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Ensaios-->UM POEMA E UM MONUMENTO IMPACTAM A IMAGINAÇÃO DA MESMA FORMA -- 12/06/2004 - 22:52 (Clarice Barcellos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“Imaginação Humana” é o único link
que a humanidade tem tanto com a ‘realidade’
da natureza, quanto com a ‘inspiração’ do sobrenatural”.
(HAMILTON, Donald L.)


Ode a Uma Urna Grega de Keats é um dos muitos e famosos poemas Românticos ingleses, enquanto que Stonehenge é um dos mais famosos monumentos da Inglaterra. O poema foi escrito durante o período literário Romântico, enquanto que o monumento foi construído cerca de cinco mil anos atrás. Ambos representam duas formas de registrar a imaginação humana que, por sua vez, é estimulada pelos mistérios do mundo e por uma eterna busca pela beleza perfeita, imortalidade e aproximação com o Deus Criador do Universo. Além disso, ambos são expressões de Arte, e como tal, foram brevemente analisados neste ensaio.

Urnas gregas são mais conhecidas como vasos que contêm imagens baseadas na mitologia greco-romana. Os mais famosos poetas do mundo fizeram uso da mitologia em seus poemas. Os poetas procuravam inspiração em trabalhos de arte que continham motivos baseados em mitos porque tais trabalhos estimulam a imaginação humana. Urnas são normalmente vistas como objetos para guardar as cinzas de alguém que morreu, após sua cremação, o que significaria que Ode a Uma Urna Grega seria um poema sobre morte, mas não é. Na verdade, o poema é sobre as imagens pintadas no vaso e que levam a persona a deixar fluir seus pensamentos livremente, enquanto observa atentamente as imagens.

Ode a Uma Urna Grega é um poema constituído de cinco estrofes, onde a persona fala com um vaso cuja superfície é decorada com pinturas que representam cenas da vida diária na Grécia antiga. A persona fica curiosa sobre a origem das pinturas e, considerando a urna como sendo um “historiador”, faz perguntas a ela, como se houvesse possibilidade de ouvir as respostas. Na primeira e na quarta estrofes, a persona faz muitas perguntas à urna: “que lenda engrinaldada lenda assombra a tua traça, de deuses ou mortais, ou ambos,...”; “Que homens ou deuses são esses? Que virgens perpassam?”; “que perseguição louca? Que luta para escapar? Que flautas e tamborins? Que êxtase selvagem?”; “ Quem são esses que vêm para o sacrifício?”; Ó misterioso arúspice, a que verdes aras a vaca tu conduzes, para os céus mugindo, e nos sedosos flancos tais grinaldas raras?; “ “Que pequena cidade às margens do rio ou do mar, ou pacata cidadela construída na montanha, está vazia de seu povo, nesta pia manhã?”. Neste momento, a persona representa a atraçao do ser humano à beleza e ao desconhecido.

O tema da eternidade é claro nos versos de Ode a Uma Urna Grega. Na estrofe três, a palavra forever ( para sempre) é repetida muitas vezes. Durante a leitura do poema, embora notemos que a persona está com ciúmes da eternidade das imagens, também nos damos conta de que o que é eterno está congelado, não vive, não sente nada, como pedras. Mesmo assim, como essas imagens eternas, duras e frias pedras quando cuidadosamente organizadas, podem emanar energia e também aguçar a imaginação humana.

Stonehenge é um monumento localizado na Inglaterra, em um lugar chamado Salisbury Plain. Esse lugar contém pedras enormes, aparentemente organizadas por algum povo antigo para controlar eventos astronômicos como a observação de solstícios, já que o povo Celta que vivia naquela região, vivia da agricultura e da pecuária. De acordo com cientistas, o monumento foi construído em três fases, embora ninguém saiba ao certo quem começou a construir Stonehenge. Como normalmente acontece quando as pessoas não conseguem explicar algo, a imaginação as leva a diferentes “histórias’ sobre um dado local. É largamente aceita a idéia de que os Druidas tenham construído Stonehenge. Entretanto, sabe-se que os Druidas faziam seus rituais em templos nas florestas e não em locais altos e abertos. As pessoas preferem acreditar, ou imaginar, que Stonehenge foi construído pelos Druidas porque eles eram uma espécie de ‘religiosos da Natureza’, o que significa que eles ajudavam a alimentar as almas das pessoas. Por outro lado, a lenda do Rei Arthur diz que Merlin, o mago do reino da Inglaterra, trouxe as pedras da Irlanda. Essa é outra ‘história’ aceita, pois as pessoas acreditam em mágica, ou melhor, querem acreditar em mágica. Hoje em dia, há análises de engenharia feitas em Stonehenge, provando que o monumento foi construido ou como um templo ao sol ou como um astrolábio. Outra resposta em suspenso, é se realmente há pessoas enterradas lá.

O misticismo é outro estimulador da imaginação humana, principalmente quando está relacionado à eternidade. Como as pedras de Stonehenge formam um círculo com um espaço para entrar, como se fosse um portal, acredita-se que ele é um tipo de templo mágico ou esotérico. O círculo é visto como um local puro e sagrado onde são conduzidos cerimoniais. Sendo um círculo, é um portal para deuses e espíritos. O círculo representa perfeição e unidade. Dentro do círculo os esotéricos tentam transcender este mundo. O mago, como Merlin, entra no círculo para, em conjunto com as forças da natureza, manter um relacionamento harmonioso com a natureza. Por suas características astronômicas, Stonehenge estimula a imaginação humana, mas o que mais mexe com nossa imaginação, é a possibilidade de que aquele lugar tenha sido um local para rituais relacionados com a morte, já que acredita-se haver alguns reis da Inglaterra enterrados lá. Também considera-se Stonehenge um lugar de vida, pois é possível observar solstícios e equinócios. Povos antigos costumavam fazer festivais durante esses períodos e tais festivais deveriam celebrar a vida, a boa colheira, e renovação. Neste caso, Stonehenge seria um lugar onde estão concentradas boas vibrações.

Se as pessoas são atraídas pelo desconhecido e pela beleza, podemos dizer que elas acreditam que há um Criador que está acima de toda a humanidade, e que esse Criador fez a Natureza linda, e que, sendo as pessoas criaturas desse Criador, elas também têm o direito e a habilidade para criar beleza. Seguindo esse raciocínio, as pessoas teriam também criado os deuses secundários para explicar através deles, o que a imaginação humana tentava compreender sobre Vida (e Morte). Falando de vida e morte, se foram enterradas pessoas em Stonehenge e uma urna é um lugar para guardar os restos mortais de alguém, o que mais une os dois para suportar o título deste ensaio? Mito.

O mito grego contido no poema Ode a Uma Urna Grega, é como todo trabalho de arte: é aberto. Ela pode ser contada e recontada, lida e relida, milhões de vezes, em um grande número de maneiras diferentes. Não é possível separar Arte, História e Religião, quando se fala em Mito. Ambos, Literatura e construção de Monumentos, são Arte e contam ao leitor/visitante, a história de um período de tempo exatamente da mesma forma como todas as nações do mundo o fazem através de seus próprios mitos e rituais religiosos. Por exemplo, muitos trabalhos de arte grega, eram oferendas aos deuses em uma tentativa de aproximação.

As histórias contadas sobre Stonehenge nos levam a lugares fora deste mundo, para um lugar que está em nossa própria imaginação, à possibilidade de transcender o mundo real e compreender a vida a partir de um ponto de vista interno. Se o mito grego é fore, a lenda do Rei Arthur não é menos. Em uma época em que as pessoas estão procurando redescobrir sua espiritualidade, nada melhor que um tipo de arte que as ajude a transcender a realidade; nada melhor que poesia e um monumento construído artisticamente, porque eles são eternos, eles são lindos, e eles ainda contêm mistérios, elementos que estimulam a curiosidade das pessoas e sua imaginação criativa.

Interessante notar que Stonehenge não está sozinho como um monumento considerado ‘religioso’. Seu número de pedras organizadas em um círculo, bem como outras análises feitas por cientistas, escritores e intelectuais, são detalhes que também existem em outros locais da Grécia. Em Meteora (que significa ‘supenso no ar’), por exemplo, há monastérios medievais em uma área cheia de pedras enormes que lembram o mito de Zeus, pois seria um local perfeito para um deus criador viver. Ao comparar as pedras de Meteora com as pedras de Stonehenge, podemos chegar à conclusão de que o ser humano relaciona locais onde há pedras, com religião e misticismo, e ambos são suportados por mitos.

Se um mito é imaginação tentando explicar ou compreender a realidade, e a humanidade sempre esteve preocupada com natureza, beleza, vida e morte, bem como com o desconhecido e com o tempo, e se essas são características do período Romântico, podemos afirmar que a humanidade em geral é romântica. Mais, sendo a poesia feita através da imaginação, e sendo um monumento capaz de estimular a imaginação humana, Keats poderia muito bem ter escrito Ode a Uma Urna Grega em Stonehenge.


NOTA: O poema traduzido para o português pode ser lido no seguinte site: http://www.terravista.pt/Enseada/5066/keats.htm;
Imagens de Stonehenge podem ser vistas no seguinte site: http://www.activemind.com/Mysterious/Topics/Stonehenge

BIBLIOGRAFIA


MARQUES, Oswaldino. O Livro de Ouro da Poesia de Língua Inglesa – Antologia de Poetas da Língua Inglesa. Rio de Janeiro: Ediouro, ______.


Internet sites:


JEFFRIES, Barney. Meteora: Greece’s Spiritual Pinnacles, “Suspended in the Air!”. Available at: http://www.travelwithachallenge.com/Greece-Meteora.htm Accessed on: April 22nd, 2004.

KEYES, Bradley. Who Built Stonehenge? Why? Available at: http://www.activemind.com/Mysterious/Topics/Stonehenge/ Accessed on: April 20th, 2004.

LIBRAIRIE CLERMONT. Decorative Antique Book Collection. Available at: http://www.decorativeantiquebooks.com/catalogs/cat.pdf Accessed on: April 24th, 2004.

LONGMAN, Addison Wesley. Romance, Romanticism, and the Powers of the Imagination. Available at: http://occawlonline.pearsoned.com/bookbind/pubbooks/damrosch_awl/chapter5/medialib/romance.html Accessed on: April 20th, 2004.

REPRESENTATIVE POETRY ONLINE. Selected Poetry of John Keats. Available at: http://eir.library.utoronto.ca/rpo/display/poet180.html Accessed on April 22nd, 2004.

ROBINSON, Jeffrey C. “Ode on a Grecian Urn: Hypercanonicity & Pedagogy- Deforming Keat’s Ode on a Grecian Urn. Available at: http://www.rc.umd.edu/praxis/grecianurn/contributorsessays/grecianurnrobinson.htmlf Accessed on: April 20th, 2004.

_________. The Legend of Stonehenge. Available at: http://www.math.nus.edu.sg/aslaksen/teaching/hm/projects/Stonehenge.pdf Accessed on: April 22nd ,2004.
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