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Artigos-->realidade e teoria - I -- 22/02/2002 - 09:15 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não há como definir o que é a realidade de maneira absoluta, pois aquilo que venha a assumir determinado aspecto para uma pessoa pode não ser percebido da mesma maneira por outra. Em tese, a realidade consiste em tudo o que é real, ou seja, tudo o que possa ser percebido, apreendido, sentido, tocado. O Universo é real porque pode ser visto. Como assim? Quando olhamos para o infinito, se é pela manhã, observamos o sol, às vezes a lua. À noite, vemos as estrelas. Mesmo sem investigarmos cientificamente, como os astrônomos o fazem, nossos olhos vêem os planetas, os corpos celestes, e concluímos ser o Universo algo bem real. Assim como é real o vento, que não vemos, mas sentimos em nossa pele. Assim como é real o aroma de uma rosa, que não vemos, porém pelo olfato o captamos.



Todavia, não só materialmente se percebe a realidade. A partir desses elementos materiais palpáveis, tangíveis, elaboramos outros níveis de realidade, os conceitos a partir daqueles elementos. Um pensamento sobre como a lua é bela ou a abstração sobre a origem do homem e a razão de sua existência, é tão real quanto a materialidade a partir da qual se originaram. Ninguém elabora um pensamento sobre algo inexistente ou impossível de existir



Quando andamos na rua e vemos um homem pedindo esmolas, imediatamente aquela realidade nos leva a questionar o motivo desse homem estar naquela condição, se de fato ele não pode trabalhar, como seus conhecidos interpretam sua condição. Ou seja, aquela mesma situação pode suscitar diversas interpretações, ainda que todas tenham como objeto um mesmo elemento: um homem pedido esmolas.



Se cada homem percebe determinado aspecto da realidade diversamente de outro homem, então podemos concluir que não existe uma única realidade, mas várias. Em um lago no caminho comum de várias pessoas a água assume várias realidades dependendo da maneira como é compreendida, digamos, pelo pescador, pela lavadeira, pelo esportista, pelo cientista ou pelas crianças que nele brincam. Tal constatação prova que a realidade, no sentido estrito do termo, existe de forma absoluta, indiscutível, manifestando-se, todavia, variadamente como variáveis são a compreensão e a interpretação que os homens, inseridos nela, a partir dela constróem.



Essas diversas interpretações produzem teorias que pretendem explicar a realidade. Desde o início, quando os primeiros filósofos questionaram o porquê das coisas, as teorias foram construídas historicamente associadas à mera abstração, posição a que foi relegada definitivamente pela ciência clássica, que privilegiou a prática, o empirismo, opondo-os à ação intelectual pura como se fossem distintos e inconciliáveis. A ciência, por esse motivo, desprezou a teoria, enquanto abstração, em sua importância investigativa.



Tal dicotomia entre teoria e prática, abstração e realidade, todavia, não tem fundamento, uma vez que toda teoria, toda abstração, ou mesmo uma simples contemplação, têm obviamente como objeto a realidade material dada, na medida em que o filósofo (precursor dos que futuramente seriam denominados cientistas quando houve a sistematização e separação dos conhecimentos) não iria teorizar sobre a composição da água se não a observasse, investigasse e concluísse, mediante provas, que a sua teoria era verdadeira, ou seja, que a água é composta por uma molécula de hidrogênio e duas moléculas de oxigênio, fato comprovado cientificamente em tempo posterior.



É óbvio também que a mesma teoria usada por um filósofo para explicar a composição da água não serviria para explicar ou satisfazer o interesse por ela de um pescador, que por sua vez pode teorizar sobre como determinado tipo de água, doce, salgada, quente ou fria, é mais propícia a esse ou aquele tipo de peixe, para melhor conduzir sua pescaria.



Seja a teoria intelectualmente mais refinada do filósofo, seja a menos elaborada do pescador, ambas não são meras abstrações alienadas da realidade material, divorciadas dela, antes, são produto do contato dos homens com a materialidade do mundo; trata-se, pois, de uma ação concreta da mente humana em busca de compreender e explicar o mundo e sua realidade.

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