominava... Ela não se conteve, abraço-se a ele, buscando-lhe a boca, frenetiicamente, numa louca paixão, e transa aconteceu.. Era a transição de um sonho divinal para uma realidade pecaminosa. E agora já não eram mais amigos e sim amantes. O tempo passou e a noticia estorou. E José , no departamento não tinha mais ambiente, não suportava a situação. Tinha certteza de ser alvo de comentários , de zombaria. A filosofia não era o seu forte, mas nos momentos em que o orgulho cedia lugar à razão, ali estava ela procurando evitar a trgédia. procurava libertar-se do desejo de vingança. " A culpa é sua ... Desprezara os conselhos do velho padrinho..." pensava ele Era o desabafo da inocência contra o adultério...José ,então pediu transferência para um lugar bem longe, e chorava como se aquele choro fosse a revolta contra aquela mancha que, como um estigma, marcara-a pela vida afora. Fim. -Jose Angelo Cardoso.-Poeta, contista, artista plastico. -Presidente-fundador da Academia Guairense de Letras. ..
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