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Poesias-->noites profundas - outros poemas -- 30/01/2003 - 13:05 (Clóvis Luz da Silva) |
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I
à noite de clarão e nenhum sonho
nos traços da lua segue um tolo
que é vilão e morre em desgraças
sim, o tolo homem enruga a face
e pede que o sol não brilhe mais outro dia
esse pássaro negro sem escrúpulo
não olha à sua volta os perdidos seres
que vão de um lado ao outro
em busca do maldito fim...
e a morte, ao chegar, não tem
como reaver dos cães a bravura
nem dos torpes a fraqueza
nem lhes dá honra à memória eterna.
e nos pés das árvores seculares
nos carvalhos que testemunham amores,
homens como eu, cegos de ódio,
deitam suas lágrimas morredouras,
e ali nascerão as flores que enfeitarão
as lápides dos homens que não souberam viver.
II
nos braços desse sentimento - desprezo
se perdeu a última das alegrias - viver
não era assim que a vida parecia chegar
houve uma inexplicável ruptura entre
a semente perfeita e o fruto deformado que vingou:
assim, ao errar o tempo de me querer,
deixaste que tudo se tornasse inválido
e como as pedras quebram no mar as ondas
quebrou-se para sempre tua lembrança em mim...
III
se é a lucidez perdida
virginal, inocente, pura
às vezes por essa vida
escolhe a mais triste e escura
das vias um coração.
e quando, por estar sozinho,
busca em qualquer caminho
achar um amor.; em vão
descobre que é tortura
lançar-se nessa corrida
vendo, desde a largada,
a lhe esperar na chegada
o troféu da solidão...
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